.
SÓ NÃO É EMPATE PORQUE NÃO ACREDITO EM COISAS DESSAS
.
. .
Com a necessidade que MFLeite tem de não assustar eleitorado à sua direita e à sua esquerda, o seu discurso foi feito um pouco a medo. Já Portas, que só tem de captar eleitorado, sem se preocupar com o assustar alguns à sua esquerda, entrou de peito feito. Para ambos, o inimigo a abater é o PS de Sócrates, e deixaram isso bem claro.
MFL fez um bom ensaio para o debate decisivo com Sócrates.
Portas fez um bom debate como é seu timbre.
Impostos e segurança social, serão os pontos principais em que se separam.
Ficou para mim, claro, que só em conjunto poderão formar maioria.
Só porque não aceito empates, dou a vitória a Portas, já que MFL ainda tem falhas na dureza do discurso.
A moderadora, fez um bom trabalho.
.
JM
.
LEITE – 4, PORTAS – 5
visões estéticas contemporâneas
Oskar Schlemmer
Manifesto da primeira exposição da Bauhaus
1923
«A Staatliches Bauhaus de Weimar é a primeira e, até agora, a única escola estatal do Reich – se não do mundo inteiro – que convida as forças criativas das belas artes, enquanto conservem a sua vitalidade, a actuar. Ao mesmo tempo, mediante a instalação de oficinas sobre bases artesanais, se impôs como tarefa uni-las num todo, numa compenetração frutuosa para as fazer convergir com a arquitectura. O conceito de arquitectura deve restabelecer a unidade que feneceu no envelhecido academismo e nos afectados ofícios artísticos, e tem que restabelecer a grande relação com o todo e possibilita, no sentido mais apurada, a obra de arte total. O ideal é velho, mas a sua aparência é sempre nova. O seu culminar é o estilo e a vontade de estilo nunca foi mais poderosa que na actualidade. Mas a confusão dos espíritos e dos conceitos causaram conflitos e disputas sobre a natureza desse estilo que deve aflorar como a nova beleza dessa confrontação de ideias. Semelhante escola, animadora e animada em si mesma, converte-se num barómetro das convulsões da vida pública e intelectual do seu tempo e a história da Bauhaus converter-se-á na história da arte contemporânea.
A Staatliches Bauhaus fundada depois da catástrofe da guerra e no caos da revolução e na era do florescimento de uma arte explosiva e emocionalmente cheia de pathos, vem a ser o ponto de reunião de todos os que, com fé no futuro e um entusiasmo transbordante, querem construir a catedral do socialismo. Os triunfos da indústria e da técnica antes da guerra e as orgias sob o signo da sua destruição despertaram aquele romantismo veemente que era uma proposta ardente contra o materialismo e a mecanização da arte e da vida. A miséria da época era também a miséria dos espíritos. O culto do inconsciente e do indecifrável, a propensão ao misticismo e ao sectarismo brotaram na procura das últimas coisas que estavam em perigo de perder todo o seu significado num mundo pleno de vacilações e rupturas. A ruptura dos limites da estética clássica fortaleceu a preeminência da emoção que encontrou o seu alimento e confirmação na descoberta do Oriente e da arte negra, dos camponeses, das crianças e dos doentes mentais. A origem da criação artística foi, assim mesmo, tanto mais investigada quanto os seus limites se extenderam mais audazmente. O uso apaixonado dos meios expressivos florescia como nas imagens dos altares. Foi no quadro, sempre no quadro, que se refugiaram os valores decisivos. Ele tem que assumir a sua divida com a síntese proclamada, independentemente da unidade do mesmo quadro, como a conquista mais elevada da exaltação individual.
A inversão dos valores, as mudanças dos pontos de vista, o nome e o conceito dão como resultado a imagem oposta, o novo credo. DADA, o buffon da Corte neste reino joga à bola com os paradoxos e liberta e purifica a atmosfera. O americanismo transposto para a Europa, cunho novo no velho mundo, morte ao passado, a luz da lua e a alma, assim avança o tempo presente com traços de conquistador. A razão e a ciência, os poderes supremos do homem, são os guias, e o engenheiro é o executor imperturbável das possibilidades ilimitadas. As matemáticas, a construção e a mecanização são os elementos. O poder e o dinheiro são os ditadores destes fenómenos modernos de ferro, cimento, vidro e electricidade. Velocidade da matéria rígida, desmaterialização da matéria, organização da matéria inorgânica, todos produzem o milagre da abstracção. Baseados nas leis naturais, são a obra do espírito para dominar a natureza. Apoiados no poder do capital, convertem-se em obra do homem contra o homem. O tempo e a hipertensão do mercantilista convertem-se na utilidade e finalidade na medida de toda a actividade, e o cálculo apodera-se do mundo transcendente: a arte converte-se num logaritmo. A arte, até há pouco desprovida do seu nome, vive a sua vida depois da morte no monumento do cubo e no quadrado colorido. A religião é o processo mental exacto e Deus está morto. O homem, o ser consciente de si mesmo e perfeito, superado por qualquer manequim na exactitude, aferra-se aos resultados da fórmula do químico até que seja encontrada também a fórmula para o espírito.
Goethe: Quando se realizarem as esperanças de que os homens se unam e se conheçam mutuamente em toda a sua força, com a mente e o coração, com o entendimento e o amor, ninguém poderá imaginar o que ocorrerá. Nesse momento já não necessitará de criar pois nós criamos o seu mundo. Esta é a síntese, o resumo, a intensificação e a densificação de tudo o que é positivo para formar um poderoso centro de forças. A ideia do centro, alheada da mediocridade e debilidade, entendida como balança e equilíbrio, converte-se na ideia da arte alemã. Alemanha, país central, e Weimar, o seu coração, não são pela primeira vez o local eleito de decisões espirituais. Trata-se de reconhecer o que é apropriado para nós com o objectivo de não ficarmos sem objectivo. No equilíbrio das oposições polares, amando tanto o mais remoto passado como o mais remoto futuro, conjurando tanto a reacção como o anarquismo, avançando desde o fim em si mesmo, desde o eu singular até ao típico, ao problemático, ao válido e seguro, chegaremos a ser os portadores da responsabilidade e a consciência do mundo. Um idealismo da actividade que abarque, penetre e una a arte, a ciência e a técnica e que incorpore a investigação, no estudo e no trabalho, realizará a construção artística do homem que, no que respeita ao sistema cósmico, é somente uma metáfora. Hoje apenas podemos avaliar o plano de conjunto, colocar os fundamentos e preparar as pedras para a construção.
Mas,
Somos, Queremos, e Criamos ! »
oskar schlemmer, escritos sobre arte: pintura, teatro, danza. cartas y diarios, paidos estética, barcelona, 1987.
comentário: a Bauhaus (1919-1933) criada por Walter Gropius contou com importantes ideólogos e mestres, para além deWassily Kandinsky e do próprio fundador. Entre eles contava-se O.S. A sua contribuição foi decisiva, por exemplo, nos ateliers de teatro. Este pequeno texto – diferente dos manifestos bem mais conhecidos e técnicos de Gropius, Kandinsky ou Albers – resume, em última instância, o ideal técnico-prático bem conhecido da escola mas também o misticismo estético que, por exemplo, J. Itten e J. Albers desenvolveram a partir da teoria das cores e da oposição «método/intuição» no ensino artístico.
