Faleceu José Paulo Serralheiro (6 de Setembro de 2009)

Isto começa a acontecer com uma realidade que os meus trinta e cinco anos pouco conheciam. Em Julho um amigo, agora o Zé Paulo, outro enorme amigo.
Se a saudade do Adriano foi e é uma coisa para qual não encontro muitas definições, também sinto muitas dificuldades em escrever sobre o Zé Paulo.
Com ele partilhei horas e horas de conversa. Um sindicalista brilhante, um revolucionário em permanência que se batia com toda a força pelas suas ideias.
Ensinou-me o que só os professores de História podem ensinar: o tempo presente é sempre muito “presente”. Temos que olhar mais longe e procurar ser optimista. Há coisas que não se vão resolver hoje. Nem tão pouco amanhã.
O Zé Paulo é um Homem Livre. Não pertencia a grupos nem se deixava amarrar a rótulos.

José Paulo Serralheiro

José Paulo Serralheiro

No que me diz respeito também me marcou muito a forma como ele vivia o BENFICA! Era um verdadeiro BENFIQUISTA! Dizia ele que este não era o Benfica que ele conhecia. O verdadeiro, esse, teria como suplente o Simão. Todos os outros, os mancos do presente, nem para apanha-bolas. O que a gente se riu com as misérias vermelhas!
Também era do Zé Paulo a “Página da Educação“. Um projecto muito interessante que nos marcou a todos! O número dois da revista está pronta a sair – ele “fez o favor” de nos dar esse previlégio antes de partir.
O que dizer mais?
Todos os dias perdemos um pouco mais de nós. Sinto em relação ao Zé Paulo, aquilo que senti em relação ao Adriano. Fui um sortudo em ter vivido com eles. Em ter aprendido com eles.
Espero que consigam, aí em cima, ajudar-me a ser FELIZ.
Obrigado Zé Paulo. Até um dia!

Contos Proibidos: Memórias de um PS desconhecido. Mário Soares – Da colagem ao PCP ao exílio dourado

(continuação daqui)

