Roubados e tudo bem
O Aventar e as elites
Há 11 anos, visto que não havia maneira de conseguir socialistas para escrever no blogue, o Aventar publicou um anúncio no Público a pedir “Blogger da área do PS e simpatizante do primeiro-ministro José Sócrates”.
Terá sido a primeira vez que muitos de vós terão ouvido falar do Aventar.
A polémica então criada incluiu o crash do blogue por excesso de tráfego; os ataques de falecidos blogues, como o Jugular, sem nunca referirem o nosso nome; e entrevistas de jornais – a nós e a outros por nós referidos.
Numa dessas entrevistas, a historiadora Irene Pimentel, questionada pelo Público sobre o facto de não ter respondido ao convite do Aventar, referiu que não tinha achado o convite interessante. E como não tinha achado o convite interessante, digo eu, não se deu sequer ao trabalho de responder a plebeus como nós.
São assim as tristes pseudo-elites portuguesas. Têm muito, mas falta-lhes algo tão básico como a educação.
Tudo isto para dizer que, ao fim de 11 anos, nada mudou em Portugal. Personalidades como Ana Gomes, Joana Mortágua, Joana Amaral Dias, Raquel Freire. António Barreto, Miguel Guedes, Pedro Marques Lopes ou Daniel Oliveira foram convidadas para escrever no ciclo “Do 25 de Abril à Pandemia”, em publicação, mas nem sequer se deram ao trabalho de responder.
Podiam ter dito seus merdas, acham que estou ao vosso nível?, que não tinham tempo, que não podiam, que não achavam o convite interessante, mas ter-lhes-á parecido que uma elite como é a sua não se deve misturar com gentinha como a do Aventar.
Que nunca teve nem terá dono.
Nota: Um grande obrigado a todos os que responderam ao nosso convite, tenham ou não enviado o texto solicitado.
Notas sobre as presidenciais 7: Ana Gomes against the system
Não quero imaginar o que teria sido esta eleição sem a candidatura de Ana Gomes. Sem uma candidatura que representasse o espaço que vai da social-democracia ao socialismo democrático, onde me posiciono ideologicamente. Sem uma voz de esquerda suficientemente corajosa para questionar o establishment socialista, mas sem nunca renegar o europeísmo ou as vantagens de uma economia mista, onde os sectores público, privado e social se complementam, regulados pelo Estado. Uma voz do centro-esquerda com provas dadas de carreira e competência, que tem sido um farol na luta contra a corrupção, contra a criminalidade económica e a favor de um Estado mais honesto e transparente. Senti-me representado desde o primeiro momento, mesmo sabendo tratar-se de uma eleição com um resultado mais do que expectável, que de resto se veio confirmar. [Read more…]
Notas sobre as Presidenciais 3: hecatombe à esquerda?
À medida que os resultados iam saindo, a narrativa da hecatombe à esquerda foi sendo construída, por painéis essencialmente feitos de fazedores do opinião alinhados à direita, que toda a gente sabe que a comunicação social é controlada pela esquerda.
Mas será que foi mesmo assim?
Comecemos pelos resultados PCP, responsáveis pelo primeiro momento de vergonha alheia da noite eleitoral, com assinatura de Rui Rio, que fez questão de dar grande ênfase, no seu discurso, ao facto de João Ferreira ter ficado atrás André Ventura, apesar de tal se dever, essencialmente, a votos do PSD.
Daniel Oliveira ARRASA André Ventura
Quando Ana Gomes anunciou a sua candidatura a Belém, André Ventura afirmou, sem rodeios, que se demitiria da liderança do Chega, caso ficasse atrás da antiga eurodeputada socialista.
Várias sondagens depois, com André Ventura sempre atrás de Ana Gomes, que não precisou sequer do apoio oficial do PS para se destacar no segundo lugar em todos os estudos de opinião, o representante da extrema-direita começou a virar o bico ao prego, porque a sua palavra tem sempre o mesmo valor: o que melhor se adequar às suas necessidades momentâneas.
Daniel Oliveira “apanhou-o na curva” (expressão oportuna, nestes tempos áureos do motociclismo nacional), recordando-lhe a promessa do candidato presidencial Ventura, enquanto limpava o chão do Twitter com o político profissional do sistema que diz combater os políticos profissionais do sistema.
