Aquecer o lugar é que é uma merda

O PS está há 11 anos no governo nos últimos 14 e os últimos quatro em maioria absoluta, isto leva a tentações e a vigarices de quem se julga acima da lei e acima da própria essência da Democracia que é a alternância, já que nem sequer uma alternativa conseguimos votar.

Nestas condições a teia de interesses, de camaradas a defenderem o lugar, nas empresas públicas, nos grupos económicos, na alta administração pública só pode ser barrada obrigando o PS no mínimo a partilhar tal poder. Isso parece que está conseguido.

A seguir precisamos de um governo que arrepie caminho, que trate de ajudar a criar riqueza em vez de andar de braço dado com os que se sentam à mesa do orçamento, as empresas monopolistas ou em cartel, a banca com margens de intermediação superiores a qualquer outras praticadas em países nas mesmas condições, os megainvestimentos com uma dívida pública que nos empobrece.

Esta visão de um Sócrates “amaciado” encobre um político que sabe muito bem a prepotência exagerada utilizada de quem se julgava imune às críticas e convencido que a “anestesia” faria o resto. Em democracia não faz, e isto é tambem uma lição para aqueles que não subscrevem as virtudes de um sistema político que é muito mau mas que não se conhece melhor.

Arrefecer o lugar com uma boa dose de humildade é um remédio muito eficaz para todos estes camaradas de “rabo aquecido” em poltronas milionárias. É que , diz a sabedoria popular, ” as hemorróidas” pegam-se!

QUADRA DO DIA

Tu que no céu estás vivo
Vês muito melhor que nós
Como pode quem é Deus
Deixar as almas tão sós.

COMENTÁRIO A "FALANDO DE DEMOCRACIA" DE CARLOS LOURES

Eu não penso que o povo, português ou outro, seja constituído por débeis mentais. Mas como diz o Carlos Loures, que o povo tem a cabeça feita lá isso tem. E que é muito difícil desfazê-la, lá isso é, se não for praticamente impossível, dentro da máquina infernal de fazer cabeças que toda esta política é, de mão dada com tudo o que é obscurantismo, político, social e religioso. Nenhum poder está minimamente interessado em abrir os olhos dos seus apoiantes. Não me venham dizer que a maioria do povo age dentro da liberdade mental, do pensamento e da razão que só o conhecimento e a cultura permitem. Ninguém tem culpa de ser ignorante, mas a ignorância não pode ser projecto de nada, nem serve de medida a democracia alguma. Na nosso tão folclórico pluralismo, infelizmente, um voto não é mais do que uma reza, uma romaria, ou um palpite clubístico como outro qualquer. Democracia é, de facto, o poder do povo. Só por ironia ou por escárneo se pode chamar poder do povo a esta patranha eleitoral. A forma de como deve ser o povo a governar, não é facilmente entendível pelo próprio povo ou por quem quer que seja que ainda não conseguiu ultrapassar a fronteira para além da qual o homem se mede em termos de razão, dignidade e justiça. Mas não é muito difícil de adivinhar, não por iluminados, presunçosos e cabotinos deste palco da vida, mas por outra parte do povo, séria, digna e sabedora, que, por sorte, ou por exercício de razão, teve acesso à mínima clarividência necessária.

Os programas dos partidos

Bloco de Esquerda
CDU
PS
PSD
CDS-PP

FUTAventar – uma vitória concludente

Mais uma vez e apesar de todas as vicissitudes resultantes de uma equipa que ataca do primeiro ao último minuto e de outra que só defende, e de, aqui e ali, o árbitro fazer os possíveis para prejudicar o alto ritmo imposto, só desconfiei que pode bem por ter sido ele que não aguentou o tal ritmo vertiginoso imposto por esta equipa muito bem trabalhada sob o ponto de vista físico-táctico, apesar dessas vicissitudes resultantes de uma postura tactica que remeteu a equipa “vítima” para a defesa, o Leão conseguiu mais uma vitória a todos os títulos merecida, quer na plano táctico, físico e técnico, apesar das vicissitudes.