Na realidade, a incapacidade dos socialistas e dos democratas portugueses para se organizarem e manterem relações com os seus congéneres europeus, após o desalento em que caíram com as divisões da I República, permitiram a quase «exclusiva» implantação do Partido Comunista e inviabilizaram o estabelecimento de um regime democrático em Portugal, em 1945. E, não obstante a grande desilusão da chamada «oposição democrática» portuguesa perante a opção dos vencedores da Guerra, nem a vitória de Clement Attleel e dos trabalhistas britânicos, em 1945, valeu aos socialistas portugueses. É que, se os havia, ninguém no resto da Europa sabia onde estavam.
Mesmo assim, em 1973, a consciência do seu passado de relações subalternas em relação aos comunistas e a evidência dos maus resultados a que esse relacionamento conduzira Portugal anteriormente não seriam motivos suficientes para demover a direcção do ainda jovem movimento socialista de um acordo com o Partido Comunista.
Mário Soares, desiludido com as promessas da «primavera marcelista» e com o resultado da CEUD nas eleições de 1969, iniciaria uma longa viagem à volta do Mundo, acabando por se exilar em França, em 1970, após garantida a sua sobrevivência económica enquanto «consultor» do grupo económico de Manuel Bullosa (2).
Neste país acabaria por ser profundamente influenciado pela plataforma unitária que Mitterrand viria a estabelecer com Marchais, passando então a ser o principal defensor de um acordo entre os socialistas portugueses e o Partido Comunista, segundo o
modelo francês e a que chamaria «contrato político». E, sem grandes consultas ao seu pequeno grupo político, este contrato transformar-se-ia num «pacto de governo», após reunião «clandestina» dos dois partidos que teve lugar em Paris, em Setembro desse ano. Do qual, por sua vez, só não resultou um programa de acção comum, porque o PC desconfiava das expectativas que os fundadores da ASP tinham manifestado em relação à chamada «primavera marcelista» e estava convencido de que os socialistas
não tinham o menor peso no que eles consideravam ser o «conjunto do movimento democrático» português.
De facto, o único trunfo dos socialistas era o terem sido admitidos, um ano antes, na Internacional Socialista. Organização que a União Soviética pretendia penetrar, apesar das «críticas» às suas características «social-democratas»!
Mas o PCP, embora seguindo as superiores directivas do PCUS3em matéria de política externa, estava desfasado da realidade nacional e preferiria desenvolver a sua relação de domínio sobre o MDP/CDE, em detrimento do potencial e das «virtualidades» da aliança desejada por Soares. Mas, para o líder socialista, sob fogo cruzado da propaganda do regime e da extrema-esquerda, o acordo com o PC seria uma credencial preciosa que dissiparia algumas dúvidas no seio da Internacional Socialista. Dúvidas semelhantes às que existiam em relação a François Mitterrand. O acordo de Soares com o PC jamais seria, contudo, um acordo honroso para os socialistas, dada a evidente subalternidade em que se colocavam. Tão-pouco vinha ao encontro da orientação seguida pela esmagadora maioria dos partidos «irmãos» da Europa. Mas, apesar disso, Soares desenvolveria todos os esforços para o dar a conhecer junto dos parceiros da IS, pedindo-me mesmo que o traduzisse para sueco, o divulgasse e o mostrasse ao Partido Social-Democrata Sueco.
Em Lisboa, também Mário Soares tinha, desde o início da década de 60, estabelecido contactos com um funcionário da embaixada da Dinamarca, simpatizante do Partido Social-DemocrataDinamarquês, Axel Buus I e com um funcionário da embaixada dos
Estados Unidos, de nome Diego Ascensio. Um outro contacto internacional do início dos anos 60, que provaria vir a ter grande utilidade para a carreira de Mário Soares, foi a amizade que estabeleceu com Marvin Howe, jovem correspondente itinerante do
NewYork Times em Lisboa e na capital marroquina, Rabat. Depois de algumas menções na imprensa internacional, Marvin Howe conseguiria junto de um grupo de «liberais» norte-americanos, seus amigos, que se reclamavam das tradições de Norman Thomas,
juntar alguns correspondentes estrangeiros no Overseas Press Club de Nova Iorque com quem Soares comentaria os seus pontos de vista sobre a política colonial de Marcello Caetano. E, graças à assustadora mediocridade e provincianismo dos governantes de então, Mário Soares, ainda em Nova Iorque, seria aconselhado a não regressar a Portugal.
O governo português conhecia de antemão as suas posições sobre a guerra colonial, mas desconhecia por completo o funcionamento da comunicação social internacional, confundindo telegramas das agências noticiosas com campanhas antiportuguesas na imprensa internacional. Marcello Caetano não se conteve e, deixando cair a última máscara de tolerância e de abertura que evidenciara quando tomara posse pouco mais de um ano antes, mandou instaurar um processo-crime ao dirigente socialista. A verdade é que, apesar do empenho de Marvin Howe, os telegramas dos correspondentes que participaram na dita «conferência de imprensa» do Overseas Press Club pouco eco teriam então na imprensa internacional. Segundo o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de Salazar, Franco Nogueira, revelaria ao historiador José Freire Antunes, Marvin Howe «não era ainda uma correspondente, mas uma principiante».
Tal não corresponde, contudo, à verdade. Tendo em conta que sobre ela já na altura recaíam suspeitas «de ser uma conexão da CIA» 4 e conhecidas as ligações de grandes órgãos de comunicação social americanos com os serviços secretos como viria a ser
confirmado pela Comissão de Inquérito a que presidiu o congressista norte-americano Edward Boland, então, não só ela não seria uma principiante, como seria mesmo uma grande profissional e foi por obra e graça dos seus esforços que Mário Soares começou
a ser conhecido da imprensa internacional. Foi, aliás, através «dos seus textos públicos e das suas recomendações à margem do jornalismo, que a CIA – pouco atenta à oposição portuguesa durante os anos de Johnson – aprendeu a soletrar o nome de Mário Soares». De qualquer modo, foi a partir das iniciativas da correspondente do New York Times e, em particular, de uma carta que ela enviaria ao «Special Assistant to the President», Bill Moyers3, em Outubro de 1965, que Mário Soares iniciaria uma série de contactos com um dos membros da delegação da CIA em Lisboa. Mário Soares refere-se a esses contactos no seu livro Portugal Amordaçado como contactos com «um secretário da embaixada americana em Lisboa» mas tudo leva a crer que já se trataria de Diego Ascencio, que o então chefe de informações da PIDE Álvaro Pereira de Carvalho, identificaria como sendo «um dos membros da pequena estação da CIA em Lisboa». Ascencio seria uma das relações mais precisosas de então de Soares e ainda hoje continuam a manter relações de amizade.
Não admira, portanto, que ainda hoje muitas pessoas continuem a ter uma imagem distorcida do que uma certa imprensa difundiria em tons dourados, após 1974, sobre os chamados contactos internacionais dos socialistas portugueses e do Partido Socialista.
Com as incessantes romarias políticas do pós 25 de Abril e a constante exibição de grandes figuras da cena política europeia e norte-americana, como Harold Wilson, James Callaghan, Olof Palme, Willy Brandt, Bruno Kreisky e, entre muitos mais,
Edward Kennedy, ficar-se-ia com a ideia de que estes não só protegiam e apoiavam a Acção Socialista Portuguesa com mundos e fundos como recebiam, de braços abertos, os seus dirigentes no exílio ou na clandestinidade. Nada poderia ser mais diferente, se
bem que esta «distorção da história» tivesse então algo de premeditado.

