Portugal é o primeiro no ranking!
Arquitectura de Terra
Mesquita de Bobodjulasso, no Burkina Faso
“O prazer intenso que as civilizações tradicionais têm em manipular o ornamento (…) traduz-se no génio criativo, artístico e decorativo das arquitecturas de terra: gravado nas paredes ou aplicado em relevo, tanto é abstracto, gestual, geométrico, simbólico ou figurativo”.
A arquitectura tradicional de terra é resultado do acumular de saberes milenares, em que o homem utiliza o material retirado da natureza e o aplica para construir os seus edifícios segundo técnicas que tiram partido das suas características e potencialidades.
Essas técnicas mudam de local para local, não só em termos construtivos, mas sobretudo estéticos, assumindo cada uma delas uma identidade geográfica própria, que relaciona a sociedade, o edificado e o meio ambiente, e une o homem, a construção e a natureza.
É na plasticidade do material que o homem exprime toda a sua criatividade.
“Os métodos de utilização da terra permitem não dissociar a materialidade e a espiritualidade do acto de construir, pois este material permite a simultaneidade e a síntese das acções construtivas e artísticas. (…) É numa arquitectura escultural de terra crua que floresce a voluptuosidade dos arredondados, o erotismo e a sensualidade das formas.”
Quem Protesta Quer Cacete
A leitura das cacetadas de ontem será obrigatoriamente dúbia. Nem mesmo os bloggers que se prestam às leituras hiperbólicas do tipo «está aí a repressão do passado» se atrevem a avançar culpados ou inocentes definitivos. Ainda não se interrogaram se não é precisamente dando azo à testosterona e partindo para cima que as Polícias ao mesmo tempo que trabalham, também protestam e também se divertem. Para quem vai e vem pachorrentamente para o seu trabalho a fim de receber a sua gorjeta salarial, não há cacetadas, senão a grande cacetada de perder sempre. Já certos jovens gordinhos, cheios de padrinhos políticos e de outros padrinhos de ócio, esses que são de Esquerda só por ser chique, sim, querem cacete.
Os animais na quinta do fim do Mundo.

E para rematar (ainda o dia de ontem, aquele onde tudo se estragou numa fotografia)
O Governo. Fodeu-se, e não há outra maneira de escrever isto.
O resto, não sendo o que digo não anda muito longe do que penso: luis m. jorge.
Ide lá ler, também tenho umas teorias conspirativas tipo a bófia fez de propósito, molhados, mas é poesia a mais para uma sexta-feira de primavera.
Pôr os cornos
A imponente espanhola de família francesa, a fidelíssima Rainha D. Mariana Vitória de Bourbon, terá rejubilado, ruidosamente fazendo roçagar em fru-frus, as sedas do seu vestido de Corte versalhesca. Pelos salões do Paço da Ribeira, marcava-se então o novo passo da ordem, distanciando-se este assim do pretérito reinado joanino, onde as Pompadours lusas se enclausuravam em conventos, embora dentro destas santas portas, trajassem tão bem ou ainda melhor que a agora viúva Rainha D. Maria Ana de Áustria, igualmente gozando as delícias do conforto dos móveis, diamantes e outros luxos que os Magnânimo fazia chegar de Paris. Para nem sequer mencionarmos as mulas carregadas de lembranças que a Petronilha levou, quando D. João nela fartamente se rebolou. Bem vistas as coisas, bem podiam os lisboetas dependurar cornos sobre as entradas das igrejas e conventos, pois a bem do zelo pelo natural e humaníssimo furor uterino dalgumas donzelas involuntariamente votadas à clausura, a Majestade não resistia em sorver os prazeres discricionária e platonicamente reservados ao Senhor mais alto, ou seja, o guloso usufruto do enxame de freiras e monjas que faziam abarrotar conventos dentro e fora de portas.
