POEMAS DO SER E NÃO SER

Senta-te e lê com calma.
Enquanto lês
deixa pousar nos lábios
o tal beijo pequenino.
A partir de hoje
somos donos de um segredo bonito.
Se algum dia
a chama-menina crescer
ao sopro de um vento suave
diz-me
que eu saberei dar-lhe o tamanho
da chama que acendi.
Tu não és vulgar.
Na tua cabeça e no teu peito bonito
há imensas flores brancas
adormecidas
tu não és de letras nem de artes
és de asas que anseiam por abrir-se
não de asas que rastejam por aí
tu és simples
feita de natureza e ternura
leve como a brisa da manhã
és uma flor que nasceu ao calhas
no meio da erva seca
e precisa de ser regada
com água pura e cristalina.
Só eu sei tratar de flores assim
por isso me deixei envolver
no teu perfume de terra molhada.
Contigo sonhei
Tudo te ensinei
levei-te a Roma a comprar lindos vestidos
fizemos amor
numa noite prenhe de luar.

                            (adão cruz)

(adão cruz)

Quem diria…

Quando se esperava uma conversa mais divertida, com um dos lideres mais expontâneos, eis que sai a entrevista menos esmiuçada das ate agora realizadas.
O ‘gato’ entrevistador voltou a mostrar que não se sente muito a vontade com este gênero de conversas. E Portas desiludiu.

ETICA E EDUCAÇÃO (10)

ETICA E EDUCAÇÃO (10)
Considerações sobre Ética e Educação escolar

Nota: Como disse no início, sou apenas um cidadão que se mete nestas coisas, e não um profissional da Educação. Por isso as minhas opiniões poderão ser facilmente contestáveis.

A aprendizagem faz-se incorporando informação, comportamentos e formas de pensar. Porém, se não for rigorosamente acompanhada da racionalidade crítica, se não for uma prática crítico-educativa, a construção pode desmoronar-se com o tempo, e mais grave do que isso, levar à desilusão, à frustração, ao conformismo e à desistência. Esta incorporação é parte indissociável de toda a relação de aprendizagem, especialmente quando há uma forte comunicação emocional e afectiva entre os que a integram. Constitui uma espécie de metabolismo que efectua uma aceitação dos aspectos úteis ao processo de identificação, e uma eliminação dos que não são úteis ou dos que, racionalmente, colidem, ainda que temporariamente, com os outros elementos identificativos.
Enquanto naquele que ensina, a ética é um produto já incorporado na forma de pensar e no comportamento, naquele que aprende, a ética é um resultado a conseguir. Todavia, não é bem assim, pois a ética nunca se consegue aprender na sua inteira natureza, sendo objecto de permanente aquisição e remodelação. Daí que os professores devam manter o entendimento sobre os desafios presentes e uma linha de acção condizente com a realidade em que estão inseridos. As profundas modificações em todos os sectores da vida humana exigem dos educadores uma nova visão do mundo e uma nova postura frente aos problemas impostos pelo contexto em que se inserem as suas práticas pedagógicas. Muitos preferem, no entanto, continuar arreigados a uma concepção de educação em que prevalecem os preconceitos em relação ao diferente, ao desafiador, ao que é novo e complexo, fazendo da escola um local que limita a imaginação criadora, a consciência crítica e o desenvolvimento global da inteligência. Einstein dizia que é mais fácil desagregar um átomo do que os preconceitos. (Continua)

                     (manel cruz)

(manel cruz)

Vai tudo abaixo!, ou as cenas de pancadaria na arruada de Sócrates no Seixal

http://www.kyte.tv/f/ch/303697/561114&tbid=k_1255&p=s
Via Público

João Soares não aprendeu. E o PS também não

João Soares perdeu a Câmara de Lisboa, entre outras coisas, por chamar fascista e salazarista a Santana Lopes e ao PSD. 8 anos depois, demonstrando que não aprendeu com a derrota, volta à carga e apelida Manuela Ferreira Leite de «a outra senhora», fazendo uma clara analogia com Salazar. Tem sido, de resto, a tónica da campanha do PS: atacar pessoalmente Manuela Ferreira Leite e associá-la à Ditadura.
Pode ser que a estratégia lhes corra mal. Ainda por cima, não me parece que o Partido Socialista possa dar grandes lições de democracia seja a quem for. Enquanto Álvaro Cunhal apodrecia na prisão até conseguir fugir para uma vida dura no Leste, e Sá Carneiro (nos últimos dias tão louvado pelo PS) lutava no interior do regime pelas condições dos presos de Caxias, Mário Soares vivia de forma desafogada em apartamentos caríssimos de Paris. Pagos certamente pelo influente banqueiro Manuel Bullosa, um dos maiores empresários portugueses da Ditadura, que o empregara como consultor num dos seus Bancos. Quem tem este passado não pode abrir a boca para falar do PSD ou de qualquer outro Partido.

O TGV é uma fraude, Fernando !

Já aqui deixamos vários artigos sobre o Hipercluster do mar, onde se falou das reais potencialidades do nosso mar, da nossa costa e da nossa previligiada situação geográfica. Da energia das ondas e do vento em off shore, da dessanilização da água, recurso estratégico no futuro, na piscicultura, na construção naval, nos portos marítimos, nos transportes de mercadorias e passageiros, nas praias. Está aí tudo, só é preciso que o Governo dê a devida prioridade e o apoio financeiro, fiscal e político.