Berlusconi – 0, Sócrates – 1
"Sou o melhor primeiro-ministro de Itália nos seus 150 anos de História", disse hoje Berlusconi na cimeira bilateral com Espanha, sob o olhar estupefacto (e um nadinha invejoso) de Zapatero. Desta vez fiquei muito desiludida com o Silvio. Tão passadista, tão voltado sobre os tempos que já lá vão, ainda a olhar para o Risorgimento, e para os estadistas de antanho. O nosso primeiro, ao contrário, tem os olhos postos no futuro. Ele sabe que nem as criancinhas que ainda estão agarradas à mama da mãe o poderão superar. "Ainda está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor do que eu", dizia ele aqui há tempos no Porto. Caro Silvio, podes ser o rei das noites loucas da Sardenha mas nisto da vaidade política ainda és um principiante.
CARTA ABERTA À MULHER DO PRESIDENTE
Carta aberta à mulher do Presidente
Minha Senhora
estava eu a jantar quando vi no telejornal
as imagens do bombardeamento
sobre a aldeia de Korisa.
Imagens da vossa bravura
imagens da coragem
e determinação do seu marido.
Corpos carbonizados
dilacerados
fumegantes
esventrados
cabeças estouradas
pedaços de vida
feitos em pedaços de carne morta.
Cem pessoas abatidas
e muitas outras feridas
gravemente
enquanto o diabo esfregou um olho!
Cem inocentes que Deus sacrificou
às mãos de quem tanto reza!
Cem refugiados
a caminho da longínqua esperança
olhos postos no fictício horizonte
da solidariedade humana!
Cem pares de olhos
brutalmente arrancados à luz
entre eles olhitos de crianças
com corações pequeninos
a bater dentro do peito
iguais ao coraçãozito da sua filha
quando batia mais apressado
lembra-se?
Mal vi estas imagens
corri ao quarto dos meus filhos
e dei com eles todos esquartejados
cabeças para um lado
pernas e braços para outro.
O quarto era um mar de sangue!
Felizmente
o pesadelo durou apenas alguns segundos
mas fiquei com o cérebro esburacado
durante toda a noite.
Nunca tinha reparado bem
mas os meus filhos eram iguaizinhos
a todas aquelas crianças.
Não sei o que me deu
mas fiquei aterrorizado.
Tive tanto medo
minha Senhora!
É que a seguir a estas tenebrosas imagens
aparece de imediato
na TV
posando sorridentemente
para uma espécie de retrato de comunhão solene
uma catrefa de monstros
e eu pensei que estava no inferno
rodeado de demónios.
Aquele medonho friso de máscaras humanas
tendo como sombria antecâmara
a ignara maciez da face
de um tal porta-voz
isolado
a garantir a divulgação do resultado
de uma investigação em curso!
Deu-me a impressão
de que ele estava em minha casa
que tinha arrombado a minha porta
ali na minha frente
minha Senhora!
Mas o pior é que aparece
logo a seguir
o seu marido
com aquela cara de…
como lhe parece a cara do seu marido?
A mim
não é bem a cara que me mete medo
mas a prepotência
o descarado unilateralismo
e a já bem adulta supremacia militar permanente
que ele esconde por detrás daquele ar
um tanto despeitado
talvez
por não o terem deixado acabar as suas tarefas.
Mas não se preocupe demasiado
minha Senhora
ele está arrependido do seu miserável pecado
e faz por cumprir religiosamente a penitência
bombardeando de outro modo
e bombardeando bem.
Minha Senhora
num daqueles momentos mais íntimos
– esqueça lá o que se passou –
pergunte ao seu marido
quantas criancinhas é preciso matar
para atingir o desenvolvimento tecnológico
que permita assegurar
que as forças de amanhã continuarão a dominar
qualquer tipo de operações militares.
E se
com umas pitadinhas daquela coisa
que vocês inventaram
e transformaram num monumental barrete
para os desiludidos da disfunção eréctil
puder arrancar-lhe uns segredozitos
veja se sabe
quantas aldeias é preciso arrasar
para enfrentar
as ameaças contra a segurança da nação
quantos estropiados é preciso fabricar
para atingir os tais 331 mil milhões de dólares
necessários ao reforço da tendência
para a acção unilateral.
Quantas Sérvias é necessário sacrificar
para preservar a supremacia militar
face a todos os adversários
possíveis e imagináveis
e considerar
que as forças armadas estão prontas
para enfrentar os desafios do próximo século
continuando a ser
as mais bem sucedidas do mundo.
Quantas televisões é necessário silenciar
quantas megabombas
bombas inteligentes
bombas de fragmentação
e bombas de grafite
(o novo lápis da megacensura)
é preciso lançar sobre a Sérvia
sobre a Europa
sobre o Iraque e sobre o resto do mundo
para atingir a suprema censura planetária.
Ao lado dele
o inglês!
Brrr!!!
O canal da Mancha tão perto!
Como é que eu não haveria de correr
ao quarto dos meus filhos?
Eu não tenho medo dele
propriamente dito
nem das suas metralhadoras.
Até me parece uma daquelas pessoas
que ao descongelarem
isto é
ao perderem o poder
se desfazem em merdífera cobardia.
Eu tenho medo
é da monumental carapaça de ódio
cinismo
crueldade
arrogância e desumanidade
com que ele abastece os aviões
que lhe puseram nas mãos.
Minha Senhora
quando estiver com ele num daqueles chás
em que vocês falam dos 10,5 mil milhões de dólares
necessários à pesquisa
do sistema de defesa nacional antimíssil
entre 2000 e 2005
e passam a mão pelo lombo dos cãezinhos
numa manifestação de sensibilidade e ternura
lembre-lhe o pequenino dorso das criancinhas
que ele ajuda a queimar todos os dias
em bombardeamentos como os de Korisa.
E faça-o ver
ainda que ao de leve
a imagem virtual dos seus próprios filhos
– aqueles que lhe dão um beijinho todas as noites –
no meio dos ensanguentados destroços
da caravana de refugiados
– o diabo seja surdo cego e mudo -.
A vossa Secretária vem logo a seguir na foto.
É-me extremamente difícil
não ter medo desta mulher.
Não é fácil manter-me sereno
porque ela encarna perfeitamente
o papel que me parece ser o da mulher do diabo.
O diabo tem mulher
ou não seja ele o pecador major.
Não é como Deus!
Diga-me se eu tenho ou não tenho razão
mas sempre vi a mulher do diabo
com uns olhos e um sorriso assim!
Não sei o que ela tem dentro do peito
se é uma pedra
um escorpião
ou se não tem mesmo nada.
Mas é da sua eventual relação com o diabo
que eu tenho medo
da autoridade com que o diabo a possa ter investido
na planificação da fábrica de vítimas
da esterilização de sentimentos
a que ele a submeteu
e dos estratagemas
que na sua cartilha se destinam
a tornar adversários políticos e militares
do próximo século
todos os povos que não se submetam
nomeadamente a China.
Tudo isto porque
enquanto única nação
capaz de montar operações em grande escala
em teatros muito distantes das suas fronteiras
o Estado ocupa uma posição única!
Minha Senhora
dá-se bem
penso eu
com esta Secretária da desgraça
– ao lado dela o seu marido não corre perigo
descanse!-
Pergunte-lhe
em tom de curiosidade
quantos kosovares
quantos sérvios
palestinianos e iraquianos
é preciso massacrar ainda
para atingir o tal patamar essencial
para assegurar
que as forças de amanhã continuarão a dominar
qualquer tipo de operações militares
unilateralmente.
O Secretário inglês
sempre sorridente para o parceiro do lado
numa obtusa postura de marioneta
aparente guardião das consciências podres
causa-me repugnância
pela chocante transparência da sua estrutura
que permite ver
– ainda que a gente não queira –
dentro da sua pessoa
aquilo que mais se assemelha
a uma total ausência de moral.
