Obras públicas a alta velocidade

Vinte e tal anos volvidos e esta capa do milénio passado continua actual. Estou cada vez mais convencido de que os meus netos me levarão um dia a Lisboa no TGV. E aposto que não demorará mais do que 1h15. E que estará pronto antes dos estudos de impacto ambiental para a construção do novo aeroporto de Lisboa.

Tudo dentro da legalidade, claro

O D. Quixote das gorduras do estado, Passos Coelho, permitiu isto porquê? 152 milhões para alguém, mas os outros é que vivem acima das possibilidades.

O TGV dos vira-casacas

Ainda há dias apostava que a obra eleitoral havia de aparecer em 2014 e aí está ela. Que nem perfeitos vira-casacas, o PSD que fora um acérrimo opositor ao TGV (e ao aeroporto, já agora) acaba de ressuscitar a alta velocidade através do seu governo.

Como não podia recuperar o projecto anterior, se não para que é que se teria oposto, apresentam um projecto ainda mais confuso e que nem sequer é de TGV, apesar do acrónimo aparecer na notícia. É uma linha de mercadorias na qual pode circular o TGV desde que, na fronteira, lhe troquem os rodados. Uau!

O que já se sabia, e agora se comprova novamente, é que apenas importa que a obra, não importa qual, arranque no mandato certo, sendo este aquele em que o partido esteja no governo. Falta recuperar a obra do aeroporto para compor o ramalhete das próximas legislativas.

Em Portugal ganham-se eleições fazendo obras, mesmo que sejam a pagar por quem venha depois. Depois de três anos a penar aposto — mais uma aposta, que 2014 será ano de queimar dinheiro. Todo o esforço que estamos a fazer para nada. Será interessante ver como votarão os portugueses. Escolherão o carrasco ou o coveiro?

TGV do Lima

tgv_rio_lima

A fixação de Helena Matos pelo 28 de Maio

Helena Matos acusa PS, PCP, BE e Verdes de serem responsáveis pela eventual indemnização a pagar ao consórcio Elos pelo não cumprimento do contrato de construção do TGV. Tudo porque a 28 de Maio de 2010 chumbaram a suspensão do TGV.

Sucede que o contrato foi  assinado a 8 de Maio de 2010. Ou seja, a suspensão proposta por PSD e CDS teria exactamente o mesmo efeito, 20 dias depois de o contrato estar assinado.

Há fixações em determinadas datas um pouco doentias, até levam a trocar o antes pelo depois e a causa pelo efeito.

Novo aeroporto em Elvas para aerocomboios em bitola europeia

Ícaro, o comboio alado
(clicar para ampliar)

Após ter fracassado o projecto do TGV, Passos Coelho já colocou a hipótese de se construir uma linha de bitola europeia para mercadorias, até Badajoz. Uma vez que a referida bitola europeia só recomeça em Barcelona, a cidade de Elvas irá ser dotada da primeira aeroestação de comboios do mundo. Quando as composições saídas de Sines chegarem àquela cidade alentejana, ser-lhes-ão acopladas asas que lhes permitirão percorrer pelo ar os mil quilómetros até regressarem à linha férrea. Trata-se de um projecto absolutamente pioneiro cujo estudo ficará a cargo de uma comissão de especialistas.

Para a construção da nova linha aéreo-férrea, da aeroestação e dos aerocomboios será aberto um concurso público de ajuste directo. Ciente dos problemas criados pelas Parcerias Público-Privadas, Miguel Relvas já veio declarar que “todo este processo terá como base um novo instrumento jurídico-financeiro, as Sociedades Estatais Particulares.”

Fim de linha

Então acaba-se com o TGV e anuncia-se uma coisa que afinal… vai dar a NADA?

Ou entre a fronteira e Barcelona vão a pé, num franchise com Lourdes ou com Fátima?

Não há paciência que aguente!

