A parolada do TGV

A parolada que foi para a caixa de comentários deste post criticar a decisão do Governo de acabar com o TGV deve preocupar-se tanto com comboios como eu me preocupo com o Papa.
E não são parolos por serem a favor do TGV, são parolos pelos argumentos que utilizam. Para eles, o TGV é sinónimo de desenvolvimento. Ai que moderno, ai que prá frentex. Quase que apostava que são os primeiros a defender o fim da Linha do Tua para construir mais um empreendimento megalómano e desnecessário.
Sou o primeiro neste blogue a reconher a importância do comboio e a defender tudo o que a ele diga respeito. Bem, o primeiro não, que esse é o nosso Dario. Mas defendo MESMO o comboio: a construção de uma rede ferroviária eficaz e modernizada que sirva efectivamente as necessidades da população, quer do Litoral quer do Interior, e que seja uma alternativa fiável ao automóvel. Uma rede com uma extensão igual à que a Monarquia nos deixou. Uma rede onde o transporte de mercadorias seja um motor de toda a economia.
Defender o comboio é isto. Não é construir Alta Velocidade que não serve para nada a não ser para dar de ganhar aos mesmos de sempre. Não é enterrar biliões num projecto que não vai aumentar em nada a competitividade da economia portuguesa. Não, o desenvolvimento não é isto.

Comments

  1. Antes dessa evolução “parola” acontecer, era preciso acontecer outras evoluções sociais e mentais… Não vale a pena evoluir uma nação, se a sua população não evolui com ela.

  2. O país que fecha linhas férreas regionais sob a desculpa de pouca rentabilidade para implementar uma linha internacional sem rentabilidade, não pode querer ser levado a sério. Já nem me refiro à estupidez de ir a Paris ou Madrid por centenas de euros, quando um avião o leva em 2 horas por menos de 30 euros. Mas, por exemplo, na ligação Porto-Vigo, cujo percurso por via férrea foi sendo desestimulado em favor da estrada ao longo das últimas décadas, vinha agora ressurgir como a grande alternativa e a única via para o progresso. À vista desarmada pode parecer uma esquizofrenia, patologia a que os nossos políticos nos habituaram, mas é óbvio que o TGV era um rico negócio para alguns.

  3. palavrossavrvs says:

    Sou um indefectível dos teus argumentos, Ricardo. Isto, sim, é uma causa. Mas não esqueçamos que a rua já não resolve nada e pode até piorar. Coisa mais volátil e manupulável não há. Temos de conquistar a atenção dos que julgam tudo poder para as verdadeiras causas de desenvolvimento, purificação dos ares políticos e bem-estar, mas por processos limpos de sangue, da grunhice da rua-curral.

    Tu sabes quais.

  4. joao says:

    Já devíamos estar todos a conversar e debater questões de modo aberto sem tiques de política parlamentar em horário nobre para consumo de televisões.

    Como é assunto sobre o qual não sei quase nada, preferia uma informação séria sobre vantagens e desvantagens do TGV e sobre perspectivas a longo prazo, colocada por pessoas que sabem e têm estudado oa questão, e não por sound bytes de parandongas de comunicação social.

    Muito menos por alguém que começa um post com epítetos de “parolice” que inquina qualquer hipótese de uma informação precisa sobre o assunto.

    Creio mesmo que o modo como se apresentou este problema do TGV, neste post, vai nesse sentido: pessoal, isto é um não-post destinado à porrada de opiniões.

  5. Quando uma “discussão” resvala para reclamar a parolice dos opositores estes terão toda a legitimidade para “ripostar” na mesma tónica. Com isso ganha-se uma coisa: a perda de consistência e “razão” do diálogo. A deriva “parola” sai reforçada quando um dos argumentos é a excelência da rede “que a Monarquia nos deixou”. Como qualquer um pode facilmente saber, “a rede do Rei” foi muito controversa à época, foi tardia, e apenas ganhou importância mais tarde, após profundas reformas quando o Rei já não o era…
    Quanto ao TGV – também toda a gente saberá… – que mais tarde ou mais cedo irá ser construído. A rede ferroviária de alta velocidade é um evoluir do próprio conceito do caminho de ferro. Os portugueses, como sempre, serão dos últimos. Talvez porque sejam pobres na carteira e na clarividência da visão de futuro. Ou sobretudo na forma como não se conseguem governar nem deixam que os governem…

  6. patriotaeliberal says:

    Ainda hei-de ver um futuro rei de Portugal a viajar de TGV.

    Com os parolos da corte a acenarem à janela aos camponeses e camponesas ocupados/as no trabalho da lavoura pelo mundo rural luso.