Os jogadores apresentaram-se mais secos, menos “glamorosos” mas mais cientes de uma postura técnico-táctica que reflecte a superioridade, de quem pode contar com um jogador internacional e que na primeira hipótese facturou, dando inteira justiça ao jogo, justiça aliás que não temos cá no país nem vamos ter enquanto o Sócrates continuar com aquelas investidas político-partidárias de colocar “camaradas” em lugares chave no processo, como aliás o Pintinho coloca na Federação.

Estádio bem composto de “descompostos” relva bem tratada, temperatura amena e a namorada do Djaló, lá estava mas sem vestido de “chifron”, tipo gata borralheira, a armar ao pingarelho que está muito apaixonada, bem mas isso é outra história, como aliás….

Novo Governo, novos Ministros! (as minhas apostas)

José sócrates disse no debate de ontem que ia haver novos Ministros no próximo Governo. Em cada pasta, um ministro que não era dessa pasta. As minhas apostas para os novos Ministros são as seguintes:
Presidência do Conselho de Ministros – Augusto Santos Silva
Ministro dos Negócios Estrangeiros – Nuno Severiano Teixeira
Ministro das Finanças – Vieira da Silva
Ministro da Defesa – Luis Amado
Ministro da Administração Interna – Rui Pereira
Ministra da Justiça – Pedro Silva Pereira
Ministro do Ambiente – Jaime Silva
Ministro da Economia – J. P. Sá Couto
Ministro da Agricultura – Nunes Correia
Ministro das Obras Públicas – Jorge Coelho (em acumulação com a Mota-Engil)
Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social – Alberto Costa
Ministro da Saúde – Correia de Campos (regresso triunfal)
Ministro da Educação – Valter Lemos
Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – Maria de Lurdes Rodrigues (agora para lixar os professores do Superior)
Ministro da Cultura (pasta sem titular desde a saída de Isabel Pires de Lima) – José António Pinto Ribeiro
Ministro para a Comunicação Social (nova pasta) – Emídio Rangel
Secretário de Estado para a TVI – Emídio Rangel

O debate Sócrates – Ferreira Leite (agora a frio)

Passaram as emoções do grande debate de ontem à noite e uma cama faz bem a qualquer um. Uma pessoa reflecte, vê de novo o debate e acaba por formar uma opinião definitiva. Como sabem, sou completamente anti-Sócrates e estou ansioso por me tornar, a partir do dia 27, completamente anti-Ferreira Leite. Só que, como não se pode tratar dos dois ao mesmo tempo, tratemos primeiro deste e arrumemos a figura a um canto da lusa história. Teremos então tempo para tratar da dita senhora.
Posto isto, depois de analisar as coisas mais friamente, parece-me que Manuela Ferreira Leite venceu o debate por uma ligeira vantagem. Mais. Tendo em conta as expectativas que estavam criadas, a de uma humilhação sem precedentes, foi mesmo uma grande vitória para a candidata do PSD. Claro que, entre os meus critérios, não está aquele que fala mehor, aquele que tem mais presença, aquele que apresenta uma imagem melhor.
É verdade, como alguém disse numa caixa de comentários daqui do Aventar, que a senhora muda demasiadas vezes de opinião e que só é séria quando não se ri. Mas não são assim todos os políticos? Basta ouvir a forma como o primeiro-ministro falou dos professores durante quatro anos e a forma como fala agora. E depois destes quatro anos, alguém pode realmente acreditar que José Sócrates é diferente dos outros? Alguém pode acreditar que José Sócrates é sério?
Pronto, era isto. Agora de forma fria e racional, Manuela Ferreira Leite ganhou. Ganhou, sim, ganhou.