Isabel Stilwell e o TGV

Isabel Stilwell tem todo o direito de, porventura, ter sido má aluna a História. Tem todo o direito de não perceber que, quando Salazar nasceu, já o comboio circulava em Portugal há 33 anos e seria, portanto, impossível que Salazar e Franco tivessem cometido o erro de optarem “por uma bitola (a largura entre os carris) diferente da dos outros países europeus (nós escolhemos a larga, eles usam a estreita), numa tentativa de isolar a Península Ibérica“. Dois erros numa só frase: nem Salazar ou Franco escolheram bitola alguma nem a Europa usa a bitola “estreita”, antes a “padrão“, “internacional” ou “UIC“, como também se pode dizer: 1435 mm entre o bordo interior dos carris em alinhamento recto, por oposição à “bitola ibérica”, 1668 mm.
A Tudologia é cada vez mais uma ciência exacta…

A parolada do TGV

A parolada que foi para a caixa de comentários deste post criticar a decisão do Governo de acabar com o TGV deve preocupar-se tanto com comboios como eu me preocupo com o Papa.
E não são parolos por serem a favor do TGV, são parolos pelos argumentos que utilizam. Para eles, o TGV é sinónimo de desenvolvimento. Ai que moderno, ai que prá frentex. Quase que apostava que são os primeiros a defender o fim da Linha do Tua para construir mais um empreendimento megalómano e desnecessário.
Sou o primeiro neste blogue a reconher a importância do comboio e a defender tudo o que a ele diga respeito. Bem, o primeiro não, que esse é o nosso Dario. Mas defendo MESMO o comboio: a construção de uma rede ferroviária eficaz e modernizada que sirva efectivamente as necessidades da população, quer do Litoral quer do Interior, e que seja uma alternativa fiável ao automóvel. Uma rede com uma extensão igual à que a Monarquia nos deixou. Uma rede onde o transporte de mercadorias seja um motor de toda a economia.
Defender o comboio é isto. Não é construir Alta Velocidade que não serve para nada a não ser para dar de ganhar aos mesmos de sempre. Não é enterrar biliões num projecto que não vai aumentar em nada a competitividade da economia portuguesa. Não, o desenvolvimento não é isto.

Fim do TGV: Uma excelente decisão

É uma excelente decisão acabar definitivamente com o projecto do TGV. Excelente decisão é também apostar no transporte de mercadorias a partir de Sines e de Aveiro.
Algum dia heveria de concordar com o Governo de Passos Coelho. Parece que chegou o dia.

Tanta coisa para escrever…

As notícias de hoje são às resmas. É o projectinho PL-118 da sr.a Canavilhas a ficar de baixo de água (quase essa mesma onde ela quer meter o Tua), o TGV e o governo a perder a alta velocidade e o BPN nacionalizado por Sócrates de novo a dar que falar. Tanta coisa para escrever e tão pouco para dizer. Acho que vou fazer greve.

Desempregado, uma carreira de futuro

Desempregados vão ter gestor de carreira

Mais uma vez, Álvaro Santos Pereira maravilha o mundo com outra brilhante descoberta. Tendo em conta que o número de desempregados está a aumentar em Portugal, torna-se claro que ser desempregado é uma das carreiras com mais futuro. Daí à ideia de criar a figura de gestor de carreira para desempregados foi um pequeno passo para o Álvaro e um grande salto para os portugueses.

Assim, antes de mais, será importante criar cartões de visita com a indicação da condição de desempregado, o que causará sensação nas festas e beberetes frequentados pelos que optaram por esta promissora carreira.

Os gestores de desempregados aconselharão os seus clientes acerca do melhor modo de desempenhar a sua inactividade. Assim, será importante que o desempregado acorde o mais tarde possível, de modo a que possa prescindir do almoço. O gestor de desempregados poderá, ainda, ensinar aos seus pupilos técnicas de relaxamento que lhes permitam transformar o oxigénio em nutrientes, desde que fiquem muito quietos o dia todo.

Entretanto, há uma grande movimentação na oferta de alternativas ao desemprego e está prevista a criação de cursos profissionais de ladrão, em que os discentes poderão frequentar disciplinas como TGV (Técnicas de Garrote e Vandalismo), CCB (Crimes de Colarinho Branco) e MAMA (Métodos de Ataque à Mão Armada).