Com tanta discussão sobre pandemias, vacinas e crises económicas, ver a extrema-direita ser exposta, todos os dias, sempre vai dando algum alento.
Diplomacia a la carte
De Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros português, outra coisa não se espera do que a habitual diplomacia pegajosa e moralmente frágil, tão propícia aos negócios. Por exemplo, quando assegura ao corrupto governo moçambicano “que a União Europeia vai dar uma resposta positiva” – tanto mais que a partir de Janeiro Portugal vai assumir a presidência do Conselho da UE – ao pedido de apoio na luta contra o terrorismo em Cabo Delgado.
Ora, “vários analistas consideram que as causas do conflito se encontram também na enorme pobreza da maioria da população, na desigualdade e na falta de participação nos proveitos da exploração dos recursos naturais (primeiro os rubis e depois o gás). Até mesmo o Parlamento Europeu declarou, já no passado dia 17 de Setembro, numa resolução aprovada por maioria, que considera as causas internas – como a pobreza, a desigualdade, a corrupção e o fracasso do Governo em tornar a riqueza da província acessível à maioria da população – como a razão principal dos incidentes em Cabo Delgado. O Parlamento exortou o Governo moçambicano a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para responder às necessidades da população através de reformas urgentes, evitando assim que as pessoas se radicalizem.
Mas “(…) o Governo moçambicano está a responsabilizar exclusivamente um inimigo externo, tentando assim distrair da questão realmente óbvia de, após 45 anos (!!!) de Governo da Frelimo, Moçambique ainda ocupar os últimos lugares do índice de pobreza mundial (180.° lugar de um total de 189 países), enquanto a riqueza e o poder se concentram nas mãos de uma elite corrupta. Esta elite, juntamente com poderosas empresas internacionais de recursos minerais e gigantes petrolíferas, consegue vender o conto de fadas de que, num qualquer momento futuro, o efeito trickle down irá ocorrer e que, para além da nomenklatura, também a maioria da população virá a beneficiar da exploração de minerais e gás.“ [Read more…]
As noticias sobre a birra de André Ventura foram manifestamente exageradas
Se Ana Gomes ficar à frente de André Ventura nas Presidenciais, a probabilidade de o líder do Chega fazer aquilo a que se propõe neste tweet não deverá ser muito diferente daquela que se verificou relativamente à promessa eleitoral que fez, antes de chegar à Assembleia da República, quando garantiu aos portugueses que se desvincularia imediatamente de todas as outras funções exercidas, por imperativo de consciência, para se dedicar à actividade parlamentar em regime de exclusividade: 0%
O FC Porto não é o clube da cidade do Porto
O FC Porto é o Porto, quer queiram quer não!
— Pôncio Monteiro (1940-2010), 7 de Março de 2002O FC Porto é o FC Porto e é o clube da cidade.
— Rui Moreira, 12 de Maio de 2018… e quem tiver amor à cidade não pode deixar de ter ao FC Porto.
— Pinto da Costa, 31 de Maio de 2020

Foto: Peter Spark/Movephoto
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Como muito bem escreve Ana Gomes, «Rui Moreira e acompanhantes na lista do Conselho Superior do FCP não se enxergam». Efectivamente, depois do blá-blá-blá (“o azul não tem qualquer conotação clubística“) e da afronta (“o FC Porto é o FC Porto e é o clube da cidade“), só faltava mesmo a Rui Moreira a rampa de lançamento no conforto da estrutura do FC Porto e uma inadmissível espargata entre o comando dos destinos da cidade do Porto e a ambição de ser presidente do FC Porto. Com a rampa de lançamento montada, é claro, veio a anunciada passagem de testemunho. Tudo isto é, obviamente, ridículo e, pior, esta promiscuidade política/futebol é inaceitável.