Professores na rua antes das eleições

net12Não… Não vou escrever sobre os milhares de professores que continuam desempregados, longe, bem longe das escolas onde poderiam ser tão úteis.
Escrevo sobre a discussão que segue de mail em mail, de site em site sobre a necessidade (ou falta dela) de os docentes voltarem à rua antes do dia das eleições.
Sobre esta questão escrevi que os professores deveriam voltar à rua a 21 de Setembro.
Penso hoje que essa iniciativa não faz sentido.
O espaço público eleitoral deve ser ocupado pelos candidatos e pelas propostas – não devemos misturar a nossa luta com as questões partidárias. Esse foi um dos grandes méritos que conseguimos ter. Não fomos, em momento algum, a reboque dos partidos – o contrário aconteceu, mas isso é um problema dos partidos, não nosso.
Tivemos também a capacidade de introduzir na discussão eleitoral o tema da Escola Pública, em particular no que à carreira docente diz respeito.
Não podemos, a troco de ódios pessoais, deitar tudo a perder.
Além disso, permitem que pergunte: ia para a rua fazer o quê?
Levar a direita ao colo até ao poder?
Eu não quero o Sócrates a Primeiro-ministro, mas quero ainda menos a Manuela Ferreira Leite e a “sua” verdade conservadora.

FUTaventar – S.L. Benfica #4

Confiança. Esta é a palavra. A tranquilidade de me sentar em frente ao computador para ver uma equipa, que sei, vai ganhar! E depois de marcar um golo, o adversário nem do meio campo consegue passar.
Objectivo alcançado porque é nestes jogos que se ganham os campeonatos!

Contrato a prazo dos ministros

Ao longo dos últimos os Professores desenvolveram uma intensa luta contra as políticas do actual governo. Em inúmeros momentos e para muitos de nós a confusão entre as pessoas e as políticas tornou as coisas, quase sempre, demasiado personalizadas: o ódio à divisão na carreira é quase tão grande como aquele que se sente pela “ministra” ou pelo Sócrates. Uma coisa e outra são difíceis de separar.
Talvez por isso, ou por outra qualquer razão, os ministros ficaram ontem a saber que estão na rua de uma maneira ou de outra: com ou sem vitória do PS.
No caso da ministra, obviamente fica um problema a menos com esta senhora bem longe do sistema educativo, mas, caros camaradas socialistas, “O problema” está longe de ser principalmente esse.
As “mães de todos os problemas” são as medidas em concreto – não foi, nem o estilo, nem as pessoas. Foi mesmo uma questão de conteúdo: a divisão na carreira no topo dessa montanha de trapalhadas!

Sem SPORTTV? A solução é:

ver os jogos do futuro campeão na net:

http://www.atdhe.net/index.html

http://www.tvgente.com/

Legislativas 09:

A questão do TGV é o melhor exemplo da política à portuguesa. Quando o PSD foi governo queria muito o TGV. Queria-o tanto que até multiplicou linhas. Por sua vez, o PS afirmava que não podia ser, era muito dinheiro e as prioridades deveriam ser outras.
Quando o PS chegou ao governo passou a defender o TGV. Já o PSD passou a ser totalmente contra.

Entrem os Gatos Fedorentos, SFF.

O circo voador

Escrevo-vos sob o retumbar dos motores. Abrigada da fúria das máquinas que cortam os ares. Daqui até lá em baixo, ao rio, vão descendo os últimos mirones, os que se deixaram atrasar pelo almoço de domingo, e sabem que já não vão encontrar um lugar decente, mas nem por isso se desanimam. De nariz no ar, com os bonés recebidos hoje ou na corrida dos pais natais ou na maratona dos homens com unhas encravadas, aqui estamos a apontar para filhos ou netos a pirueta do avião. Cabe explicar que eu vivo numa cidade que perdeu a esperança de se reassumir como pólo de criação. Vivo numa cidade em que a atribuição de subsídios aos agentes culturais depende da assinatura de uma declaração de compromisso de não fazer comentários críticos a respeito do autarca e da sua gestão. Vivo numa cidade que entregou uma das principais salas de espectáculo – que já foi um dos eixos de uma política de apoio à criação artística – a um senhor produtor que se dedica à reciclagem de espectáculos serôdios, sem deixar espaço a novos criadores ou à experimentação. Vivo numa cidade governada por quem vê os artistas como uma panda de piolhosos, maltrapilhos, sempre ávidos de surripiar mais um subsídio que lhes mate a fome.