Um manifesto simples

 

 

(óleo sobre tela de Fernando Ikoma)

 

Queremos a normalidade e a simplicidade no nosso quotidiano, sem sobressaltos

Queremos o pão de cada dia

Queremos a manutenção dos nossos postos de trabalho

Não queremos ser ricos – basta-nos o suficiente para viver com dignidade

Não queremos precisar de ganhar a lotaria – antes desejamos a felicidade de ter trabalho e uns trocos ao fim do mês para o mealheiro dos nossos filhos e para oferecer um jantar aos amigos lá em casa

Não quis, não pedi o Euro 2004

Não quero o TGV nem o aeroporto da OTA nem autoestradas que não me levam a lado nenhum

Não quero mais decisões erradas dos nossos Governos – Basta!

Perguntem-nos primeiro o queremos, o que precisamos! Afinal não vivemos em Democracia?

Santiago de Compostela-Madrid em menos de cinco horas

Clique na imagem para ver o vídeo promocional

La Palabra, La Obra. LAV Ourense – Santiago – A Coruña – Adif

E já em 2012, com a introdução de novos comboios híbridos, todo o noroeste da península ficará a menos de cinco horas de Madrid. Entretanto, da Corunha à fronteira portuguesa, já quase toda a linha é nova, moderna, rápida…

Aeroporto de Beja: 164 passageiros em 3 meses

aeroporto de beja

No aeroporto de Beja não há sorriso que se veja na chegada nem amante que se beija na despedia porque, simplesmente, não há passageiros.

Já agora, na notícia do Expresso, «em 2007, o aeroporto de Beja previa atingir, entre partidas e chegadas, uma média de 178 mil passageiros em 2009, que poderiam aumentar até 1,8 milhões em 2020, segundo as previsões da empresa EDAB, responsável pelo projeto». É oportuno lembrar um outro elefante branco prestes a ser construído e que também terá milhões de passageiros… no papel: o TGV.

As pessoas que tomaram conta do Estado e que gastam dinheiro desta forma têm nomes. Até quando vai ser possível continuar com esta impunidade? A punição eleitoral é manifestamente pequena quando decisões autistas, mas fundamentadas em imensos estudos convenientes, nos afectam durantes décadas.

TGV: Concurso de ideias

O Aventar, na linha de serviço público que o distingue, lança aqui um patriótico apelo à criatividade lusa, também conhecida por desenrascanço, por forma a ajudarmos o nosso primeiro-ministro a encontrar mais ideias sobre como fazer um TGV que se tinha prometido não fazer e, ainda, poupar uns tostões, perdão, uns cêntimos. À ideia mais criativa será oferecida uma lâmpadazinha onde ela possa brilhar.

CONCURSO DE IDEIAS TGV-AVENTAR

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Contribuições:

  • Uma linha e meia de TGV, com esquema de bifurcação para duas linhas. Autor: Pedro Passos Coelho.
    Comentário do júri: a ideia até é gira, pois quando o comboio abrandar para os 20Km/h nessas bifurcações até deve dar para ir às uvas
      
  • Em vez do pequeno troço de via dupla, as pessoas atiravam-se todas para o lado de fora do comboio para que andasse só com um dos rodados nos carris, assim à moda dos “cascadeurs”. Autor: pessoa equilibrada.
    Comentário do júri: poderá ser uma opção arriscada pensar em equilíbrios quando as nossas contas estão tão desequilibradas
     
  • Uma rampa de lançamento para fazer um TGV passar por cima do outro que viesse em sentido contrário. Autor: Leonardo da Vinci
    Comentário do júri: mais uma vez se comprova o génio de da Vinci que, há uns 500 anos, já anteviu a hipótese de um TGV ir em via simples até Poceirão-City
      

  • Deixe a sua ideia na caixa de comentários. O país agradece.

O TGV manco

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Esta do TGV manco foi, para mim, a gota. Ao contrário dos sapos que engoli porque o que veio de trás a isso obrigou, a esta cambalhota do TGV ninguém obrigou o governo. Isto é, se não contarmos com o lobby da construção…

Admite o governo construir o ruinoso TGV?