Aqui temos substituição de importações, criação de riqueza, aumento de exportações e criação de emprego.

No TGV que começou por ser um “L” deitado com cinco saídas para Espanha, e nessa altura todos diziam que sim, que era mesmo assim, temos uma tecnologia que vem de fora e que existe há trinta anos, dá trabalho periódico, tem uma pequena incorporação de tecnologia nacional e o resto é construção civil, uns carris e umas terraplanagens. Hoje, já ninguem se atreve a dizer que é viável economicamente, vai já numa opção diminuta até Badajoz e mesmo para o Porto , já pouco se fala nessa hipótese. São os mesmos que agora têm como argumento que não podemos ficar afastados do centro, como se os países mais ricos da europa não sejam os mais periféricos de todos, a Suécia, a Noruega, a Dinamarca, a Filandia que òbviamente nunca terão TGV.

Aqui não há substituição de importações, não há criação de riqueza, não há aumento de exportações e não há criação de emprego definitivo.

Então porque se dá prioridade, porque se queimam sete mil milhões de euros ? Porque há uma máquina a alimentar, bancos a emprestar dinheiro, consultores a ganhar muito e bem e as industrias Alemã e Francesa que precisam de encomendas.

Durão Barroso e as Presidenciais de 2016

aqui o disse. Durão Barroso prepara-se para ser o candidato da Direita nas Eleições Presidenciais de 2016.
Senão vejamos: reconduzido como Presidente da Comissão Europeia, irá exercer o cargo até 2014. Ao fim de dez anos em Bruxelas, ele próprio pensará que é altura de dizer basta. Ele e os países mais fortes, que não estariam na disposição de lhe «dar» um terceiro mandato.
Durão terá então 58 anos e a idade ideal para concorrer a Presidente da República e colocar um ponto final na sua carreira. Jorge Sampaio, por exemplo, tinha 56 anos quando se tornou Presidente. Numa primeira fase, anuncia o seu regresso a Portugal – não sabe o que fará no futuro, pretende apenas descansar, ler e estar mais tempo com a família e os amigos. Em suma, fazer o que não pôde nos dez anos anteriores.
No ano seguinte, 2015, anuncia a sua candidatura a Presidente da República. Contra a sua vontade, dirá então, mas não consegue ser indiferente à «vaga de fundo» entretanto criada e ao espírito de missão que o leva a querer servir, mais uma vez, a pátria. Em 2016, a vitória ou derrota dependerá do candidato que a Esquerda apresentar (José Sócrates?) e da memória dos portugueses.
Se Durão perder, penso que Paulo Rangel terá uma boa oportunidade para vencer as Presidenciais de 2026. Terá então 58 anos, uma brilhante carreira no seu «curriculum» e nem a candidatura de Mário Soares (102 anos), que voltará a ser o candidato do PS, será suficiente para travá-lo. Manuel Alegre? Não, perde as ilusões já em 2011.

O beijo

Qual estátua viva, o britânico Mark Cavendish parece indiferente aos dois beijos que lhe são aplicados na face. O ciclista venceu a segunda etapa da Volta à Irlanda, no dia 22 de Agosto. Por isso, subiu ao pódio, recebeu o prémio e colocou-se a jeito para os beijos da ordem.

As beijadoras, moças de beijar vencedores em todos os dias da corrida de ciclismo, parecem faze-lo com o máximo sentimento possível. Os olhos estão fechados. Uma colocou mais base que a outra mas ambas repuxaram as pestanas. Ambas encostaram o nariz e os lábios nas faces por barbear de Cavendish.

O ciclista dá mostras de parecer que não era nada com ele. Do alto de uma qualquer arrogância de vitória, o corredor surge mais altivo que tranquilo. Será que estava lá?

beijo ciclista

(REUTERS/Stefan Wermuth)

Cartazes das Autárquicas (Ourique)

ourique-ZÉ RAUL
Raul dos Santos, PSD
ourique-PS-2
Pedro do Carmo, PS.

2 milhões viram

Há algum programa que tenha esta audiência? O que se pode dizer de um programa de humor sobre polítiva e políticos, mas principalmente inteligente, que bate recordes de audiência? São as mesmas pessoas que vêm as telenovelas, o futebol e os concursos imbecis?

Será que afinal as pessoas vêm programas estúpidos e imbecis porque não há outros? Os grandes programas de que guardamos memória foram muito populares e com grandes audiências. Isto devía ser analisado com cuidado. É o mesmo povo que não se cansa de dar lições de bom senso quando chamado a votar, nas Presidenciais, nas legislativas, apesar de torpedeado por todos os golpes manhosos para o engarem. Nas autarquias é mais dificil deixar-se enganar mas se há casos esquisitos de autarcas mais que suspeitos, serem eleitos, não deixa de ter piada que tais casos se verificam onde é crível haver gente apessoada e de bem na vida.

Todos gostam de cultura, de bons programas, de bons livros, de bons museus se for criado um ambiente facilitador, amigável, que leve as pessoas a descobrir mais do que ” a anestesia oficial” com que são metralhados todos os dias, a todas as horas, lhes permite.