Reforçar a capacidade
para conduzir à escala mundial
com o seu patrão
operações militares de forte intensidade
no século XXI
deve ser o seu lema e o seu sonho.
Ca God o save!
O Secretário espanhol é terrível
porque não mete medo a ninguém.
Parece não ter cérebro.
É uma espécie de alínea de um artigo condenatório
de que o algoz
d
eita mão
naquele fatídico momento em que dela se lembra.
Apenas vai alinhando os vivos
para que morram melhor.
Se o dono manda matar
ele ajeita a vítima e chega a arma.
Se não é para matar
ele recolhe a arma
e diz à vítima que aguarde um pouco mais.
Minha Senhora
eu tinha muito mais coisas a conversar consigo
até porque
– a despeito do seu papel e da sua posição
nesta guerra miserável e nauseabunda –
me custa
perante a sua simpática figura
aceitar que faz parte duma família de monstros.
Naquele momento do telejornal
pensei dirigir-me a si
pois convenci-me
de que eu e a Senhora
éramos ambos vítimas
ou melhor
pensei que os nossos filhos
se encontravam esfacelados
no meio dos destroços
causados pelas bombas dos vossos maridos
e daqueles hediondos amigos
que eles arranjam.
Já pensou
minha Senhora
o que era ver a sua filha esquartejada
cabeça para um lado
membros para outro
esventrada
exangue
sem qualquer brilho nos olhos
nem sopro de vida
com o tal coraçãozito palpitante
que tantas horas de felicidade lhe deu
golpeado irremediavelmente
parado para sempre
e sem nunca mais poder dizer:
“mãe, gosto tanto de ti!”.
QUADRA DO DIA
Ao ensinar tantas coisas
Nomeadamente a roubar
Se o sprito santo falasse
Onde ia a igreja parar.
ETICA E EDUCAÇÃO (7)
ETICA E EDUCAÇÃO (7)
Binómio Ética-Educação
A ordem ética inicia-se no núcleo familiar. Na educação familiar nasce o primeiro alento e reside o primeiro impulso ético para a conquista da vida. O juízo ético, baseado em emoções, sentimentos e raciocínios produzidos pelo cérebro, não pode ser considerado independente da história evolutiva deste órgão dentro da nossa espécie. Biliões de neurónios, seiscentos milhões de conexões por milímetro cúbico de cérebro que se multiplicam constantemente e configuram as estruturas funcionais do cérebro, constituem a base fisiológica das formações psíquicas condicionantes das aprendizagens, nomeadamente da aprendizagem ética. Dado que o crescimento de sinapses neuronais é quase ilimitado na infância, anulando-se por volta dos sete oito anos, e dado que em adultos vivemos as conexões formadas na infância, já podemos avaliar a importância da construção dos princípios éticos desde que nascemos. Esta educação visa estabelecer os alicerces fundamentais para a edificação do carácter, da responsabilidade dos actos, da consciência e do desenvolvimento das faculdades críticas. É fundamental os pais serem capazes de ajudar os filhos a aprender a valorizar, a criticar e a pôr em prática as suas capacidades de discernimento, como espectadores, ouvintes ou leitores, tentando evitar o caminho fácil da passividade, da ausência de espírito crítico e da permeabilização à exploração mental. Os pais têm de ver nos filhos uma semente de educação para a liberdade. Tenho muita dificuldade em lidar com normas morais, pelo seu relativismo e por causa das suas, por vezes perversas, contingências. Dentro do multiculturalismo e mesmo dentro da nossa cultura, há comportamentos que parecem moralmente justificados, quando nada têm de ético ou moral se olhados de um ponto de vista racional. Todos nós estamos cheios de ver a enorme falsidade e hipocrisia de que se faz o tecido de tantas instituições tidas como sacrários da moral. Daí eu pensar que a virtude é a capacidade permanente de fazer bem feito o trabalho da liberdade, e o bem é aquilo que essa virtude elege livremente no seio deste trabalho. (Continua)

( manel cruz)
O debate Paulo Portas – Manuela Ferreira Leite, ou uma luta de saias
O debate de hoje era uma versão de Direita do debate Francisco Louçã – Jerónimo de Sousa, com a diferença que, desta vez, os contendores usavam saias. Paulo Portas bramiu o perigo do Bloco Central, como que querendo dizer que PSD – CDS é muito melhor do que PS – PSD. Manuela Ferreira Leite soube responder-lhe, perguntando se o CDs estaria disposto a apoiar o PS no caso de vitória deste.
De resto, Ferreira Leite salientou que, apesar das semelhanças, há divergências em determinado tipo de aspectos. Mais concreta não podia ter sido. Ainda assim, apontou o Rendimento Social de Inserção como algo que divide os dois Partidos, atacando Paulo Portas por estigmatizar aqueles que recebem o subsídio. «Atribuir preguiça a quem recebe o rendimento social de inserção, genericamente, é algo que eu repudio genuinamente» – só por esta frase, que aplaudo de forma delirante, esta senhora merece ganhar as eleições.
E é sem rancores que digo que Paulo Portas perdeu claramente este debate.
A Rita, Sócrates e o Aventar
Foi a Rita que deu o sinal. No chat do Aventar lançado para o debate entre José Sócrates e Francisco Louçã, Rita apareceu com uma frase onde dava a indicação de estar o líder do PS a portar-se bem. Um aventador João José Cardoso recomendou-lhe, de forma humorada, que mudasse de canal. Rita não assimilou a frase pela via humorística e tomou uma decisão. Se naquele chat só se podia falar mal de Sócrates ela ia pregar para outra freguesia. E foi. No chat não apareceu mais.
No mesmo chat e nos post de comentários acerca do debate, Louçã era apontado, no final, como claro vencedor do debate.
Nos dias seguintes a generalidade dos comentadores dos jornais indicava Sócrates como o vencedor e apresentava, como uma das razões, ter passado ao ataque e colocado o temível líder do Bloco de Esquerda à defesa e sem capacidade de lançar o contra-ataque. Se ganhou votos não o saberemos, mas pode não os ter perdido naquele que seria, à partida, o debate mais perigoso, com pouco a ganhar e muito a perder. Segurou-se.
No Aventar, Sócrates perdeu. Por muitos. Não é difícil perceber que neste blogue há uma esmagadora maioria de anti-Sócrates. Terão as suas razões. Respeitáveis, claro. Eu, que não sou pró mas também não sou anti, registo apenas que, muitas vezes, os nossos rancores acabam por nos toldar a análise. Também já me aconteceu.
Sócrates e a TVI . Quem está a mentir?
Hoje, na Sábado revela-se, em todo o seu esplendor, o desconhecimento de Sócrates quanto ao que se passava na TVI. Desde telefonemas directos para os jornalistas da redacção, às pressões sobre os administradores.
Convidou Eduardo Moniz para almoçar, almoço que durou duas horas e no qual devem ter falado sobre “o perigo de calar vozes independentes”. As pressões eram de tal ordem que se sabe hoje que o Pina Moura, então Presidente não executivo da Media Capital, abandonou o lugar incapaz de suportar a controvérsia.
Ora José Sócrates garantiu que nos últimos quatro anos e meio estivera apenas uma vez, em 2005 com representantes da Prisa e nem sabia quem eram os administradores. Pelo meio discutia-se a atribuição da licença do canal TVI24 que não avançava, o que, evidentemente, não era mais que uma coincidência.
No meio disto tudo, convem não esquecer que antes deste afastamento de Moura Guedes, a jornalista já estivera largos meses afastada da apresentação dos jornais informativos, esta é, pois, a segunda saída do ar da pivot.