Essa gente que produz coisas incompreensíveis para os burocratas, coisas que não possuem, nem de longe, a espectacularidade do rugido dos motores dos aviões, e que ainda para mais não dão lucro. E esmagar essa corja, reduzi-los ao nada a que pertencem, é um serviço que um autarca presta à cidade. E é por isso que esta tarde os aviões nos sobrevoam. Os espectáculos no Rivoli custam dinheiro, mas restam-nos os aviões, esse embriagador circo aéreo, que vem lembrar que quando não há cultura servem-nos espectáculo. E que com pão e circo nos entretemos.

Francisco Leite Monteiro – A autonomia dos Açores e da Madeira

A bem da verdade histórica – a autonomia da Madeira e dos Açores deu os seus primeiros passos no final do séc. XIX

A autonomia dos Açores e da Madeira, será a força que move, que “estabiliza e fortifica o pulsar democrático dos cidadãos insulares” como escreve Rubina Berardo (DN de 19.08.2009) mas é bem anterior a 1976. A autonomia já tem de facto mais de 100 anos não obstante, é certo, que a aprovação da Constituição da República Portuguesa de 1976 consignou, efectiva e definitivamente, o princípio da autonomia da Madeira e dos Açores, como regiões dotadas de estatutos político-administrativos e de órgãos de governo próprios. Em um outro artigo de João Abel de Freitas (DN de 20.08.2009) mais focalizado no aperfeiçoamento da autonomia na Região da Madeira, o autor salienta a falta que vai fazendo um “debate sério e participado sobre a autonomia – o que é, para que serve e até onde vai”.

Neste encadeamento de ideias, parece ser útil tornar claro, onde tudo isto começa. A bem da verdade histórica, que faltará sobretudo no artigo de E.B., há que recordar que a autonomia dos Açores e da Madeira, deu os seus primeiros passos, no final do século XIX. Foi por Decreto Real de 2 de Março de 1895, em relação aos Açores e por carta de lei de 22 de Maio de 1901 que ajustou algumas das disposições do mesmo decreto, tornando-o extensível à Madeira. Tratada que foi a questão, com todo o mérito, por historiadores de reconhecida idoneidade, bastará transcrever, na parte que interessa, o que sobre o assunto refere o “Elucidário Madeirense” da autoria de Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo de Meneses, publicado em 1921 e reeditado em 1940:

“O dia 8 de Agosto de 1901 figura como uma data memorável nos anais deste arquipélago. Foi nesse dia que o conselheiro Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro, então presidente do conselho e ministro do reino, referendou um decreto concedendo à Madeira a autonomia administrativa nas mesmas bases em que já anteriormente fora concedida aos distritos açorianos. Não é sem dúvida uma autonomia com amplos poderes de administração local, mas representa um dos mais apreciáveis benefícios com que tem sido dotada a Madeira num longo período de séculos e certamente o maior de todos, no que diz respeito à concessão dos meios indispensáveis para a fácil realização de importantes melhoramentos materiais”. A propósito das faculdades e atribuições consignadas no decreto, o “Elucidário Madeirense” salienta ainda, que as mesmas passaram a residir “numa corporação administrativa, que tem o nome de Junta Geral, cuja organização e funcionamento diferem das suas congéneres do resto do país. … … O primeiro Presidente da Junta Geral do Funchal e que a ela prestou relevantíssimos serviços foi o Conselheiro José Leite Monteiro e teve como primeiro chefe da sua secretaria o Dr. Manuel dos Passos Freitas … … O decreto de 31 de Julho de 1928 ampliou notavelmente a esfera da autonomia administrativa, alargando bastante as suas faculdades e atribuições …”

O percurso no sentido da implementação da autonomia não foi pacífico, aconteceram greves, houve revoltas populares, foram promulgados diplomas visando a sua regulamentação – nomeadamente, a lei de bases de administração das ‘Ilhas Adjacentes’ de 30.04.1938 e o ‘Estatuto dos Distritos Autónomos das Ilhas Adjacentes’ de 1939, sucessivamente revisto em 1940 e 1947 – tendo, todavia, continuado por concretizar muitas intenções e promessas, até à aprovação e promulgação da Constituição da República Portuguesa de 1976. Uma vez mais foi o abrir da porta da esperança desse horizonte que, dir-se-ia, distante e, daí o alerta de J.A.F. para a necessidade de realizar o tal “debate sério e participado sobre a autonomia” para que, embora centenária, paradoxalmente, continue ainda por acontecer.