(2) Manuel Bullosa
fo
i um dos principais empresários portugueses de antes do 25 de Abril. Era dono do Crédito Predial Português, Sacar e Banco Franco-Português, de Paris.

O debate Manuela Ferreira Leite – Francisco Louçã

Foi um debate cordial. Apesar das diferenças ideológicas gritantes, os intervenientes trataram-se de forma afável, com destaque para a forma como Manuela Ferreira Leite tratou sempre o seu oponente: «O Francisco Louçã…». Privilégios da idade. Louçã, por seu lado, certamente que não será tão afável quando tiver de defrontar Sócrates.
Como dizia antes, as diferenças ficaram bem vincadas entre um projecto realmente de Esquerda, como é o do Bloco de Esquerda, e um projecto realmente de Direita e que não contém diferenças significativas em relação ao projecto do PS.
Manuela Ferreira Leite pareceu-me segura, ao contrário do que esperava. À excepção da questão das uniões de facto, em que pareceu hesitar várias vezes até dar a sua verdadeira opinião. Antes ser contra o casamento gay e assumi-lo do que dizer que é a favor e votar contra no Parlamento.

Luiz Pacheco – Um libertino passeia pela vida: Os últimos anos


Em 1981 volta a ser internado no Curry Cabral e depois no Sanatório do Barro, em Torres Vedras. Requer a pensão de reforma – afinal, apesar do caso da gravata escocesa, do sobretudo involuntariamente emprestado pelo senhor director e da quadrilha dos selos, foi funcionário público. Escreve para o Diário de Lisboa e para o Diário Popular. Os amigos dão apoio económico. Mas o tempo de extrema penúria vai passar. Em 1982 começa a receber a pensão de reforma. Depois é uma bolsa do Ministério da Cultura que lhe é atribuída por mérito cultural. Pacheco conta: «O Alçada Baptista»(…) «encontrou-me um dia na Av. Da República e perguntou-me: “não lhe dava jeito uns sete ou oito contos por mês?”. “Ó doutor, não me diga isso, se fosse um conto ainda acreditava…” Depois vi o decreto e concorri. Tive logo um subsídio de dez contos. Depois, a Maria João Rolo Duarte, a mãe deste Pedro, é que conseguiu que o Santana Lopes, quando era Secretário de Estado da Cultura, me aumentasse o subsídio, que na altura ia nos 60 contos… a Maria João Rolo Duarte sabia que o Cesariny recebia mais do que eu e, numa festa em que encontrou o Santana Lopes, fê-lo prometer que me aumentava o subsídio. Como ela escrevia na Capital, publicou um texto que comprometeu o Santana. Recebi mais 30 contos por mês, passou para 90 contos.» (…)«Gosto do Santana por causa disso. E também porque é um playboy, um gajo dos copos, das discotecas e das putas».
É novamente internado no Sanatório do Barro. Em 1983 é reinternado pela quarta vez no Sanatório do Barro. Em 1984 é internado na Clínica de Pneumologia de Celas com broncopatia obstrutiva e infecção respiratória. É internado no Hospital Psiquiátrico de Júlio de Matos. Em 1985 e 1986 continua a publicar, inéditos e reedições. Em 1988, o Teatro da Cornucópia adapta e leva à cena a Comunidade. Muda-se para Setúbal. Cecília Neto realiza um filme sobre Luiz Pacheco para a RTP-2, adere ao Partido Comunista Português. A este respeito, João Paulo Cotrim, quando o entrevista, pergunta-lhe como é que ele, tendo mantido sempre uma postura anarquista, acaba por se inscrever no PCP, Pacheco responde: «Pois é, mas eu também só entrei para o partido quando me apareceu uma hérnia. Nessa altura, mandei um recado ao José Casanova: “Psst! Quero entrar para o partido como extrema-unção”. Isto não obriga a nada, nem aqui há uma esperança revolucionária. É porque é giro, um gajo morre e vai lá com a bandeira no caixão. É que eu tinha visto o enterro do Ary dos Santos a subir a Morais Soares, com eles aos gritos Ary amigo, o Partido está contigo! – e pensei: “Isto é que me convém, porra! Pagam-me o enterro, pagam-me o caixão e levo a bandeira que me deixa aconchegado. Sabe, é que eu sou um gajo muito friorento…».

