Mário Soares, Clara Ferreira Alves e eu

Celebram-se hoje seis anos sobre a publicação de «Momentos de Lucidez», post sobre as diatribes de Mário Soares enquanto líder da oposição, primeiro-ministro e presidente da República.
Um post apenas, entre os cerca de dois mil que escrevi desde então sobre os mais diversos assuntos e sobre as mais diferentes personalidades. Um post que teria caído no esquecimento não fosse o caso de um palhaço qualquer ter decidido que o seu autor não devia ser eu mas sim a jornalista Clara Ferreira Alves.
«Momentos de Lucidez» foi publicado a meio da tarde do dia 12 de Janeiro de 2009 no 5 Dias, um blogue infelizmente moribundo que, na altura, era constituído por vários militantes e simpatizantes do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda.
De todos os lados do espectro partidário, choveram então críticas e elogios a esse post, mesmo dentro do próprio blogue. Não vou agora debruçar-me sobre a justeza dessas críticas e desses elogios, mas sempre direi que, seis anos depois, há por ali uma ou outra opinião pessoal na qual hoje não me revejo. Embora, no essencial, mantenha quase tudo o que escrevi. Afinal, nada daquilo é novidade, antes se baseia, na sua maioria, nas denúncias de Rui Mateus nos «Contos Proibidos» e nas reportagens de Joaquim Vieira na «Grande Reportagem» e de José António Cerejo no «Público». [Read more…]

O próximo número

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Da colecção O governo que destrói recursos humanos (2)

Hospitais públicos perdem quase 700 camas num ano e privados ficam com 30% do total

Tudo dentro da legalidade, claro

O D. Quixote das gorduras do estado, Passos Coelho, permitiu isto porquê? 152 milhões para alguém, mas os outros é que vivem acima das possibilidades.

Permuta

Os gregos têm o Tsipras, os espanhóis o Iglesias e nós o Ronaldo. Como é que se faz para trocar?

Why did the world ignore Boko Haram’s Baga attacks?

nigeria

Confesso que me identifiquei com esta pergunta do The Guardian.

Há uns anos, numa aula de estatística concluímos que a morte de milhares seria um número, enquanto a morte de um, se próximo de nós, seria uma tragédia.

Será esta a explicação? Será que vimos Paris com os mesmos olhos que vemos o nosso quintal, enquanto a Nigéria é noutro planeta? Será isto? Estará na nossa mente que alguém que morre em Paris é parte de nós e alguém que morre na Nigéria é algo extrínseco?

Não quero acreditar que uma vida em Paris vale mais do que uma vida em África, mesmo sabendo que esta Lei Sagrada é todos os dias violada pelo nosso modo de vida ocidental.

Na Nigéria, segundo a CNN, poderão ter morrido milhares de pessoas numa ataque que poderá ter durado vários dias. Como sempre, milhares de inocentes.

Será normal que o site do público não tenha, na sua página inicial, qualquer referência a este acontecimento trágico? Nem o JN, nem a TSF, nem…

Será que as bombas transportadas por crianças com dez anos são menos criminosas que o ataque de Paris?

Não sei se o ovo e a galinha são o melhor exemplo para estudar a propriedade comutativa, mas não é argumento da Comunicação Social deixar passar o que aconteceu na Nigéria, dizendo que  os consumidores não querem saber. Experimentem ir para lá, façam imagens em directo, cobertura permanente do local e depois digam-me se a resposta dos consumidores é ou não a mesma.

É que isto de ser Charlie é muito bonito, mas de palavras…

O melhor

joga na Selecção. Efectivamente: Selecção. Parabéns, Cristiano.

Zeca Mendonça não é Charlie

Zeca Mendonça ilustra o que acontece a quem não se dá ao respeitinho.

O fato em conta

MRS

© António Cotrim/Lusa (http://bit.ly/1tZqizf)

Segundo Record, Marcelo Rebelo de Sousa, “adepto do Sp. Braga”, reagiu “às manifestações de alegria na redação da TVI”. Acontece que a TVI não tem *redação. Se ouvirmos atentamente a reacção de Rebelo de Sousa, percebemos que “o adepto do Sp. Braga” diz «pelo eco aqui da redacção». Efectivamente: [ʀɨdaˈsɐ̃ũ]. Rebelo de Sousa não referiu qualquer *redação [ʀɨdɐˈsɐ̃ũ̯]. Porquê? Porque a TVI não tem *redação. A vida (como determinadas regências) é extremamente simples. Tomai esse *fato em conta. Fato? Hoje? No sítio do costume? Exactamente.

