Já tinha observado a situação noutras vezes mas neste mês disparou. Da primeira vez fiquei na dúvida. Estaria mesmo o polícia no meio da estrada a olhar para a minha matrícula para me mandar parar? Entretanto a dúvida dissipou-se e agora tenho a certeza. De há uns tempos para cá, nas operações stop, a polícia manda parar os carros de forma selectiva.
Funciona assim:
- um polícia posiciona-se num local onde possa ver bem a matrícula do carro que se aproxima;
- se for uma matrícula que corresponda ao mês de inspecção obrigatória, manda o carro parar;
- depois vai ao lado do condutor, como de costume, pede os documentos, seguro e documento da inspecção;
- se tudo estiver em ordem, paciência, lá pode o condutor seguir viagem;
- se falta a inspecção, pimba!, são 250 euros de multa.
Isto não é inventado. Ontem mesmo fui alvo deste ataque. Era noite e num local já habitual, lá estava a patrulha. Abrigados numa rotunda por baixo do IC17, o que permite continuar em operação mesmo com chuva, dois polícias mandavam parar os carros. O problema é que, vindo o carro de frente, os faróis não deixam facilmente ver a matrícula. Estava por isso o polícia com a mão a fazer sombra sobre os olhos, a tentar ver. No meu caso, não conseguiu ver a matrícula mas deve ter percebido que era carro velho e como tinham vaga para mim, mandaram-me parar. Lixaram-se, trabalharam para nada, pois tinha tudo em dia. Aliás, nem foi necessário dar todos os documentos porque, para adiantar trabalho, já o outro polícia tinha visto os dísticos do pára-brisas, tendo passado sinal que não valia a pena perder tempo.
Hoje de manhã, a polícia estava no mesmo sítio e com o mesmo procedimento. Ante-ontem de manhã, idem. Hoje à noite estava em Queluz. Há umas semanas, na rotunda do metro da Amadora, eram 3 patrulhas com o mesmo procedimento e, nesse dia, até os vi a autuarem um autocarro, cheio de passageiros.
É para isto que temos polícia? Para ser o braço armado do fisco? No meu bairro nunca vejo uma única patrulha. Mas agora, se precisar já sei, vou até à rotunda por baixo do IC17 e é só chamá-los. Se tiver mesmo urgência, basta levar um carro com a matrícula certa e não parar, que logo me seguirão até onde deles precise.
Que vergonha de país.
Não percebo o post, a Inspecção não é obrigatória ? tal como o seguro ? a carta de condução e por aí fora ?
Então porque é que se escolhem os carros a parar? Em teoria, qualquer um pode ir sem seguro e sem carta. Mas o senhor nada tem contra a caça à multa, já vi.
Depois há o aspecto do valor desproporcional do valor da multa, quando comparado com outras de igual gravidade.
E ainda às repetidas notícias sobre os objectivos mensais da polícia para obter certo volume de dinheiro em multas. E, associado, as notícias dos cortes de verbas.
Mas nada disso importa.
Mas se é para ir para as obrigações, onde está a ser cumprida a obrigação de patrulha?
Também li até ao fim e sinceramente não percebi a crítica!! Devíamos era ter mais polícias nas estrada e operações Stop todos os dias!!
É mais bonito depois ter um acidente com alguém que não tem seguro e depois ficar com os prejuízos? Claro que se pode sempre apelar ao Fundo Automóvel mas não nos livramos de uma carga de trabalhos.
Nas nossas estradas, todos os dias dão-se verdadeiras guerras civis, e dão-se precisamente porque as pessoas sentem a segurança da impunidade. Continuo a não entender como é que todos os dias vejo dezenas de pessoas a conduzir e a falar ao telemóvel, quando estudos dizem que é dos atos mais irresponsáveis que se pode ter. Custa muito comprar um auricular que custa essa exorbitância de 5Eur? É melhor pagar os 120 da multa.