Conclusão

Muito provavelmente, ele rir-se-ia da afirmação que vou fazer e quase consigo ouvir as suas casquinadas asmáticas acolhendo esta afirmação; em todo o caso, faço-a – ter conhecido e privado com Luiz Pacheco foi um privilégio.
Naquela tarde do princípio de Janeiro de 2008, não devia ter ido, mas fui à Basílica da Estrela, vê-lo pela última vez. Não devia ter ido porque, tal como a maioria das pessoas não gosta de ser apanhada «descomposta», ao Pacheco não agradaria que os amigos o surpreendessem tão composto em «câmara ardente» na Basílica da Estrela, à espera da missa, rezada por iniciativa de uma das filhas, que antecedeu a cremação no cemitério do Alto de São João. Lá estava ele, comprido, bem vestido, penteadinho, hierático. Silencioso como só os mortos sabem ser e estar. Pela primeira vez, o achei sem ideias. Para rematar esta crónica, à falta de melhor, lembro-me da sua resposta quando, numa das entrevistas da fase jubilatória da sua vida, lhe pediram uma mensagem para as novas gerações: «- Puta que os pariu!».

La vie en rose

Ana Matos Pires descobriu que as relações Prisa/PSOE já foram melhores. Ainda alguém se vai lembrar que as relações com Pinto Balsemão também, ou talvez não, sabe-se lá, etc. Para concluir que eles querem é nota, e portantos pá, só fizeram isto do jornal nas sextas para poupar uns trocos.

No universo bipolar do estado espanhol Zapatero tratou de ter dois grupos de comunicação social em seu apoio, o que a malta até agradece mais que não seja por o Publico.es ser de longe o melhor jornal online da península. O pólo do regime que alterna com o PSOE já os tinha, e Zapatero não é parvo, além de até ser comprovadamente um anti-fascista pelo menos da memória, coisa que no partido socratista já só sobra nos núcleos da terceiríssima idade.

Esta engenharia de esforço dos socratistas para enublar o óbvio, e este nem é o pior exemplo, está ao nível da obra  construtiva e curricular do seu belo e esforçado herói. É  preciso alguma pachorra para entender os humanos quando se fixam em paixões.* Que são sempre cegas, de acordo, dão cabo do racional, sabemos desde a adolescência, mas das quais restará um vazio absoluto quando o herói for apeado.

E quem vai apear esse moço que andou aqui por Coimbra no ISEC, já na altura despertando amores que se derretiam subitamente,** nem vai ser só o povo em forma de votos, serão em primeiro lugar os que hoje mais se perdem de amores por ele.

A profissional Ana Matos Pires explicará isto muito melhor do que, que sou de letras, e apenas falo por experiência de vida. E fica-me alguma tristeza quando vejo mulheres inteligentes naquele estado que me recorda Pavese: “os homens apaixonados são incapazes de criar uma estratégia amorosa”, cito de memória, e mal, mas a ideia percebe-se.

C’est la vie. En rose:

___

* isto devia ter um link mas por algum pudor, preguiça e até respeito não tem.

** esta referência é meramente política, respeitando à JSD e à JS. Da vida privada de terceiros só falaria em legítima defesa, e até ver não é o caso.

Boa semana:

Simplesmente fartos de Sócrates

Cada vez mais esta é a razão mais citada. E há cada vez mais pessoas cujo objectivo é tirar a maioria absoluta ao PS e depois logo se vê, se votam no PSD ou no BE.

E é uma boa razão se não mesmo a melhor razão. O país não pode ter como Primeiro Ministro um político em que as pessoas não reconhecem credibilidade. Não há semana em que o Primeiro Ministro não seja acusado de uma manigância qualquer, seguido de um chorrilho de explicações patéticas, como a de ontem no debate com Jerónimo quando afirmou que nada sabia sobre a Prisa, nem sabia quem era a administração. E Pina Moura ainda lá está?

Sócrates e os seus defensores deviam tirar daqui uma grande lição, já que nada aprenderam com a banhada das Europeias, é que não é possível enganar toda a gente durante o tempo todo. O simples facto de não aceitarem responsabilidades na situação do país, quando estão no governo há 12 anos nos últimos 14, é de uma falta de humildade inaceitável. Sócrates, com o país nesta situação, quer continuar as políticas da nossa desgraça assim tenha condições para governar. Mas quem é que quer empobrecer?

Este homem não pára, não escuta e não olha!