Este programa é inteligente, tem humor, foi transmitido em cima de um jogo de futebol de grande audiência e mesmo assim bate recordes de audiência. Saúda-se e espera-se que se tirem conclusões acerca deste fenómeno que não encaixa nas “análises” que remetem para a ignorância certas decisões de que não se gosta.

Falando de democracia: Democracia vs «homens bons»


Esta canção «Tanto mar», que o Chico Buarque, compôs inspirado na nossa revolução dos cravos, espelha bem a esperança que, não só em Portugal, o 25 de Abril veio trazer. Voltaremos a falar delas – da esperança e da canção.
Em Outubro de 1987, Karl Popper veio fazer uma conferência a Lisboa a convite de Mário Soares, então presidente da República. Já aqui vos falei, a propósito do papel da televisão na sociedade pós-industrial, de Karl Popper (1902-1994), o grande filósofo britânico de origem austríaca. Nessa conferência, contou como, atraído na juventude pelo Comunismo, foi verificando ao longo da vida que a teoria da História de Marx e a sua profecia sobre o advento do Socialismo, apresentavam muitas falhas. E aqui meto a minha colherada – na minha modesta opinião, as falhas não são de Karl Marx, cujo raciocínio límpido só podia trabalhar com os elementos que possuía – a máquina a vapor, símbolo da Revolução Industrial, estava a revolucionar o mundo do trabalho, a transformar artífices em operários, a criar um «proletariado» e um «lumpen» ou seja, um «subproletariado». Quanto a esta última classe, colocada à margem do processo produtivo, Marx entendia-a como susceptível de se unir à vanguarda revolucionária ou de ser instrumentalizada e transformada em núcleo principal do exército contra-revolucionário. Gente que nada tem é mais vulnerável às promessas, sobretudo às falsas promessas.
Ele não podia conceber um futuro muito mais longínquo em que os operários iriam praticamente deixar de ser necessários, em que a força do trabalho (que era feita por trabalho de força) iria ser desempenhada por robôs e em que o lumpen seria substituído por marginais agressivos e poderosos, substituindo, de facto, nas chamadas democracias os poderes ocultos que as polícias políticas exercem nas ditaduras, mantendo os cidadãos aterrorizados. Isto era inimaginável há cento e sessenta anos. Aliás, prever o futuro é exercício impossível. Sou leitor frequente de Ficção Científica. Os amigos que compartilham este vício já repararam que os escritores de FC previram tudo, desde viagens a Marte até ao povoamento de galáxias a milhares de anos-luz, viagens no tempo e o diabo a sete, mas não foram capazes de prever o advento do telemóvel?
Quanto a mim, as falhas foram dos seguidores – por ingenuidade, estupidez, maldade, tirania, abusos de poder, corrupção – todos estes desvios foram cometidos nos diversos «comunismos» que irromperam no século XX. Marx já cá não estava. E como as seitas cristãs fazem com a Bíblia, assim os diversos seguidores fizeram com as ideias de Marx e de Engels – cada um deu-lhe a interpretação que mais água levava ao seu moinho.
Mas voltemos ao Popper – continuando, apesar do seu cepticismo, a sentir-se socialista, estudou o Marxismo em profundidade, acabando portanto por descobrir essas falhas e verificar que os marxistas mantêm uma atitude de arrogância intelectual. Lembrou que, há dois mil e quinhentos anos Sócrates disse «Sei que nada sei – e mal isso sei; só sei, portanto, que não sei. Mas quero saber e quero aprender». Foi ao amor pelo conhecimento, juntamente com a consciência da nossa ignorância, que Sócrates chamou «Filosofia», palavra que significa «ânsia de conhecer», «desejo de saber». Terá dito ainda que todos nós ansiamos por ter aquilo que não temos – neste caso, a sabedoria. Infelizmente, a tradição socrática perdeu-se e a maior parte dos filósofos, nomeadamente os marxistas, estão convencidos de que sabem (disse Popper). Falou depois sobre a sua «Teoria da Democracia».
A teoria clássica da democracia defende que o poder reside no povo e que este tem o direito de o exercer. Platão foi o primeiro teórico a sistematizar as diversas formas que pode revestir a Cidade-Estado: Monarquia – governo de um só homem bom: Tirania (governo de um só homem mau – perversão da Monarquia); Aristocracia, governo de vários homens bons – Oligarquia (distorção de Aristocracia, um grupo de homens maus partilhando o poder); finalmente, surge a Democracia – governo de muitos homens, ou seja, do povo; para esta forma de governação, não encontrou perversão ou distorção, visto que muitos homens, formam uma «Turba», e o conceito de Democracia inclui já, a par da sua forma correcta – um bom, governo do povo, a forma perversa – a barafunda e o caos – a «Turba».
Portanto, comprova-se que de Platão a Karl Marx, o problema foi sempre o de saber quem deve governar, quem deve estar à frente do Estado. Platão respondeu ingenuamente à sua própria questão – devem governar os melhores – os Aristocratas, os homens bons, mas nunca a Demos, a Turba, a balbúrdia, com saneamentos selvagens, manifes a toda a hora, assembleias populares por tudo e por nada (o Popper, coitado, não disse nada disto; é a minha mais do que suspeita interpretação do que o respeitável velhinho disse).