Na tentativa de compra por parte da PT, quem esteve envolvido foi o administrador e militante do PS, ex-conselheiro nacional do PS, Rui Pedro Soares que se deslocou nos últimos tempos duas vezes a Madrid para ultimar o negócio. Negócio desconhecido por Sócrates e abortado por ele quando percebeu a celeuma que vinha a caminho
Fica claro que nada disto tem a ver com as notícias e a investigação do processo Freeport e que Sócrates não conhece nem nunca falou com gente da Prisa e da redacção da TVI.
Mais uma vez. Quem mente?
Cartazes das Autárquicas (Montemor)
Maria de Lurdes Vacas de Carvalho, PSD, Montemor-o-Novo (enviado por Maria Monteiro).
Apontamentos & desapontamentos: A defesa da palavra
Porque escrevemos? Porque usamos a palavra como utensílio de eleição? Eduardo Galeano responde: – «Escrevemos a partir de uma necessidade de comunicação e de comunhão com os outros, para denunciar o que dói e partilhar o que dá alegria. Escrevemos contra a própria solidão e contra a solidão dos outros. Supõe-se que a literatura transmite conhecimento e actua sobre a linguagem e o comportamento de quem a recebe; que nos ajuda a conhecermo-nos melhor para nos salvarmos juntos. Mas «os outros» é um termo demasiado vago; e em tempos de crise, tempos de definição, a ambiguidade pode assemelhar-se demasiado com a mentira. Na realidade, escrevemos para pessoas com cuja sorte, ou má sorte, nos sentimos identificados, os mal alimentados, os sem abrigo, os rebeldes e os humilhados desta terra, e a maioria deles não sabe ler. Entre a minoria que sabe, quantos dispõem de dinheiro para comprar livros? Galeano responde: – Resolve-se esta contradição proclamando que escrevemos para essa cómoda abstracção chamada “massas”?»
Eduardo Galeano (Montevideu, 1940), é um escritor e jornalista uruguaio. Autor de mais de 40 obras traduzidas em diversos idiomas, a mais conhecida das quais é «Las venas abiertas de América Latina», 1971 («As Veias abertas da América Latina»,com prefácio de Isabel Allende, edição de Paz e Terra, São Paulo, 2007).Preso em 1973, quando do golpe militar, exilou-se depois na Argentina, de onde, em 1976, com a criminosa ditadura de Videla, teve também de fugir, pois estava nas listas dos esquadrões da morte. Refugiou-se em Espanha, regressando ao Uruguai quando, em 1985, a democracia voltou. No seu livro «Crónicas 1963-1988», publicou o texto «Defensa de la palabra», no qual inspiro a presente crónica – aconselhando vivamente a leitura das obras deste lúcido escritor latino-americano). Este texto mereceria uma análise mais aprofundada, porque referindo-se à América Latina, tem um alcance universal, abordando problemas que afectam e afligem todos os que usam a palavra como arma e como ferramenta de trabalho.
Lançado o tema eterno do abismo que se abre entre o escritor e os destinatários da sua escrita, Galeano aborda a questão da miséria na América Latina, seu tema de eleição, concluindo que os países pobres pagam para que seis por cento da população mundial possa impunemente consumir metade da riqueza que o mundo inteiro gera. Assinala o desenvolvimento de uma indústria restritiva e dependente, assente sobre velhas estruturas agrárias, agudizando as contradições sociais em vez de as atenuar. Referindo-se sempre á sua América Latina (embora, com já disse, os pressupostos que apresenta assumam uma validade universal), pergunta: «por que não reconhecer um certo mérito de sinceridade nas ditaduras que oprimem, hoje em dia, a maioria dos nossos países? A liberdade das empresas implica, em tempo de crise, a prisão das pessoas.» Refere também a desertificação que a miséria provoca no tecido cultural dos países latino-americanos, com a fuga dos cientistas em particular e dos intelectuais em geral, abandonando laboratórios e universidades sem recursos.
Eduardo Galeano passa em revista toda a contradição que resulta do contraste entre a liberdade de expressão dos escritores, que podem dizer o que queiram, e o cárcere de limitações das necessidades mais básicas em que vivem aqueles a quem as suas palavras se destinam. Defende algo que os defensores da pureza da arte, sempre condenaram – a escrita como instrumento. Para esses, o objecto da arte é a própria arte. Mas Galeano termina o seu extenso discurso em defesa da palavra, afirmando que «Lentamente vai ganhando força e forma, na América Latina, uma literatura que não ajuda os outros a dormir e que, pelo contrário, lhes rouba o sono; que não se propõe enterrar os nossos mortos, mas perpetuá-los; que se nega a varrer as cinzas e procura, em contrapartida, acender o fogo. Essa literatura continua e enriquece uma formidável tradição de palavras lutadoras.» Curiosamente, este discurso em louvor da palavra, vem reacender uma controvérsia que, sobretudo nos anos sessenta, fez correr muita tinta – a dicotomia entre a forma e o conteúdo.
Um texto lúcido e escrito numa linguagem límpida e que merece ser lido e estudado com atenção, demonstrando que a palavra não pode estar dissociada da vida. Talvez volte a este tema e a esta preocupação que, afinal, está na base de um poema, com mais de trinta anos, que há semanas atrás aqui publiquei – «Natureza morta» – há discussões que são eternas. Esta é uma delas.
Dalby – Um final feliz?
Aquele braço de mar, aquela cidade cintilante, aquele vestido curto que se ousou usar pela 1ª vez, aquele «romantic glance», aquela garota jovial que lhe lançou o olhar e o ‘killing smile’ mesmo tendo ele a idade já avançada, aquela promessa que eles fizeram na bela ilha, de madrugada, e que a água do mar levou ao invadir a areia, aquela corrida de cavalos no deserto, aquele sossegado final de tarde na montanha fresca e longe da cidade,…aquele esperado durante todo o ano, «I STILL LOVE YOU», SÃO TODOS JÁ memórias do ‘SUMMERTIME’s gone’, do vento quente e seco, ou do frio distante, ou mesmo sem vento algum, que fizeram das vossas férias (digo ‘vossas’ porque por milhões, biliões de motivos, este ano não fui, não tive e realmente , bem no fundo, NÂO QUIS férias no sentido de ausência do país!)….
Foi um verão desconsolado no tempo, cá, mas onde quer que vocês possam ter ido, foi sempre um momento de descompressão, de ilusão, de bem estar, de calma e de fragrâncias orais e visuais, de revisão da vida, e de anular o stress do momento louco que se vive no país, na Europa, no mundo, na SELVA…Somente quando estamos apaixonados e a coisa corre mal é que mesmo ausentados , não estamos bem em lugar algum..a mim aconteceu-me duas vezes na vida..no Norte de África, quando me zanguei lá com uma das minhas históricas cara-metades, e na minha tragédia-grega, quando em Madrid, ia para a cama às 21h e 22h (tinha partido para Madrid para esquecer ou tentar esquecer..funcionava sempre mas, nessa vez, NÃO!), era realmente a tragédia no pleno sentido da palavra e Madrid comparada com Atenas parecia-me algo como a «Bela adormecida (ATENAS) e a bruxa má (Madrid!)»!… Hard times that are gone, gone , gone blown with the wind…
As férias foram a mais recente e boa invenção da humanidade.. Na verdade os Ricos e os Nobres já viajavam há muitos séculos atrás e nem que fosse para ir matar em nome de Deus, como nas Cruzadas, ou numa febre de fugir-se aos seus próprios fantasmas e procurar alguém do seu próprio sexo, dando novos mundos ao mundo (Alexandre o Grande), a HUMANIDADE inventou as férias, pagas e merecidas e atribuídas legalmente…pouco a pouco… torna-se algo tão vital como os empréstimos para se poder viver e comprar… Biarritz e a costa francesa ali no noroeste foi o «DÉBUT»!!!