O FC Porto é um clube da cidade do Porto e merece da parte de Rui Moreira exactamente o mesmo respeito, carinho e interesse que merecem todos os outros clubes onde se pratica futebol na cidade do Porto. Clubes como o Boavista, o Pasteleira, o Salgueiros, o Bom Pastor, o FC Foz, o Académico, o Ramaldense, o Desportivo de Portugal, o S. Vítor ou o Sport Clube do Porto merecem tanto respeito como o FC Porto. O Porto não tem clube de futebol. A Associação de Futebol do Porto tem uma selecção e é muito boa. Mas o Porto, como tereis ainda agora lido, não tem clube de futebol. Dois dos melhores futebolistas portugueses de sempre (o Humberto Coelho e o João Vieira Pinto) são portuenses, nunca jogaram no FC Porto, não são portistas e foram ídolos do Glorioso. Sou portuense, sou benfiquista ferrenho e até sou sócio do Benfica, mas Rui Moreira e Pinto da Costa, garanto-vos, não gostam mais do Porto do que eu. Convém que haja menos propaganda e menos mistura de assuntos sérios (a gestão da cidade e as condições de vida de quem mora e trabalha nessa cidade) com futebolices, vaidades pessoais e rampas de lançamento.
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Para tudo! Para tudo? Como é que é?
Was wir im Vergleich mit der sophokleischen Tragödie so häufig dem Euripides als dichterischen Mangel und Rückschritt anzurechnen pflegen, das ist zumeist das Produkt jenes eindringenden kritischen Prozesses, jener verwegenen Verständigkeit.
— NietzscheComo é que é?
— Ana Gomes***
Exactamente.
Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.
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Ao contrário do que escreve o Expresso, não é
Francisco Assis quem «lança Ana Gomes para a Presidência contra Marcelo». Efectivamente, quem «lança Ana Gomes para a Presidência contra Marcelo» é João Mendes. Ai, Expresso, Expresso… Em última análise, Assis pode apoiar.
Ana Gomes a presidente
via Expresso
Diz as verdades, sem medo nem clientelas, desmascara esquemas, independentemente do poder dos gangsters que os manobram, e chama os boys pelos nomes, sem racismo, xenofobia ou narrativas conspirativas breitbartianas baseadas no ódio, na discriminação ou noutras paranóias conspirativas de marxismos culturais ou ideologias de género. Provando que não é preciso ser um grunho fascista para criticar o sistema.
Obrigada Marisa!
Tanto pelo conteúdo – que quem acompanha as corajosas posições de Ana Gomes só pode subscrever -, como pela elevação de espírito além fronteiras partidárias. Bela lição!
O dedo numa chaga chamada corrupção
colocado com coragem, mais uma vez, por Ana Gomes. Porque não está Ricardo Salgado na prisão?
Chapeau, Ana Gomes!
Já uma vez lhe prestei uma humilde homenagem: Ana Gomes, a corajosa e consequente.
E continua a merecê-la.
Aqui https://observador.pt/2018/05/26/ana-gomes-erramos-deixando-que-o-pantano-atolasse-o-pais/
ou aqui https://www.youtube.com/watch?v=QafVCcHF0gg&feature=youtu.be
Ana Gomes é uma voz que dignifica a classe política, enfrentando os dissimulados, seja do seu partido, seja da união europeia.
Sobre a 5a Diretiva Anti Branqueamento de Capitais aprovada no mês passado pelo Parlamento Europeu, Ana Gomes afirma que, embora sendo um passo na direcção certa: “Ficamos aquém de um resultado que poderia ter um impacto global no que respeita à transparência financeira, por responsabilidade do Conselho onde se sentam os nossos governos”.
(…) ainda há muito por fazer, – alguns dos “paraísos fiscais” e esquemas desregulados que facilitam o branqueamento de capitais por organizações criminosas, corruptos e corruptores do mundo inteiro estão instalados – e bem instalados na UE, valendo-se do vazio de décadas de desregulação financeira neoliberal. Há muito a fazer, em especial, contra a captura de alguns Estados Membros por interesses sinistros, como os das máfias que controlam o “e-gambling” e investem em criptomoedas”.
Ana Gomes é genuinamente íntegra e destemida e, como tal, só pode ser desconfortável para o PS e para o PE. Chapeau, Ana Gomes!
