Suposta obra de arte, propaganda reaccionária, uma droga, uma coisa, são alguns dos epítetos com que é mimoseada esta pintura, exposta na capital colombiana por ocasião da IV Temporada de Artes de Bogotá.
Não consegui localizar o nome do autor, mas o trabalho tem a sua graça: intitulado “¿Por qué no te callas?, numa legenda em círilico, transcreve o célebre beijo entre os ditadores Leonid Brezhnev e Erich Honecker, dado em 1979 num acto público na Alemanha então dita democrática, para os democraticamente eleitos presidentes do Equador e da Venezuela. Em fundo identifico outros dirigentes das emergentes correntes da esquerda bolivariana.
Vamos por partes: sem querer aprofundar o assunto, arte e propaganda, ou arte e ideologia, são irmãs gémeas e siamesas. Vivemos com isso há milhares de anos, e ainda bem. Único critério aceitável para tal: a liberdade de expressão.
Enquanto continuarem a representar os seus povos sendo por eles democraticamente eleitos tenho a maior das considerações pelos presidentes ora retratados, muito mais por Rafael Correa que pelo militar Chavez, é claro, um tudo nada populistas de mais para o meu gosto, é certo, e não os coloco no mesmo saco dos criminosos que realmente se oscularam numa das piores ditaduras do séc. XX.
Já nas críticas ao quadro encontro homofobia e machismo serôdio q. b., e patetice em abundância. Quem escreve isto:
devia ter feito o trabalho de casa, e lido isto:
Exacto Fernando Samuel, a coisa inclui os seus queridos camaradas chineses. Não quer ir dar-lhes um beijo na boca?
O reaccionarismo é o anti-corpo segregado contra a capacidade de visão e compreensão do mundo. Um quilo de lã e um quilo de ferro são sempre um quilo, mas são realidades totalmente diferentes. Quem as confunde, nem categoria tem para ser reaccionário.