Para mim, férias ( conceito para o ano inteiro) é símbolo de reinventar a vida, com cor..temos de nos distanciarmos de nós mesmos e «dos nossos», para poder compreender o que se passa, ou o que queremos ou queríamos que se passasse.. Para mim, férias é combate, combater conhecendo outras dimensões psicológicas e geográficas ( e sexuais/sensuais também…para quem pode.)Para mim, há anos atrás, ‘Férias’ eram os quartos de hotel onde passava a CNN , era o 30º andar do ‘Brussels Sheraton Hotel’ ou o Berlim Penta Hotel, ou o Boston Ritz Carlton e os pecados bilionários, os riscos, e os banhos de espuma na banheira, e dizer, «ah assim chega-se mais depressa ao ideário de vida»… Férias era ouvir outras línguas…ou ver um noticiário e sentir que «aquilo não nos atingia» porque não era a nossa realidade de momento….era um faits-divers no nosso estádio de no-bad-feelings-at-all…Madrid e aquelas poltronas e camas eléctricas no Gran Via H. Hotel, e as fugidas das amizades domésticas, o thrill e a adrenalina de escapar-me da família no canto escuro da noite e ir pecar, pecar, pecar, amar, amar e ADORAR……Londres começava à hora que queríamos, Nova Iorque não tinha ‘TERROR Twiin Towers’, Boston era o barco para Province Town e Cape Cod, Madrid era uma fúria sexual de manhã à noite e continuamente sempre o restaurante, o museu, o ‘picar’, o banho turco sensual, o bar, o olhar dengoso, o toque corporal, os bares underground dirty heavy but so fucking erotical… o liquido pré-coitoral e a selva amazónico-sexual…Barcelona era um pouco mais do mesmo, mas com más fuerza e Sevilha um pouco mais discreta…Paris era um erguer de egos e de preços e Berlim, os exageros de couro…..Ibiza era fugaz mas quente e desvairada e por aí fora…
TODOS TROUXEMOS UM «CAFÉ-DEL-MAR» sonoro, para casa, um cheiro, uma visão e uma palavra, um olfacto e até uma marca física, de noites quentes, ou frias, mas fogosas…um oceano de emoções eternas até ao dia em que morrermos..um bálsamo para a tristeza do Inverno..casais que se recompuseram, ou mesmo uma mera mãe de família que levou a casa às costas para cozinhar numa qualquer alforreca de Caparica ou Praia da Rocha, traz um sonho, uma esperança, um desejo… ou mesmo um olhar de um homem outro que não o seu velho-mesmo de sempre marido, que a olhou de desejo para ela nos areais…TODOS TROUXERAM ESPERANÇA, SONHO, COR, APETITE, OU VONTADE DE VOLTAR..de repetir….E de pensar-se, nostalgicamente, que a vida voltará a ser melhor.» PARA TER FORÇA PARA O REPETIR DE UMA OUTRA FORMA NUM FUTURO.
As doenças e outros desvarios da vida são implacáveis, a palavra metafórica ‘I.P.O’ é o horror, mas temos de combater a tristeza..e combater esse tal retorno, esquecer que o Almeida Santos ainda pronuncia as palavras com a sua sibilante beirã e que o Sócrates ainda tem o mesmo nariz ou que a Patrocínio ainda não morreu ou que a Jacques ainda insiste que só vale a pena viver até aos 50’s!:
FAZER COISAS QUE NUNCA FIZEMOS, TER ESPERANÇA QUE AS CONSEGUIREMOS FAZER, ALTERNAR, ALTERNATIVAS, OUSAR RUPTURAS, RECRIAR O QUE TEMOS, RELATIVIZAR A POBREZA E A MONOTONIA, REDESCOBRIR PAIXÕES E AMORES, FAZER GINÁSTICA E NATAÇÃO E ANDAR DE BICICLETA, coisas simples mas tão importantes para o amor..ver fotos actuais antigas e modernas e relativizar a máxima das Cláudias Jacques todas que pululam por aí, e para quem a máxima é manter-se ‘jovem e jovial’ toda a vida, senão não VALE A PENA! NÃO NÃO VÂO POR AÍ..A vida evolui, e se agora o MUST é ser e parecer jovem, há poucas dezenas de décadas os’ VELHOS’ detinham o poder de tudo…ambos estão errados..cada idade tem um imenso valor e as trocas e intercâmbios têm de voltar..A velhice não é para se deitar fora…E ironicamente, de que vale aos novos serem novos, se os velhos têm as regalias e o poder, e obrigam os principiantes no status quo do trabalho a levarem uma vida miserável, a suplicar tudo por um emprego, e a levarem um ordenado miserável para casa? ANDA TUDO TÃO ERRADO E ÀS AVESSAS..A SOCIEDADE E O EMPREGO PEDEM JUVENTUDE, MAS SIMULTANEAMENTE QUEREM «KNOW HOW E EXPERIÊNCIA» E ISSO NÃO SE COMPRA NA UNIVERSIDADE, OS GRANDES MANIPULADORES DE TODA ESTA MÁQUINA MOSTRUOSA ECONÓMICA NÃO SÃO JOVENS, SÃO VELHOS, E A MÁQUINA DIZ QUE «SER JOVEM É UM ESTATUTO E VELHO UM DESPERDÍCIO A VOMITAR», É ESTA A MENSAGEM..MAS HÁ ALGO SUJO E ERRADO NA MÁQUINA INCONGRUENTE….E incoerente…
POR ISSO, NESTE FINAL DE FÉRIAS, FAÇA-ME UM FAVOR, E A SI MESMO…SE FOR CASADO OU CASADA, DIGA AO SEU COMPANHEIRO/ESPOSA que quer estar só uma tarde, que quer passar uma tarde com o seu MP3 nos ouvidos e ler o sol e o vento e a chuva..ou o que lhe der mais prazer..( avance e ouse o impossível…deitar-se num prado e fazer amor com um desconhecido que lhe dê prazer…faça uma loucura…) ou voltando ao «normal»… com a sua música favorita, arranje-se bem e «jovialmente(sem anular a sua real idade)», ponha-se bonito e bonita, porque todos o são pelas leis das naturezas humanas, e vá dar esse passeio ‘all by yourself’, a um qualquer ‘Torrão do Lameiro’, EVITE OS PORTO BEACHES CLUBES OU AS ESPLANDAS DE VILA DO CONDE,EVITE PRAIA COM PATROCINIO OU MARCAS ESTAMPADAS NAS ESPLANADAS..FUJE AO ARTIFICIAL NA NATUREZA… EVITE TER MUITA GENTE À SUA VOLTA, e sinta-se único/única e especial e vá ter o seu «very moment», ‘ease your mind’ e cam
in
he pela areia, ou campo, ou horizonte fora, ou montanha ou sítio ermo, mas seguro , ouça música, deixe o seu vestido levantar-se ao vento, ou o seu cabelo, ou simplesmente levar com o vento e o sol, ou a chuva no rosto, E PENSE COMO VAI SER FELIZ E FAZER FELIZ ALGUMA COISA OU ALGUÉM..MESMO COM TODAS ESSAS AGRURAS DA REALIDADE QUE A ESPERA, OU A SI, HOMEM, E SEJA NESSE MOMENTO SEU INTENSO..SÓ VOCÊ! A REALIDADE VIRÁ BUSCÁ-LO, OU A SI MULHER, DEPOIS, A REALIDADE VIRÁ… FRIA, OBSCURA E CRUEL, MAS CRIE O SEU CUBO MÁGICO ÚNICO, INTOCÁVEL, POR ESSA REALIDADE DURA E CRUA…e crie um horizonte de sonho que o/a proteja….
