BPN: Lá vai Barão

A frase “Lá vai Barão…” foi uma expressão de uso corrente no Brasil, nos anos 80 do século passado. Em Portugal,  Jô Soares popularizou-a através de um ‘sketch’ televisivo. O significado quantitativo-monetário era materializado através desta nota:

lá vai barao

Valia, pois, 1.000 cruzeiros, moeda entretanto substituída pelo ‘real’. A frase, ou o bordão humorístico se quiserem, era utilizado para caracterizar o desaparecimento súbito de avultadas somas de dinheiro.

A injecção de um empréstimo de mais 300 milhões de euros, depois dos 600 milhões investidos no aumento de capital do BNP, oferecido ao BIC por 40 milhões é, de facto, mais uma das atrevidas obscenidades típicas do actual governo.

O empréstimo será titulado pela CGD, a mando da governação. Trata-se, pois, de dinheiros de contribuintes, muitos dos quais exauridos por direitos de retribuição arbitrariamente eliminados; ou por impostos, sobretudo os directos, os indirectos e o confisco, que lhes esvaziam os escassos recursos, nos casos em que estes existem – muitos, na miséria, estão despojados de meios.

De facto, Coelho e Portas, com grande despudor, estão a privilegiar Américo Amorim, Isabel dos Santos e o também despudorado Mira Amaral.

António José Seguro, no estilo de rapazinho bem comportado e que pede desculpa pelo incómodo de fazer oposição, por sua vez, diz que vai pedir explicações ao governo pelo empréstimo. Assim mesmo. Delicada e medrosamente. Como não tenha razões para agir com outro vigor, junto de estruturas da justiça europeia ou portuguesas – há muitos, muitos cidadãos mesmo, que não entendem por que razão o ‘sistema de justiça português’ está a retardar sem justificação o julgamento de Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Arlindo Carvalho, Daniel e Sanches e outros que estiveram à frente de um banco, e negócios periféricos, que desde sempre foi objecto de desconfiança. Do parlamento à opinião pública.

Seguro poderia, pois, ressarcir o PS da asneira de nacionalização dos avultados prejuízos do BPN cometida por Sócrates. Tem pavor?

Comments

  1. Bruno says:

    Isto acontece porque infelizmente o povo português assemelha-se a um…. RATO. COntenta-se com pouco. Depois dos cortes nos subsídios, dos subsídios retirados este ano, está tudo na paz do senhor, pois o português é tipo come, cala e já está bom, satisfeito. Esta escumalha que nos desgoverna deveria ser banida ao bom estilo mafioso e quem os colocou lá também. Sempre fui directo e frontal. Não gosta? Paciência, mas não o que estava num clube.

  2. Tito Lívio Santos Mota says:

    acontece com o Seguro um pouco o que aconteceu com o Passos.
    Ambos para ser eleitos tiveram discursos opostos à prática que sabiam de antemão iria ser a deles.

    Seguro e Passos apresentavam-se como “rupturas”.

    Mas a única coisa com que romperam foi a palavra dada.

  3. É sempre bom saber que gastamos mais de 5.000.000.000€ num banco privado que era um risco sistémico… É que se o BPN com menos de 1% de quota de mercado… falisse, hoje não tínhamos país! Melhor é saber que continuamos a lá meter dinheiro… e tudo está bem! Adoro este “Nobre Povo”…

  4. Carlos Fonseca says:

    #3
    A teoria do caos, mal contada. E então a acção judicial sobre quem causou tais danos ao país? E os montantes de investimentos e riscos de dinheiros públicos mutuados (900 M) a suportar a venda ao BIC por apenas 40 Milhões?

  5. #4
    Se foi mal contada pelos vistos ninguém deu conta, ou se deram, ninguém está nem aí… Fico é admirado como é que os Angolanos ainda deram 40M€… Se tivessem dado 1M€ era deles na mesma!

  6. Jorge Anyous says:

    Notável como se permite em Portugal este tipo de negócios.Estamos loucos para tudo ver e nada fazer?

  7. Clonix666 says:

    A corja do PSD ROUBOU o BPN até á falência do mesmo. ROUBO esse tapado pelo Sócrates (PS) com dinheiro de nós todos (Estado).
    Se refletirem um pouco, iram ver do porquê que JAMAIS o Sócrates irá pagar pelas argoladas praticadas (curso, freeport, face oculta, etc.).

    Se o PS tapou o ROUBO do BPN, o PSD tapa os ROUBOS e BURLAS do Sócrates!

    Isto tem sido assim há no minimo 30 anos! Estarmos falidos não aconteceu por culpa do Povo, ou por sermos pouco produtivos, como querem fazer transmitir para a opinião pública.

    A Justiça não é aplicada devido a EXISTIR “travões legais” para que a mesma nunca atinja essa CORJA de LADRÕES (pois são os mesmo que fazem e aprovam as Leis para se protegerem dos COLOSSAIS ROUBOS).

Trackbacks

  1. […] Discordante da nacionalização do BPN desde a primeira hora, devido à megalómana ideia de risco sistémico do sistema bancário, Rangel refere a opacidade da operação em curso, e respectivos custos, como, de resto, sublinhei há dias, neste texto. […]

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