  7. patriotaeliberal says:

    Quando trabalhava em Foz Côa, viajava num combóio fantástico.

    Lembro-me de se conseguir sair para comprar uma sande, beber um galão e tornar a entrar quando passava pelas estações de serviço e não só. Também dava para aliviar a bexiga no campo e tornar a entrar.

    Era de cor vermelha, muito bonito. Por entre terras da beira alta e com o Douro bem perto.

    Levava-se muito tempo na viagem, mas ainda retenho o bucólico da viagem. Por causa destas memórias essencialmente visuais, tenho-me recusado a ser operado à vista preferindo usar óculos.

  8. Tito Lívio Santos Mota says:

    vá chamar parolo ao seu pai, se faz o favor, sim?

    o senhor não precisa de ser mal educado nem agredir seja quem for.

    Quem não percebe absolutamente nada do assunto é o Senhor.
    Ora, quem fala do que não sabe chamando nomes a quem não conhece, talvez não seja parolo, mas dá mostras de ser bastante parvo.

    alguém defendeu o TGV por “ser moderno”?
    Isso é argumento?
    Só se for argumento do género bacoco dos que dizem “não há dinheiro”.
    Não há dinheiro? Se vai custar mais caro para-lo que construi-lo?

    Se até o imbecil do Álvaro Santos Pereira reconheceu ser indispensável para poder manter a atividade dos nossos portos?

    Sabe que mais?
    Seja educado e depois conversamos.

  9. patriotaeliberal says:

    Dinheiro há, o que não há é visão.

    (isto escrito por um míope tem a sua graça…eheeehhhee….)

    • Tito Lívio Santos Mota says:

      agora achou-se uma chave de ouro para tudo o que seja sair da cepa-torta.

      “vai dar dinheiro a alguns”.

      pronto arruma-se o assunto e não se discute mais nada.

      Ele há tanta coisa que dá mesmo “dinheiro a alguns” e que não serve ou não avança seja o que for…
      BPN, venda da EDP ou da TAP…
      Mas isso é muito poupadinho, muito aplaudido, muito interessante, muito moderno, muito salazarento.

      Já investir para o futuro é que é “esbanjar dinheiro”, “atirar dinheiro pela janela fora”, etc.

      E depois, adoro aquele velho argumento que serve e sempre serviu, para impedir seja o que for.

      “Fazendo isto, não se faz aquilo”, ou na versão “tiram dinheiro daqui e depois falta ali”, ainda melhor, aquela do “deviam era pessar nisto em vez de se preocuparem com aquilo”.

      A economia e a política devem então ser uns líquidos contidos num sistema de vasos comunicantes.
      Mas uns vasos comunicantes nem sequer sujeitos a capilaridade.

      São os discursos do Botas levados à letra.
      Como se a economia se resumisse à finança (e este governo acaba de oficializar a teoria metendo o Álvaro num cacifre) e tudo se resumisse a aritmética.
      Ora, justamente, em matéria de economia a aritmética não é chamada para coisa alguma.

      E o parolo sou eu?

  10. O sr. Tito Lívido vive num país moderno. Não, talvez não seja parolo, não. É moderno, que é, em alguns casos, uma forma polida de ser parolo.
    O TGV não é modernidade nenhuma, bem pelo contrário. É querer andar de carruagem quando a maioria anda a pé ou de burro. É o tipico burrocratês herdado pela mentalidade dos Botas que ocupam a maioria dos cargos no Bloco central (PS/PSD).

  11. MAGRIÇO says:

    Pessoalmente também não me parece que o TGV seja, neste momento, uma prioridade. Mas, da leitura destes comentários, uma dúvida me surgiu: como classificar, em termos de grau de uma escala de valores, a parolice de quem defende o TGV e a parolice de quem sonha com o regresso a sistemas de governo arcaicos e rejeitados por uma grande maioria de países? É mais parolo quem quer modernizar o país ou que quer o regresso a formas de sociedade que remontam à idade do bronze? É mais parolo quem visa o futuro ou quem pretende o regresso a um passado de fausto para alguns e de escravidão para a maioria?Eis o dilema que me divide.

  12. Zuruspa says:

    Eu defendo o CAV Lisboa-Madrid, como defendo a Linha do Tua e o resto das linhas convencionais por todo o Portugal, e que väo sendo encerradas a favor das auto-estradas (vazias).

    Os €€€ que se väo enterrar no Plano Nacional de Barragens (Tua e näo só) pagava 5 linhas de CAV!
    A LAV Lisboa-Madrid é na UE a mais barata por km, por ser terreno plano e pouco habitado. Mais barato… só na Planura Padana (mas aí vive muita gente).

