Crespo na RTP Washington!, manda o Relvas

Só mudam as moscas, a merda continua a mesma

Frase de Brito Camacho

Manuel de Brito Camacho, alentejano de Aljustrel, médico, militar e político célebre da 1.ª República, deixou um legado de declarações intemporais, à semelhança de Eça de Queiroz em ‘Os Maias’ com a sentença: “Isto não é um país, é um local sujo e mal frequentado”.

Crespo, um impoluto e acérrimo defensor da justiça e da liberdade, em Portugal

Tem cumprido aos políticos, a maioria gente de ralé oportunista e tecnocrática, promovida nas últimas décadas a personagens influentes e com poderes de decisão, a formatação e o conteúdo do modelo de organização política, económica e social da Nação – conceito em crescente consolidação na Europa, como demonstraram os votantes em Marine Le Pen.

Na hora actual, e em resultado da miopia de centrarem em Sócrates todas as responsabilidades dos nossos males, a técnica de escolher um inimigo comum – e fui sempre crítico duro de José Sócrates – não passa de um discurso retórico doentio, estafado, redutor e sectário, porque se é verdade que endividou o país em quase 50% do PIB, também é inegável que, antes dele, já havia outra fatia de 50% de endividamento público da responsabilidade de terceiros.

Passos e a sua equipa, como está a ser demonstrado no dia-a-dia dos portugueses, há muito que se revelam moscas diferentes da mesma merda. E para que não haja dúvidas, aqui vai um testemunho da eventual, mas empenhada, promoção de Mário Crespo a correspondente da RTP em Washington pelo inefável Miguel Relvas:

Mário Crespo, 64 anos, jornalista da SICN e colunista do Expresso, foi convidado por Miguel Relvas, ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, para o lugar de correspondente da RTP em Washington, vago há seis meses. Deste modo, Crespo voltará a desempenhar as funções que exerceu entre 1992-98. O convite está a gerar forte turbulência na RTP, uma vez que a estação estava a organizar um concurso interno para preenchimento da vaga, de acordo com os critérios estatutários:
1) É dada primazia a jornalistas do quadro da RTP interessados em trabalhar no estrangeiro.
2) A direcção de informação selecciona os candidatos.
3) Um júri avalia.
4) A administração avaliza a escolha final. Crespo nem sequer é do quadro: foi despedido da RTP há doze anos. Chama-se a isto, em linguagem plano inclinado, dar o pote aos boys. Este assessor de Relvas é que os topa.
Lembram-se do que Mário Crespo disse do Governo de Sócrates? Do que ele afirmou sobre as perseguições, intimidações, censuras e tentativas de interferência do poder político no jornalismo? Da t-shirt que levou à Assembleia da República para denunciar as malévolas intenções governamentais? Pois bem: o ministro Miguel Relvas atropelou a administração e a direcção de informação da RTP e convidou Mário Crespo para correspondente da estação pública em Washington. A RTP, não sei se estão recordados, é aquela estação que estava para ser privatizada, perdão, reavaliada. Sobre o convite, Crespo, cândido e enternecido, declarou: «É um lugar que me honraria muito nesta fase da minha carreira e para o qual me sinto habilitado». Curioso. Pensei que ia recusar com base numa alegada interferência do poder político no jornalismo, mas não. E na RTP, já agora, ninguém se demite? Confesso: cada vez tenho mais respeito por algumas meretrizes. Estrela

Qual é a diferença entre a merda de Sócrates e a merda de Passos e Portas?

Estrela Testemunho de autor idóneo, desinteressado no lugar e inserido no meio.

Comments

  1. Eduardo Silva says:

    A introdução com Brito Camacho, é que não foi muito feliz, pois não estamos a falar de um grande exemplo para a 1ª República. Mas desiluda-se quem está à espera de muito melhor, pois eles “todos” até nos andam a fazer o favor de nos aturar, atentem no grau de abstenção eleitoral. E agora…

  2. Carlos Fonseca says:

    Brito Camacho pode não ter sido um grande exemplo, e concordo. Mas. no caso, a frase é lapidar e aplica-se em cheio.

  3. antonio oliveira says:

    Recordo-me de vêr este cínico a perguntar ao “Vêlho do Restelo” na SICN com ar de bétinho angustiado: “Então Sr.Doutor o que é que vai acontecer às nossas reformas?” Bem, no que lhe diz respeito, e a ser verdade, o problema está resolvido; aliás com todo o mérito, pois o trabalho “jornalístico” por ele desenvolvido, durante a vigência do Governo do “Inimigo Público nº 1”, foi, a todos os títulos, notável e exemplar, nomeadamente no que concerne à manipulação velhaca e torpe da opinião pública portuguesa.

  4. Crespo (sim, mete nojo), fico sem saber se é a sério o poste, ou não…
    Mas essa do Eça está mal contada. Ele disse apenas que era um sítio (traduzido do francês em calão).
    Cardoso Pires é que aditou ‘um sítio mal frequentado’, creio que na Balada da Praia dos Cães, por interposto Elias Covas (não é o nome?).

  5. Carlos Fonseca says:

    Caro A.M.,
    Na edição de ‘Os Mais’ que tenho em casa, está escrito exactamente o que escrevi. E mais: na net é também possível referências à frase tal qual a inseri no texto. Essa do José Cardoso Pires é um é disparate.

  6. MAGRIÇO says:

    Sempre atento e certeiro, caro Carlos Fonseca. A principal “qualidade” destes “democratas” de pacotilha é saberem recompensar os favores…

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