No plano meramente teórico creio que todos, sem excepção, defendem que será melhor ter mais do que menos, no caso em apreço, educação.
Mas, tal como acontece com outras matérias, o tamanho não é o mais importante.
Explico.
Os tempos da outra senhora que alguns, poucos, celebraram há dias marcaram muito o afastamento entre o povo e a instituição Escola – se calhar é por isso que temos os políticos que temos, mas enfim.
E a frase “nem todos podem ser Doutores” fez o seu caminho e hoje parece um dogma nacional.
A revolução de Abril trouxe uma nova abordagem e o acesso à escola foi sendo feito cada vez por mais pessoas e hoje, boa parte dos portugueses em idade escola, tem algumas possibilidades de chegar e concluir com sucesso ao 9ºano. Ignoro por intenção as Novas Oportunidades para não ir ter rapidamente do Jardim de Infância ao superior em cinco minutos, tipo comprimido para a Gripo dos Porcos.
Dito isto, estará o caro leitor a pensar (tomo o abuso de pensar que se leu até aqui é porque está a pensar em alguma coisa, quanto mais não seja nas pragas que roga às pilhas do rato que continuam a falhar e o impedem o clique daqui para fora)…
Escrevia eu, que o Caro Leitor pensará então que será natural o alargamento para o 12º.
Errado.
E errado porque estamos longe de ter um 9º, isto é, uma escolaridade básica, de qualidade. O problema não está em ser ou não ser obrigatório.
O problema está no facto dos 9 anos de hoje não garantirem uma formação básica de qualidade. Logo, sem o ensino básico de qualidade o que adianta avançar para o ensino secundário? Nada.
Estamos a queimar etapas, a cumprir números e a fazer de conta.
Penso que temos TODOS (PROFESSORES, Sindicatos, Pais, Governo, Partidos, etc..)que parar e centrar a escola no mais importante: a aprendizagem, se quiserem, uma escola de Conteúdo e com Conteúdo.
À esquerda, as criticas a esta medida vieram muito de fininho avançando apenas para a questão das condições – eu aqui, desalinho, quer da FENPROF, quer dos Partidos. A esta medida demagógica, devemos dizer não!
Nem mais ! Isto é mais uma medida “à la minute” deste governo que todos os dias tira um coelho da cartola.
Óbvio. Claro que a medida não é errada. O que está errado é nem existir sequer o 9.º ano. A escola e o ensino estão a ser transformados numa indústria que exige números. E claro, com efeitos muito negativos na própria sociedade.
“Fiz em seis meses o que a minha filha demorou três anos a fazer”, disse, com indisfarçável orgulho, uma senhora do alto dos seus quarentas, depois de ter recebido um diploma das Novas Oportunidades.Quer as Novas Oportunidades quer o ensino obrigatório até ao 12º ano são conceitos correctos. A prática é que está mal. Mas, neste momento, pelo que sei, qualquer ensino está mal. Trilhamos o caminho do facilitismo, das estatísticas e não tarda nada estamos ao lado desses paladinos do ensino miserável, os EUA.
Exacto. Não são os conceitos, são as práticas que estão erradas. Nota-se que são orientadas para apresentação de resultados mais do que serem orientadas para a apresentação de cidadãos mais formados e mais conscientes.
Concordo inteiramente consigo. A extensão da escolaridade obrigatória é mais uma medida socratiana de cosmética. Todos aplaudem. Eu discordo pelas razões que apontou. A qualidade do ensino no secundário vai deteriorar-se a olhos vistos.
Sim, é mais uma medida das muitas que por estes dias se atiram para votante ver.Tambem não deve fazer mal nenhum porque não vai sair do papel.