O debate Jerónimo de Sousa – Manuela Ferreira Leite. Raios te partam, camarada Jerónimo!

E pronto. Terminou a participação de Jerónimo de Sousa nos debates das Legislativas. Nem com o impulso dado pela Festa do Avante; nem com o Red Bull; nem com uma divorciada jeitosa à sua frente. Jerónimo de Sousa nunca arribou e foi sempre do mais sensaborão e entediante que se possa imaginar.
Hoje também. Falou-se de política e falou-se de economia. As regras foram cumpridas, como são sempre que o primeiro-ministro não está presente. As diferenças ideológicas ficaram bem vincadas, mas Jerónimo devia ter respondido quando Manuela Ferreira Leite, demagogicamente, disse que os impostos sobre as empresas já estavam muito altos, esquecendo que era dos Bancos que se falava, e que os Bancos continuam a pagar menos impostos do que as Pequenas e Médias Empresas.
Raios te partam, camarada Jerónimo. O que te vale é, mesmo depois das tuas tristes prestações, vou continuar a votar em ti.

9 fora

CAPA 330.aiAté tinha vindo de pizza, fresca e à medida, para casa onde me esperava a meia final de uma Casa do Arrabalde, alvarinho arintado branco e no fresco, mas durante 90 + 10 minutos mal olhei, bem virado para ela, para a televisão que até é nova e grande, mais entretido com um velho tetris (perdi o link).

Estavam uns gajos de vermelho e branco a jogar com uns de branco e vermelho, sei que quem marcou foi o Pepe, e que a luta continua.

Não sou muito daltónico, mas só um guarda redes era do Braga. Fiz uma pontuação razoável, nível 7, para quem não tem ido aos treinos.

Também é verdade que já tinha visto esta do 24h, e sossegara. Com a Virgem do Scolari, um gajo experimenta tetris à vontade. Já agora, Pepe, marca mais golos mas no fim fica rouco. Áfono. Andas a falar como se o Futre tivesse jogado no Belo Horizonte. Foi quando acordei.

O eduquês à moda de Maria de Lurdes Rodrigues (I)

Como já disse aqui, neste ano lectivo fiquei colocado perto de casa. Com o fim dos QZP, estava preocupado porque não tinha conseguido tornar-me QE. Ou melhor, QA, como agora se diz. Bem bom, acabei por ficar colocado via DACL (não por DCE ou DAR, não venham já com a treta dos privilégios)!
Pior ficou uma amiga, CN há 10 anos, que teve de se contentar com os EPE, como acabei de ver na DGRHE. Mas compreende-se, não tem PF, apenas PP, e, por incrível que pareça, só tem habilitações do nível BFC. Já o namorado dela, por ser FIN, nem sequer pôde concorrer.
Mal entrei na escola, dirigi-me ao PCE, que me deu uma cópia do RI e me esclareceu, para eu ficar descansado, que esta escola não é um TEIP. O que não quer dizer nada, claro está… Disse-me também que fazem parte do Agrupamento, para além desta Escola, um JI, uma EBI e várias EB1, onde se leccionam as AEC.
Recebi também o meu horário. Felizmente, não vou ter nenhuma turma de CEF. Para além das turmas regulares, vou dar assistência ao GABAPAL e à BE, para além, claro, das inevitáveis AS.
Nesse mesmo dia, tive a minha primeira reunião de DCSH. Por ser SC de Grupo, vou ter algum trabalho burocrático, no qual se inclui a elaboração do PCG. Esteve presente um colega das Ciências, que nos falou da importância do PTE.
Nada que se compare, no entanto, ao trabalho que vou ter como DT.
Aliás, no CT que dirigi, e que se realizou no dia seguinte, deparei-me com a dura realidade: fazer o PCT, organizar o PEI (antigo PIA), fazer a interligação com o SPO e com o CPCJ, escolher os temas gerais das ACND (AP, FC e EA) e ainda motivar os alunos para o PNL, para o PAM e para o PES. Ufa! Felizmente, vou ter a colaboração dos restantes elementos do CT e dos EE.
Ainda por cima, tenho de falar com as professoras do EE por causa dos alunos NEE e tenho de encaminhar alguns deles para a ASE.
Depois disto tudo, bem podem vir com os OI, com a AA e com a palhaçada da ADD. Não mexo uma palha. Porque do que eu precisava mesmo era de uma LSV!
Agora vou embora que ainda tenho um PAA para acabar. Felizmente, o PPA já está feito. Amanhã, há reunião do CP, mas felizmente não faço parte desse órgão. Em contrapartida, terei de estar presente numa reunião do H1N1, em que durante três horas me vão ensinar a lavar as mãos.