E DEPOIS, BE WELLCOME BACK TO Reality..E DEPOIS SEJA BEM VINDA OU BEM VINDA À REALIDADE DO ‘PÓS-FÉRIAS’….UMA VEZ MAIS, DESTA EM 2009…TIME GOES ON…TEM DE APROVEITAR A VIDA QUE LHE DÃO..DEPOIS DE MORTO, PODE VIR AOUTRA COISA, MAS TEM DE VIVER ESTA PRIMEIRO….
LEMBRE-SE QUE NA SUA INFÃNCIA, A PUREZA E A INOCÊNCIA PROTEJEU-O/A DO QUE AGORA NÃO PODE…. MAS VOCÊ FOI FEITO/a PARA SER FELIZ…Lembre com nostalgia, seja generoso/a com a VIDA, lembrando-se dos mortos, pode ser o cão, o gato, o pai, a mãe, o irmão, o amigo, a ex esposa, lembre-se dos que partiram com dignidade e felicidade nostálgica, peça-lhes desculpa por não lhes ter dito o que queria ter dito e leve uma flor a uma praia deserta e atire ao mar, olhando sempre o céu azul e o vento falante, a flor para ele, para ela, para eles todos, e inclua sem pecado e sem falta de dignidade os animais que lhe foram também queridos….não são pessoas obviamente mas eram um pedaço da alegria de você também…
Pode não sentir-se feliz pelo regresso da monotonia,,,,mas….
TENTE!
Blue guitar,
Fortune of my ways
Making of my days.
New chord,
Counting up the ways
Happiness is lazy.
If you don’t know the song,
If you can’t put the words to the tune,
Tell the rhyme from the reason,
What should it matter
To the fool or the dreamer?
New hope,
Travellers in a storm,
Finding love is warm.
New day,
The world has just begun,
Our eyes have seen the sun.
If you don’t know the way,
If you can’t see the wood for the trees,
Taste the wine from the water,
Well, what should it matter,
To the fool or the dreamer?
Blue Guitar, 1975
Justin Hayword & John Lodge, ex-Moody Blues.
Silva Lopes, um administrador pouco renovável
O David Fonseca deu-me a dica. Não pensem que é um assunto desactualizado – pelo contrário, a actualidade é imensa. É a «fenómenos» como este que se refere Francisco Louçã quando defende a nacionalização da EDP e de outras empresas do género, como a Galp.
José Silva Lopes, antigo Ministro das Finanças no II e III Governos Provisórios pós-25 de Abril e no III Governo Constitucional, renunciou no mês de Maio de 2008 ao cargo de Presidente do Conselho de Administração do Montepio Geral. Justificou esse abandono com a idade avançada, 76 anos, e com a falta de dianimismo para um cargo tão exigente. Pelos quatro mês de trabalho durante esse ano, recebeu do Banco mais de 400 mil euros.
No mês seguinte, a 4 de Junho, José Silva Lopes foi apresentado como o novo membro do Conselho de Administração da EDP Renováveis. Presume-se que, desta vez, o cargo não seja tão exigente.
José Silva Lopes – e isto para mim é o mais importante de tudo – defende o congelamento dos salários dos portugueses e o não-aumento do salário mínimo como forma de ultrapassar a crise económica. Defende ainda a ajuda aos desempregados e, de forma coerente, começou por ajudar-se a si próprio, empregando-se na EDP Renováveis mal saiu do Montepio.
A propósito da Galp, o Administrador Fernando Gomes recebeu em 2008 4 milhões de euros em remunerações mais um PPR anual de 90 mil euros. PPR com benefícios fiscais, claro – o dono de tão chorudo vencimento certamente precisa de tais benefícios. O Vital Moreira é que tem razão!
Saber educar
Para o Aventar e o seu bloguista Ricardo Santos Pinto, com prazer e em memória do sempre vivo José Paulo Serralheiro, tal como esse outro que não me esperou, Paulo Freire, o meu íntimo fraterno amigo.
Educar não é difícil. Com um pouco de paciência, nós, docentes de qualquer grau, dizemos, reiteramos, tornamos a reiterar o já explicado. Procuramos alternativas, especialmente para as denominadas Ciências Duras, que de duras apenas têm o nome e a eventual falta de memória. Não pode ser dura uma ciência que tem fórmulas, algarismos, teoremas, geometria. Por outras palavras, um mapa que orienta o pensamento. Nunca abandonei o debate com o meu amigo e salvador da minha vida, José Mariano Gago, que entende as ciências sociais por razões familiares. Livro que lhe ofereço, livro que não lê: não tem um mapa de estrada para andar pelos labirintos do que é pensar no ar. As ciências duras, são essas que, eventualmente, obrigam a usar estatísticas, facto que não devia acontecer na Antropologia, Sociologia, Filosofia, História. Ciências de factos, de dados que se aprendem, enquanto se entende, através do que eu designo de mente cultural, conceito criado e provado por mim nos anos 90 do Século XX.
Mente cultural resultante das formas de agir, dos costumes, da história oral, do imaginário que tem uma prova: a economia. Quem sabe economia, mas a economia do povo que calcula em tempos de crise, ao fim do mês há um ordenado à espera: baixo e pouco, não a doutoral que vivemos na academia e não corre perigo. Educar não é difícil. Difícil e muito complexo é saber educar. É preciso encantar a criança como as fadas madrinhas e os Peter Pan, para seduzir a sua atenção, sentar-se não no banco do professor, mas andar quilómetros entre eles, olhar nos olhos, saber brincar no meio de uma frase de forma amável e carinhosa para tornar outra vez à frase cortada por causa da brincadeira. Isso é reiterar, com comentários simpáticos sobre a família, gastar dez minutos para comparar Dom Sebastião com as almas em pena, dizer que a República é do povo, pelo povo e para o povo, enquanto a monarquia é para as famílias que tudo têm e nem precisam aprender. Por acaso, tive por estudante um filho de Isabel Windsor e do seu marido o nosso Reitor, Filipe Mountbatten e o seu primo Constantino Saxo-Coburgo, da Grécia. Saber ensinar estes descendentes de famílias com posse e larga genealogia, pode parecer um problema se nos lembrarmos dos seus outros trabalhos: Rainha, Príncipe Consorte, Monarca destituído. Eles têm apenas um problema: saber governar ou não.
O nosso povo tem outro, como em qualquer outro sítio do mundo: trabalhar para estudar de noite. Os Mountbatten, o Azevedo, os Saxo-Coburgo-Gota, os Espírito Santo, os Hohenzollern, os nomeados antes, os Leite, os Vasconcelos, os Porta, custa-lhes estudar. Mas, quem lhes ensina, pode-se ver dentro de uma salada russa: estão a domesticar o poder soberano, que deve, é e será do povo. Apenas se esquecem e não sabem, que as dificuldades de aprendizagem dos descosidos portugueses nascem do facto de terem que encher a barriga antes da cabeça. E quando a cabeça é «cheia» é com letras e livros que não alimentam nem têm mapas para indicar o caminho.