Publicado também no «Diário de Notícias»

Escrever Título

Colar aqui o texto directamente do word

Cartazes das Autárquicas (Estremoz)

estremoz-CDU
Jorge Pinto, CDU
estremoz-PS
José Alberto Fateixa, PS

PARTE INTEGRANTE DE PORTUGAL

.
INDEPENDÊNCIA, NEM PENSAR!
.
.
.
Mas anda tudo parvalberto joãoo ou quê?
A Madeira é parte integrante de Portugal, como o são os Açores ou o Minho ou o Algarve.
Já tivemos outras que ficaram independentes, mas, em grande parte porque as suas populações assim o queriam. E para esses éramos colonizadores, e fizemos uma “excelente descolonização”, “exemplar”, diria!
Na Madeira são poucos os adeptos da independência. Muito poucos até. Percentualmente são menos que os que,no continente, acham que deveríamos ser uma província espanhola.
Só mesmo uns quantos mentecaptos podem afirmar, só porque não gostam do Presidente do Governo Regional, que lhes deveríamos dar a independência.
Os Madeirenses têm um dos melhores níveis de vida do País, e a inveja rói estes parvalhões que assim pensam.
Os Madeirenses têm um dos melhores Presidentes seja do que for que alguma vez Portugal teve. Defende intransigentemente os seus. Luta por eles, melhora o seu nível de vida. Só por isso, em mais de trinta anos de eleições livres, ganha sempre, e cada vez com maior percentagem.

Quem nos dera a nós, aqui no rectângulo, um Presidente, Primeiro Ministro, ou, quando houver regiões, um Presidente de Governo Regional, com estas qualidades. Mesmo que, desbocado, diga coisas que não agradam a muitos, mas que ninguém se atreve a desmentir. Não acredito que Alberto João seja independentista. Antes que tenha usado esta forma de dizer as coisas para provocar reacções nas gentes do continente. É só um pequeno aviso à navegação.

Experimentem ir até lá, e vejam como as pessoas vivem, e o nível de satisfação de que gozam. Falem só depois de saberem. E não me venham falar dos dinheiros que para lá mandamos, que isso está consagrado na Constituição, e outros, noutros lugares, também o recebem e não conseguiram o desenvolvimento que lá se conseguiu. E isto para não falar dos milhões de milhões que diariamente se gastam, por esse país fora, sem se saber ao certo, para quê ou para quem.

.
JM
.

Falando de democracia: Rotativismo e «alternância democrática»