Ana Gomes, a corajosa e consequente
Ao contrário de todos os outros eurodeputados do PS português, Ana Gomes votou no passado dia 15 contra o CETA (o acordo comercial UE-Canadá) no Parlamento Europeu. A única eurodeputada do PS com coragem e que arrisca uma posição que, essa sim, é socialista. Eis a sua fundamentação (no FB):
“Votei contra o CETA porque, primeiro, o Sistema de Tribunais de Investimento previsto contorna os sistemas judiciais estaduais através de tribunais privados de arbitragem que favorecem o setor privado contra o interesse público. [Read more…]
Erros de transcrição? Exactamente

© AFP via Nouvel Observateur (http://bit.ly/16ujO5z)
Acabo de ler, no Expresso, uma notícia sobre “erros de transcrição” nas “escutas telefónicas para o processo dos submarinos”. O Expresso distingue “aquilo” em vez de “a Kiel”, “Monte Canal” em vez de “famoso canal”, “Canalis” em vez de “canal”. Contudo, por motivos que me escapam, o Expresso não se debruça sobre outros óbvios (e gravíssimos) erros na transcrição:
- “impercetível” em vez de “imperceptível”,
- “exato” em vez de “exacto”,
- “exatamente” em vez de “exactamente”.
De facto, ouvindo a transcrição, além de não detectar qualquer ocorrência de *[izɐtɐˈmẽtɨ], verifico que aquele *’exato’ é incorrecto (uma vez que, é sabido, ‘exactamente’ = ‘exacta’ + ‘mente’) e reparo na ocorrência de *’impercetível’, palavra sem qualquer significado em português europeu, pois a pronunciação corresponde a [ĩpɨɾsɛˈtivɛɫ] e não a *[ĩpɨɾsɨˈtivɛɫ]. Sendo [ĩpɨɾsɛˈtivɛɫ], logo, ‘imperceptível’: QED (este e não o outro).
Quem não detecta tais falhas (mais óbvias e mais graves) não é detective: quando muito, será *detetive — palavra com padrão grafémico semelhante ao da primeira pessoa do singular do pretérito perfeito do verbo ‘deter’ (‘detive’) e, no mínimo, homógrafa da correspondente flexão do verbo *deteter: *detetenho, *deteténs, *detetém, *detetemos, *detetendes, *detetêm; *detetive, *detetiveste, *deteteve, *detetivemos, *detetivestes, *detetiveram; etc.
P.P. – Então? Já cheguei. Aterrei agora.
A.P. – Aterraste onde?
P.P. – Aterrei da Alemanha.
A.P. – Ainda foste à Alemanha?
P.P. – Ainda fui, ainda fui, aquilo!
A.P. – Fizeste muito bem. Ao (impercetível).
P.P. – Ao Canalis, exato.
A.P. – O Monte Canal é a promessa do Bismark.
P.P. – Exatamente, exatamente…
Sou Chalie Hebdo e também sou Ana Gomes, consequentemente
A extrema-direita portuguesa não está minimamente preocupada com um atentado à liberdade de expressão, que vitimou hoje vários dos seus heróis. É uma guerra que não lhes assiste, a deles é económica e santa.
Assim a indignação virou-se contra esta afirmação de Ana Gomes, que num país ocupado por línguas bárbaras sou obrigado a traduzir:
#CharlieHebdo – Horror! Também o resultado de políticas anti-europeias de austeritarismo: desemprego, xenofobia, injustiça, extremismo, terrorismo.
(Na Lusa, citada pelo órgão central da extrema-direita neoliberal, parece que traduziram austerisme por políticas de anti-austeridade, o que já ultrapassa ligeiramente a simples ignorância da língua de Rimbaud).
Para o perfeito neoliberal tudo se explica pela moral, na velha lógica religiosa: há os bons, e os maus. Os maus são maus porque são maus, e neste caso porque são maometanos. Cavalgando na sua guerra santa, não podem compreender que os praticantes do mal, e concordamos embora por razões diferentes que desses se trata, existem não por inspiração demoníaca mas uma qualquer razão, lógica, causa. [Read more…]
Síndrome da Ética Retardadamente Selectiva
Ana Gomes é uma mulher corajosa. Estou sensibilizado. Onde é que ela terá andado recentemente?
Depois de ler as suas declarações, mais uma vez me ocorre que a oposição é onde todos os políticos deveriam estar pois parece que lhes apura o sentimento de ética. É um fenómeno a que poderíamos chamar de Síndrome da Ética Retardadamente Selectiva e que se caracteriza por uma súbita perda de cegueira para os defeitos daqueles que deixaram de ser oposição. Atinge de forma particularmente violenta os que saíram do poder e tem por efeito secundário amnésia aguda quanto a poucas vergonhas dos seus correligionários. Os pacientes costumam encontrar alívio dos sintomas descansando em cadeiras tipo Parlamentarium Europerium.