Popper terminava defendendo o sistema bipartidário, com argumentos que na altura até talvez tenham parecido razoáveis, mas que mais de vinte anos depois, verificamos não terem tido correspondência na prática, pelo menos na nossa prática. PS e PSD constituíram, cimentaram, uma «Aristocracia» perversa, endogâmica, feita de clientelas, de trafulhices mafiosas, de sacos azuis e negócios obscuros. De jogadas obscuras, como esta da TVI que vai configurando um golpe de um dos bandos em presença – ou um golpe e um contra-golpe – Sócrates (o José) não se livra da suspeita de ter assumido uma atitude censória, tenha-a ou não cometido. Porque «homens bons» é coisa que não existe nesta Aristocracia feita de gentinha rasteira que vai enriquecendo com o exercício desta coisa disforme a que chamam «democracia».
Esta é a realidade triste em que vivemos. Mas será que, sabendo que Karl Popper vinha defender um governo da Turba, Soares o teria convidado a vir fazer a conferência? Cá por mim, acho que Soares conhecia a teoria dos «homens bons» e por isso, porque ela lhe convinha (a ele, supremo «homem bom») convidou o mestre a vir contá-la aos indígenas.
*
Durante uma grande parte da minha vida, identifiquei Socialismo com Democracia e vice-versa. Mas desde cedo, foi para mim evidente que o chamado «socialismo real», o do Leste da Europa, o da China, constituíam traições descaradas ao espírito e aos princípios do marxismo. Considerava esses regimes como aberrações, fixava-me mais na Cuba de Fidel e de «Che» Guevara e prosseguia com o meu sonho. Até que Fidel, acossado pelo poderoso inimigo imperialista, foi forçado a cair nos braços doutro imperialismo.
Apesar destas desilusões, pensava que, mais tarde ou mais cedo, o verdadeiro Socialismo brotaria e floresceria. Pessoas mais velhas e algumas da minha geração, ouviam ao longe os harpejos dos «amanhãs que cantam». Eu bem apurava o ouvido, mas não escutava nada. Como de dentro dos búzios, vinha apenas o som das batidas do meu coração. E iam mais longe – identificavam esse tal «socialismo real» como paradigmas de liberdade e democracia. O 25 de Abril aconteceu e os que pensavam como eu e queriam construir o socialismo a partir do zero (quando falámos de socialismo à portuguesa, houve logo um gajo qualquer, cheio de «realismo» e «bom senso», que afirmou que «à portuguesa», só conhecia o cozido – reflexão a atirar para o estúpido, mas que se verificou estar certa; porque geralmente a razão dos estúpidos revela-se mais de acordo com a realidade). Outros, os que traziam o manual, as instruçõ
es
de montagem do sistema, no bolso, escritas em chinês, em russo, em coreano, em servo-croata ou até em albanês pensaram o mesmo que eu e todos exultámos – Vai ser agora. Mas foi rebate falso.
O sonho era belo. Como se diz no tema central de «Les Misérables», o musical americano (que, por acaso, vi em Londres e que o «fenómeno Susan Boyle, colocou de novo na ribalta) – but the tigers come at night, / with their voices soft as thunder… O sonho que sonhámos, the dream we dreamed, afogou-se em doses maciças de «realismo» e de «bom senso», quero dizer, falando claro, de corrupção e de jogadas sujas. Os tigres, ou, traduzindo, os tais «homens bons», estavam a pau.
Após a euforia, a disforia – comprovou-se o axioma de Tommaso de Lampedusa aventado em Il gattopardo – «Para que tudo fique na mesma é preciso que alguma coisa mude». Na realidade, estávamos todos enganados. Alguns porque queriam estar enganados (só quem não queria saber não sabia do sinistro pesadelo que na União Soviética e nos países do Pacto de Varsóvia se construiu em nome do socialismo; na China, embora Tiananmen ainda não tivesse acontecido, sabia-se também que chamar «socialismo» ao que ali se fazia era pura mistificação). Da Jugoslávia e da Albânia não merece a pena falar. Os que pensavam que era possível, partindo das ideias de Marx, Engels, não esquecendo os «contributos» de Lenine, Estaline, Trotski, Mao-tse-tung, Tito e outros, construir uma sociedade socialista, contavam apenas com o entusiasmo que transbordava das ruas para os partidos, sindicatos, comissões de trabalhadores, comissões de moradores, para os quartéis. E vice-versa. Esqueceram-se que paredes-meias com a nossa festa, o chamado «mundo livre» não dormia, pá.
Para lá da moribunda «cortina de ferro» também havia olhos postos em nós. E o «mundo livre» começava logo aqui ao lado, na Espanha sob a ditadura de Franco, com os generais impacientes a pedir autorização aos chefes do Pentágono para vir pôr ordem no quintal das traseiras. Sobretudo quando alguns tontos que se diziam de extrema-esquerda lhes fizeram o favor de assaltar a embaixada. Os americanos, mais experientes, estavam à espera que acalmássemos, que pousássemos. Que o problema se resolvesse internamente sem intervenções estrangeiras à vista – dá sempre mau aspecto. E o 25 de Novembro aconteceu. E de então até hoje a «normalidade» nunca mais deixou de crescer. «Socialismo em Liberdade», anunciavam os cartazes dessa época – «Capitalismo à solta», traduziram logo alguns.
Aí o temos, ao socialismo em liberdade.
*
Com este texto termino a série «Falando de democracia». Não que a democracia não justifique milhares de textos, mas porque creio que quem teve a paciência de ler alguns destes trabalhos já percebeu sobejamente em que águas navego e também aquelas em que não quero navegar (embora, mais ainda do que viver, como dizia o Fernando Pessoa, seja preciso navegar). Já sabem o que penso sobre Democracia e também sobre a «democracia» que podemos esperar desta gente que ocupa as cadeiras do poder. Só tinha a minha perspectiva para vos oferecer e já vo-la mostrei de muitos ângulos. Continuar seria como chover no molhado. Não quero tornar-me (ainda mais) chato. Desculpem algum excesso de rabugice (e se pensam que é da idade, procurem nas hemerotecas textos dos meus vinte anos – estou muito menos rabugento, acho eu). Até à vista.