Depois temos esta coisa fantástica da morte de um criminoso, ídolo dos nossos adolescentes, que ia a 250km/h na autoestrada e se espatifou e ainda casou outra morte por culpa exclusivamente dele. E andam os jornais e as tv’s entretidas há quatro meses a branquear a situação e a tentar arranjar outros culpados para aquilo que aconteceu.
Os polícias são pagos para fazerem o trabalho deles. Como infelizmente as pessoas neste país nada cumprem, ao menos que o dinheiro das suas infrações sirva para qualquer coisa.
A mim não me incomoda nada ver polícias a fiscalizar o trânsito. Por outro lado, acho ridícula esta coisinha de um condutor passar por uma operação stop e cinquenta metros depois dar sinais de luzes!! Será que a pessoa não pensa que pode estar a alertar quem no dia seguinte lhe vai roubar as jantes do carro? Ou pessoa que anda sem seguro e que no dia seguinte lhe vai bater?
Depois quando há acidentes e o que as pessoas fazem é quase parar para ver – porque procurar ver pessoas despedaçadas é um espetáculo a não perder – e passam, e aí que deviam usar os sinais de luzes esquecem-se!!
Perfeitamente de acordo. Mas a situação relatada resume-se ao que tem sido a acção policial ultimamente: arranjar uma forma de maximizar a facturação. Vê-se cada artista no IC19, esses sim que provocam acidentes. Onde está a polícia para os multar?
Eu não tenho rigorosamente nada contra a caça à multa. Penso até que devia haver algum tipo de castigo para o polícia que “deixa passar” uma dada infracção, como tantas vezes acontece cá em Portugal (basta pedinchar um bocadinho – o que é um verdadeiro desporto nacional). Não me choca que uma parte do efectivo da polícia se dedique a isso. Se esta política fosse implementada, decerto que os cofres do estado ficariam mais gordos nos primeiros meses, mas depois, estou certo, o pessoal começaria a ter mais cuidado. Perverso é o facto de na maior parte das vezes as infracções ficarem impunes, ao ponto de merecerem um post num blog quando se faz alguma coisa (mesmo que a intenção do comando seja apenas facturar umas multas).
Choca-me ver o material apresentado neste blog. O automobilista português beneficiaria imenso se houvesse uma grande probabilidade de apanhar uma multa sempre que faz uma infracção.
Edição: O condutor português faz lembrar o italiano deste filme…
Pois é. Se a infracção não traz retorno ao “investimento”, nem vemos a polícia a verificar isso. Porque perverso é escolher as acções a executar em função da facturação obtida. Isto é que é a caça à multa. Nada tem a ver com fazer cumprir a lei.
Sim isso é errado. Penso que a polícia deve tentar apanhar o maior número de infracções possíveis, indiscriminadamente.
Mas dado que os recursos são finitos, a infracção que apontas no post é excelente para ser apanhada: verifica-se facilmente, não dá para ser contestada em tribunal, a multa é alta e é muito importante para a segurança rodoviária. Logo é um bom alvo a perseguir.
Eu também acho que deve haver alguma pedagogia e não me choca que se facilite em algumas coisas pouco relevantes. Vamos supor que como o Jorge relatava a polícia apanhar um automobilista que devia ter feito a inspeção há dois ou três dias não me choca nada que se “facilite”. Ou se falta uma lâmpada, ou outras coisas do género acho que sim, que se alerte e se faça pedagogia.Mas quando falamos de coisas graves como álcool, excessos de velocidade, falta de documentos, e até o falar ao telemóvel, aí acho que só devem aplicar a lei, para ver se serve de lição.
É exactamente por termos dado aos polícias a capacidade de “actuarem pedagogicamente”, em vez de fazerem o seu trabalho, que tantas coisas passam impunes. Hoje o polícia dá um jeitinho pq só passou dois dias do prazo limite da inspecção, amanhã fecha os olhos ao automóvel mal estacionado, no outro dia perdoa o excesso de velocidade (afinal eram só 10km/h a mais), No fim, chegamos ao ponto em que estamos agora.
Quem é que decide o que são coisas relevantes? O polícia? Não creio.
