Conversas Vadias 50

Na quinquagésima edição das Conversas Vadias – quais bodas de ouro -, marcaram presença António de Almeida, Fernando Moreira de Sá, João e José Mário Teixeira, que vadiaram sobre: poeira africana, carros, sapatilhas, combustíveis, mercados, capitalismo, cartéis, preços, percepções, concessões, centros comerciais, camionistas, transportes, medidas governativas, Espanha, Ayuso, crescimento económico, investimento, construção civil, apoios, turismo e futuro.

No fim, as habituais sugestões: [Read more…]

Conversas Vadias
Conversas Vadias
Conversas Vadias 50
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Crónicas do Rochedo XIX – Coisas de homens

capô

Ontem, na estrada MA-19 que liga Campos a Santanyi (Maiorca) vi algo que me é familiar: um carro parado na berma da estrada com o capô aberto e um homem a olhar para o seu interior.

Quem nunca o fez que atire a primeira pedra. Homem que é homem sempre que o carro avaria abre o capô e olha para o interior com ar de entendido. Eu, por exemplo, faço-o sempre. O bicho resolve parar sem avisar e imediatamente abro o capô e fico a olhar para o motor, a bateria e aquele emaranhado de cabos. Sim, é a única coisa que sei identificar entre as várias vísceras do bicharoco. Isso e aquela coisa a que chamam filtro de ar. E depois fica aquele olhar para o infinito, um misto de ignorância apavorante disfarçada de douta sabedoria destas coisas da mecânica. Juro que nunca entendi porque faço isto (eu e muitos outros). Não percebo nada de mecânica e mesmo assim abro o capô e olho as entranhas. Para quê? Não sei. Faz parte.

Porém, facilmente se reconhecem iguais. Sim, aquele homem na MA-19 a olhar para o animal de quatro rodas estava com o mesma expressão, o mesmo olhar para o infinito, a mesma angústia disfarçada. “Brothers in Arms”, é o que é…

Factura da sorte – Nilton: não quero um carro!

E já agora, e se eu achar que o Estado gastar dinheiro dos contribuintes para oferecer carros é profundamente errado como princípio e, portanto, não quero participar no concurso, posso ficar de fora?

Ah, esperem, há anos que o Estado já oferece carros, com o dinheiro dos contribuintes, a titulares de cargos nos governos nacional e regional, nas administrações local e central, em empresas públicas, etc., etc. Porque não alargar o conceito a mais uns carros para o povo? [Read more…]

Os sorteios de automóveis do Fisco

antero

É nesta mentalidade de gastar o dinheiro dos outros que está a raiz do problema

«O gabinete do deputado tem 18 m². Nenhum parlamentar tem secretária nem assessor particular. E nenhum deputado tem direito a carro com motorista.» Ao minuto 1:28s sobre os deputados suecos.

Não fez o PSZ (Partido de Sócrates e Zorrinho) do modelo nórdico uma bandeira de propaganda? Falava-se de professores, lá vinha o modelo nórdico. Energias renováveis? Modelo nórdico. Tudo exemplos para os outros. E ilações para os próprios? Ah, não o que faltava era andar de Clio, esse carro para plebeus no qual nós, elite governativa que faz comemorações à porta fechada, não se imiscui.

O dinheiro é dos contribuintes mas a democracia tem custos, diz Zorrinho. E, dizemos nós,  tem mais custos cá do que lá.

PS, os carros, os burros e a demagogia

A demagogia tem um preço e, mais cedo do que tarde, chegará a factura para pagar – Será necessário voltar aos livros de história para ver o que aconteceu com a Iª República?

O parlamento português tem 230 deputados eleitos por 9621076 eleitores, ou seja, cada 41830, 77 eleitores faz eleger  um deputado. No entanto, este ratio é muito desigual na sua distribuição geográfica: em Lisboa menos de 40 mil eleitores fazem eleger um deputado, enquanto em Bragança são necessários mais de 51 mil, enquanto no círculo fora da Europa só mais de 60 mil eleitores garantem a eleição de um representante.

Um exercício simples seria tentar perceber o que aconteceria com uma redução do nosso parlamento para, por exemplo, cem deputados.

Obviamente o ratio entre eleitos e eleitores vai aumentar – cada deputado seria eleito, em média por 96210, 8 eleitores.

E os números também mostram que os distritos menos povoados seriam os mais afectados pela diminuição de lugares na casa da democracia: [Read more…]

Ainda a caça à multas

De acordo com os dados cedidos ao CM pela GNR, no primeiro semestre deste ano foram detectados 15 757 automóveis a circular sem o respectivo visto válido da inspecção. (…) Segundo as autoridades policiais, a falta de seguro e de inspecção dos veículos estão no topo das infracções detectadas. [CM]

Esta notícia é um bom exemplo de manipulação. Quem a ler poderá pensar que os veículos são sujeitos de forma igual a acções de fiscalização e que, dos autos levantados, a maioria das infracções consiste em falta de seguro e de inspecção. Acontece que os veículos não são seleccionados aleatoriamente.

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Ao que isto chegou

Já tinha observado a situação noutras vezes mas neste mês disparou. Da primeira vez fiquei na dúvida. Estaria mesmo o polícia no meio da estrada a olhar para a minha matrícula para me mandar parar? Entretanto a dúvida dissipou-se e agora tenho a certeza. De há uns tempos para cá, nas operações stop, a polícia manda parar os carros de forma selectiva.

