Da colecção O governo que destrói recursos humanos (6)

S. José sem tratamento para os aneurismas ao fim-de-semana.

Uma nota final sobre o Charlie Hebdo

Após ler este texto e este conjunto de textos comecei a pensar que todos têm as suas pertinências, uns mais do que outros. Mas parece-me também trágico que Charlie Hebdo, um jornal que nunca pretendeu ser o símbolo da República francesa (lembro-me de Luz a dizer nesta entrevista “I didn’t go to the spontaneous rally on January 7th. People sang the national anthem. We’re talking about Charb, Tignous, Cabus, Honoré, Wolinski: they would’ve scorned this kind of attitude.” E que “I’m going to think about my dead friends, knowing they didn’t fall for France!” ) que não pretendia influenciar ou coagir, que não pretendia fazer dinheiro ou ser popular, que era, sobretudo, um jornal anti poder e anti-sistema se tenha tornado num argumento para esgrimir em discussões sobre a laicidade, ou o universalismo do republicanismo francês, a forma como lidam com o colonialismo, os limites da laicidade, da liberdade de expressão, ou pior ainda uma discussão sobre a sociedade de valores francesa. Não é que estas discussões não sejam válidas, não é que não se devam ter. Custa-me é ver este jornal que tem tão poucas pretensões, que nunca pretendeu ser um símbolo, ser dado como exemplo máximo de todas estas coisas (ou o exemplo contrário a todas estas coisas, dependendo do autor), como um ponto de partida essencial para todas estas discussões. Charlie Hebdo era só um jornal satírico que nem sequer tinha grande público (esteve praticamente à beira da bancarrota nos últimos anos). Custa-me ver no fundo, o jornal a ser instrumentalizado desta forma não só por políticos mas por intelectuais e activistas que de certeza que têm até as melhores intenções.

É difícil de ver isto porque não há ninguém para falar em nome do jornal, porque as pessoas que podiam falar sobre o jornal em si estão mortas. Parece-me óptimo que se debata estes pontos de vista, que se ponha em causa visões de sociedade mas acho um absurdo caírem no erro de atirar o jornal para todas estas discussões como se Charlie Hebdo fosse de repente um símbolo da França, como se estivesse para o regime como está Charles de Gaulle ou a Marselhesa.

Ao menos tenham a decência de ouvir um dos sobreviventes: ” Today, it seems that Charlie fell for the freedom of speech. The simple fact is that our friends died. The friends we loved and whose talent we admired so very much.”

Momentos

Ontem foi um dia animado. Tivemos o momento Marretas, com Pires de Lima, o momento lacrau de Massamá, com o Passos, o momento Salazar com Maria Alberta Fernandes e Camilo Lourenço, o momento a-sombra-do-radicalismo-ameaça-a-europa, com José Rodrigues dos Santos, o momento aibalhamedeuscaoropataperdida com os Luís Delgado e similares, os vários momentos ai que vêm aí “os radicais extremistas de esquerda”, dos pivôs da RTP, enfim, um dia animado.
Houve até, valham-nos os deuses do Olimpo, o momento de verdadeiro serviço público, quando o José Manuel Pureza desembainhou a palavra e disse umas verdades como estalos na própria cara da RTP.

A propósito de contos de crianças – ele fez as contas

Passos diz que não será preciso cortar salários nem fazer despedimentos: O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, afirmou, este sábado, que fez as contas e está em condições de garantir que não será preciso cortar salários nem fazer despedimentos para consolidar as finanças públicas portuguesas.” Foi apenas há 4 anos.

Merkel também visita Sócrates

German Chancellor Angela Merkel in Florence

Angela Merkel in visita a Palazzo Vecchio a Firenze – Credits: EPA/TIBERIO BARCHIELLI/PALAZZO CHIGI PRESS OFFICE/HANDOUT

Uma enorme lata

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O próximo governo grego será o primeiro governo de esquerda da Europa desde… sejamos magnânimos, o governo francês de 1981-83. A rigor teríamos de ir ao Portugal da década de 70, ao V Constitucional, para não ir mesmo mais atrás, ao V Provisório. Obviamente não conto com as ditaduras dos satélites da URSS, que além de ditaduras são tanto de esquerda como o actual da China. [Read more…]

Pânico no sistema

Nervoso

Eles andam todos muito nervosos. Das clientelas dos blocos centrais aos teóricos do regime, passando pela extrema-direita ressabiada ou pelos apóstolos da ditadura dos mercados, a vitória esmagadora do Syriza nas legislativas de ontem na Grécia causou profundos arrepios a todos os parasitas que se alimentam ou que anseiam vir alimentar-se do apetitoso lombo do sector público, quais percevejos comodamente instalados costas do rinoceronte estatal.

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Óptimo

Há cerca de dois anos, elaborei uma “pequena amostra de levantamento acessório“.

Entretanto, pelos vistos, segundo Barreto Xavier, “em Portugal, as novas regras estão a ser aplicadas sem atropelos“.

Óptimo. “Sem atropelos” e “sem problemas de maior“.

Ficamos todos muito mais descansados.

dre 26012015

El diccionario de Griego

Uma excelente crónica de Juan Cruz.

A girl sem experiência bancária que Portas enfiou no Banco de Fomento

O quanto não vale ser militante praticante e, melhor ainda, esposa do homem que elaborou a reforma fiscal tão elogiada por Portas.

O murro do Papa

O Papa, justificando a violência contra os blasfemos que ofendem Deus, exemplificou com a resposta que daria – um murro na cara – a quem lhe insultasse a mãe. Sem mais considerações e independentemente da minha avaliação de tal resposta, gostaria só de lembrar Francisco, o Papa, e os que gostaram desta rábula, que as nossas mães existem – ou existiram – realmente. Existiram! Realmente! Para lá de todas as dúvidas.