Porque é que Passos defende Carlos Costa?

carlos costa

Carlos Costa não aceita ser confrontado com as suas decisões. Não aceita que lhe perguntem diretamente se os 700 milhões de euros que obrigou o BES a constituir para salvaguardar as aplicações que muitos investidores fizeram em papel comercial do GES não queriam exatamente significar que essas aplicações estavam salvaguardadas. Não aceita que lhe perguntem porque é que, sabendo o que se estava a passar no GES, guardou durante largos meses essa informação para si, sem a partilhar com a CMVM. Não aceita que lhe perguntem se concordou com a estratégia de Vítor Bento para o Novo Banco (recuperá-lo num prazo de três a cinco anos) ou se pura e simplesmente mudou de repente de opinião e decidiu que o banco tinha de ser vendido em seis meses. Não aceita que lhe perguntem se essa sua mudança de opinião não teve a ver com o interesse do Governo PSD/CDS em encerrar o dossiê antes das eleições de 4 de outubro de 2015. Não aceita que lhe perguntem como é que havia 17 interessados no Novo Banco e depois apenas três e depois a venda falhou de forma clamorosa. Não aceita que lhe perguntem porque passou três emissões de dívida sénior do Novo Banco para o BES “mau” em vez de fazer um corte igual de 16% para todas as emissões. Não aceita que lhe perguntem como foi possível o caso do Banif ter chegado ao beco sem saída a que chegou. Não aceita que lhe perguntem o que fez o Banco de Portugal perante as oito propostas de resolver o problema que foram entregues em Bruxelas, todas chumbadas. Não aceita que lhe perguntem porque pagou 300 mil euros à BCG para avaliar a atuação do supervisor no caso BES e agora se recusa terminantemente a divulgar as conclusões do relatório. E não aceita que lhe perguntem como não foi ele a impedir a venda de uma sucursal do Novo Banco em Cabo Verde a uma empresa ligada a José Veiga (só o fez agora) e sim o Ministério Público, que ordenou a detenção do empresário quando o negócio estava prestes a ser assinado. [Nicolau Santos,  Expresso Diário, 18/02/2016]


Não há um ataque a Carlos Costa, mas sim deste ao nosso bolso, ao permitir, por acção ou inacção, os descalabros que estamos a pagar. A pergunta que se impõe é porque é que Passos Coelho defende quem não defendeu os portugueses. É apenas para se posicionar contra António Costa? Algum interesse o move? Nenhuma das possibilidades é digna de confiança.

Comments

  1. Ana Moreno says:

    Mas como??? Um homem com essas responsabilidades todas recusa-se a responder e ninguém nem nada o obriga a fazê-lo? Portugal, uma República das Bananas ??? (sem desprimor para as bananas :-))

    • j. manuel cordeiro says:

      É um recusa-se retórico. O anterior governo nunca lhe colocou estas questões e o presente governo vai para a praça pública bater nele, em vez de efectivamente o convocar à resposta.

      O que surpreende (ou não – sinal dos tempos) é a ausência de explicações por parte de Carlos Costa à medida que as escandaleiras se iam descobrindo.

  2. Ana Moreno says:

    Ou seja, a impunidade impera e é mesmo assim 🙁

  3. Boas perguntas que gostavamos todos saber. A chicana publica do 1º ministro só prejudica o país e a solução a encontar: Só ganha quem andar a tentar cativar os lesados para votarem em si, prometendo que todos nós vamos a pagar o que o Ricardo Salgado e capangas enganaram.

Trackbacks

  1. […] de digerir, a direita radical vê-se agora traída por outro camarada, um daqueles camaradas que protegeu até à exaustão, apesar da incompetência demonstrada . Falo-vos, claro está, de Carlos Costa, o governador do […]

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