A direita e a solidariedade ‘soft’ dos ‘likes’ no Facebook

Laurinda Alves. Fotografia: Filipa Couto

Nos últimos dias, temos assistido à escalada da intolerância, do ódio e do separatismo bacoco entre opiniões. No meu caso, tenho apanhado por essa internet fora uma panóplia de saudosistas e desiludidos, hoje capacitados de uma estoica postura de “contra tudo e contra todos“, como se as vítimas ucranianas servissem de arremesso à limpeza de imagem de quem, há tempos, tão embeiçado andava (uns escondidos, outros bem à mostra) com o regime neo-fascista e autocrático de Vladimir Putin.

Aqueles que, outrora feirantes dos vistos gold para oligarcas russos, apoiantes fervorosos dessa direita reaccionária e saudosista dos tempos do PREC, são hoje indefectíveis defensores do Estado de Direito e contra os autoritarismos. Devo lembrar que estes são os mesmos que apoiaram a venda de empresas estratégicas do sector público ao Estado chinês… esse Estado plural, democrático e defensor dos Direitos Humanos. São exactamente esses, os que anteriormente aplaudiam quando se jogava monopólio com Estados que não respeitam os valores democráticos, só pela cor do pilim, que hoje se deixam ver, do alto da sua moral e heroicidade, com bandeirinhas ucranianas em fotografias no Facebook, em publicações carregadas de dogmas fabricados na hora e de argumentos de “se não concordas comigo, és amigo do Putin”. Sim, há gente que outrora apertava a mão a gente “do Putin” e que hoje se apercebe do que andou a fazer. Coitadinhos.

Serve este longo preâmbulo para tornar pública uma mensagem de Laurinda Alves, vereadora dos Direitos Humanos e Sociais na Câmara Municipal de Lisboa, eleita pela coligação NOVOS TEMPOS, que deixa transparecer essa hipocrisia direitola de se dizer muito solidário num dia e depois lavar as “manchas” da solidariedade no outro. Na mensagem que enviou para os colegas da CML, a vereadora convoca uma sessão de esclarecimento sobre o apoio aos refugiados ucranianos que chegam a Portugal. Na mensagem, afirma a independente eleita pela coligação, que a sessão serve “(…) para assumir publicamente que a CML NÃO tem capacidade para se responsabilizar pelo acompanhamento destas famílias (…)” e “(…) deixando claro que a CML não se responsabiliza, não paga, não dá sequência a mais nada após o acolhimento de emergência (…)”.

Traduzindo, quer dizer a senhora vereadora, em nome da CML e da coligação que a governa, que tudo bem, venham os refugiados, mas uma vez cá chegados, que fiquem entregues à sua sorte. Ou as associações que se ralem. Ou o c*ralho!

Laurinda Alves quer “gerir expectativas”. As de quem?!

Como sempre. A direita é aquela pessoa que escreve no mural #prayforukraine, muda a fotografia do perfil para uma bandeirinha ucraniana e nos diz “estejamos do lado de quem é agredido”. Depois, quando já meio mundo está, e bem, do lado do agredido e esse meio mundo lhe pede que ajude frontalmente as vítimas da guerra, para lá de palavras com ‘likes’ no Facebook e “votos de condenação” nas assembleias, diz não ter “capacidade para se responsabilizar”.

Parecem o Pôncio Pilatos.

Mensagem enviada por Laurinda Alves aos colegas da CML.

As eleições Legislativas inauguraram um novo tempo político.

foto@publico

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Estas eleições legislativas estão a inaugurar um novo tempo político no nosso país. E foi isso que muitos ainda não perceberam ou então fazem de conta não terem percebido.

As recentes eleições na Grécia deixaram marcas e sinais importantes para os partidos radicais europeus. Estes perceberam que definitivamente não têm espaço para crescimento político na actual conjuntura política europeia.

A Unidade Popular que congregou os dissidentes do Syriza, incluindo o célebre ex-ministro das Finanças Yanis Varoufakis, teve menos de 3% dos votos não tendo sequer representação no Parlamento Grego.

Esta foi uma lição que BE e PCP perceberam claramente. Aliás durante a campanha eleitoral deram sinais disso mesmo. António Costa percebeu também tudo isto. Talvez não tenha sido inocentemente que disse que não aprovaria o orçamento de estado da coligação PSD / CDS.

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Sinais dos novos tempos: a pessoa mais poderosa de Portugal é uma Mulher e da Justiça.

Ontem, ao princípio da noite, a TVI anunciou, segundo os seus critérios, o nome da pessoa mais poderosa de Portugal. E a escolha é sem margem para dúvidas uma surpresa. Logo pelo facto de não ser um homem, mas sim uma mulher. Mas também pelo facto de não ser uma CEO de um grande grupo económico, nem a herdeira de uma fortuna multimilionária, muito menos uma governante. A pessoa eleita pela TVI como a mais poderosa de Portugal foi a Dra. Joana Marques Vidal.

Entendo que a Justiça no nosso país viveu dois tempos. Um tempo pré – Dra. Joana Marques Vidal e um outro tempo pós – Dra. Joana Marques Vidal na Procuradoria Geral da República.

Parece-me ser uma pessoa serena, discreta, frontal, pouco mediática, mas altamente competente e eficiente que mudou a Justiça em Portugal. A  Dra. Joana Marques Vidal exerce as funções de Procuradora Geral da República, desde Outubro de 2012, por nomeação do Presidente da República. A sua nomeação marcou também uma viragem no mundo da justiça portuguesa atendendo a que foi a primeira mulher a ocupar o lugar cimeiro na PGR.

Ao contrário dos seus antecessores na Procuradoria Geral da República como Cunha Rodrigues, Souto Moura ou Pinto Monteiro, fala muito pouco, mas quando fala é pragmática e assertiva.

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