Eduardo Lourenço, Vasco Pulido Valente e eu

    
Não é todos os dias que temos no PÚBLICO a opinião de Eduardo Lourenço, vulto da cultura portuguesa, intelectual de primeira, filósofo respeitado. Mas do seu texto «Da não-Europa» (sobre o futuro da UE), publicado no passado dia 24 e redigido em Vence (França), onde vive a maior parte do tempo, eu percebi muito pouco, quase nada. Ficou-me apenas a ideia de que a Inglaterra tem, para além de outros adjectivos, o de ser “uma super-nação”.
Fiquei desiludida por não conseguir acompanhar o seu racionício. Falou-me numa outra «língua» a que não tenho acesso pela minha humilde formação.
Que pena, pensei. Que ignorante me fiz. Um desperdício: Eduardo Lourenço escreveu no PÚBLICO e eu não aproveitei : “Frankenstein histórico que é hoje a União Europeia “; “nada que se pareça com o sonho para ela “demoníaco” de Jean Monet verá a luz do dia”; “E estaríamos agora a viver — quem sabe — uma  pax britannica numa Europa predestinada desde os tempos de César aos divinos filhos de Albion… “; “uma Europa onde não triunfem apenas instâncias obscuras sem outra ideologia que a da gestão do “ouro do Reno” wagneriano, convertido em deus do coração humano”; etc. Lindo, mas não percebo nada!!
Mas reparei no domingo, um dia depois, que também Vasco Pulido Valente, historiador e regular cronista do PÚBLICO, também pouco percebeu: “Se por acaso compreendi alguma coisa da prédica confusa e, em parte, errada e arbitrária de Eduardo Lourenço (…)”.
Quero Eduardo Lourenço no PÚBLICO, sim, claro, mas venho pedir-lhe, eu pequenina e aqui debaixo, uma coisa: da próxima vez que nos der a honra de escrever para nós, leitores de jornais, seja mais simples, seja menos “o intelectual mais francês de Portugal inteiro” como VPV o apresentou. Ajude-nos a ser mais cultos, mas devagarinho, introduzindo-nos na alta cultura com jeitinho e notas de rodapé.
Falo por mim, claro.

Comments

  1. Amadeu says:

    O manter as coisas simples para o comum dos mortais é lindo, é arte. O Eduardo Lourenço estava com certeza desinspirado. Saiú ro…cocós.

  2. Jorge says:

    Se VPV nao compreendeu , porque diz que que o que Eduardo Lourenço escreveu é “errado e arbitrário”?
    E a MCM também compreendeu, principalmente aquela parte da gestão do ouro do Reno.
    Podia o Eduardo Lourenço escrever de forma mais utilitária? Podia, mas nao era a mesma coisa.
    Podia Eduardo Lourenço ser menos Francês ? Podia mas nao era a mesma coisa
    Podia VPV ser menos anglo saxonico e liberal? Podia mas seria sempre a mesma coisa.

  3. Ricardo Manuel says:

    Um e outro são dois medianos que se dão ao luxo de largar umas lascas para um país de analfabetos. Em terra de cegos…

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