    Além de que a LAV Lisboa-Madrid é financiada pela UE em 75%, enquanto as barragens faraónicas e AEs vazias säo financiadas a 0% pela UE!!!

    E o parolo sou eu?

    Visto a importäncia do porto natural de águas profundas de SInes para a economia da UE, espero bem que pura e simplesmente uma faixa de 2 km de largo entre Sines-Poceiräo-Caia seja anexada pela Alemanha ou França ou até Espanha (ou zona administrada directamente pela CE), para que finalmente se construa o que é necessário.

    • Tito Lívio Santos Mota says:

      Acaba de me tirar os argumentos da boca.

      Assino por baixo.

      Vivam os CF, vivam a linhas de via estreita, vivam os Regionais da CP e vivam as LAV.

  13. Martunis says:

    A questão do TGV foi contaminada por preconceitos políticos.

    Analisando a questão a nível técnico parece-me que será relativamente fácil para qualquer pessoa aferir que é importante para o desenvolvimento futuro de Portugal a existência de um canal de transporte para a Europa das nossas mercadorias.

    Considerando que o preço do petróleo deverá continuar a subir os transportes por estrada e por via aérea serão cada vez menos competitivos.

    Logo, o transporte de mercadorias através de linha ferroviária com ligação dos nossos portos e centros industriais ao resto da Europa (Bitola Europeia) será, provavelmente, das acções mais relevantes para a melhoria da competitividade da economia Portuguesa.

    Esse transporte não tem que ser TGV, pode perfeitamente ser a velocidade inferior, e a questão do transporte de passageiros é perfeitamente secundária.

    Muito estranho que pouquissima gente mencione estes factos numa altura em que o Santo Graal da economia ém Portugal é tentar encontrar formas de tornar o país mais competitivo no exterior…

    • Tito Lívio Santos Mota says:

      também pode ser visto assim, pelo menos a curto termo.

  14. Caldeira Martins says:

    Eu não sei porquê tanta preocupação pelo TGV.
    Se quisermos ir à Europa, (não esquecer que estamos na periferia desta), basta apanhar a camioneta expresso da rodoviária em Sete Rios para Badajoz, e aí apanhar o TGV até o nosso destino.
    Afinal até é facil…
    Agora não se queixem, se deixarmos de ser uma opção de destino, por todos aqueles que derivarem para outros locais mais acessíveis, devido ao nosso “voluntário” isolamento.
    Voltámos ao tempo do “orgulhosamente sós”!
    Haverá alguém que ainda pensa que o dinheiro atribuído às redes transnacionais europeias de alta velocidade podem ser gastos noutra coisa (estradas, escolas, outras obras públicas, etc.)?
    Será que ainda ninguém pensou que a Espanha já construiu mais de 300 Km’s da linha de AV Madrid/Lisboa, baseado num compromisso assimido entre dois países?
    Não estará Espanha em posição de nos exigir uma indemnização milionária depois de falharmos um compromisso desta ordem de grandeza?

  15. Portugueses.Para conhecimento de todos informo ,que os combóios em Portugal e Espanha são os mais seguros no Mundo.O TGV FOGUETE DO ORIENTE, È O TRANSPORTE TERRESTRE ,MAIS SEGURO,CÒMODO,ECONÒMICO ,NÃO POLUENTE e MAIS RÀPIDO NO MUNDO PARA O TERCEIRO MILÈNIO..Em linha reta pode circular a mais de 570km/h.Arruinaram Portugal ao construir auto estradas,ao lado das linhas de caminho de ferro,,fazendo uma terrivel concorrência.São mais de 2800km com duas e mais faixas,onde em 13 anos já morreram mais de 15740 passageiros,o que equivale a um cemitério duma cidade..A RTP nunca fala no trânsito FERROVIÀRIO!Nunca viram um combóio,em dupla tração pela cauda.Apenas dois maquinistas e um chefe de combóio.Fim..

  16. Portugueses:Foi pena em 1980 terem encerrado ,800km de vias férrreas,em vez de as renovar,como fizeram a maioria dos paises.Tinham as linhas com um bom perfil para o combóio TGV em via única de Sines,e outros portos,circular a 200km/h para Madrid.Ou pela fronteira de Badajoz,ou Marvão,por onde circula o LUSITÂNIA EXPRESSO..Estamos atrasados uns 30 anos em relação aos outros paises na REDE FERROVIÀRIA,Portugal ficou destruido com mais de 48 auto ertradas

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