Saber ensinar é transferir a história quotidiana de trabalho, dar dicas como tornar mais leves essas horas desde as sete de manhã até as cinco da tarde, com meia hora para comer um prato de sopa e beber uma cerveja. Desde a mais tenra puberdade. Saber ensinar é conhecer as relações familiares, de amigos e vizinhos para desenhar um conjunto de conceitos que não aparecem nos livros, ficando-se apto para enveredar pela perca do medo da vida e da submissão dos acima nomeados.
Para saber ensinar, o docente deve conhecer primeiro a vida do bairro da escola ou liceu e traduzir os livros Mountbatten, Bragança, para os Coelho, Pires, Pimentel, Redondo e fazer deles cidadãos de bem. Não por respeito à Constituição, mas por respeito a si próprio e à família. Como esse David Machado que criou os seus irmãos, para eles cozinhando sopa de cabaço e batatas, sendo hoje em dia, um excelente pai de família que transmite aos seus filhos a mente cultural, como bom policia que é. Saber ensinar é nunca dizer pega no livro e vai para o teu quarto.
A herança do que eu denomino ensino – aprendizagem é apenas a educação cívica e que nós saibamos que os resultados são da nossa parte e não de um país fatimizado, como é o nosso. Essa herança faz do descosido um bom cidadão, sem pretensões, sem guardar dinheiro que não se investe se beber os poucos cêntimos e nunca, mas nunca, pedir aos docentes que punam os filhos porque a letra com sangue entra na Herança dos ministros com nomes gregos que procuram apoio entre os que não sabem que reuniões a fio e relatórios quotidianos, vão lentamente matando os que devem estar sempre frescos para transferir o saber. A herança que deixa o meu governo actual é para os Vasconcelos, Mounbatten, Espírito Santo e não para o povo que é o proprietário da soberania que apenas a delega entre os que não sabem que em escolas frias e distantes, as crianças fogem. Não do saber, mas sim da miséria em que hoje estamos, herdada desde que um português governa a União Europeia e uma engenheira pretende ensinar a ensinar.
Sou português, amo o meu país, dou aulas na rua ou no mercado, para ver a matéria viva que transfiro e experimento fugir dos fatimizados ou que eles fujam das ideias portuguesas dos irmãos Grimm. Dos Judas Iscariotes.
Raúl Iturra
Catedrático de Enopsicologia do ISCTE-IUL
Membro Activo de Amnistia Internacional, de Human Right’s Watch e do
Projecto de Alice Miller sobre a Criança Natural
Paraíso Socrático: licenciados sem trabalho…
…são o dobro da média da OCDE, diz a organização, que Portugal é dos piores na comparação da passagem de qualificações académicas a lugares no mercado de trabalho.
O desemprego de longa duração afecta 51% dos desempregados portugueses com diploma universitário e idades entre os 25 e os 34 anos. Esta taxa na média dos países da OCDE é de 42%.
Claro, que estes números ainda não beneficiaram das Novas Oportunidades o que deverá resultar numa subida imparável da nossa posição no concerto das estatísticas, porque criar emprego só com muito trabalho , e capacidade política junto das PMEs, que como se sabe, são ignoradas pelo nosso primeiro. Mas nas estatísticas estamos aqui estamos no topo da tabela. Enfim, milagres.
O relatório aponta Portugal como o único país da OCDE que não registou um aumento, entre 1995 e 2007, na frequência do sistema de ensino por parte dos jovens entre os 20 e os 29 anos, ou seja com idade para frequentar a universidade. Outra maneira, bem eficaz, de diminuir o desemprego entre licenciados, não há licenciados deixa de haver desemprego entre eles.
Como sempre de vento em popa!
Mãe – Rodrigo Leão
Desde que ando pela blogosfera, publico sempre as minhas escolhas musicais do ano, uma espécie de best-off do que considero que de melhor se fez na música nesse respectivo espaço de tempo. Por alturas de Outubro, pé ante pé, vou publicando as minhas escolhas e no fim, Dezembro, informo qual o melhor em Portugal e no Mundo. Uma escolha que nunca coincidiu. Desde Arcade Fire, passando por Sigur Rós ou The National, sem esquecer Deolinda, Rita Redshoes ou Lhasa e Lila Downs, as escolhas variam. Raramente a escolha é fácil. Excepcionalmente, em 2009, vou abrir as hostilidades um pouco mais cedo. A colheita deste ano é merecedora e o Aventar idem.
Para início de conversa, um forte candidato a Álbum nacional e Internacional do ano: “Mãe” de Rodrigo Leão.
O novo trabalho de Rodrigo Leão, “Mãe”, é absolutamente fantástico. Aliás, é mais uma obra-prima desta figura genial que esteve na génese de projectos tão diferentes e tão singulares como os Madredeus ou os Sétima Legião. Cada um, a seu tempo e na sua época, absolutamente marcantes. Por sua vez, a sua carreira a solo é fabulosa. A par de Yann Tirsen, Rodrigo Leão é hoje uma das grandes referências internacionais na moderna música europeia.
Aqui ficam alguns exemplos:
Este não é do “A Mãe” mas não me canso de ouvir:
Sem falar na “Ave Mundi”:
Hitler, Estaline e Saddam a cara da sida
Escândalo internacional gerado por um anúncio na luta contra a doença. Pode a cara da sida ser a cara de Hitler, Estaline e Saddam ?
A sida é um assassínio de massas, e a relação é evidente . Há quem considere que o anúncio estigmatiza as pessoas que sofrem da doença, mas a tentativa é chamar a atenção para o facto de que há cada vez mais pessoas a viverem com a doença e nada melhor que um choque e ter uma resposta tão forte da sociedade.
Estar na cama com Hitler, só a ideia, é realmente assustador !
A.23 Online
Descobri este A.23Online onde li uma entrevista de José Vilhena. Um espaço interessante e a não perder de vista. Já agora, com um excelente vídeo de uma magnífica música de Rodrigo Leão. Como agora coloco sempre um clip musical com as minhas postas, neste caso a escolha é óbvia:
3 Cantos: Sérgio Godinho, José Mário Branco e Fausto juntos
Já reservei os bilhetes. A 22 de Outubro em Lisboa e a 31 no Coliseu do Porto, um espectáculo único – Sérgio Godinho, José Mário Branco e Fausto. 3 Cantos. Os últimos cantautores portugueses estarão juntos em palco, pela primeira vez desde os anos quentes da Revolução, para preservar a memória de um certo Portugal. A memória de Abril, a memória de Zeca, a memória de uma música de intervenção que, a cada momento, tem mais razões para continuar a existir. Mesmo que 35 anos depois!
a night at the….
lápis azul – segunda versão: uma das melhores noites da cidade invicta, nos últimos tempos, são as quartas-feiras no CONTAGIARTE. porquê? porque é a noite da festa REGGAE. todavia, o objectivo desde «post» é dizer-vos, caríssimos, que hoje, hoje, vi «gunas», a sério, «gunas» a dançar marley e tosh. eh pá, se tu lá fores, consegues ver todas as noites brancos com rastras, erva a rodos, meninas da foz com vestidinhos dourados, metálicos todos a preceito, belezas africanas, todos a curtir a pátria do grande BOLT, mas «gunas» !? é de partir. há muitos sítios onde a noite portuense funciona, mas uma noite de quarta-feira no CONTAGIARTE vale sempre a pena, mesmo com «gunas». fumes charros, erva ou cigarros, bebas cerveja ou bebidas brancas. não é uma noite do estilo «porreiro pá!», é só uma noite do «porreiro». ZION TRAIN IS COMMING YOUR WAY ! Marley forever and a day!
ps: hoje que a minha argentina perdeu, com deus como treinador, tinha que sair, pá !