Há um provérbio beduíno que diz, mais ou menos, «por cada vez que olhares para trás, olha três vezes para a frente». Vem isto a propósito daquela tese, se assim lhe podemos chamar, segundo a qual a história se repete. Eu diria que, mais do que uma tese, é uma superstição. Um político que se guiasse por esse princípio no exercício da sua função, seria como um automobilista que conduzisse o carro olhando para o retrovisor. Senão vejamos – já por diversas vezes me têm chamado a atenção para a similitude entre aquilo a que, nos nossos dias, chamamos o «bloco central» e «alternância democrática» (e ainda «pacto de regime») e o sistema político-partidário que antecedeu a ditadura de João Franco (1906) e deu pelo nome de «rotativismo». Vejamos então o que há de comum e o que existe de diferente entre a realidade portuguesa de há pouco mais do que um século e a situação política actual.
O rotativismo fora experimentado na Grã-Bretanha desde meados do século XIX, com tories e whigs alternando-se no governo. Em Portugal, houve um primeiro ensaio do sistema entre 1851 e 1865, com os partidos Histórico e Regenerador. Em 1876, da fusão do partido Histórico com o Reformista, nasceu o partido Progressista, sob a liderança de Luciano de Castro. Foi este quem defendeu nas duas Câmaras a implantação de um sistema bipartidário, com um partido conservador e outro mais liberal alternando-se no Poder. Os partidos Regenerador e o Progressista assumiram esse papel e o sistema funcionou até que o Ultimato britânico de 1890 provocou uma crise que se prolongou até 1892, impedindo o sistema de funcionar. No ano seguinte começou a derradeira fase do rotativismo. Em 1906, o Partido Regenerador-Liberal, liderado por João Franco, venceu as eleições legislativas. O rotativismo acabou. Entretanto, desde a traumática questão do ultimato, que desacreditou não só a instituição monárquica como também o próprio sistema parlamentar, o Partido Republicano e o Partido Socialista (nada tinha a ver com o actual, a não ser o nome) ganharam força. As Cortes transformaram-se numa liça de lutas verbais (e não só). D. Carlos quis reforçar o poder real e encarregou João Franco de formar um governo de ditadura – um pouco como aquilo que Manuela Ferreira Leite sugeria quando falou de «seis meses sem democracia, para pôr tudo na ordem» – a ideia do rei era mesmo essa, pôr tudo na ordem (menos ele, claro), mas a coisa não resultou – em 1908 deu-se o Regicídio e em 1910 a proclamação da República.
A democracia como sabemos, nos seus primeiros tempos, quer em 1910, quer em 1974, provocou agitação e aquilo a que os amantes da ordem, e os nostálgicos do antigo regime, chamam caos. De facto, durante a ditadura do Estado Novo, reinara uma paz e uma ordem semelhantes às que imperam nos cemitérios. Foi então que, em nome da estabilidade política, começaram a irromper os «pactos de regime» e começou a edificar-se o «bloco central»com uma «alternância democrática» no poder partilhada por PS e por PSD.
Comparar o rotativismo com a «alternância democrática» faz algum sentido na medida em que ambas as soluções conduzem a uma situação efectiva de não-democracia, àquilo a que se usa designar por «partidocracia» e de que já aqui falei. Quando vejo, agora neste período eleitoral, sobretudo, a sanha com que PS e PSD se digladiam, se denunciam reciprocamente, não posso deixar de pensar que se trata não de uma comédia representada para povo ver, mas de uma luta real não pelos interesses nacionais, como nos querem fazer querer, mas pela ocupação de um poleiro de onde se pode chegar aos tachos, distribuí-los pela família e pelos amigos, não esquecendo os adversários, que amanhã, por certo, os substituirão no governo e retribuirão a gentileza. É o chamado «acordo de cavalheiros». Os grandes grupos económicos apostam num ou noutro dos dois grandes partidos, embora não se lhes possa exigir fidelidade. Apoiam, contestam ou apeiam ao sabor dos seus interesses – convicção política é coisa incompatível com esses interesses.