Hungria – Portugal, ou a escola do FC do Porto a funcionar em pleno

Cruzamento de Deco, golo de Pepe e aí está Portugal ainda na corrida para o Mundial da África do Sul. Com um Raul Meireles raçudo como sempre no meio-campo e um Bruno Alves imperial na defesa, só se pode concluir que a escola do FC do Porto continua a funcionar em pleno. À frente, um Liedson lutador e, em relação ao dito melhor jogador do mundo, a miséria do costume.
Quem não quer ver é… como direi sem ferir susceptibilidades? – faccioso…

QUANTA DIFICULDADE, MAS LÁ ACABAMOS POR GANHAR

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E, GOLOS, SÓ DOS BRASILEIROS, PERDÃO, PORTUGUESES
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Difícil, muito difícil, mas lá acabamos por ganhar. Mas foi preciso que, logo no início do jogo, Deco marcasse o livre e Pepe marcasse o golo. Já o golo do jogo anterior foi de Liedson. Todos Portugueses naturalizados. Que se há-de fazer? Não se pode mudar nada, não é?
Ganhar, ganhar, só com Malta, Albâbia e Hungria. Todas grandes potências do futebol mundial. Todos jogos fora. E os que nos faltam, são em casa, onde nunca ganhamos nesta fase. Faltam de novo a Hungria e Malta. Será que conseguiremos vencer?
A Hungria passou o tempo quase todo a defender, é verdade, e mesmo assim iam marcando mais de uma vez nos minutos finais, e nós continuamos a só atacar e a não finalizar, sofrendo a bom sofrer até ao fim do jogo. E o tal senhor que é o melhor do mundo, de quem eu já disse noutra altura que não gostava, continua a só marcar no campeonato Inglês ou Espanhol.
Deve ser culpa minha, o não gostar destas coisas assim, já que os jogadores são dos melhores que há, e o treinador, o melhor é nem falar.
Hungria – 0, Portugal – 1. Nós somos mesmo bons, carago!

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JM
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Ainda o iberismo (I)