A segunda versão de «Tanto mar», com que termino, dá conta da esperança que perdura, pois pode ser que, nalgum canto do jardim, tenha ficado esquecida uma semente…
Foi bonita a festa, pá.

Durão, amigo, o PS está contigo

Já se estava à espera, já se sabia, não é novidade. Curioso o facto de a única representante do PS que anuncia não ter votado a favor (onde estás, Vital?) ser quem melhor o conhece. Terá os seus defeitos, como toda a gente, mas Ana Gomes é uma mulher coerente e frontal. Talvez por isso seja tão criticada pela direita em geral, e a do seu partido em particular.
cimeiralages

Entre os socialistas portugueses, só Ana Gomes anunciou que não votaria a favor, optando pela abstenção, como a esmagadora maioria da bancada parlamentar.

amigos

O líder do PS afirmou que ainda não telefonou ao presidente da Comissão Europeia, o que pretende fazer logo que tenha oportunidade. “Fiquei muito satisfeito e queria felicitá-lo mais uma vez”, declarou.


A avaliação e o mérito nos hospitais ingleses

Os hospitais ingleses vão começar a ser financiados pelo Estado conforme o nível de satisfação de quem os procura. Espera horas para ser atendido ? É recebido com maus modos? Os médicos não lhe prestam atenção? A limpeza das casas de banho é má e a comida intragável? Sai do hospital mais doente do que quando para lá entrou?

Estes aspectos de boas maneiras dos recepcionistas, a limpeza, a qualidade dos espaços, a comida, podem render mais 4% no orçamento anual. A experiência piloto vai arrancar brevemente.

Cá no burgo, foram publicadas as novas regras de acompanhamento de doentes nos hospitais, com o objectivo de melhorar a satisfação dos utentes, o que parece ter o acordo de médicos,utentes e administradores hospitalares.

É preciso implementar uma cultura de qualidade, mas a medida do Ministério da Saúde Britânica ainda está a nos-luz da realidade portuguesa. Não temos condições imediatas para implementar estas medidas, cá isso está fora de questão, desde logo pela falta de condições das instalações.

Entretanto, há já alguns indicadores da qualidade que começam a ser coligidos e trabalhados, com vista a o financiamento vir a ser feito na base da qualidade, e aqui e ali há contratos programa na base de incentivos financeiros.

Este caminho dos objectivos, dos resultados e do mérito é imparável, não só nos hospitais mas tambem nas escolas, nos tribunais…

Concurso «Blogues Escolares» – Turmas participantes

Explicação do Concurso aqui

Regulamento aqui

 

Esta lista será actualizada semanalmente.

Este «post» é fixo.

 

Distrito de Aveiro Escola José Macedo Fragateiro, Ovar – Posto de Socorro

 

Distrito do Porto Escola Básica Marques Leitão, Valbom – Blogue do 9.º A, Diário do 9.º B, Blogue do 9.º C  

 

Distrito de Viseu Escola Secundária Prof. Dr. Flávio Pinto Resende, Cinfães – Turma 11.º D

A propósito do PCP

Sempre que alguem ( ou quase sempre) sai do PCP vem com um chorrilho de acusações e críticas acerca do partido onde militou por dezenas de anos, como se durante todos esses anos nada soubesse, não tivesse falado com pessoas, lido jornais, visto TV, internet…

A bem da verdade, isto é quase tão estranho, como o PCP continuar a defender coisas indefensáveis, como a invasão da Checolosváquia e o vómito desse regime ditatorial familiar que perdura na Coreia do Norte.

As visitas de comunistas a “países amigos” dá sempre em comentários entusiastas mesmo que toda a gente saiba a miséria e o despotismo que grassam sobre as populações. Tenho para mim que estas opiniões são mais contra o capitalismo, a UE e os EU, num execício de autoconvencimento do que projectar o que realmente experimentam nessas visitas.

Mas sempre que um militante sai do PCP é mais uma machadada na credibilidade do partido, há ali uma ligação de amor-ódio que alimenta recalcamentos e sentimentos muito pouco recomendáveis.

É altura do PCP abrir as janelas e arejar, afinal o melhor que tem é a sua doutrina, a sua prática, a sua história, não precisa de louvar gente que não está ao seu nível. Com grandes prejuízos na sua credibilidade externa e na sua coesão interna.