-Também eu gostaria de ver clarificada a posição do actual governo face ao desastroso projecto de investimento no TGV. Terá Álvaro Santos Pereira assumido uma vez mais uma posição de subserviência do interesse nacional face a Espanha, ou terão existido pressões da Alemanha e França, interessadas que estão na venda da tecnologia, que permitirá reforçar as suas exportações e criar postos de trabalho lá, enquanto aumenta o endividamento cá, com a consequente subida na taxa de desemprego? Explique-se o sr. Ministro, ou se for politicamente incapaz, por ele o senhor Primeiro-Ministro!

Confirma-se que sem imposição da troika, a irracionalidade prevalece

O ministro da Presidência Silva Pereira, assegurou hoje que o acordo para a ajuda a Portugal não vai travar o contrato já assinado do troço Poceirão/Caia da Linha Lisboa/Madrid. (i)

poceirão

Para que vai servir esse pedaço de caminho de ferro entre a fronteira e o Poceirão?

O que mais ainda virá que não estava no PEV IV?

Estava previsto o PEC IV acabar com as PPP, TGV e aeroporto? É que ontem o engenheiro disse, textualmente, que «as medidas previstas são essencialmente as do PEC IV».

 

Adenda
Se procura a tradução do  ‘Memorando do acordo estabelecido com o FMI-BCE-CE’, siga este link.

Uma coisa que não percebo…

Ora se os tipos que nos vão dar dinheiro* dizem que para o próximo triénio não haverá massa para PPP, TGV e aeroporto, será que os 51 magníficos que defenderam as obras públicas durante a campanha eleitoral das legislativas 2009 estavam errados?

poceirão

E já agora, para que vai servir esse pedaço de caminho de ferro entre a fronteira e o Poceirão?

* sim, parece que nos vão dar dinheiro, avaliando o que ontem foi dito só se pode concluir isto

 

Adenda
Se procura a tradução do  ‘Memorando do acordo estabelecido com o FMI-BCE-CE’, siga este link.

Poceirão-Lisboa em Expresso-charrete

poceirão

Agora que o TGV vem de Espanha até ao Poceirão, os nossos queridos deputados já poderão ir de comboio até Bruxelas. Sim, que o TGV é uma ligação à Europa, não é? Só há ali um bocadito de caminho até Lisboa onde é preciso um transporte alternativo. Mas não hão-de ser os velhos do restelo a travar o progresso e não há nada que não se resolva. Assim e a bem da nação, aqui deixo já esta ideia, que tenho a certeza de vir a colher as boas graças dos nossos políticos. Partindo do slogan que volta e meia por aí se ouve e que reza “Vá para fora cá dentro”, sugiro que se estabeleça um serviço de charretes entre a baixa pombalina de Lisboa e o Poceirão. Por forma a garantir suficiente oferta, deve-se proceder a uma requisição civil dos serviços de passeio turístico de charrete que há em Sintra. A viagem poderá ser um pouco mais longa do que se o TGV chegasse à Gare do Oriente mas atenção, a paisagem é deliciosa e o potencial turístico da viagem potenciará a economia da região! E tem ainda uma vantagem de monta. Convençam-se os senhores do FMI a virem de TGV para o Poceirão e sempre ganhamos mais um tempito sem contenção. Ganham todos e até ganham os senhores da Mota-Engil, que poderão despachar mais umas obritas públicas enquanto não chegam à capital esses forretas da manga de alpaca. Como se vê, o nosso Engenheiro sabe o que faz e é de agradecer a modernidade que nos trouxe.

O TGV descarrilou

Há, em tudo isto – um troço em andamento, outro suspenso, indemnizações a pagar, teimosia até ao precipício, avanços e recuos, fugas em frente, etc. – um amadorismo, uma falta de sentido de estado, um desgoverno, um malbaratamento do dinheiro público, um desprezo pela verdade, uma insistência nas aparências – não é por acaso esta suspensão hoje, com o “líder” incontestado reconfirmado ontem e o FMI a aterrar na Portela em breve – que faz doer a alma e desejar ter nascido noutro sítio.

O TGV descarrilou a alta velocidade, como se estava mesmo a ver. E quem era o maquinista? José Sócrates, por supuesto, o homem que diz hoje o contrário do que vai dizer amanhã, sempre com 100% de certezas. Praticamente a mesma percentagem que teve no congresso do PS.