Tinha prometido não voltar a este tema, pois dizem que falar muito dos fantasmas lhes pode dar entidade corpórea. Contudo, uma sondagem que para aí circulou no princípio de Agosto, aqui referida pelo Luís Moreira num post de 5 desse mês, constitui um desafio e uma tentação. E, tal como acontecia com o Oscar Wilde, eu resisto a tudo menos às tentações. Ainda por outro lado, gostaria de comentar dois comentários que me chegaram do interior do estado espanhol – um do meu querido amigo Josep Vidal, de Barcelona, e outro de um leitor galego.
Houve uma sondagem, feita há três anos pelo Expresso, que indicava que 27% de portugueses estavam dispostos a uma união com o estado espanhol. Neste estudo, mais recente, o da Universidade de Salamanca, a percentagem subiu para 40%. Alarmante? Acho que não. Começo por não acreditar na isenção desta sondagem (nem na da anterior) É um estudo mais do que suspeito. A Universidade entrevistou 876 pessoas em Portugal e em Espanha, nos meses de Abril e Maio. Que pessoas? Quantos portugueses, quantos espanhóis? Em que regiões de ambos os territórios? A que estratos sociais e a que faixas etárias pertenciam os entrevistados? Todos sabemos que é na composição do universo seleccionado previamente que os resultados das sondagens se manipulam.
Curioso é que o trabalho tenha sido feito pela Universidade onde o grande intelectual Miguel de Unamuno foi reitor e onde os falangistas, gritando «Viva la muerte!», em 1937, o levaram a uma histórica intervenção e a morrer de angústia pouco depois. Pelos vistos, o espírito do velho mestre, um iberista e não um anexionista, já não paira pelos claustros da vetusta instituição salmantina – quem encomendou a tal sondagem – uma coisa chamada Barómetro de Opinião Hispano-Luso – pagou e hoje em dia tudo se compra e vende; pelos vistos, até mesmo a honorabilidade de universidades centenárias.
Não acredito na isenção desta sondagem, tampouco creio na da anterior, mas acredito ainda menos na «coincidência» da reiterada insistência com que este tema vem sendo abordado – as sondagens, as declarações de Saramago, as de Arturo Pérez-Reverte, a afirmação de «iberista confesso» feita pelo ministro Mário Lino em Santiago de Compostela, a entrevista de Ricardo Salgado, do Banco Espírito Santo ao Público, para não falar no clamor, que sobre este tema, vai pela blogosfera, faz que eu não acredite em «inocências» e muito menos em «coincidências». Pensar que tudo isto obedece a uma orquestração seria alinhar na desacreditada «teoria da conspiração»?
Creio que não seria, porque não faz sentido chamar «conspiração» a uma tentativa canhestra de criar um movimento de opinião favorável à união, ou seja, à absorção de Portugal pelo estado espanhol. Tentativa falhada ou falsa partida, pelo menos para já. Ao contrário do que diz a locutora espanhola no vídeo, em Portugal o assunto só não morreu porque não chegou a nascer.
Nas tais declarações de finais de Julho passado de Ricardo Salgado, líder do Banco Espírito Santo, ao Público, vem defender o TGV «como forma de acelerar a construção da Ibéria». A Ibéria está construída – é um conjunto de países que deveriam ser todos independentes. E se assim fosse, espanhóis (designemos deste modo os castelhanos e os seus colonizados mais submissos, os andaluzes, por exemplo), bascos, catalães, galegos e portugueses, poderiam talvez pensar numa federação de Repúblicas, unindo-se para o que fosse comum e continuando autónomos para o que não é susceptível de ser amalgamado – a língua, a cultura, a história… Mas a esperança do homem do BES nada tem a ver com iberismo – acha é que o seu banco teria uma expansão maior se estivéssemos integrados num espaço comum com as regiões ricas de Espanha – Madrid e Catalunha.
Em entrevista ao Diário de Notícias, em Julho de 2007, José Saramago defendia a mesma coisa: «Não vale a pena armar-me em profeta, mas acho que acabaremos por integrar-nos», acrescentando que não seria uma integração cultural e dando o exemplo da Catalunha: «A Catalunha tem a sua própria cultura, que é ao mesmo tempo comum ao resto de Espanha, tal como a dos bascos e a galega, nós não nos converteríamos em espanhóis.» Porém, mais adiante, desdiz-se, quando o jornalista pergunta se Portugal seria mais uma província de Espanha e Saramago responde: «Seria isso. Já temos a Andaluzia, a Catalunha, o País Basco, a Galiza, Castilla-La Mancha e tínhamos Portugal. Provavelmente (Espanha) teria de mudar de nome e passar a chamar-se Ibéria.» O escritor defende, pois, a anexação, o desaparecimento de Portugal no meio das regiões autónomas. É uma «ideia absurda» – Cavaco disse algo com que concordo – e aventá-la é fazer o jogo de quem nos quer absorver e de quem quer ser absorvido.
Há tempos, Mário Soares, posto perante a questão, assegurou que o papão da perda da independência já teria passado à história, achando mesmo que podemos com base neste «espaço integrado ibérico, fazer trampolim para termos uma influência efectiva na Europa». Pela mesma altura, Joana Amaral Dias, na época assessora da campanha de Soares, opinava que neste projecto de união se podia ver os sinais de «um novo internacionalismo». Claro que a Joana não deve fazer ideia do que é o internacionalismo – pode estar certa de que um país perder a sua soberania a favor de outro estado, nada tem a ver com tal conceito. Provavelmente a exclusão da Joana Amaral Dias das listas do BE terá também a ver com a sua sede de protagonismo e com a sua incapacidade para ficar calada mesmo quando se trata de temas que não domina (como nota à margem, diga-se que é verdadeiramente espantosa, num partido que se reivindica do Socialismo, a tendência para escolher figuras mediáticas, mesmo que fúteis como a Joana – que o Bloco recusou – ou indo a extremos ridículos, como a escolha para «mandatária para a juventude» de Carolina Patrocínio: é bonitinha – não tão bela como se supõe – mas intelectualmente medíocre e de um burguesismo de caricatura – uma Lili Caneças adolescente. Como é possível? O que tem esta gente a ver com o Socialismo?).
No plano da comunicação, vemos envolvidos nesta campanha de tentativa de intoxicação da opinião pública portuguesa, além do El País e dos já referidos semanário e diário portugueses, outros órgãos ditos de informação onde o capital espanhol tem um peso significativo, como é o caso da TVI e da Rádio Comercial, ambos da Prisa – Media Capital. Mas a própria RTP, a estação de serviço público, sustentada com o dinheiro dos nossos impostos, dá uma mãozinha – remeto-vos para um texto que aqui publiquei há semanas atrás sobre «Tele-política». Já em Dezembro de 2006 a RTP dedicara um largo espaço informativo à ideia da criação da «eurociudad» Elvas-Badajoz.
Como dizia Francisco Martins Rodrigues no seu texto «Ibéria», publicado no livro «A Galiza do Século XXI – Ensaio para a Revoluçon Galega», 2007, é uma campanha «promovida a partir de cima». Com a clareza de linguagem que o caracterizava, Francisco Martins Rodrigues, afirmava que «a Espanha se tornou em poucos anos a potência colonizadora de Portugal em termos económicos.» E que, embora os governos falem de um «saudável intercâmbio de investimentos», «a dimensão dos grandes grupos espanhóis cilindra autenticamente quaisquer veleidades do capital português». E cita os grupos que são «o rosto de uma autêntica invasão de capitais» – Santander, Iberdrola, Repsol, Prisa, Zara… Pro
vo
cando, segundo Martins Rodrigues, uma subversão do tecido capitalista tradicional.
Lucidamente, como sempre, denunciava, há dois anos, aquilo que agora se tornou muito claro – a tal campanha promovida a partir de cima quando, em 2004, o director do semanário Expresso e o banqueiro José Manuel de Mello levantaram a dúvida se Portugal, dada a fragilidade da sua economia, tinha viabilidade como nação. E perguntavam – «porque não dividir o país em duas ou três regiões e incorporá-lo no estado espanhol». Creio que é isto que em linguagem de mercearia se chama «vender a retalho» (embora à luz do Código Penal tenha um nome mais dramático…). O texto do Expresso foi mal acolhido e os promotores da «ideia» meteram (provisoriamente) a viola no saco.
Agora aparece este estudo, oriundo de um tal Barómetro de Opinião Hispano-Lusa 2009 e realizado pela Universidade de Salamanca. A ideia da jangada de pedra, lançada há vinte e três anos por Saramago e que pareceu uma inocente parábola literária, era afinal na cabeça do escritor um projecto político que na entrevista de há dois anos ao Diário de Notícias aparece definido com palavras claras. Como parábola literária era interessante, pois salientava a singularidade das gentes desta ocidental península europeia; porém, como projecto político é surpreendentemente disparatado e insensato. Então o José Saramago, em nome de um «bom senso» que lhe deve ter sido incutido pela Pilar, manda às urtigas quase nove séculos de História, a cultura a língua? Ainda por cima, numa altura em que a jangada aqui ao lado está a meter água.

