Deixem os predadores sexuais em paz, suas vagabundas!

Há tempos foi um revisor da CP. No Domingo foi um condutor dos Transportes Urbanos de Coimbra. E, num caso como noutro, o batalhão de bestas quadradas que patrulha as redes e as caixas de comentários dos jornais deu o ar da sua mentalmente indigente graça e sentenciou o caso: são elas, as vagabundas, badalhocas, vadias e putas que provocam os inocentes abusadores. São as saias, os decotes e o cabelo solto e cheiroso. O homem bem quer ser o sexo forte, mas estas porcas obrigam-nos a ser predadores sexuais. As mulheres, no entender destes trogloditas, deviam vestir-se como na mais radical das ditaduras wahhabitas: tapadas dos pés à cabeça, com uma viseira estreita para não se espetarem contra as paredes. E ser lapidadas em caso de não conformidade. Não admira que estes merdas sejam contra o feminismo. Era o que mais faltava, as mulheres ganharem consciência da sua condição e insurgir-se contra o papel socialmente instituído de subalternas submissas dos homens. Umas radicais! Moderados são os machistas, os misóginos e os violadores. Estivessem elas fechadinhas na cozinha, de avental e bandolete, a cozinhar, limpar, lavar, arrumar e a cuidar dos putos, e estaria tudo bem. No tempo do Salazar não havia estas bandalheiras. Raisparta a democracia.

O admirável mundo novo

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[António Alves]

As empresas de transporte público, para não formarem nem pagarem a fiscais próprios, extinguiram esta categoria de funcionários e externalizaram (é assim que se diz na novilíngua neoliberal) o serviço.
Por norma, este é desempenhado por “seguranças” privados, muitos deles meros armários fardados cuja inteligência é inversamente proporcional à massa muscular. Metros, autocarros e estações de comboio já foram tomados de assalto por estas forças que exercem a autoridade sem a necessária legitimação social.
Uma força de repressão privada ao serviço do ultra capitalismo.
O interior dos comboios é o território que se segue.
Bem vindos ao admirável mundo novo.
Preparai-vos para levar na tromba à primeira manifestação de não conformidade.

O autocarro de António Costa e outras coisas que o regime paga com o nosso dinheiro

Costabus

Existem autarcas que não percebem que os sites ou as contas em redes sociais de que a autarquia ou freguesia que governam dispõem não podem nem devem ser utilizadas para fins eleitoralistas que sirvam os seus partidos. Para isso existem as páginas das estruturas locais dos seus partidos ou mesmo as suas páginas pessoais. Colocar aquilo que a todos pertence ao serviço do partido A ou B é um abuso e uma manifestação expressiva de falta de maturidade democrática que ilustra bem aquilo que se passa em muitas autarquias deste país, transformadas em instrumentos ao serviço da manutenção do poder das castas do costume. [Read more…]

O autocarro

O autocarro. A porta do autocarro. A roda do autocarro. O tecto do autocarro. A frente do autocarro. A traseira do autocarro. O autocarro parado. O autocarro estacionado. A câmara chega-se às bagageiras do autocarro. O zoom aproxima-as lentamente. O repórter, excitado, informa: as bagageiras ainda estãããoo vazias.

Pois. Aí está: a metáfora ao jornalismo de merda que acompanha estes eventos.

No autocarro

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Num autocarro de serviço urbano, cujos passageiros terão, todos, mandado uma pinocada há menos de uma hora, à pinha, uma mulher de meia idade, flácida, de aspecto descuidado, ocupa um lugar sentado, praticamente adormecida, mal segurando com uma das mãos um saco com compras. No corredor e a seu lado, um homem de meia idade, flácido, de aspecto descuidado, desperta do embrutecimento rodoviário típico porque um líquido pastoso encharca-lhe a meia do pé esquerdo – o seu melhor pé. [Read more…]

Quem semeia pedras, colhe garrafas de tinta

Na sequência do apedrejamento do autocarro do FC Porto nos arredores de Lisboa, hoje foi a vez de o autocarro do Benfica levar com garrafas de tinta azul, e ao que parece algumas pedras que nem causaram grandes estragos.

O futebol devia jogar-se dentro das linhas, que deviam ser só quatro. Quem usou e abusou de toda a batota dos túneis, das  arbitragens manhosas e dos castigos absurdos candidatou-se a ter este fim-de-semana atribulações fora e dentro do campo de jogo. Como já ficou demonstrado a PSP não tem capacidade para proteger o que devia ser apenas uma equipa de futebol. O risco é elevado.

Sou contra a violência, pois sou, mas relembro que ainda para mais a direcção do SLB tolera as claques ilegais do seu clube.

Quanto a autoridade moral, deixem-me rir. O mais vergonhoso campeonato das últimas décadas ainda não acabou. E se acabar amanhã vai ser muito complicado.