A extrema-direita portuguesa não está minimamente preocupada com um atentado à liberdade de expressão, que vitimou hoje vários dos seus heróis. É uma guerra que não lhes assiste, a deles é económica e santa.
Assim a indignação virou-se contra esta afirmação de Ana Gomes, que num país ocupado por línguas bárbaras sou obrigado a traduzir:
#CharlieHebdo – Horror! Também o resultado de políticas anti-europeias de austeritarismo: desemprego, xenofobia, injustiça, extremismo, terrorismo.
(Na Lusa, citada pelo órgão central da extrema-direita neoliberal, parece que traduziram austerisme por políticas de anti-austeridade, o que já ultrapassa ligeiramente a simples ignorância da língua de Rimbaud).
Para o perfeito neoliberal tudo se explica pela moral, na velha lógica religiosa: há os bons, e os maus. Os maus são maus porque são maus, e neste caso porque são maometanos. Cavalgando na sua guerra santa, não podem compreender que os praticantes do mal, e concordamos embora por razões diferentes que desses se trata, existem não por inspiração demoníaca mas uma qualquer razão, lógica, causa.
Vivendo nos confins do pensamento medieval, não podem entender que não se nasce predestinado para terrorista canalha, e que a marginalidade sempre foi a mãe destas violências. Os rufias de camisa negra, ou castanha, vestem hoje djellaba e saltaram da invasão do Iraque como os seus antepassados das trincheiras da Grande Guerra. Foram ostracizados, perseguidos pela xenofobia europeia que usa a emigração e depois a deita fora, conheceram a injustiça, revoltaram-se. Nos anos 20 chamava-se a tudo isto Tratado de Versalhes e a austeridade que provocou na Alemanha.
Faço esta comparação histórica para que dúvidas não sobrem que perceber, compreender as causas, não significa obviamente justificar no caminho do perdão, essa religiosidade deixou-a para os seus crentes. Era suposto o mundo ter entendido a origem do mal, e por isso mesmo aprendido a evitá-lo, causas semelhantes provocam efeitos similares, como é óbvio.
Também compreendo que quem tem a austeridade neoliberal como oração pelo deus mercado se irrite com a blasfémia, se insurja contra o risco de os povos entenderem que esta também é uma das suas consequências.
Por outro lado Ana Gomes deu-lhes imenso jeito para se distraírem do essencial. O Charlie Hebdo sempre foi odiado pelos religiosos de todas as orações:
E mais ainda, pela nossa extrema-direita, ao tempo tão terrorista e igualmente assassina da liberdade de expressão como os que hoje dispararam:
Isto de quem defende a supressão das liberdades fundamentais, a tal suspensão da democracia ou um pinochetazo dado a tempo, em nome do capitalismo neoliberal, é sem dúvida farinha do mesmo saco de intolerância.
A ana gomes é uma vergonha. O relativismo lembra auschwitz. Se os franceses não tivessem sido tão maus com os alemães depois da primeira guerra…
Qual relativismo? tenha vergonha do absolutismo, que esse nem pensa, mata.
O absolutismo Cardoso, é a desculpa da extrema esquerda que tem, secretamente é certo inveja da competência dos terroristas jiadistas. As brigadas vermelhas e as fp nunca consegiram…
Absolutismo foi uma mera resposta ao reductio ad relativista, que não é argumento nenhum. Se não conseguem argumentar contraditando o que escrevo, não é problema meu.
Quanto a essa da inveja, de misturar violências como se fossem todas iguais, é mera ignorância. Embora verdade se diga as Brigadas Vermelhas tenham raízes com algumas semelhanças às de que agora falamos (as FP25 nem tanto), mas lá está: quem não é capaz de compreender a causa das coisas, nem quer, prefere remeter a origem do mal a uma treta mística qualquer, não pode perceber isto. Nem isto nem a diferença entre conhecimento científico e os fumos de uma pitonisa.
os “neoliberais” do observador no seu pior,ou como “reabilitar” a imagem de mario machado como “paladino” da tolerancia e da liberdade de expressão(foi manchete do mega blog do psd)
Já agora também é de perguntar se a destruição do estado Libio, defendida pela Ana Gomes e que transformou aquele território num vespeiro de fascistas islâmicos e de toda a espácie, não tem mnada a ver com este acto bárbaro?
“fascistas islâmicos e de toda a especie…” qual é a outra especie de fascistas?serão brancos,pretos ou catolicos? gays,ciganos ou do psd? escolha,que o sortido é grande.e que tal,um fascista branco,portugues e jornalista,conhece? (atenção,não disse mal do tea party,é obra,não?)
É isso: mistura-se tudo, os neoliberais, a extrema-direita (é tudo direita, por isso é tudo igual, não é?), os católicos, no fundo eles é que são os grandes culpados. Aliás, a Igreja é mesmo conhecida por apoiar o neoliberalismo…Também deve ser por causa da austeridade que andam a eliminar todos os povos da Mesopotâmia, não é? O Boko Haram rapta miúdas porque são todos uns perfeitos marginalizados, como se sabe. Em 11 de Setembro, 11 de Março, 8 de Julho, etc, tudo aconteceu porque os EUA e a Europa viviam num clima de austeridade e de miséria, certamente.
Não é a “extrema-direita” que se atira a Ana Gomes: é a extrema-esquerda que apoia esta opinião repugnante e de um oportunismo nojento e que continua a passar a mão pelo pêlo dos jihadistas, achando sempre que a maldade humana é coisa que não existe (excepto talvez da “extrema-direita-neoliberal-clerical” e etc)
O neoliberalismo é uma ideologia de extrema-direita por oposição a uma direita democrata-cristã, por exemplo, que não defende o primado da economia sobre a política e suspensões da democracia e pinochetazos, e etc.
Quem invadiu o Iraque foi Bush, não fui eu, e quem colonizou e coloniza África, também não.
E depois seria de perguntar quem criou Bin Laden, quem se dá tão bem com a Arábia Saudita e emiratos, berço do wahabismo e sua fonte de patrocinadores do jihadismo, ah, o petróleo, lá está, primado da economia sobre a política, é o mercado, que diacho, será a extrema-esquerda quem tem o monopólio da mentira e da hipocrisia?
Ah, não, é a maldade humana, a sua natureza egoísta e individualista. A besta da Ayn Rand não diria melhor.