Estiveram-se a guardar para lutar pelos direitos de todos mais tarde
Controladores aéreos convocaram cinco dias de greve para Abril, ao início da manhã
Logo a greve geral foi calhar fora do habitual período de greves da Páscoa. Seguem-se os pilotos e demais que lutam pelos direitos de todos mas só em alturas específicas.
13h36: A greve não está a ter impactos nos voos da TAP, que, de acordo com fonte oficial da companhia de aviação, “está a ter um dia de operação normal”. Foram apenas reprogramados dois voos para Paris e Roma por motivos relacionados com escassez de passageiros. Apenas um dos sindicatos ligados à transportadora, o SITAVA, emitiu um pré-aviso para a greve de hoje. Público
Lutar pelo país, lutando pelos direitos individuais. Acho muito bem. Especialmente no Natal, na Páscoa e em Agosto.
A brutalidade da PSP e o silêncio dos coniventes
Ao longo do meu percurso de vida desde a adolescência, sempre tive com a PSP uma relação de indiferença, distanciamento e de contido asco. Começou no final de tarde do dia 1 de Maio de 1962, mais precisamente. Eu e um colega de trabalho, ambos ‘teenagers’, descemos a Rua da Prata, em Lisboa, em direcção ao transporte e, de súbito, deparámo-nos com uma manifestação contra o regime salazarista, no Terreiro do Paço; a organização e a realização eram por nós ignoradas.
Sem que tivéssemos ensaiado quaisquer gestos ou brados, fomos inesperada e cobardemente agredidos por dois agentes da PSP. Pusemo-nos em fuga, um para cada lado. Todavia, o meu amigo E., soube depois, ao ser marcado por um jacto de tinta azul, lançado por uma viatura especial da PSP, acabou por ser detido e enviado para a Prisão de Caxias, cerca de 1 mês.
Com efeito, nesse dia, 1 de Maio de 1962, contraí uma espécie de virose vitalícia contra a PSP e quem a dirige. Desprezo-a sempre e, na minha vida pessoal, felizmente nunca necessitei dos seus préstimos, nem jamais tive problemas com semelhante gente, a não ser duas ou três multas por estacionamento irregular; as quais paguei, naturalmente. [Read more…]
Página de Diário III
(foto: Hugo Correia/Reuters)
A mulher, com seus bonitos oitenta anos, cabelo muito curto, brincos, camisola de gola alta, ocupava o canto mais escondido do estabelecimento onde costumo tomar café. Sobre a sua mesa, não vi marcas de pequeno-almoço. No lugar da chávena e do prato, folhas soltas, muitas, manuscritas, espalhadas também sobre as cadeiras ao seu lado, num certo caos caseiro. Um livro aberto completava o quadro, tão real quanto a foto acima. Seria um dicionário?
Levantou-se. Voltou à mesa com o Jornal de Notícias. Movia-se como se estivesse na sua própria casa… Pousou-o dobrado sobre as suas coisas. Ficou a olhar para os títulos da primeira página da edição de ontem. Entretanto, outros clientes esperavam a oportunidade de agarrar o mesmo jornal que sabe bem ler de graça enquanto se toma o café. [Read more…]
A verdade em primeira mão
O que aconteceu ontem no Chiado contado por quem lá esteve. E claro que não acredito na versão da polícia e me inclino para esta. O menino jesus é no natal.
Más notícias para o governo: a greve correu mal
Parece contraditório mas não é. Não sendo um fracasso a greve foi fraquinha. Como era de esperar: as greves ficam caras a quem as faz, a vida está difícil, e um milhão de portugueses em idade activa não tem trabalho.
Significa isto que os sindicatos estão a perder o controle do protesto, fez no dia 12 um ano que tal começou, mas a revolta existe. A revolta é a condição natural dos humanos quando perdem direitos e agrava-se na medida em que se sentem roubados, piorando e muito quando têm fome. Funciona a revolta como todas as pressões: acumula-se, por vezes tem as suas válvulas de escape, volta a acumular-se.