COMO SE FORA UM CONTO – A Madrinha Noémia e o Padrinho Careca

A MADRINHA NOÉMIA E O PADRINHO CARECA

É domingo, princípio da tarde. Está calor. A rua está quase vazia. Alguns metros à minha frente, um casal passeia vagarosamente. No outro passeio, duas mulheres conversam calmamente. Dois carros passam por mim, lentamente. Ao domingo ninguém tem pressa. Excepto eu que vou com um andar ligeiro. Melhor, vou apressado. O passo estugado, marcial. Tenho de ir visitar uma pessoa que se encontra adoentada, o que faço quinzenalmente. Prometi-lhe que chegaria por volta das três, e já só faltam cinco minutos. Quase lá, abrando o andamento. Faço-o sempre. Aquela janela fascina-me. Ainda  mais desde que li a crónica “A Dona Olga e eu” de Lobo Antunes, que, confesso, me inspirou.

Aquela casa faz-me reviver o passado. As lembranças de hoje levam-me para mais de trinta anos de distância.

Passo à porta daquela casa, de quinze em quinze dias. Sempre ao domingo, sempre à tarde. A porta sempre fechada, a janela sempre entreaberta. Às vezes abrando o passo e quase paro. Num dia entrevi a cama, noutro a cadeira ao lado da cómoda, noutro o guarda vestidos. A cama sempre impecavelmente feita, a cadeira sempre na mesma posição, de esguelha, e a cómoda com inúmeras fotografias emolduradas das quais se destaca, pelo tamanho, a de um homem com óculos de aros redondos, ainda jovem e careca, de fato escuro.

O quarto, sempre o vi vazio. Sem saber porquê, sempre senti que só poderia ser habitado por uma senhora. Tinha mão de mulher por ali. Até que um dia e depois outro e outro, a vi a sair de casa, mesmo à minha frente.

Hoje a janela estava mais uma vez aberta, mas mais aberta que de costume. Pude ver o crussifixo na parede por cima da cama, uma fotografia do mesmo homem em pose diferente na mesinha de cabeceira juntamente com outra em que ele e uma senhora, muito mais novos, seguravam um bébé no colo dela, um genuflexório num canto escondido por baixo de uma Nossa Senhora, e uma porta.

De todas as vezes que por lá passo, naquele rés-do-chão debruçado sobre o passeio, ponho-me a imaginar o que teria sido a vida da dona da casa.

A minha imaginação corre, livre.

Vou chamar-lhe D. Branca.

Só a vi três ou quatro vezes. Muito bem arranjada, lábios pintados de carmim, sapatos com salto pequeno e grosso, saia-casaco escuro, chapéu preto, e um olhar triste.

D. Branca, é pequenina, muito magra e de uma idade já bem avançada. Há muito terá já ultrapassado os oitenta, se calhar até mesmo os noventa. Vive sozinha. O gato que cheguei a ver por lá, uma vez ou outra, já há muito deixei de ver.

Na minha imaginação, por vezes fértil, vejo a senhora, feliz, até à altura em que o marido, funcionário fiscal, morreu, cedo de mais, de uma doença prolongada, e a filha, ainda muito jovem, partiu para terras distantes, para ganhar a vida.

Depois, uma vida recheada de recordações, e de dificuldades que nunca deu a conhecer. Uma vida sozinha e um olhar que a pouco e pouco foi esmorecendo.

O quarto é alugado e tem pela porta que desta vez vi, uma casa de banho e uma cozinha, minúsculas.

Os vizinhos conhecem-na por D. Branquinha. Todos gostam dela e não deve nada na mercearia, no talho ou na farmácia. Só sabem que é viúva de há muitos anos, que é muito calada e discreta, amiga de ajudar toda a gente, e que ninguém a visita.

A par da minha fantasia quinzenal sobre a sua vida passada, D. Branca e a sua casa pequenina, fazem-me lembrar alguma coisa ou alguém, sempre que por lá passo.

Hoje, vá-se lá saber porquê, fizeram-me lembrar a madrinha Noémia e o padrinho careca. Não eram meus padrinhos, mas todos os tratavam assim. Eram tios e padrinhos de muitos familiares e amigos.

Se fossem vivos, ela teria mais de 106 anos e ele seria um pedaço mais velho.

Eram uma presença assídua em casa de meus pais.

A madrinha Noémia, era uma mulher muito bonita, pequenina, de pele muito branca e a tender para o gordochinho.

O padrinho careca, era alto, muito magro, usava óculos de tartaruga redondos, tinha um nariz aquilino, trazia sempre um colete por baixo do casaco, camisa imaculadamente branca, gravata escura e fina e chapéu. Sempre me fez lembrar a figura de Fernando Pessoa. Também gaguejava um pouco.

Ele, que em tempos tinha trabalhado como vendedor de produtos de ourivesaria, tinha feito amizade com o meu avô que na altura trabalhava como ourives. Lá pelos anos vinte do século passado. Uma amizade que perdurou até o último deles morrer. O primeiro foi o padrinho careca, muito perto de mil novecentos e sessenta.

Ela, era vizinha de meu avô. Por lá terá conhecido o que depois foi o seu marido. Casou cedo, não teria mais de dezassete ou dezoito anos. Tiveram um amor lindo, uma vida feliz, de entrega total um ao outro.