Se não estamos de acordo com os prazos da inspecção, pode-se dar um dia limite e 10 dias de tolerância, mas claro, nesse caso o português vai apelar à piedade do sr. polícia, afinal só passámos 2 dias para além dos 10 de tolerância… Está a ver o problema? As regras são simples e claras, só têm de ser aplicadas.
As regras da inspeção são simples e claras pena é os condutores não serem avisados das mudanças dos prazos. Nos últimos anos os prazos já mudaram duas vezes e eu não recebi qualquer notificação a avisar-me das mudanças. Aliás muda-se o código consoante o governo que está no poder mas ninguém notifica os condutores, se ouviu na comunicação social muito bem, se não ouviu que ouvisse!!
Daí a pedagogia.
E pedagogia também é alertar que temos uma lâmpada fundida. Eu pelo menos sempre que pego no carro não peço a ninguém que me verifique se todas as lâmpadas do carro estão a funcionar!! Acaba de fundir uma lâmpada dos travões, passamos por um polícia e ele “vc tem uma lâmpada fundida” “-ah não sabia”, “não sabe, soubesse! “. Isto sim seria caça à multa e não faria qualquer sentido.
A mim aborrece-me um Estado que é exímio a exigir dos outros mas que é de uma extrema flexibilidade quando é a sua vez de cumprir. Mas isto sou eu.
Uma coisa não tem nada a ver com a outra. O estado tem de cumprir, e os cidadãos também.
É um bocado devido a essa cultura conciliadora de maus comportamentos que estamos como estamos. Óbvio que o estado tem de cumprir, óbvio que o cidadão tem de cumprir.
Penso até que, se aos poucos se fosse instalando na nossa sociedade essa cultura de respeito pelas leis e pelos outros cidadãos, o próprio estado se iria tornar mais cumpridor. Afinal o estado somos nós.
A inspecção é algo a fazer no geral, uma vez por ano, é clarissimo e obrigatório saber quando e qual o limite, porque haveria de ter mais 10 dias de tolerância ? Tal atitude só estaria em linha com o facilitismo geral, “tem data limite, mas depois dá-se um jeito”, aplica-se a tudo, até na cultura do marca-se uma hora e aparecemos depois, há sempre uma desculpa
É geral, até no falar ao telemovel, os gajos que se lixem
Há tempos uma pessoa minha conhecida foi apanhada por uma patrulha, azar
– Vinha a falar ao telemovel
– A carrinha não tinha inspecção
– Vinha sem cinto posto
Dizia o artista multado “os gajos podiam ter sido compreensivos”
Só lhe respondi, podiam caso o carro fosse roubado, era o que faltava
Pela logica do posto, foi caça à multa
Não me viu defender essas tolerâncias, pois não?
Repito: as únicas acções de fiscalização que tenho visto consistem nesta escolha selectiva de quem inspeccionar.
De cada vez que vejo um artista no IC19 interrogo-me porque é que a polícia nunca lá anda. E olhe, todos outra dias há acidentes nesta estrada e não é por falta da inspecção.
Poste infeliz, irresponsável (em minha opinião), como os comentários mostram…
Ainda bem que os dois temos direito de opinar 🙂
Tem toda a razão neste seu post, Jorge.
Esta selectividade nas operações stop é, na minha modesta opinião, perigosa. Aliás, a julgar pelos comentários anteriores, não percebo porque não se indignam. Cada carro que é deixado passar porque não está no mês da inspecção, e portanto não vale a pena o esforço, é um potencial condutor alcoolizado, sem seguro, sem condições de segurança, etc, etc.
Eu pensava que o papel dos agentes da autoridade era fazer cumprir a lei, a todos de igual forma, e não promover as multas pra compor o orçamento. Pensava. Mas já me desenganei há muito.
Bizarro este post!
Parece que o post critica a fiscalização… ahahahaha
Amigo, ponha o seu carro na inpecçao e pague a “nota” como eu fiz. Quem não deve nao teme!