«Posts» históricos da blogosfera: Heresia – Por uma vez Bagão teve razão

«post» anterior aqui)

Escreveu-se no 100nada: «Os benefícios fiscais dos planos de poupança habitação e poupança reforma vão sofrer uma redução ou mesmo desaparecer. O Ministro arranjou uma forma rápida de conseguir uma receita maior. Rápida e de curto prazo. Com a desculpa de maior igualdade e outras palermices, penaliza a classe média que já paga os seus impostos e que não vê resultados práticos da aplicação eficiente desses recursos.»

Não posso concordar e todos aqui imaginam que me custa apoiar Bagão Félix. Mas o fim de muitos dos benefícios fiscais é mais do que justo. Por três razões:

1. Só pode beneficiar deles quem tem mais dinheiro para gastar (serão muito raros os contribuintes que, recebendo 800 ou 900 euros mensais, desviem os seus parcos recursos para um PPR). Bem sei que estão nos escalões mínimos, mas nem por isso deixam de estar incluídos no sistema e descontar para ele. Mais: só chega ao tecto máximo de deduções quem gasta mais. Só gasta mais quem tem mais. Os benefícios fiscais, favorecendo a classe média, põem a classe baixa a “contribuir” para as despesas de quem ganha mais. É uma distorção da justiça fiscal, que passa pela regra inversa: os que ganham mais ajudam os ganham menos. Os benefícios fiscais a investimentos em poupança em produtos fornecidos para os privados correspondem ao desvio de fundos públicos para o privado, prejudicando quem não usa (porque não tem margem para usar) os serviços privados. Quem se pode justamente queixar de pagar serviços públicos (taxas de saúde, propinas, etc), dizendo que assim se trata de uma dupla tributação, se depois quer que o Estado lhe pague os serviços privados?