Emídio Berbequim Rangel


Emídio Berbequim Rangel acha que o Jornal de Sexta da TVI envergonhava o jornalismo.
Vindo de alguém que levou atrás de si uma equipa de televisão para mostrar de que forma ia destruir os estúdios da TSF; vindo do principal responsável por esse inenarrável programa que foi os «Donos da Bola»; vindo de alguém que, desesperado, não tem parado de bajular José Sócrates nos últimos quatro anos, na esperança que lhe caia algum em cima; vindo de alguém cuja passagem pela RPTP se traduziu na aquisição de uma série de vedetas milionárias e nada mais; vindo de alguém que chamou «hooligans» aos professores em manifestação e que tem insultado tudo e todos que não concordam com o Governo; vindo de um ser tão abjecto, penso que aquela frase só pode ser um elogio.

Morreu o pintor João Vieira (1934-2009)


Na sequência de uma cirurgia ao coração realizada na sexta-feira passada, faleceu ontem, dia 5 de Setembro, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, o pintor João Vieira. Nasceu no Vidago, em Trás-os-Montes em 1934. Tendo frequentado a Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, esteve a partir de 1957 em Paris, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, estudando pintura sob a orientação de Arpad Szénes, o marido de Maria Helena Vieira da Silva. Ligado ao chamado «Grupo de Paris», de que faziam também parte os artistas portugueses José Escada, René Bertholo, Costa Pinheiro, Gonçalo Duarte, Lourdes Castro, o pintor búlgaro Christo e o alemão Jan Voss, fundaram a revista e o movimento KWY. Em 2001, no Centro Cultural de Belém esteve aberta a exposição «KWY – Paris – 1958-1968». A primeira exposição individual realizou-se em 1959, na Galeria do diário de notícias em Lisboa; a última foi, em 2002, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto. Pelo meio, ficam centenas de mostras individuais e colectivas. Obras de João Vieira fazem parte das colecções dos principais museus nacionais e estrangeiros.
João Vieira fez também parte do chamado «grupo do Café Gelo», onde s integravam figuras como Mário Cesariny de Vasconcelos, Luiz Pacheco, Herberto Hélder, António José Forte, Helder de Macedo, e muitos outros escritores e artistas plásticos. Num andar por cima do Café Gelo, em pleno Rossio, Vieira compartilhava um ateliê com Escada, Gonçalo Duarte e Bertholo. A morte de João Vieira, um dos maiores pintores portugueses do século XX, deixa mais pobre o panorama cultural português.

Uma verdade inconveniente…

Um eleitor, perante o cenário proposto para 27 de Setembro, interroga-se: em quem votar?

Pensa votar à esquerda e o que vê? Por um lado vê Jerónimo e Louçã e lembra-se que são figuras velhas de tantos anos de presença assídua e que representam, por muito que procurem disfarçar, sistemas sociais velhos e caducos que quando postos em prática redundaram em desastre. As suas referências geográficas? Cuba, Coreia do Norte, Palestina, tudo locais e sistemas altamente recomendáveis, óptimos países para criar os filhos.

Pensa votar à direita e o que lhe surge? O CDS do Paulinho das Feiras. Ou será do Dr. Paulo dos Salões? Talvez do Mr. Paulo do Forte de São Julião? Ou será do Portas do Jornalismo? Eu sei lá, já foram tantas as personagens representadas que uma pessoa nem sabe bem em que Paulo votar. Na dúvida, fugir a sete pés é a solução.

Sobra Sócrates e a Manuela. Tirando a óbvia de género, qual a diferença? Ambos já nos mostraram do que são capazes enquanto governantes. Os dois já nos expuseram o quanto gostam da liberdade de expressão e como convivem facilmente com ela. As provas que já nos deram nas finanças, na educação, em suma, na “governança” da Pátria.

Um sujeito nascido nos anos setenta e que acompanhe a política portuguesa desde finais dos anos oitenta conheceu: o Paulo nas suas diversas facetas, o Louçã nas suas variáveis camisas, o Jerónimo nas suas múltiplas cassetes, o Sócrates e a sua enorme família e a Manuela nos seus diferentes penteados. Ou seja, sempre mais do mesmo.

Assim sendo, o que lhe resta no dia 27 de Setembro para lá do suicídio colectivo? Responda quem saiba…

Já só falta tirar o Ronaldo

Este treinador é um portento, vai tirando os avançados um a um já só entra com o Ronaldo de ínicio, e isto em jogos que só interessa ganhar, estão a ver se pudesse empatar…

Ontem, obrigado e em desepero a meter outro avançado, muda tudo numa equipa que até estava a jogar bem, quando se esperava que tirasse o Simão e deixasse estar o que estava bem. Não senhor, aterrorizado, desmancha o losango e afasta o Ronaldo e o Simão para os extremos, deixando o Liedson sòzinho na área onde estava meia equipa da Dinamarca.