É ocioso estarmos a discutir se queremos ou não queremos, se gostamos ou não gostamos do «bloco central», como diz Mluciano Amaral em artigo do «Diário de Notícias», o «bloco central» ou «pacto de regime» instalou-se no dia em que Sá Carneiro morreu: «uma social-democracia e um welfare state que nunca foram grande coisa, agora claramente disfuncionais e (o que é mais) muito brevemente inviáveis. O PS nunca quis mais do que isto. E a partir do dia em que caiu o avião em Camarate, o PSD também não». Porém, para que o «bloco» funcione, é preciso que os dois partidos se digladiem, que se acusem, que descubram falcatruas no campo oposto – Isaltino de Morais, Avelino Ferreira Torres, Fátima Felgueiras, são as personagens pícaras da mesma tragicomédia – a commedia dell’arte da democracia. Commedia onde não faltam Pantaleões, Pierrots, Columbinas, Arlequins e Polichinelos – embora polichinelos como Alberto João Jardim sejam nefastos para o sistema, pois põem a nu a fragilidade da sua estrutura. E vêm provar que a moral desta comédia é precisamente não haver moral.
Isto que temos, este sistema teoricamente multipartidário, mas bipartidário na prática, é uma democracia? Claro que não? Há liberdade de expressão e há liberdade de associação, mas falta um dos pressupostos do demokratía (governo popular ou do povo) – por acaso, o principal dos seus pressupostos que é a de ser o povo a governar. Salazar era tacanho e, fez a tradução do grego muito à letra – (Governo do povo? Era o que faltava!) não compreendeu um dos mecanismos essenciais das sociedades modernas – o poder do marketing político. Quando, após a vitória dos aliados, converteu o seu fascistóide regime corporativo, na tal «democracia orgânica» – faltou-lhe dar o passo decisivo – proceder a eleições livres, sem fraudes nos cadernos eleitorais nem «chapeladas» – talvez não ganhasse as primeiras eleições, mas acabaria por ganhar. Mas a democracia era, para o seu espírito moldado à dimensão de Santa Comba e do seminário de Viseu, um papão. Os partidocratas deram esse passo. E afinal não aconteceu nada. O País é deles, os cargos e sinecuras são deles. O que mudou de essencial? Podem falar à vontade, dizem eles., que é como quem diz – «falem pr´áí». Temos de nos contentar com isso?
Não perfilho a ideia de que a «história se repete», pois é um conceito acientífico, que remete mais para o foro da superstição religiosa, fugindo à objectividade com que os fenómenos históricos devem ser analisados. Diria, perante certas listas de coincidências que por aí circulam (algumas forjadas) que se trata não de ciência histórica, mas de curiosidade de almanaque. No entanto, não pode duvidar-se que, em circunstâncias idênticas, a humana condição leva os acontecimentos pela rédea e conduz a comportamentos e soluções também idênticos.
Semelhanças entre o rotativismo e este sistema de «alternância democrática», apenas uma: quando uma classe, um grupo social ganha o poder, cria mecanismos para os conservar. É difícil comparar Portugal e o Mundo de há um século com os de hoje. Há cem anos as economias nacionais eram compartimentadas e as respectivas políticas também. Hoje, com tudo o que tem de fantasioso, a globalização torna-nos mais dependentes do que éramos então – se em Nova Iorque abrem uma porta e uma janela, nós constipamo-nos com a corrente de ar. Porém, hoje como há um século, há uma elite político-económica que apenas está dividida por questões formais e que, para preservar «valores» comuns, como o da prevalência dos seus interesses, encontra acordos tácitos que não necessitam de ser lavrados em documentos – pacto de regime, bloco central, alternância democrática, rotativismo… um partido aparentemente mais de direita, outro formalmente mais de esquerda (para dar o toque democrático), mas visand
o
ambos o mesmo objectivo – conservar o poder – lutam pelo «poder». O resultado não precisa de ser combinado – ganhe quem ganhar, o poder dos grandes grupos político-económicos não será posto em risco. Hoje como há cem anos, governam partidos governados por gente afim. Há cem anos, uma elite de bacharéis e de negociantes endinheirados, hoje um escol de licenciados (uns mais do que os outros) dependente das multinacionais, das grandes empresas indígenas e, last but not least, das centrais de inteligência, dos centros de poder político mundial..
Agora que olhámos uma vez para o retrovisor, olhemos, de olhos bem abertos, as próximas três para a estrada que á frente se nos abre. Porque os beduínos devem ter razão. Semelhanças com o rotativismo de há cem anos, só esta – quando uma classe ou um grupo social atinge o poder, muda as regras do jogo de modo a ganhar sempre. Mesmo quando parece que perde.