Contos proibidos: Memórias de um PS Desconhecido – A fundação do PS
(continuação daqui. explicação da iniciativa aqui. para ver todos os «posts», carregar na imagem da capa do livro na barra lateral)
Em Bad Munstereife compareceriam vinte e sete fundadores, dos quais onze residentes em Portugal. Mário Soares, Ramos da Costa e Liberto Cruz viviam em Paris.
Soares vivia desafogadamente, leccionando instituições portuguesas na Universidade de Vincennes e, sobretudo, enquanto consultor do Banco d’Outre Mer de Manuel Bullosa. Este emprego, que era a sua principal fonte de rendimento só seria revelado, pelo
próprio, em 1983. Jorge Campinos leccionava na Universidade de Poitiers e Francisco Ramos da Costa era considerado um homem abastado que vivia de rendimentos que tinha em Portugal. Manuel Tito de Morais e Gil Martins viviam em Roma. O primeiro
era financeiramente apoiado pelo Partido Socialista Italiano e o segundo estudava arquitectura. Fernando Loureiro era licenciado em medicina e vivia na Suíça, onde trabalhava para uma empresa farmacêutica. Bernardino Gomes vivia na Bélgica e estudava na Universidade Católica de Louvaina. De Londres vinham José Neves que era funcionário de uma empresa de equipamentos de escritório e Seruca Salgado que tinha participado, enquanto militante da LUAR, na tentativa de golpe de Beja refugiando-
-se primeiro em Argel. Da Alemanha vinham Gomes Pereira, que lá trabalhava como metalúrgico, assim como Lucas do Ó, Carlos Novo e Carlos Queixinhas. De Portugal estariam presentes os advogados Catanho de Menezes, Gustavo Soromenho, Fernando
Vale, Fernando Borges e António Arnaut. Arons de Carvalho, Nuno Godinho de Matos e Roque Lino eram licenciados em direito e Maia Cadete, Mário Mesquita e Carlos Carvalho eram jornalistas. A única mulher presente seria Maria Barroso que, na Alemanha,
representaria essencialmente o grande ausente, Francisco Salgado Zenha. Também outros, à data reconhecidamente ligados à fundação do Partido Socialista, não estariam presentes pelas mais variadas razões.
Áurea Rego que vivia em Londres e muito fez para dinamizar o núcleo de Londres, Raul Rego, António Macedo, JaimeGama,
António Campos, José Luís Nunes, Magalhães Godinho e Vasco da Gama Fernandes, são alguns dos ausentes de maior relevo.
Em qualquer dos casos o Partido que fundámos na Alemanha, no dia 19 de Abril de1973, não teria mais de cinquenta filiados em todo o mundo.
E a polémica que viria à luz, aquando das celebrações do vigésimo aniversário da fundação, sobre quem votara a favor e quem era contra a transformação da ASP em partido é realmente pouco relevante. E apesar do meritório esforço jornalístico de Mário Mesquita, nem a fundação do PS teria a «benção»de Willy Brandt nem os que votaram contra a fundação do PS, como foi o caso de Salgado Zenha, através de Maria Barroso, e do próprio Mário Mesquita, o fizeram por razões doutrinárias. Willy Brandt não esteve presente nem enviou qualquer mensagem a este congresso fundador e os únicos representantes do SPD seriam a funcionária da fundação Ebert para as questões ibéricas, Elke Esterse, no último dia, o secretário internacional Hans Eberhard Dingels que é igualmente funcionário e não pertence aos quadros dirigentes daquele partido.
O SPD não acreditava então, nem na viabilidade do Partido Socialista enquanto partido de massas, nem na queda do regime. As razões que levariam sete congressistas a votar contra explicam-se em alguns casos pelo receio das consequências de tal acto, noutros casos porque também havia quem achasse que para se ser um partido político era necessário ter mais que meia centena de dirigentes.
Havia ainda os que viam na fundação do PS uma manobra apressada e camuflada de Mário Soares para poder negociar com o PCP o acordo que viria, aliás, a assinar cinco meses depois, sem mandato das «exíguas» bases.
continua aqui
25 Guitarras de Aço (2)
pressupõe-se, erradamente, que um grande guitarrista é essencialmente um solista. uns valentes vinte e cinco anos atrás, numa conversa de comboio, dizia-me o alexandre soares (fundador, primeiro vocalista e guitarrista dos GNR) qualquer coisa como isto: «eh pá, um gajo começa por querer aprender uns acordes para sacar as músicas das bandas que gostamos, depois, com alguma técnica, sacámos mais ou menos os solos e passado alguns anos pensámos que até já somos alguém e temos o nosso som, mas, merda, o que todos nós gostaríamos de ser é como o johnny marr!» Johnny Marr não aparece citado no artigo a que me referi no «post» passado. percebe-se muito bem porquê. está fora do mundo dos grandes solistas. é, aliás, ainda um muito maior escândalo que ninguém refira na citada «classic rock», por exemplo, lou reed. adiante. na primeira metade dos 80’s, em pleno pós-punk – o que na altura ficou conhecido em portugal como som da frente, termo forjado pelo grande antónio sérgio no programa anónimo – as três grandes bandas de culto eram, como toda a velhada sabe, the cure, the smiths e U2. claro que também por cá andavam na boca e ouvidos de todos os the sound, os felt ou os echo and the bunnyman. se nos the cure, robert smith assumiu a banda sózinho, nos U2 e nos the smiths constituiam-se duplas na boa tradição da pop – bono e the edge, morrissey e johnny marr. mais do que os irlandeses, os de manchester foram vistos na altura como os «lennon-mccartney» do seu tempo. foram-no? pensamos que sim. a vida dos the smiths foi curta – entre 82 e 87 – mas a sua obra discográfica é magistral: «the smiths» 1984, «meat is murder» 1985, «the queen is dead» 1986 e «strangeways, here we come» 1987 são os longa-duração da banda. morrissey tentou reeditar a dupla com vini reilly em «viva hate» mas não o conseguiu. por outro lado, a carreira de johnny marr, pós-the smiths, é, no mínimo, errática, mesmo contando com os electronic.
uma das caraterísticas de guitarristas na linha de Johnny Marr é o facto de serem essencialmente grandes músicos de estúdio, muito dados ao meticuloso trabalho na composição e produção musical. é ainda hoje um mistério como as revistas especializadas em guitarras de aço se esquecem dele. mas, como dissemos anteriormente, não é exemplo único. as rendinhadas melodias, a finura harmoniosa mas ao mesmo tempo selvática da sua guitarra transformou a sonoridade dos smiths em algo identificável em qualquer parte do mundo. ouvem-se os primeiros acordes e sabemos logo o que é. Marr tem um estilo compositivo muito unitário embora no último longa duração da banda tente uma abordagem mais vasta. de todas as maneiras, para os mais fanáticos, «strangeways, here we come» não conta muito para a história, pese embora canções como «death of a disco dancer» ou «girlfriend in a coma». bastou meia década para que johnny marr – e morrissey – modificassem a pop. para melhor, claro. muita gente tentou seguir o caminho traçado por marr/morrissey, dos james aos stone roses, mas nunca lá ninguém chegou. mas ouve alguém, e falámos em termos técnico-compositivos, que lá esteve perto – Lawrence e os seus Felt. vejam-se, a título de exemplo, as guitarras do belo e instrumental «let the snakes crinkle their heads to death» 1986.
ps: a quem interesse, ainda se encontra à venda a edição limitada a 10.000 exemplares de «the smiths. singles box» 2009 que reúne os primeiros dez singles com as capas originais e alguns bónus. uma está disponível na fnac porto santa catarina. vale os trinta e tal euros todos e mais alguns.
Comentários Recentes