Viviam num quarto, o único que lhes conheci, numa rua de um vale lindo. Só mais tarde vim a saber que afinal o andar era todo deles, um rés-do-chão, e que as dificuldades económicas tinham feito com que abdicassem da quase totalidade da casa, para a poderem alugar. No quarto em que viviam, sem janela, havia uma cama, duas mesinhas de cabeceira, uma cadeira e um pequeno psiché. Dois pequenos candeeiros, um de cada lado da cama, e várias fotografias em cima do pequeno toucador. Tinha uma porta para a rua e outra para o resto da casa, onde cozinhavam e usavam o quarto de banho.

Com estas lembranças todas, veio-me à cabeça um remédio, milagroso, que a madrinha Noémia usava para tratar a tosse. Como tínhamos um quintal, ela ia apanhar caracóis, grandes, misturava-os com açucar mascavado, e o sumo que ia escorrendo era filtrado num coador de pano. Depois, fazia-nos beber aquela mixórdia. Era repulsivo, mas eficaz. A tosse passava como que por encanto.

A relação dela com o padrinho careca, era calma, partilhada, feita de cedências totais de parte a parte, e de uma intimidade carinhosa. Era uma amor bonito de se ver e que fazia a inveja (no bom sentido) de muitos. Não tiveram filhos. Tiveram-se um ao outro. Os filhos, eram os sobrinhos, os afilhados e os filhos dos amigos. Pareciam dois passarinhos, aos beijinhos e aos carinhos, com olhares meigos e palavras certas.

Esta relação era transmitida a todos os outros com quem conviviam e por quem tinham uma grande amizade. Estavam sempre disponíveis para ajudar, sempre prontos a colaborar e a serem prestáveis.

Para todos ela era uma segunda mãe. Para todos ela se disponibilizava sempre.

Deles só se pode dizer que eram realmente muito boas pessoas, e um exemplo para qualquer um de nós.

Depois da morte dele, a madrinha sofreu muito a sua ausência, mas foi-a sublimando, cuidando dos amigos e da família.

Quando por fim adoeceu, e depois morreu, já lá vão mais de trinta anos, deixou uma saudade imensa que ainda hoje perdura.

JM

(In O Primeiro de Janeiro, 15-09-2009)


Avaliação – todos a querem mas não assim

O actual modelo de avaliação tem os dias contados, suspender o modelo e evitar a aplicação do estatuto da carreira docente é o primeiro objectivo.

Suspender o actual modelo e substitui-lo por outro, eis o que propõe o PSD, rever o Estatuto da Carreira Docente, abolindo a divisão entre titulares e não titulares.

O PCP tambem quer substituir e acabar com a actual avaliação, mas o que defende é que não se sabe embora se possa adivinhar, que tudo fique como dantes, quartel-general em Abrantes.

O CDS propõe um modelo centrado nas vertentes cientifica e pedagógica e baseado no modelo que é actualmente aplicado no ensino particular e cooperativo ( o que parece ser de muito bom senso…)

O BE é apologista de uma avaliação credível feita no interior das escolas e a partir do exterior, em que se assumam responsabilidades colectivas ( isto é , individualmente, ninguem é avaliado…)

Nós aqui no Aventar temos defendido que a avaliação se deve fazer a partir de objectivos fixados e negociados com o Ministério, desenvolvendo-se em cascata dentro da escola, por núcleos de disciplinas e individuos.

O TGV:

O que mais me irrita nos políticos portugueses é a forma leviana como tratam os assuntos sérios e de importância crucial para o país.

O comboio de alta velocidade, o TGV, que serve para transporte de passageiros e mercadorias é disso um bom exemplo. Uma decisão destas não pode ser discutida como se fosse um Porto-Benfica. Uma merda destas, discutida desta forma é um insulto à nossa inteligência. Eu estou-me a marimbar se a Dr.ª. Manuela (respeitinho) julga que o Eng. Sócrates (respeitinho) está ao serviço dos Filipes e se este, por sua vez, vê nela a reencarnação do finado Professor. Então o TGV é isto? Ora bolas, vão dar banho ao cão!

O que eu quero saber é algo muito simples: quanto custa o TGV? Quais os benefícios económicos deste investimento? Vai ter ligação directa ao Aeroporto de Lisboa e ao Aeroporto Sá Carneiro? Por sua vez, vamos ter estações racionais ou vamos ter o primeiro comboio de alta velocidade pejado de apeadeiros ao estilo do Expresso das Beiras? No tocante ao transporte de mercadorias, estão acauteladas as ligações aos respectivos portos e entrepostos, seja rodo ou ferroviariamente, de molde a surtir o efeito económico desejado? Afinal, quanto tempo vou demorar a fazer Porto-Lisboa, Porto-Lisboa-Madrid e Lisboa-Madrid? Por último, conseguem-me justificar economicamente a ligação Porto-Vigo ou, para amenizar uma eventual resposta negativa, a ligação Lisboa-Porto-Vigo? Sobretudo quando hoje, por estrada, Vigo está a pouco mais de uma hora do Porto e quatro de Lisboa? Ou será que só se justifica o transporte de mercadorias nesta via de ligação?

Agora, esgrimir argumentos sobre o tema tendo por base “os castelhanos” é considerar-nos a todos atrasados mentais. No caso do PSD, é esquecer a obra de Cavaco Silva (do Prof., respeitinho) e a forma estratégica como ligou por Portugal a Espanha e dessa forma à Europa por Auto-estradas e Vias Rápidas. O PSD reformista que transformou Portugal certamente não se revê neste tipo de discurso. No caso do PS, quando atacam MFL por ter trabalhado no Santander, é esquecer Pina Moura, as ligações socialistas a González, à PRISA, etc, etc.