A má notícia para quem rouba direitos é essa: a válvula de escape não está a funcionar. Uma chatice. É tradição nacional explodirmos pouco, mas quando explodimos, nem interessa se por boas ou más razões, partimos tudo.
Isto ainda vai dar merda, e da grossa, pois vai. E não vai ser em câmara lenta.
A cenourada
Run Rabbit Run, a Gui conta o que se passou no Porto com um primeiro-ministro apressado.
O artigo perfeito
Sobre o tás quietinho ou levas no focinho de ontem: polícias e fotojornalistas, é com o Marco.
Hoje dá na net: Conferência sobre os limites do crescimento
Conferência realizada na Gulbenkian, sobre o livro: The Limits to Growth, com Timothy O’Riordan e Paula Antunes. Esta temática está mais actual do que nunca, numa altura em que os sistemas económicos vivem no limite, quando atravessamos uma crise energética sem precedentes e quando o próprio mundo parece estar a atingir os seus limites ecológicos.
Em português e em inglês (sem legendas).
(Sugerido por um leitor a quem agradecemos.)
Uma Santa Casa para o CDS – 2
O Aventar recebeu-me simpaticamente aquando do meu primeiro texto. Regresso com a segunda de várias partes numa vergonha que deve ser combatida em nome de todos os portugueses que lutam todos os dias por uma vida melhor e que o fazem sem precisar de ter cartão de militante do eixo do mal que é o PS-PSD-CDS no que concerne à tomada de lugares no estado.
Como sabem, a senhora Suzana Ferreira surgiu pela mão do conhecido militante lisboeta do CDS Fernando Paes Afonso. Mas quem é este senhor: [Read more…]
Um Pentelho Catroganiano Entre os Dentes
Apoiei Eduardo Catroga aquando daquele arrastado e cínico processo negocial com Teixeira dos Santos. Interiormente, abraçava-o e confiava nele como num experiente senex patriota, apaixonado como eu por Portugal lá, onde outros se apaixonam pelo dinheiro fácil da posição de Poder e se apaixonam ainda mais pela própria aura postiça feroz em maratonas de fingimento e charla. [Read more…]
E entretanto no Brasil…
A nossa embaixada relata os incidentes. Abaixo a repressão, escreve o adido de imprensa, de seu nome AnonymousBrasil…
Mais imagens do Chiado
Vê-se bem que as ordens são claras: tudo o que fotografa ou filma é para atacar. A PSP no seu melhor.
Como a PSP conseguiu ir mais além que a CGTP…
Imaginem uma greve geral sem grande história. Ok, agora imaginem que a PSP resolve perder o controlo de uma situação banal. Ok, passou a ser uma greve geral sem história com muita história para contar. Como escreveu um amigo meu, só se espanta com a atitude da PSP quem nunca foi ao futebol. Uma tristeza.
Já hoje tinha escrito sobre a Greve Geral e o fiasco da CGTP. Nunca pensei ver a PSP fazer pela greve geral o que uma estrutura sindical não conseguiu. Enfim.
Greve, direita, carneiros e ladrões
Acabou a Greve Geral!
Voltemos ao Aventar.
Fazer ou não fazer Greve é uma opção de cada trabalhador – começando por ser um acto colectivo, a sua concretização acaba por ser um momento particularmente individualista.
Se a Greve resulta ou não, se é bem marcada ou não, são reflexões para outros tempos. Por agora importa ir direitinho à fonte, porque tenho sede!
Sede de dizer na cara a alguns dos que nos roubam que chega! Parem! Estamos fartos!
Que não concordem com a sua marcação, que até achem que este não é o momento ou até que não serve para nada, tudo pode ser discutido.
Agora, virem com a tanga do Direito à Greve, da sua existência ou não, da sua limitação… Vão todos para aquela parte! [Read more…]
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