A Partir de 1,100 Euros

Os interessados devem contactar o dono.

Diz-me para que lado puxas e dir-te-ei quem és

Gente de vários quadrantes – alguma mais insuspeita do que outra – tem vindo a apelar a um entendimento nacional, a uma espécie de consenso, para que o país enfrente os desafios que se apresentam. Não tenho dúvidas de que alguma racionalidade básica e atenção aos interesses comuns e nacionais fariam milagres e aliviariam o fardo.

Acho, aliás, numa altura em que se pedem sacrifícios a “todos” os portugueses, que um mínimo de elevação de discurso e boa dose de clarividência política ajudariam os portugueses a entender as razões e justificações dos pedidos. “Falar verdade” funcionaria muito mais como prática quotidiana do que funciona como slogan eleitoral com uma classe política desacreditada. Quisessem a união e compreensão dos portugueses e explicar-lhes-iam -se soubessem- de onde se vem e para onde se vai.  Fosse importante a participação dos portugueses e aplicariam a “transparência” e o rigor. Pretendessem a colaboração dos portugueses e evitar-se-iam os sinais contraditórios, as injustiças gritantes e as decisões irracionais.

É que não basta dizer: Portugueses, vamos puxar todos para o mesmo lado (e só poderiam dizê-lo com credibilidade depois de findo o cortejo constante de acusações e vitimizações), para que os portugueses saltem do descrédito para a ação.

Teriam, por exemplo, que dizer para que lado puxar e para quê. Quantos portugueses querem fazer sacrifícios e ainda assim puxar para este lado? E para este? E este?

Porque para certos lados a corda até parece não precisar de ser puxada. Basta-lhe a inércia e a lei da “gravidade”.

Figueres Alt Empordà

O “TGV” (o original) anda em testes na Catalunha (Espanha); dentro muito em breve será possível viajar em comboios de alta velocidade entre Málaga e Londres, Bruxelas, Amesterdão e Colónia. Entretanto, constrói-se também a nova estação central de Barcelona La Sagrera.

As melhores frases de José Sócrates (VIII)

http://rd3.videos.sapo.pt/play?file=http://rd3.videos.sapo.pt/2vb9nG9NZq1V7AMZgvNk/mov/1
José Sócrates, o TGV e a 3.ª ponte sobre o Tejo

TGV – ‘No money no honey’

 

Sei que o provérbio, de origem anglo-saxónica, tem conotações com práticas de prostíbulo – ‘no money no sex’ é a forma menos eufemística de retirar a ideia de prazeres libidinosos a desventurados sem vintém.

Todavia, como outros, tal adágio é generalizável a inúmeros contextos. Pode, por exemplo, ser alternativa para caracterizar a decisão de anular o concurso da ligação Lisboa-Poceirão, A obra deste troço integrava-se no projecto do TGV, cuja realização, no todo, parece condenada a adiamento até data indeterminada.

Todos os cortes de despesa deste género, na conjuntura actual, constituem desfechos esperados. E, por maioria de razão, o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, António Mendonça, deveria ser o primeiro a saber, atempadamente, da inevitabilidade da decisão governamental; poupar-se-ia, ele próprio, à triste figura de, em Julho passado, se ter deslocado a Badajoz para acompanhar os testes de carga da ligação por TGV entre Lisboa e Madrid.  

A somar ao erro político, o ministro, até por formação, jamais poderia ter ignorado os gastos para o erário público de actos inúteis. Sem se excluir, é claro, os ‘custos de oportunidade’ gerados, dessa forma, por si próprio e pela comitiva de acompanhantes. São comitivas normalmente numerosas e cujos participantes, na maioria, usufruem de remunerações do Estado.  

 

As Scuts do Almerindo.

O Ricardo lançou aqui um novo desafio para escrevermos sobre as Scuts do nosso descontentamento. Eu, já  disse  aqui no Aventar que estou de acordo que se pague, a não ser que não haja alternativa. Na verdade, casos há, em que a eutoestrada foi construída sobre a anterior estrada, não havendo, pois, qualquer alternativa. Nestes casos os residentes não devem pagar, seria como uma “multa” por viverem naquele lugar.