2. Só beneficia de um planeamento fiscal complexo, como a enorme quantidade de complicados benefícios fiscais, o que exige um enorme conhecimento da lei, quem tem acesso a um contabilista ou advogado, o que, manifestamente, só acontece com quem mais tem. O sistema fiscal deve ser simples para os seus benefícios serem aproveitados por todos.

3. Os benefícios fiscais tornam a fiscalização mais complexa, desviando os esforços da máquina fiscal para uma fiscalização de minudências e não se concentrando no combate à fraude fiscal. A multiplicação de benefícios fiscais favorece a fraude fiscal.

Aceito que haja vantagens macroeconómicas no combate à inflação através promoção da poupança. Mas não me parece que esta vantagem valha a distorção da justiça fiscal.

No entanto, têm de me desculpar a desconfiança: ainda quero ver até onde chega esta proposta de Bagão Félix depois da reacção dos bancos. E quero saber se há algo de mais substancial para apresentar. Se Bagão aproveita a oportunidade para mexer nos inúmeros benefícios fiscais dados à banca e outras actividades não produtivas. Sou contra privilégios para a classe média (onde me incluo), mas estes estão longe de ser os mais escandalosos ou relevantes. As situações mais vergonhosas estão noutro lado e nessas, estou seguro, Bagão não tocará.

Daniel Oliveira, no Barnabé, 17 de Setembro de 2004

Daniel Oliveira, que hoje escreve no Arrastão, referia-se desta forma ao fim dos benefícios fiscais dos PPR, decisão tomada em 2004 pelo ministro Bagão Félix (Governo Santana Lopes). Tema interessante, sobretudo no momento em que José Sócrates critica o programa do Bloco de Esquerda relativamente ao fim dos benefícios fiscais dos PPR. Ou quando Bagão Félix, como refere Daniel Oliveira, esteve à Esquerda de José Sócrates.

José Paulo Serralheiro

Foi o melhor educador que tenho conhecido. Um sindicalista duro para a luta pelos seus. Foi valente, nem dormia para escrever e, especialmente para ensinar ou orientar aos seus colegas do Sindicato dos Professores do Norte.

Publicou um texto meu cada mês, lhe pareceu bem, e um livro. Fez de mim um escritor.

Mas, isso não interessa.  

Foi um homem fiel a sua mulher, aos seus filhos e a sua causa. E aos seus amigos.

É com sentimento que escrevo estas letras, com uma lágrima que escorrega pelo olho. Mas ele não merece isso.

Merece ser denominado, como digo em outro texto que acompanha este: José Paulo Serralheiro foi o melhor educador que tenho conhecido. O melhor pedagogo e muito Senhor.

Escrevo estas letras um minuto após saber o seu falecimento, para o meu amigo fraterno.

Raul Iturra
Professor Catedrático do ISCTE-IUL
Membro do Senado da U de Cambridge, UK
Parede, Conselho de Cascais, 7-09-09

Coligação PS à esquerda – Coligação PSD à direita

É o que está no horizonte. Salvo se  o PR forçar uma coligação ao centro à volta dos grandes problemas nacionais.

O PS terá que modificar muito do seu programa para chegar a acordo com o BE já que com o PCP é virtualmente ímpossível, a não ser apoios ocasionais no Parlamento.

Pode ter que deixar cair os Megainvestimentos e dar prioridade aos investimentos de proximidade e apostar decididamente nas PMEs e nos bens e serviços transaccionáveis e exportáveis. Avançar com os “clusteres” há muito considerados vantajosos para o país e apoiar o desenvolvimento de tecnologia média e avançada, inovadora.

Esta política é um engulho para o PS de Sócrates, este acha que a verdadeira governação se faz ao nível dos grandes grupos económicos, dos grandes investimentos, das grandes empresas públicas. Esta visão é que estes investimentos arrastam as PMEs e o emprego, mas é tambem a política que tem sido sucessivamente seguida, por ciclos de mais ou menos dez anos, sem resultados visíveis.

Claro que o país tem autoestradas e outras infraestruturas mas não tem sustentabilidade económica, o país após os grandes subsídios vindos da UE, não consegue criar riqueza. E a primeira autoestrada compreende-se que facilite a criação de riqueza e a mobilidade de pessoas e bens, as outras a seguir têm um impacto muito menor na economia, como é óbvio.

