A melhor Escola possível deve ser uma comunidade dotada de autonomia, um espaço suficientemente pequeno para que os alunos se sintam protegidos e suficientemente grande para que se sintam desafiados. Deve ser um espaço em que os alunos possam participar em várias actividades e clubes, em que possam contactar com várias artes, em que não sejam confrontados com invenções curriculares e legislativas constantes.
Na melhor Escola possível, os directores e os funcionários devem saber os nomes de todos os alunos e a comida deve ser confeccionada pelas pessoas que trabalham nas cozinhas das escolas, as mesmas pessoas que devem saber obrigar os alunos a comer sopa e fruta.
Na melhor Escola possível, os professores devem ter tempo e espaço para trabalhar em conjunto, para debater questões científicas e pedagógicas, em vez de andarem preocupados com lixo burocrático despejado por contabilistas medíocres que dão mau nome aos contabilistas.
Enquanto a Educação não for um desígnio da maioria dos cidadãos, de pouco serve a contestação de alguns. Só num país civicamente comatoso é que é possível acontecer andarmos preocupados com um problema destes.
Todos os que se congratulam com a desumanização da Escola, ou seja, com o esvaziamento da Escola, devem agradecer à troika PS/PSD/CDS. Não se preocupem: entre Paris e a FLAD há-de haver prémios para todos.
Um pequeno comentário apenas para dizer que gostaria de ter escrito este post.
JP
#1 Ficas, então, a saber que, na prática, és co-autor, porque escrevi inspirado pelo teu texto sobre os mega-agrupamentos.
Ideias
http://artedeomissao.wordpress.com/2012/03/17/india-kiran-sethi-contagio-e-uma-boa-palavra/
#2 🙂 thanks :)JP
Para ler: http://correiodaeducacao.asa.pt/244250.html
Concordo com todos os seus argumentos. é necessário humanizar a escola. Só não entendo é por que conclui atacando, e muito bem, “todos os que se congratulam com a desumanização da Escola” para depois sugerir que devemos “agradecer” isso à troika PS/PSD/CDS. E cadê os outros? Os dos outros partidos e os sem partido? O amigo acha mesmo que essa responsabilidade também deve ser atribuída à troika?
Infelizmente a desumanização em curso não se regista só ao nível da escala de gestão, mas no próprio modelo de gestão, assente no poder excessivo de um director, que se não for boa gente, pode ser o mais tirano dos tiranos, promovendo e/ou dirigindo perseguições pessoais, acerto de contas materializadas em represálias de toda a ordem e feitio, onde o modelo de avaliação se apresenta como mais uma arma de aremesso. Isto não é ficção, é realidade.
Mas a desumanização também se apresenta a outros níveis:
– os professores trabalham sem que se lhes conte o tempo de serviço para efeitos de progressão na carreira, mantendo-se congelado ad eternum;
– roubaram-lhes uma parte do salário;
– roubaram-lhes o subsídio de Natal;
– roubaram-lhes o subsídio de férias;
– puseram-nos a trabalhar mais horas na escola, levando trabalho para casa;
– fizeram turmas maiores,misturando todos, os que querem aprender e os que não querem, transformando muitos dias da vida dos professores num autêntico inferno.
Para ajudar ao estado comatoso em que se encontram os professores, o sindicalismo representativo colou-se a agendas exteriores aos interesses socio-profissionais da classe, desbaratando o poder da rua que outrora lhe foi outorgado.
Estamos feitos!
#6
A troika PS/PSD/CDS tem tido todas as responsabilidades governativas há mais de trinta anos, ignorando, com especial incidência, todas as recomendações e críticas. Quem devo, então, responsabilizar?
Quem devo, então, responsabilizar? – pergunta o amigo Nabais. E eu respondo: toda a gente e cada um de nós. A começar por si e por mim.
Acusar o PS, o PSD e o CDS é o mesmo que não acusar ninguém. Quem estiver atento até julga que a salvação está n’Os Verdes, no PC ou no Bloco. Ou naqueles partidos que só aparecem nas eleições. Mas, como disse, isso não é verdade: a culpa é de nós todos. O resto, para mim, são tiros que não acertam no alvo…
#9
Não desperdice a palavra “amigo”, que é demasiado bonita.
Nunca o seu pseudónimo me pareceu tão acertado. Se fosse “Tiro no Alvo”, estaria errado.
Veja lá: acusar os três partidos que têm tomado as principais decisões sobre Educação é não acusar ninguém. Acusar todos os portugueses já é acusar alguém. Brilhante!
Igualmente brilhante é a sua mania de insistir em adivinhar aquilo que não digo.
Podia estar aqui o resto do dia a enumerar a quantidade de idiotices impostas na Educação, mas limito-me a uma das mais recentes: a manutenção da ideia de agrupar escolas, criando monstruosidades. Faça lá as contas comigo, a ver se eu tenho culpa: não votei neles e não concordo com os mega-agrupamentos. Pois.
Se me perguntar se é suficiente ficarmo-nos pela maledicência ou pelo choradinho, respondo-lhe que não, mas não me ponha culpas que não tenho (outras terei, com certeza). Se as quiser partilhar, porque pôs lá o seu voto, esteja à vontade.
Prof António Nabais, tratei-o por amigo para lhe dar a entender que não lhe quero mal, No futuro serei mais parcimonioso.
Como terá reparado, eu até concordo muitas vezes consigo, como acontece agora quando fala nos chamados mega projectos de agrupar escolas. Onde me parece que o o prof. erra o alvo é quando quer responsabilizar os chamados três partidos do arco do poder, que hoje representam, na Assembleia, cerca de 80% dos portugueses.
Pela minha parte, penso que a responsabilidade pela eventual melhoria das nossas escolas passa muito por outras gentes, a começar nos pais dos alunos e a acabar nos sindicatos, passando pelas autarquias e sem esquecer a comunicação social, onde incluo os blogues.
Se quiser responsabilizar os partidos políticos, responsabilize todos, por que os políticos, a meu ver, são todos filhos da mesma mãe.
Quanto ao sentido do meu voto, é assunto sem importância nenhuma. Não se preocupe com isso.