Ana Gomes mete a boca no trombone
(declarações de Ana Gomes à Antena 1)
Em relação à formação do Executivo, a eurodeputada socialista defende que os meios de comunicação social devem assumir o seu papel de contribuir para a transparência do passado dos políticos, nomeadamente do presidente do CDS-PP, Paulo Portas. Ana Gomes acredita que está em causa a idoneidade e credibilidade pessoais e políticas de Paulo Portas para voltar a desempenhar cargos governamentais e lembra o caso dos submarinos. Ana Gomes vai mais longe e acusa Paulo Portas de ter encetado uma “campanha de desinformação” e de calúnia de dirigentes socialistas, associando-os ao processo Casa Pia. (antena 1)
Ana Gomes tem a rara qualidade de não ter medo, em particular de ser dissonante com o compadrio generalizado entre o que chamamos “classe política”. As acusações que hoje dirigiu a Paulo Portas, e o avisado conselho de não ser este um personagem recomendável para Ministro dos Negócios Estrangeiros, sujeito como pode estar à chantagem das secretas de outros países, são feitas sobre o arame, e sem rede. Sempre tem a coragem que outros não tiveram quando pela calada enlamearam Ferro Rodrigues, já para não falar da atitude do sempre vacilante Jorge Sampaio. Não acredito no sistema judicial que temos, nem tenho que acreditar ou não nas palavras de Ana Gomes. Mas saúdo-as, e apenas lamento uma coisa: esta mulher não passará de deputada europeia. É pena.
Congresso do PS: um prémio para Sócrates
Os militantes socialistas presentes no congresso decidiram erguer uma estátua a José Sócrates. Por boa governação, supõe-se, já que o PS não é o PC chinês, presumindo-se com isto que cultiva a “ideologia” acima do “ideólogo”. A ser assim, estamos conversados, ou devíamos estar.
Aliás, segundo Ana Gomes (ai, Ana, ai, ai, que desilusão, a tal reserva do PS parece as reservas do futebol, são mauzinhos na tática e na técnica, aspiram, no máximo, a vestir o equipamento, a sentar-se no banco e a fazer aquecimentos durante o intervalo) unidade não é unanimismo. Pois não, vê-se e viu-se.
Enfim, à boa maneira dos tempos que correm, demasiados milhões por uma estátua para encher o olho. De barro, como seis anos de poder demonstraram.
Ana Gomes, a sobrevivente
Foram-se todos embora e deixaram a Ana Gomes sozinha a fazer de voz da liberdade dentro do PS:
Nao é possivel – e, como socialista, não me parece útil – varrer para debaixo do tapete as questões que tais escutas suscitam: é preciso esclarecer se era, ou não, por instruções governamentais que a PT estava a negociar a compra da TVI à PRISA.
Acresce que o que foi publicado – e até hoje não foi desmentido – reforça dúvidas sobre a actuação das mais altas instâncias do Ministério Público.
É o Estado de direito democrático que pode estar em causa.
Salto à vara
Ana Gomes é uma desbocada, mas às vezes diz umas coisas com coragem. Desta vez, não esteve com meias medidas e diz para quem a quer ouvir que "a corrupção só acaba se e quando o PS quiser".
Apresenta como sua defesa o facto de ter dito tal verdade no Congresso do partido em Abril último, reforçando "que o pântano só pode ser ultrapassado com salto à vara".
Ou a imagem de saltar à vara é uma premonição digna de uma vidente de Fátima, ou já sabia e usava estes remoques para quem, como ela, estava conhecedora, ou está a atirar com os seus 90 Kls para cima do Vara (90 kls políticos,claro).
Ana Gomes acrescenta que é necessário retomar a proposta de "Combate à corrupção" de João Cravinho, criminosamente chumbada pela "Máfia" da anterior maioria parlamentar (é curioso que vemos os partidos chumbar esta proposta e achamos que é natural) sem o que os políticos e a política se afundam no pântano da nossa vergonha.
Mas a maioria do PS e dos outros partidos continuam a assobiar para o ar, como se as prioridades não passem por tão sujo problema, mas passe pelo casamento dos gays, numa manobra de diversão, no mínimo patética.
Isto só lá vai com "vara" mas é de marmeleiro!
PS: Causa Nostra e Blasfémias
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