Haja vergonha e decoro!

uma obra-prima de jim jarmusch

Limits_of_controla última longa-metragem de jim jarmusch, «os limites do controlo» 2009, encontra-se ainda em exibição em portugal. a par de gus van sant e de hal hartley, jarmusch é um dos mais conhecidos cineastas do designado «cinema independente norte-americano». a década de 80 representou a sua afirmação no mundo cinematográfico, pese embora jim pretendesse, originalmente, seguir uma carreira musical. aliás, a sua ligação com o mundo musical está bem presente com john lurie (longe lizards) como protagonista em «stranger than paradise» 1984 e em «down by law»» 1986, este último com a participação de tom waits (que assina a banda sonora de «night on earth» 1991). iggy pop entra em «dead man» 1995 e joe strummer em «mistery train» 1989. tal como a cinematografia de gus van sant, a música tem um papel central na ambiência dos seus respectivos filmes – recorde-se aqui a entrevista que jim jarmusch concedeu ao suplemento do jornal «público» há umas semanas atrás onde é bem específico sobre este tema. em «the limits of control» encontramos a sonoridade de boris. se a américa desolada, emigrante e semi-urbana é o pretexto central para os seus filmes da década de 80, as «noites da terra» entre os estados unidos da américa e a finlândia encerravam definitivamente a primeira fase do seu muito particular cinema. na década seguinte destacam-se duas pérolas arty, o imaginado william blake/johnny deep perdido na américa indígena de «dead man» 1995 – com uma fabulosa roupagem sonora de neil young – e o ghost dog/forrest whitaker, assassino-justiceiro contratado, columbófilo e orientado pelos princípios de Hagakure, «ghost dog: the way of the samurai» 1999 – película pautada pela música hipnótica de rza. o relativo sucesso junto do público chegará apenas em 2005 com «broken flowers» e bill murray numa viagem de um homem celibatário alienado do mundo que plana/viaja em busca de um passado ausente. entre eles, «coffee and cigarettes» reunia encontros im/prováveis que jarmusch filma desde 1986 entre os protagonistas dos seus filmes (e não só) – lá estão iggy pop e tom waits, roberto benigni e steve buscemi, cate blanchett e bill murray, jack e meg white dos white stripes.

este ano jim jarmusch estreia «the limits of control» protagonizado por isaach de bankolé, com pequenas mas importantes contribuições de bill murray, tilda swinton e de um magnífico john hurt. jarmusch parece tornar, de alguma maneira, ao silêncio de «permanent vacation» 1980, retirando do ecrã os apontamentos de comicidade que muitas vezes integra para nivelar as repetições/citações/máximas de cariz filosófico (sempre objecto de discussão crítica) que quase sempre inclui nos seus filmes (aliás como hal hartley – o que, neste particular, nos faz recordar «flirt», embora num outro registo). mais do que toda a obra de jarmusch, é um filme politicamente comprometido e com um final inevitável onde o frio assassino contratado, alheio a toda e qualquer espécie de mundo(s), homem fora do tempo, de hábitos obsessivos, gélido, quase mudo, completa a sua missão mas o «mundo», tal como ele é, ficará inevitavelmente – repita-se – na mesma. não se aplica aqui o princípio de lampedusa. belo. difícil. obra maior de jarmush.

ps: este texto não é uma crítica cinematográfica! 

Concurso «Blogues Escolares»

O Aventar lança hoje uma iniciativa destinada a todas as escolas do nosso país: o Concurso «Blogues Escolares». Convidamos todos os professores a lançar blogues colectivos nas suas turmas. A forma como cada blogue será dinamizado ficará ao critério de cada turma. Poderá ser um projecto que envolva todos os professores da turma e todos os alunos, poderá ser um projecto mais restrito, poderá ser desenvolvido em Área de Projecto ou Formação Cívica ou em qualquer outra disciplina. Fica ao critério de cada turma. Quanto a nós, Aventar, oferecemos a criação do blogue e um «link» permanente nas nossas páginas (bastando clicar na imagem «Blogues Escolares» que se encontra na barra lateral). Assim, todas as turmas participantes terão o seu «link» próprio num «post» actualizado semanalmente. Quanto à actualização dos blogues, ficarão a cargo das turmas participantes. No final do ano lectivo, os blogues vencedores – escolhidos por um júri – receberão um prémio a revelar oportunamente. Em breve será publicado o Regulamento do Concurso. No entanto, aqui no Aventar pensamos que, mais do que os prémios, este concurso pode dar aos alunos participantes algo muito mais importante: um maior interesse pelas actividades lectivas, uma maior participação na vida da sua turma, a abordagem de novas perspectivas, dentro e fora da sala de aula, e um aumento da cultura geral e, talvez, do aproveitamento escolar. Para concorrer, basta solicitar a participação e a criação do blogue, contactando o Aventar por e-mail ou através da caixa de comentários deste «post». Vamos fazer algo diferente nas nossas escolas. Aventem-se!

 

turmas e escolas participantes aqui

regulamento do concurso aqui