O problema nao esta em fazerem isto. O GRANDE problema, está em nao fiscalizarem o resto, isso sim, é criticavel!…
Pois parece-lhe mal. Este post é contra a caça à multa que se concretiza pela escolha de apenas fiscalizar determinado veículo, ignorando os restantes.
Ao que sei…
A polícia tem uma base de dados onde constam as matriculas faltosas à inspecção e não liquidadção do seguro. Acontece, que agora, tem tecnologia que em tempo real e à passagem de uma viatura nestas situações, acusa esta ilegalidade. Daí, parecerem “bruxos” e cirúrgicos.
Mas há falhas. Por ex.: veículos inspecionados nas regiões autónomas com validade de 2 anos, transportadas para cá, acusam falta de inspecção no 2º ano.
Mas o chip na matrícula não foi para a frente. E ainda bem (não por causa das multas mais fáceis mas por causa das questões de privacidade).
O Observador tem razão. Eu já vi reportagens na televisão a mostrar a polícia com um equipamento que fotografa a matrícula e de imediato corre uma base de dados que sabe se tem inspeção/selo em dia ou não (não sei se um ou os dois).
Eu não quis estar a contrariar mas acho estranho um polícia ao longe conseguir vislumbrar aquele pequeno número do ano/mês da matrícula, é possível que sim não sei. Mas que têm esses tais equipamentos isso sei porque já vi na tv.
Olhe, não sabia. É o choque tecnológico a funcionar.
Estou atónito com a maioria dos comentários aqui produzidos! Na maioria dos casos parece-me tratar-se de casos evidentes de iliteracia, uma vez que não se vislumbra no texto qualquer oposição à fiscalização policial mas tão somente uma crítica à sua acção selectiva que visa unicamente a caça à multa. É sempre de condenar que se desperdice recursos com o acessório e se mostre um laxismo, por vezes criminoso, com o que é importante. O bom censo diz que é muito mais grave e perigoso para todos os utentes das estradas um automobilista bêbedo, drogado, a falar ao telemóvel ou armado em campeão a passar traços contínuos e ultrapassar pela direita, que não respeite minimamente o código da estrada, que ache ter todo o direito de circular sem seguro ou mesmo sem carta de condução, do que um automobilista que se esqueceu dos documentos ou que tem uma lâmpada fundida ou mesmo que não tenha pago o selo de circulação. E é precisamente nestas infracções menores que mais se faz sentir a fiscalização, o que mostra que não é de todo a segurança rodoviária que está no topo das preocupações da polícia.
Olhe, explicou bem melhor do que o que eu consegui fazer.
Helder Guerreiro em 10/11/2011 às 10:01 disse:
Eu não tenho rigorosamente nada contra a caça à multa.
Eu prefiro a caça ao pato mas admito outras preferências mais sórdidas.
Mário Lopes em 10/11/2011 às 14:50 disse:
(…) Quem não deve nao teme!
Portanto, se pagou o que bebeu pode conduzir sem medo, não é verdade?
Desde que tenha a inspecçãozinha feita, claro!
Um grande bem-haja ao autor do postal pelo ensejo que deu a tão excelentes comentários.
A ironia é sempre salutar e superior! Gostei!
Onde escrevi acima selo não está correto porque desde 2009 que a polícia está impedida de multar quem não paga o selo. Isso passou desde então a ser uma competência das finanças.
Ainda sobre a caça à multa, de facto.
Na zona de Viana do Castelo, caem como tordos os circulantes da N 13. Há duas descidas, uma junto ao farol de Montedor e outra na Sereia da Gelfa, que para manter os veículos dentro dos limites de velocidade (50) é preciso manter sempre o pé no travão. E onde está a GNR? escondida, repito escondida, atrás de um muro, ou num abrigo de paragem dos autocarros no final de ambas as descidas. Cobardemente, nem mandam parar os veículos, as coimas aparecem via CTT.
Quando somos multados o polícia passa a multa na hora e entrega-nos o papel ou envia pelo correio?