Não sou do tempo das grandes manifestações que se seguiram ao 25 de Abril. Tinha acabado de fazer 3 anos quando se deu a Revolução, quando o povo se juntou para um 1.º de Maio finalmente em Liberdade. Essa é imbatível, mas ao longo dos anos fui vendo a Praça praticamente cheia. Quando o FC Porto foi Campeão Europeu pela primeira vez. Quando o PSD fez o comício da campanha eleitoral que deu a primeira maioria absoluta a Cavaco. No 15 de Setembro.
Mas nunca como anteontem. Um dia que passará à história como o 2 de Março. A maior manifestação jamais realizada contra um Governo democrático em Portugal. Não tenho uma obsessão pelos números e pelos metros – quem o tem é quem tenta menorizar a manifestação – mas não tenho dúvidas de que estavam perto de 400 mil pessoas. Juntando a multidão da Praça mais a das ruas circundantes – da Trindade até Santa Catarina e à Batalha, chegamos ao número que tantos temem. Nunca vi nada assim. Nunca.
E aquele momento em que tantos milhares de vozes cantaram o Grândola, de forma desafinada, descoordenada e com mais enganos do que acertos, deve ter sido um dos mais belos momentos da minha vida. Não consegui deixar de pensar que, por enquanto, a classe política pode estar relativamente tranquila. Ao povo, dá-lhe para cantar. E se aqueles milhares de pessoas se revoltasssem a sério?
E eram todos comunistas!!
hehehe
As pessoas estão fartas do regime cleptocrata, aqueles que o defendem, são aqueles que ainda têm alguma coisa a ganhar com ele..
A única coisa que sustenta o regime é a incerteza, o vazio, a falta de alternativas. Mas o regime que sirva as necessidades das pessoas, e que substituirá o actual podre regime tem que começar a ser concebido por algum lado.
A incerteza é uma inevitabilidade, já os erros de passado não são se as pessoas aprenderem um pouco de história, história essa, que alguns mentecaptos parecem detestar…
Eu sou desses tempos. Não sou comunista, não fui e não tenciono ser. Uma coisa destas era impossível em 1975 ou 1976.
Havia gerrelheiros vindos da guerra. Hoje estão velhos.