Funciona assim:

  • um polícia posiciona-se num local onde possa ver bem a matrícula do carro que se aproxima;
  • se for uma matrícula que corresponda ao mês de inspecção obrigatória, manda o carro parar;
  • depois vai ao lado do condutor, como de costume, pede os documentos, seguro e documento da inspecção;
  • se tudo estiver em ordem, paciência, lá pode o condutor seguir viagem;
  • se falta a inspecção, pimba!, são 250 euros de multa.

Isto não é inventado. Ontem mesmo fui alvo deste ataque. [Read more…]

A Beleza da Sociedade Automóvel

Um dia todos teremos o direito constitucional a um carro, ou a um porsche em cima do passeio, em cima do jardim, dentro das rotundas, dentro das universidades, ao redor das cidades…  via Menos1carro.

O negócio dos chips

Arranja-se uma lei emanada do governo que obriga todos ou quase todos os cidadãos automobilistas a comprarem um “chip” para poderem pagar as portagens das autoestradas. Esse “chip” já existe, é de invenção e produção Dinamarquesa, que com esta lei passa a ter um mercado de 2 milhões de automóveis, mercado sem concorrência, o preço é o que quiser impor ao cidadão, ninguem sabe se é caro ou barato, sabemos que temos que o comprar.

Por acaso, o chefe máximo dessa empresa em Portugal é um ex-assessor de um secretário de estado ainda em funções, que passou directamente das funções públicas para a empresa privada, tendo estado directamente envolvido nas negociações que levaram ao negócio “da china”!

São estes negócio da “china” que se repetem sem cessar ao abrigo deste governo, negócios feitos a partir de uma qualquer  lei que cria uma mercado à revelia das leis do mercado, ninguem precisa dos “chips” para nada, é o próprio governo que cria essa necessidade e, por acaso, há sempre uma empresa que já tem o produto ou o serviço para corresponder a essa necessidade artificialmente criada.

A prova disso é que é o próprio governo a dizer que o pagamento das portagens pode começar já no pŕoximo dia 1 de Julho sem “chips!...

Num domingo qualquer

Um passeio pedonal ao longo da costa, num solarengo dia de fim de Inverno.

Por mim, e serpenteando por entre os demais transeuntes domingueiros, ciclistas de auriculares nos ouvidos fazem de nós peões de gincana. Aqui e além, cães puxam os seus donos ou, pior, correm soltos e livres, apesar das sonoras ordens de comando sem qualquer tipo de obediência. Os constantes latidos de cães que marcam território entre eles.

Na praia, na constante mutável linha de chegada do mar sobre o areal, dois jovens divertem-se sob a mira de uma fotógrafo e de um operador de câmara de vídeo. Parecem estar a registar momentos de alegria que se esforçam por parecer natural, espontânea, certamente para um futuro álbum de casamento.

O passeio prolonga-se, por entre latidos e vozes de comando de donos que fazem pior figura que os caninos que julgam dominar. Escutam-se conversas cruzadas, vê-se gente de calções desportivos a sair de carros estacionados em lugares de deficientes, ostentando óculos escuros tão envolventes ao rosto quanto os óculos usados por mergulhadores.

A meio passo, uma pequena multidão mergulha numa improvisada banca onde se expõe casacos de imitação de pele, que são vistos e revistos pelos curiosos das pechinchas; um pai tira fotografias à sua infanta que parece ter começado a dominar a arte de patinar; um solitário fotógrafo repete fotografias de gaivotas em vôo.

No regresso ao carro, vejo ainda o jovem casal na praia, a tentar seguir as ordens de quem fotografa e filma, para que dúvidas não hajam sobre a sua felicidade. Um grupo de homens de meia-idade aprecia a cena e faz comentários jocosos, um pouco à surdina.

A brisa marítima, carregada de iodo e sal, é saboreada nos lábios salpicados, devolvendo a nossa atenção ao mar, longe de tudo o resto.

Aconteceu num domingo qualquer, e poderia ter acontecido a qualquer um de nós.

Será verdade?

Será verdade?

 Há dias, um amigo meu, engenheiro e dono de uma oficina de automóveis disse-me, para meu grande espanto, que os carros trazem sempre uma avaria programada para determinada quilometragem. É uma espécie de taxa.

 Avaria que pode consistir numa desactivação de uma função importante do automóvel, recuperando dez a quinze minutos depois, tempo suficiente para o dono do carro se mentalizar que tem de o levar ao concessionário. Uma vez aí come pela certa. Diz o meu amigo que é uma “taxa” pré-programada. Diz ainda que não tem provas formais, mas toda a gente da área sabe disso.

 Vem isto a propósito do que me aconteceu. Tenho um carro, um Mercedes, que vai fazer, dentro em breve, quatro anos. Nunca teve nada. Há dias, sem mais nem menos, precisamente na viragem dos 100.000 Km, a caixa de velocidades, automática, avariou, e manteve-se avariada durante cerca de quinze minutos. Ao fim deste tempo, tudo voltou ao normal.

 Claro que levei o carro, de imediato, à Nasamotor, onde me disseram que o problema era na unidade de válvulas electrónica, que deveria ser substituída. O carro agora estava bem, mas pela certa que iria ter o mesmo problema. Perante isto mandei substituir e deixei lá mil e quinhentos euros.

 Apalermado é pouco para me definir. Que dizem os amigos?