À direita o PSD não terá dificuldade em juntar-se ao CDS e em retirar o Estado de grande parte da economia, em potenciar o mercado e o tecido empresarial. Não tem vida fácil pois não poderá mexer no Estado Social, mas poderá tornar mais dificil o acesso ao SNS e fomentar a complementridade dos privados na saúde. Vai, concerteza, negociar com os professores, mas não terá espaço para deixar cair a avaliação (grande parte da população concorda com esta medida) e vai criar condições para que a Escola Pública ganhe autonomia.

O SNS tenderá para não ser gratuíto para uma parte dos portugueses e as proprinas ou outras benesses dos alunos cairão aos poucos. Estas medidas serão acompanhadas por pontuais baixas de impostos e por uma fiscalidade mais fácil, talvez no IRC para incentivar o investimento e no IVA para incentivar o consumo.

Como se vê o caminho é cada vez mais estreito e a dívida externa está aí como um cutelo sobre as nossas cabeças, é o que todos os políticos mais temem, e é exactamente por isso que não falam dela.

Como seria com mais empréstimos a taxas cada vez mais altas para financiar os megainvestimentos?

A Era dos Estúpidos

Estreia na América, no dia 21 de Setembro, um filme de nome “The Age of Stupid“, alertando para os efeitos catastróficos das mudanças climáticas. Em Portugal, a estreia está marcada para 22 de Setembro, o que para os nossos governantes encartados tão dependentes de dados estatísticos provenientes do exterior, quer dizer que estamos atrasados em apenas 1 ponto percentual face ao desenvolvimento dos Estados Unidos. Cá, provavelmente, o nome do filme será traduzido para “A Era da Mudança”, pois, mantendo o nome original, pode ofender alguns estúpidos.

Numa altura em que se discute se somos uma sociedade mais justa e solidária que há 100 ou 200 anos atrás, se somos assim tão desenvolvidos e modernos ou se o comunismo ou o neo-liberalismo são a solução mágica para a vida em sociedade, um facto é inegável: vivemos numa era instável em termos ambientais. Eu pessoalmente até acho que caminhamos para um mundo cada vez mais injusto, desequilibrado, hipócrita e paranóico, e tenho quase a certeza disso, veremos o quanto em Dezembro na reunião do COP15, em Copenhaga. Mas isso é a minha opinião e isso vale o que vale. O que é um facto indesmentível e inabalável é que vivemos actualmente num mundo que está à beira de um colapso ecológico. E ainda por cima, causado pelo próprio Homem, que, ao que parece, não está muito inclinado em mudar de rumo.

09/09/09

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RONALDO E COMPANHIA
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Não gosto do Ronportugal1aldo, o número nove (ou sete) que não marca golos. Não gosto do sr Madaíl. Não gosto do treinador de segunda categoria que temos. Não gosto da ideia de naturalizar jogadores para os metermos na nossa selecção, mesmo que sejam eles a marcar os golos de que necessitamos.

Caramba, até parece que não gosto de nada, mas não é verdade. Gosto da verdade desportiva, e gosto de ganhar. Ainda mais quando sei que temos dos melhores jogadores do mundo.
Hoje é o dia de todos os noves, mesmo que na melhor das hipóteses só sirvam se outros falharem onde não é suposto. O sr Queiróz, não quer ser quase, mas na verdade é quase nada.
O jogo de hoje, é mesmo só para encher calendário.

Ninguém no seu perfeito juízo acredita que consigamos o apuramento. Seria preciso vencer os três jogos que faltam e esperar que a Suécia claudicasse, e ainda que não fossemos o pior segundo, o que é tarefa quase impossível. E também porque se o conseguíssemos, e lá continuássemos a ser produtivos como até aqui temos sido, iria ser uma vergonha e o melhor teria sido não irmos lá.
De qualquer forma o meu desejo é que saiamos de cabeça erguida, fazendo bons jogos e conseguindo fazer valer as nossas figuras de topo.

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JM
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O mundo está mesmo diferente

Uma campanha de prevenção da SIDA mostra Hitler em ousadas cenas sexuais. Grande escândalo, polémica por todo o lado e toda a gente fala disso. Mas não é esse o objectivo de uma campanha de propaganda? Eu imagino o que aconteceria, se fosse hoje que se fizesse um desenho animado em que o Pato Donald aparece como um nazi!

