Cheguei a declarar-me egípcio e a celebrar antecipadamente, ontem. Agora, enquanto todos festejam, felizmente, chegou a hora de fazer de advogado do diabo e dar aos egípcios uma pequena notícia: este foi o último dia em que o processo no Egipto foi deles.
Amanhã, muito cedo, começam a aterrar os representantes das internacionais ideológicas e partidárias. Vão organizar o processo. Vão criar partidos, encontrar líderes, instruir filiados, implantar-se no país. Virão representantes dos EUA e da Europa domesticar a transição, garantir os fluxos, proteger Israel e os reinos sauditas, manter posições, garantir permanências.
Virão também outros, representantes de interesses económicos diretos e indiretos, ONGs, farsantes, bem-intencionados, extremistas de todos os extremismos, turistas das revoluções, negociantes de armas, oportunistas espertalhões, voluntários de causas politicamente corretas, etc., etc., etc.
Os peões (os egípcios, regime incluído) avançaram. Alguns comeram, outros foram comidos. Agora começam a sair os cavalos, os bispos, as torres, mas este é um xadrez com muitas casas e cores, há muito que acabou o xadrez das pretas contra as brancas.
Hoje festeja-se na Praça Tahrir. Ainda bem. Amanhã os egípcios começam a lutar por uma democracia que lhes convenha. É melhor que o saibam cedo, do que tarde.
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