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Bola de Ouro 2015

Hoje Cristiano Ronaldo vai dizer que é Charlie

Robertos

Lembram-se deles, certamente. Quando era miúdo, eu não perdia uma representação, fosse no humilde biombo de rua, fosse no teatro de robertos com palco, plateia e tudo. A voz estridente dos bonecos, dada pelas palhetas, atraia os putos irresistivelmente. Lembram-se das cenas que se repetiam eternamente: “eh toro, eh torito!…Olé, olé”; ” o raio do barbeiro é doido, carago”; “Doooommm Roberto vai aqui, toma, toma, toma”; “sou o diaaaaabbooooo!…”; “não me apanhas, não me apanhas, trrré,té, té” e por aí fora, tudo dedicado ao “rrrreeeespeitável público e todos os meninos e meninas”. Infelizmente, é raro encontrarmos o D. Roberto por estes dias. Se queremos ver os nossos queridos robertos temos de (devemos) ir ao Museu da Marioneta.
Até lá, restam-nos as candidaturas de Alberto João Jardim e Santana Lopes à presidência da República. Com o aflito esbracejar comentatório do professor Marcelo. É o que se arranja.

Nem o Charlie é Charlie

Charlie Hebdo despediu cartoonista em 2009 por gozar com os judeus

Polónia, o próximo desafio dos juniores portugueses

Vom Schiefen Turm zum Flˆflerdenkmal

Torun, a cidade do Norte da Polónia de 250 000 habitantes, na margem do rio Vístula, famosa por ser o berço de Nicolau Copérnico e pelo pão de gengibre, recebe, a partir da próxima sexta-feira, o Europeu Júnior de hóquei indoor, competição em que Portugal vai estar presente, depois de ter conquistado, há dois anos, o direito de participar na mais alta roda da modalidade, versão de Inverno em pavilhão.

Depois de um mini-estágio na Holanda, muito por influência de Bernardo Fernandes, o treinador português da equipa holandesa de Venlo, muito ligado à equipa técnica liderada por Mário Almeida, segue-se a viagem para a Polónia, que, por acaso, é logo o primeiro adversário da selecção portuguesa, sexta-feira, às 11h25.

Registe-se, aliás, que, na equipa do Venlose, jogam os ora seleccionados portugueses, Miguel Ralha e Tiago Ventosa.

torun pavilhaoSegue-se, pelas 16h50, o confronto com a Turquia, para, no sábado, os Linces subirem ao rinque, rumo ao último jogo da fase de grupos, contra a Rússia (11h30).

No completo plano de treinos e jogos amigáveis, Portugal já defrontou a equipa feminina do Venlo, a equipa júnior do Nijmegen e a equipa da 1.ª Divisão holandesa, o Venlo Heren. Amanhã, será a vez da fortíssima equipa polaca do Pomorzamin Torun. Quarta e quinta-feira, Portugal mede ainda forças contra a Áustria e Suíça, respectivamente.

A comitiva portuguesa, liderada pelo executivo José Manuel Nunes, contempla o seleccionador nacional, Mário Almeida, os treinadores Carlos Silva e Bruno Santos, Dr. Pinto de Sousa (médico) e Fernando Sobreiro (fisioterapeuta). Os seleccionados são: [Read more…]

Critérios

Quando vou a uma manif não pergunto quem vai, pergunto qual a sua causa. Ou então, e logo na primeira semana de liberdade em Abril de 74, não teria ido a nenhuma, todos os Pides à solta por lá andavam.

Ajudinha desinteressada aos 4 dos 9

Na última “prova dos nove”, gerou-se um curioso ponto prévio. Francisco de Assis, com aquele ar de omnisciente que lhe conhecemos começou, recostando-se triunfante na cadeira: “aquela frase que discutimos aqui, ‘se Deus não existisse tudo seria permitido’, tendo eu averiguado – garantiu o Assis – não é de Dostoievski, mas de Sartre”. “Nada disso, é de Nietzsche”- declarou a Constança Cunha e Sá. E assim foram trocando umas flores. Permitam-me, oh gentes, que dê uma ajuda aos comentadores, mais no interesse de quem ouviu e ficou na dúvida – ou, pior, enganado pela categórica garantia do Assis.
Na verdade, a frase está em “Os Irmãos Karamazov”, de Dostoievski, e é citada por Jean-Paul Sartre em “O Existencialismo é Um Humanismo” como ponto de partida para a sua indagação sobre o conceito de liberdade e correspondente noção de responsabilidade. Também Simone Beuvoir irá seguir caminho semelhante a partir do mesmo ponto.

Eu sou a minha liberdade, diz Sartre. E estou condenado a ser livre, logo, a arcar com as responsabilidades das minhas escolhas sem fugas, sem desculpas, sem ter a que me agarrar em mim ou fora de mim.
Porque me deu para esta singela incursão? É que, numa altura em que se procuram elaboradas explicações “em última instância” para os sangrentos acontecimentos recentes, pareceu-me justo pôr os pés na terra.

É preciso aprender a escrever

Vítima de lirismo precoce, Vítor Cunha encerra o poema com “É preciso ireis [sic] todos para a podre gruta maternal de onde em má hora fostes paridos.”