Com a nova táctica Portugal nunca mais foi o mesmo e valeu o Liedson fazer o que só alguns sabem fazer que é meter golos. A bola foi ter com ele, é isso, há gajos de quem a bola gosta, vai ter com eles a pedir para ser chutada com carinho e determinação. O Nuno ainda teve uma boa cabeçada que o guarda redes defendeu, mas o Queiroz já tinha dado 45 minutos e um golo de avanço.

Na primeira parte, sem avançado na área Portugal teve 15 remates, alguns dentro da área, só com o guarda redes pela frente, mas nada, a bola foi sempre contra o guarda redes que coitado tinha mesmo que a defender.

E agora? O Manchester aceita o Queiroz de volta ?

FutAventar – FCPorto #6:

fcporto na F1

Segundo ouvi dizer e pelo que me apercebi no Aventar, parece que neste fim-de-semana jogou uma equipa qualquer de brasileiros e portugueses a que chamam, julgo, selecção. Ora, como para mim apenas existe a equipa do meu país, o F.C. Porto, não estive atento à coisa e preferi guardar as minhas energias para interesses sérios como a Superleague Fórmula onde o Álvaro Parente, logo na sua estreia, fez o favor de vencer. Sem espinhas.
Até nos automóveis somos os maiores, CARAGO!

ETICA E EDUCAÇÃO (4)

ETICA E EDUCAÇÃO (4)

Considerações sobre Educação

Hoje, em medicina, nós seguimos com bastante rigor aquilo que denominamos medicina da evidência. Eu, materialista convicto em sentido científico-filosófico, sem qualquer angústa metafísica, não perfilhando qualquer estanque dualismo corpo-espírito, a não ser em termos académicos, considero a ciência como a mais impressionante e segura plataforma de partida para o saber e a verdade àcerca da realidade humana. Conceber a ciência e a tecnologia como forças enriquecedoras, representa um dos grandes desafios no processo formativo e educacional do Homem. A ciência oferece-nos perspectivas francamente inovadoras, mesmo sem contribuir com respostas directas e imediatas para todas as questões. Embora a ciência e os factos, moralmente neutros, não nos possam oferecer uma educação, propriamente dita, constituem a mais segura contribuição para a função adaptativa do homem. Em qualquer campo da educação a cultura deve estar em interacção permanente com a evolução dos conhecimentos científicos, os temas de natureza científica devem entrar verdadeiramente na vida dos educandos. Deve promover-se o contacto com investigadores e espaços de investigação, dissiminando centros de ciência viva no sentido de aproximar a cultura científica das pessoas em geral e dos mais novos em particular. A ciência, em permanente desenvolvimento, interfere constantemente em múltiplos domínios do quotidiano e cria a necessidade de superiores critérios de excelência em qualquer dos campos da sociedade, alarga os conhecimentos, torna mais fácil o entendimento da vida, da educação e do progresso. Sem a ciência e a credibilidade no seu apoio, não há educação que resista, não há educação sinónimo de verdade, não há verdade que não esteja conspurcada de crendice. Todavia, nem a ciência nem a técnica têm sentido se não forem instrumentos para a realização plena da humanidade. (Continua)

                              (manel cruz)

(manel cruz)

OS AFEGÃOS CHORAM OS SEUS MORTOS

Mais 150 civis, a maioria crianças, massacrados pelos missionários da NATO. Crianças iguais às nossas, aos nossos filhos e netos, com pais e avós que choram e sofrem como nós. Mais um rio de sangue tão ao gosto de americanos, alemães e compinchas. Mais uma bebedeira de sangue dos assassinos encartados, apoiados legitimados. Qualquer dia não há mais sangue e terão de beber da merda em que chafurdam diariamente. Pobre Portugal, à baixeza a que desceste!