ETICA E EDUCAÇÃO (8)

ETICA E EDUCAÇÃO (8)
Binómio Ética-Educação
De qualquer forma é-me difícil não considerar, desde já, como virtudes, hábitos de diligência, seriedade, sinceridade, lealdade, competência, responsabilidade, coragem, perseverança, altruísmo, disponibilidade e solidariedade. Quero dizer-vos, no entanto, que há virtudes estabelecidas que podem não o ser. A tão propalada tolerância, que parece um termo eticamente atraente, pode ser uma palavra injusta, já que quem tolera se pode sobrepor, verticalmente, ao que é tolerado, em presunção de superioridade. A tolerância não é mais do que uma virtude passiva se não aceitar o outro e a diferença. Na democracia dialógica as relações são ordenadas pelo diálogo e não pela posição. Á cultura da tolerância, onde muitas vezes a ética se confunde com egocentrismo disfarçado, penso que devemos contrapor a cultura da diferença e da diversidade, altruísta, policêntrica e horizontal, esta sim, uma virtude activa. A diferença sou eu próprio, a diferença é cada um de nós.
Também não sou a favor do consenso pelo consenso, especialmente quando este significa o acordo acima de tudo, a subalternização da diferença, o patamar acima das consciências, a posição acomodatícia, a hipocrisia, a cobardia, o marasmo, a desistência, a segurança dos inseguros, a roda desdentada que rola bem mas nada produz. Exigir o consenso pode significar não deixar o outro falar, fechar o espaço para o diferente, acabar com o diálogo onde ele devia começar. Nas entranhas do consenso pode a liberdade exalar o seu último suspiro. Sou dos que pensam que a ética, podendo não ser incompatível com o consenso, está na luta, na discussão e no direito de ser minoria. (continua)

                            (manel cruz)

(manel cruz)

ASSOCIAÇÃO ATEÍSTA PORTUGUESA

ASSOCIAÇÃO ATEISTA PORTUGUESA

Objectivos:
A Associação Ateísta Portuguesa propõe-se e constituem seus objectivos:

Fazer conhecer o ateísmo como mundividência ética, filosófica e socialmente válida;
A representação dos legítimos interesses dos ateus, agnósticos e outras pessoas sem religião no exercício da cidadania democrática;
A promoção e a defesa da laicidade do Estado e da igualdade de todos os cidadãos independentemente da sua crença ou ausência de crença no sobrenatural;
A despreconceitualização do ateísmo na legislação e nos órgãos de comunicação social;
Responder às manifestações religiosas e pseudo-científicas com uma abordagem científica, racionalista e humanista.

Manifesto
Na sequência da legalização da Associação Ateísta Portuguesa, os outorgantes da respectiva escritura saúdam todos os livres-pensadores: ateus, agnósticos e cépticos, que dispensam qualquer deus para viverem e promoverem os valores da liberdade, do humanismo, da tolerância, da solidariedade e da paz.

Os ateus e ateias que integram a Associação Ateísta Portuguesa, ou a vierem a integrar, aceitam os princípios enunciados pela Declaração Universal dos Direitos do Homem e respeitam a Constituição da República Portuguesa.

O objectivo da «Associação Ateísta Portuguesa» é mostrar o mérito do ateísmo enquanto premissa de uma filosofia ética e enquanto mundividência válida. Porque o ser humano é capaz de uma existência ética plena sem especular acerca do sobrenatural, e porque todas as evidências indicam que nenhum deus é real.

A Associação Ateísta Portuguesa defende também os interesses comuns a todos os que escolhem viver sem religião, defendendo o direito a essa escolha e a laicidade do Estado, e combatendo a discriminação e os preconceitos pessoais e sociais que possam desencorajar quem quiser libertar-se da religião que a sua tradição lhe impôs.

A criação da Associação Ateísta Portuguesa coincide com uma generalizada ofensiva clerical a que Portugal não ficou imune. Apesar de o ateísmo não se definir pela mera oposição à religião e ao dogmatismo, em nome da liberdade, da igualdade e da defesa dos direitos individuais a «Associação Ateísta Portuguesa» denuncia o proselitismo agressivo e a chantagem clerical sobre as sociedades democráticas. O direito de não ter religião, ou de ser contra, é igual ao direito inalienável de crer, deixar de crer ou mudar de crença, sem medos, perseguições ou constrangimentos.

O ateísmo é uma opção filosófica de quem se assume responsável pelos seus actos e pela sua forma de viver, de quem dá valor à sua vida e à dos outros, de quem cultiva a razão e confia no método científico para construir modelos da realidade, e de quem não remete as questões do bem e do mal para seres hipotéticos nem para a esperança de uma existência após a morte.

A Associação Ateísta Portuguesa representa todos os que optem por esta forma de viver e defende a sua liberdade de o fazer.

FC Porto – FutAventar#6:

Traineira ao fundo!