Parabéns, septuagenário

Setenta anos é uma proveita idade. Aproveita-a, agradeço-te, teu humilde admirador, tantas gargalhadas, tantas momentos em que fomos um país agarrado à barriga e tu cantando:

Ninguém, ninguém, poderá mudar o mundo das nossas memórias inapagadas, ninguém como tu fizeste prima da obra caricaturada.

Parabéns Serafim, ó marco onde está o busca-pólos, Saudades.

Adopção e co-adopção por casais homossexuais

Queria só dizer-vos, deputados que hoje chumbaram estas propostas, que o futuro vos recordará como gente que teve oportunidade de corrigir uma desumanidade e escolheu perpetuá-la. É uma carga pesada para a maioria das costas, mas vocês merecem-na bem.

O sexo é bom, más são as religiões

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Disse Jorge Bergoglio uma evidência, quem não tem dinheiro não pode fazer filhos à desgarrada, e soltou-se a mais mentecapta e doentia visão do mundo que ainda caracteriza muito catolicismo, falo da contracepção dita natural e do culto da castidade no próprio matrimónio. Como Anselmo Borges explicou aos idiotas, tudo o que advém do conhecimento humano já tem a sua artificialidade, ou trocando por miúdos: se sabemos do ciclo menstrual e do período fértil, e só se truca-truca no infértil, há artifício.

Tenho um fetiche pela História da sexualidade, e delicie-me (ok, foi um orgasmo) com o raciocínio que levou os historiadores a concluírem ter a contracepção passado a prática corrente nos séc. XVII/XVIII, por via dos manuais para os confessores que a partir dessa altura instigam a padralhada a inquirir bastas e agressivas vezes com a senhoras se pecaram truca-trucando com ardis pelo meio que evitassem a reprodução da espécie. Faz-me isto lembrar as tolices actuais sobre a crise da natalidade, mas esse é outro assunto. [Read more…]

Fernando Ulrich não aguenta?

O pesadelo de Ulrich: Tsipras a comemorar a vitória.

O pesadelo de Ulrich: Tsipras a comemorar a vitória.

Fernando Ulrich está preocupado com o resultado das eleições na Grécia. Fico satisfeito por, pela primeira vez na vida, ter as mesmas preocupações de um banqueiro, mesmo sabendo que me deixará sozinho a torcer pela vitória do Syrisa.

Um banco, à semelhança dos mercados, é uma entidade nervosa, sensível, amiga do seu amigo. O BPI confidenciou as suas preocupações aos clientes e enviou-lhes uma mensagem assustada, chamando a atenção para “o espectro da vitória de um partido anti-europeísta.”

Muito haveria a dizer sobre o que significa ser anti-europeísta, mas tendo em conta a proximidade ideológica de Ulrich com Luís Montenegro, julgo que defender a Europa e os europeus são coisas antagónicas, porque os segundos só servem para atrapalhar. Logo, quem estiver preocupado com os europeus será, necessariamente, anti-europeísta.

Vale a pena ler a carta que Catarina Martins escreveu ao banqueiro assustadiço. É claro que há por ali palavras que poderão fazer confusão ao pobre senhor, como, por exemplo, democracia e povo, mas, e citando o final da missiva, é importante ajudá-lo a perceber que “os mercados financeiros aguentam. Ai aguentam, aguentam.” Penso que, assim, ele conseguirá perceber.

Uma adivinha

No jardim da Praça da República, no Porto, uma das estátuas tem, no seu pedestal, uma placa velhinha que diz assim: “Comemoração do 6º Aniversário da Implantação da República Ano 1916”.

Que figura está representada sobre esse pedestal? “Ora! A República, claro”, dizem vocês? [Read more…]

2014: o ano mais quente

“Quem mora na margem sul [do Mondego] sabe-o melhor que ninguém.”
Publicada hoje na secção da Figueira da Foz do Diário As Beiras, mas enviada na passada terça, antes das vagas marítimas invadirem ontem as praias e a mata florestal a sul do Mondego. Fotos de Pedro Cruz e António Agostinho (blogue Outra Margem).
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O imbecil e a ameaça jihadista que paira sobre Portugal

Cimeira das Lajes

O novo director do SIS, Adélio Neiva da Cruz, alertou ontem o país para o facto de Portugal não estar fora do radar dos jihadistas. Assim de repente, vêm-me à memória um determinado imbecil que em 2003 trocou as funções de primeiro-ministro pelas de mordomo e trouxe para o nosso país um terrorista e dois dos seus bobis europeus para juntos planearem a invasão ilegítima de um estado soberano.

O que se seguiu não é novidade para ninguém: os países governados pelos bobis foram vítimas de dois brutais atentados terroristas, o primata norte-americano continuou a semear o terror enquanto açambarcava poços de petróleo, o país invadido tornou-se mais violento e completamente ingovernável e o mordomo, esse imbecil, ganhou-lhe o gosto e fugiu do país para servir outros aristocratas. Já Portugal foi poupado da violência fundamentalista, possivelmente porque nem os radicais islâmicos levaram a sério o papel do imbecil que colocou o nosso país no seu radar. Quem diria que o inútil do mordomo até poderia dar jeito? Ou será que ainda não chegou a nossa vez? É que estes gajos sabem ser pacientes…

Bate leve levemente, como quem troça de mim

Será droga? Será esquizofrenia? Esquizofrenia não é certamente, e a droga não bate assim

Destruída a capacidade de resposta do SNS

Entram em cenas as urgências privadas. São agendas.

Ficamos mais descansados

Não há nenhum compromisso firme de atingir os 12 mil funcionários públicos. Foi uma estimativa, mas que não corresponde a uma meta à qual o Governo esteja vinculado

Sons do Aventar – O Jardim dos Mind da Gap

Interventivo por excelência, o (bom) rap português caracteriza-se pela análise profunda do país e do mundo em que vivemos, longe do estilo gangster norte-americano ou das vertentes “bling-bling” dos artistas pop da MTV que se fazem passar por rappers quando na verdade são apenas fotocópias uns dos outros sem conteúdo, que dissertam sobre cus grandes, jóias ainda maiores e festas onde chegam de casaco de peles sob um tronco nu inchado de esteróides.

Nas duas últimas décadas, Portugal viu nascer músicos que fundiram a alma e a expressividade dos grandes poetas lusos com ritmos e batidas encaixadas de forma harmoniosa. O resultado são bandas e artistas como os Dealema, Valete, LCR, Sam the Kid, Chullage e, entre tantos outros artistas que respiram talento longe dos holofotes da artificialidade, os Mind da Gap, percursores do movimento no norte do país e autores do tema que vos trago, O Jardim, uma radiografia cantada com beats partidos de um país partido em pedaços.

Desfrutem. A cultura Hip-Hop regressa em breve ao Aventar.

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