O príncipio utilisador/pagador é um bom príncipio que, aliás, vai estender-se à educação e à saúde. O melhor, mesmo, é os cidadãos começarem a perceber de vez que este Estado onde nada se paga, é o tal que já mama 50% da riqueza criada no país. Estamos a viver alegremente acima das nossas possibilidades e, os políticos, a gozarem com o pagode, lançando estradas atrás de autoestradas, como se fosse possível. Já somos o país com mais autoestradas por km2. Talvez as pessoas  percebam que a autoestrada que passa lá ao pé da porta não é necessária, uma boa estrada seria mais que suficiente, só serviu para alimentar os bancos, as construtoras, os consultores e  arranjar  tachos muito bem pagos.

Porque é que Sócrates quer construir o TGV, o aeroporto e a terceira ponte, tudo desnecessário, com o país na miséria, sem que nos emprestem dinheiro, o homem insiste, sabendo à partida que o “Zé povinho” paga tudo, todas aquelas obras são, como a maioria das autoestradas, insustentáveis financeiramente, vão ter que ser pagas por todos nós.

Não gastam um tostão na ferrovia, para exportar e importar mercadorias, vão secando tudo o que possa contribuir para melhorar a economia, o que interessa mesmo é alimentar o “monstro”!

A pagar, com o dinheirinho a sair do bolso, talvez as pessoas comecem a fazer contas e a darem por ela, pela verdade,  que não há autoestradas grátis e que a UE ajuda, mas devia ser para investir em bens e serviços transaccionáveis. A continuar como até aqui é a miséria para a maioria do povo e os lucros para o monstro.! E a construção de autoestradas e de pontes nunca irá acabar!

Entretanto, o Almerindo, já fez saber que são precisos 95 milhões, só para a tesouraria, e que não encontra quem lhe empreste dinheiro.E, como se sabe, as empresas vão à falência pela tesouraria, isto é, a falta dela, a não ser que o governo entre com o que não tem. Dinheiro!

Bonito serviço, grandes gestores, grandes políticos, belas autoestradas!

Megainvestimentos – a estratégia do confronto!

Hoje veio, pela enésima vez, o governo insistir no TGV de parceria com a Espanha para dar maior credibilidade á coisa.

Basicamente, a questão pode colocar-se assim. O governo está no meio de uma embrulhada e não sabe como sair dela, O que aí vem é bastante pior. A Alemanha, a rica Alemanha, ela própria, aperta o cinto para dar o exemplo e Teixeira dos Santos lá vai dizendo que se calhar é preciso mais cortes nas despesa e maiores aumentos de impostos.

Esta realidade dá cabo de qualquer governo, mas quer o PSD quer o Presidente da República tambem não estão interessados em governar, por isso, vão deixando “queimar em lume brando” Sócrates. Como pode aliviar Sócrates a pressão? Viajando como um caixeiro viajante a assinar negócios que já foram assinados há anos e mostrando ao país o enorme sucesso e, ao mesmo tempo, deixar “em ponto de não retorno” os grandes investimentos, mesmo que para isso condicione toda a futura governação.

É que, no momento, nem precisa de muito dinheiro para lançar os concursos, mas é ele que deixa as grandes decisões tomadas e vai pairar no país por mais uma década. Quer dizer, quem venha depois que pague, e se não quiserem assim, deitem o governo abaixo, desafia!

Em Marrocos, Sócrates informou o mundo imbecil, que estava ali para vender o TGV ao anfritião, enquanto a Espanha apresentava uma nova carruagem para o TGV muito inovadora. Quer dizer, no dizer de Sócrates, nós vendemos o “know how” do lançamento dos concursos ( os dossiers com as condições) e os Espanhóies, Alemães, Holandeses e Franceses vendem a tecnologia!

Mas a verdade é que Sócrates, bem à sua maneira não desarma, perante um Cavaco Silva titubeante e um Passos Coelho pouco ansioso para ter dores de cabeça. O país, entretanto, é que perde, com um governo que não governa e que só toma medidas que sabe que em nada concorrem para a saída da crise.

Os outros países há muito que têm políticas definidas e as implementam!

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