Socialismo-capitalismo

Caro amigo Luís Moreira, sinceramente, acredito no que diz. E isto não passa de uma conversa de amigos. Eu também já lhe disse que não pertenço a qualquer partido e ninguém me faz a cabeça, a não ser que consiga convencer-me de verdade. Apesar de não perfilhar nenhuma doutrina específica, mais ou menos radical, acredito convictamente na superioridade das doutrinas socialistas em relação às doutrinas capitalistas. E, pessoalmente, não tenho a mais pequena dúvida disso, em termos globais. Isto é uma coisa, outra coisa é pô-las em prática, sobretudo dentro de um regime capitalista mais que cristalizado. O socialismo, mais do que imperfeito, tem coisas muito boas e justas, mas também tem coisas más. No entanto, a estrutura natural da doutrina socialista tende inegavelmente a que, eventualmente, teoricamente e até um tanto utopicamente, essas coisas más possam desaparecer ou, pelo menos, reduzir-se ao ponto de poderem ser controladas com o tempo. O socialismo tem uma potencialidade incalculável de futuro. O capitalismo, a meu ver, não tem coisas boas do ponto de vista do horizonte social e do ponto de vista do futuro da humanidade, quando muito poderá ter coisas aceitáveis e toleráveis, e aquilo que alguém possa apontar como bom não é mais do que a decorrência de um mero equilíbrio essencial à sua sobrevivência e reprodução. O socialismo, e isto para quem queira pensar um pouco, ainda que muito imperfeito, volto a dizer, tem na frente dos olhos a humanidade. O capitalismo tem na frente dos olhos o individualismo, a posse, a criação de riqueza ainda que seja obrigado a fazer algumas cedências à humanidade. É a sua estrutura natural e genética, senão não teria esse nome. Por isso, o capitalismo nunca será uma força potencialmente credível para o equilíbrio da humanidade. É praticamente impossível. São forças de sinal contrário. Repelem-se, por mais voltas que a gente dê ao pensamento. A humanidade existe, há que aproveitá-la, há que explorá-la. São concepções filosóficas inteiramente distintas. A filosofia do bem colectivo como meta do equilíbrio, e a filosofia da meta do bem pessoal que pode até coincidir com algum equilíbrio colectivo.
Diz o amigo Luís Moreira que não viveria numa sociedade dita comunista. Acredite que também não sou ingénuo ao ponto de me deixar comer facilmente. Eu percorri, há mais de vinte anos, a União soviética de lés a lés, de norte a sul e de este a oeste desde a Sibéria ao Uzbequistão. Vi coisas fantásticas que gostava que existissem cá, vi outras que, do meu ponto de vista, corrigiria. Pondo de lado tanta coisa que nos escapa, pondo de lado os erros, os males e os crimes que não são do socialismo, mas dos homens iguaizinhos aos de cá, aos do capitalismo, sem tirar nem por, eu quero dizer-lhe que, em princípio, não me importaria de viver e que a minha família vivesse em qualquer dos fantásticos lugares por onde passei e nas condições sociais que vi. E não me venham dizer que vi o que quiseram que eu visse. A pé, de autocarro, de metro, de comboio, de barco, de avião (17 viagens dentro da União Soviética), sem que sentisse ninguém atrás de mim, vi o que os olhos e o pensamento me permitiram. Vi o suficiente para não dizer, como o amigo Luís Moreira, que, mesmo respeitando o PCP, fugiria se ele fosse governo. Pois eu não. Só de uma coisa eu teria medo, das consequências que adviriam do facto de ele ser governo, isto é, das consequências de o não deixarem governar. Não tenho a mais pequena dúvida de que a falta de democracia não estaria no PCP mas em todos os “democratas” que o não deixariam governar, ainda que ele tivesse ganho por 70%.

Moura Guedes imprudente ou Sócrates incredível?

Manuela transmitia as notícias como se estivesse a acusar sempre alguem, e como se fosse a juíza em todo e qualquer assunto. Isto teria sido permitido a outro qualquer jornalista?

Bem sei que tinha documentos e vídeos e que tinha o dever de os publicar. Mas tinha o direito de transmitir a sua própria opinião? Não tinha! Se este caminho tivesse pés para andar aonde nos levaria? A assassinatos de caracter em directo? Isto é defensável num estado de Direito, só porque dá audiências? Não é defensável.

Há, evidentemente, neste caso muita coisa para esclarecer. A primeira é o “timming”. Agora porquê? Tem a ver com as fugas de informação de dentro do Ministério Público que dava Sócrates como livre de suspeitas no processo Freeport? Se é assim, temos uma guerra dentro do Ministério Público e há uma voz que foi calada. Espero que essa voz apareça noutra estação de televisão. Vingança da Prisa por incumprimentos negociais e ou ambições negadas?

Estamos a assistir a um fecho de ciclo de um poder que o usou em seu proveito e em proveito de muita gente, não só na TVI mas tambem na RTP, há anos atrás. O ciclo de nascer, viver e morrer é o mais natural possível, qualquer sistema percorre esse caminho. O poder do casal Moniz está na fase final.

Tudo isto seria natural se Sócrates tivesse credibilidade bastante, mas não tem.

Por isso, resta a pergunta. Agora porquê?

POEMAS ESTORICÔNTICOS

Foi ela a grávida mais linda que já vi

 

Foi ela a grávida mais linda que já vi.

A grávida mais linda que já vi

tinha olhos aguados de ternura

olhos mansos de sonho e distância

olhos de sexo infinito.

Tinha estrelas pequeninas nas maçãs do rosto

e os lábios frutavam de carnudos

com gosto a sol e a sal.

A grávida mais linda que já vi

dormia no ventre da serra-mãe

entre asas e desejos

cabelos mortais sonhados de horizonte

hálitos de feno e maresia

que o sol acordava no acordar de cada dia.

O seu corpo nascia das ondas

e ondeava como seara madura.

A grávida mais linda que já vi

na paisagem lisa do tempo

dormia na areia branca

e tinha flores brancas

na raiz branca das coxas

dos beijos da espuma branca

que do mar sobrava.

 

                               (adão cruz)

(adão cruz)

Afinal também vi o jogo e tenho um treinador de sofá dentro de mim

eusebio

Se esse gajo tivesse jogado os 90 minutos ganhávamos, aposto.

Mas é sempre a mesma merda: os pretos, sobretudo se vindos do sul, são subavaliados, há pressões para não jogarem, e lá têm de fazer pela vida.

Espero que depois deste golo o seleccionador (um homem que conheceu primeiro o firmamento visto do hemisfério sul antes de o trazerem para o norte e tinha obrigação de não andar atrás das bocas do povo), já o meta a jogar de início facilitando o entrosamento* dos colegas na rotina de lhe meterem a bola no corpo, que é agora o seu objectivo único e óbvio. Ainda bem que o Ronaldo versão Madrid anda a aprender esse serviço, e pelo que vejo a desaprender na marcação dos livres, viram por aí o Bruno Alves?

E sou optimista, acredito que para não variar vamos ao mundial depois de muita continha, grandes aís e muitos uís. Selecção que se preze deve ser o espelho do país, utilizando a nossa o verbo desenrascar em abundância de sorte. O gozo do futebol é sofrer e ganhar no fim, eu sei que da parte do ganhar andam arredados os adeptos dos clubes de Lisboa mas vão ver o gozo que dá, no fundo vocês são tão portugueses como nós e também têm esse direito.

Somos apurados, aposto, esse gajo aí, o que marcou o golo, o da foto, o estrangeiro, bem o merece.

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* não uso, e muito menos escrevo, a palavra entrosamento, sobre a qual tenho a mesma opinião que tenho sobre o Ribeiro Cristovão enquanto assassino compulsivo de relatos de futebol. Foi o corrector automático que meteu lá isso, garanto, e não consegui apagar, lamento.

BI-QUADRA DO DIA

Ó meu rico S. João

que no céu és bom rapaz

conta a deus nosso senhor

os crimes que a igreja faz

 

de mão dada co’essa gente

com quem afina as agulhas

que comungam e vão à missa

E não passam de trafulhas.

Homenagem a Cristiano Ronaldo, o melhor jogador do mundo


Em jeito de homenagem a Cristiano Ronaldo e aos seus feitos, queria aqui deixar a lista dos golos por ele marcados ao serviço da Selecção Nacional desde Junho de 2008, incluindo as datas, os locais de realização dos jogos e as incidências das partidas:

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BOAS NOTÍCIAS

Vestidos de vermelho, milhares de apoiantes do presidente Hugo Chávez saíram, este sábado, às ruas de sete estados da Venezuela em defesa da «revolução bolivariana», da paz nacional e contra a decisão da Colômbia de autorizar sete bases militares norte-americanas no país. As «concentrações pela paz» foram organizadas pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e decorreram no Distrito Capital e nos estados de Guárico, Yaracuy, Zúlia, Táchira, Lara e Anzoátegui. Em Caracas, os manifestantes partiram das localidades El Silencio e Plaza Sucre de Cátia, ambas a oeste da capital, até à Casa Amarilla, sede do gabinete do ministro de Relações Exteriores, Nicolás Maduro, onde permanecem desde há mais de cinco horas ao som de música popular venezuelana. Os manifestantes têm cartazes com mensagens contra a instalação de bases militares norte-americanas na Colômbia e palavras revolucionárias, como «com Chávez tudo» e «este é um governo do povo». São ainda visíveis diversas bandeiras da Venezuela, de partidos políticos afectos ao regime e com a imagem de Simón Bolívar. Os ministros de Obras Públicas e Habitação (Diosdado Cabello) e Educação (Héctor Navarro), o presidente da Câmara Municipal de Libertador, Jorge Rodríguez, e a nova chefe do governo do Distrito Capital, Jacqueline Farias, foram alguns dos participantes na concentração de Caracas.