Nos últimos 14 anos o PS está há 11 no governo

Não esqueçam, não deixem esquecer, não deixem que o PS fuja às suas responsabilidades.

Este país pelas mãos do PS empobreceu, não renovou o tecido empresarial, tornou-o mais injusto, continua a haver 2 milhões de pobres! É tempo de dizer basta!

Após todos estes anos o que tem o PS a oferecer se já teve todas as condições para modernizar este país? O que pode fazer para além do que está à vista de todos? Os negócios com as grandes empresas públicas, a OPA da Sonae, a venda da Galp, a tomada do BCP, do BNP e do BPP, os negócios finos da CGD, os contentores da Liscont, o “take over” da frente ribeirinha de Lisboa, a compra e venda da TVI, as dezenas de empresas penduradas na CGD…

E a criação de riqueza, as exportações, a atração do investimento privado, o desenvolvimento de uma Justiça e de uma administração amiga do investimento e da economia? Sempre abaixo das necessidades e nunca como prioridade. Dá trabalho, é preciso determinação, é mais fácil aumentar os impostos a níveis dos mais elevados da UE!

Não esqueçam, não deixe esquecer, não deixe que o PS fuja às suas responsabilidades!

Sobre benefícios fiscais é sempre bom ouvir um doutor de Coimbra

Luiz Carvalho, Derrota do PS, 2009

Luiz Carvalho, Derrota do PS nas europeias, 2009

O problema com as deduções em IRS é que deixa de fora dos benefícios justamente os mais pobres, ou seja, os que nem sequer têm rendimento suficiente para pagar IRS. É por isso que os subsídios directos são mais eficazes, mais abrangentes e mais equitativos.

Vital Moreira, 10 de Julho de 2008

Para reduzir o défice das contas públicas

2ª medida: eliminar, ou reduzir drasticamente, as deduções fiscais para despesas de educação e de saúde, salvo nos casos em que os correspondentes sistemas públicos não proporcionam os respectivos serviços em condições aceitáveis. Na verdade, não faz sentido que, havendo serviços públicos de educação e de saúde gratuitos, pagos pelo orçamento do Estado, aqueles que preferem serviços privados sejam beneficiados com o desconto dessas despesas para efeitos de dedução fiscal (com limites bastante generosos), o que se traduz numa considerável “despesa fiscal”.

Ainda por cima, trata-se em geral dos titulares de rendimentos acima da média, não poucas vezes caracterizados por uma elevada evasão fiscal (industriais e comerciantes, gestores, profissionais liberais, etc.). Duplo privilégio, portanto.

Vital Moreira, 22 de Abril de 2006

Os benefícios fiscais à poupança no IRS têm três efeitos negativos: tornam o sistema fiscal mais complexo e mais difícil de fiscalizar, têm elevados custos fiscais (redução da receita) e favorecem os titulares de mais altos rendimentos, que são quem mais deles aproveita, diminuindo a progressividade real do imposto.

Vital Moreira, 10 de Setembro de 2005

25 Guitarras de Aço

Funkadelic_free_your_mind_go último número de Classic Rock apresenta-nos o especial «os melhores 100 guitarristas de todos os tempos escolhidos pelos melhores 100 guitarristas vivos». os critérios são unicamente pessoais. algumas das escolhas são previsíveis. steve rothery (marillion) prefere david gilmour (pink floyd), jimmy page (led zeppelin) escolheu jack white (white stripes, raconteurs e dead weather) e david gilmour escolheu jeff beck (john mayall bluesbrakers, yardbyrds, jeff beck group).  algumas supresas. a fraude mark knopfler, muito apreciado nos 80’s, não está lá. poucos são os guitarristas dos 90’s citados, apesar de aparecer o inevitavelmente discutível slash (guns and roses) citado por jonnhy rocker (heaven’s basement). supresa das supresas: john  frusciante (red hot chili peppers) escolheu o grande vini reilly (durutti column), vá-se lá saber porquê. o inenarrável joe satriani – o menos original guitarrista de todos os tempos – escolheu o mais inultrapassável, jimi hendrix. já agora, para que se saiba, o seu discípulo igualmente mau, steve vai, escolheu brain may (queen). os fans da «suposta» maior banda do mundo – metallica – ficaram a saber que james hetfield prefere tony iommi (black sabbath). tinha que ser. no que nos diz respeito, robert fripp (king crimson, the league of crafty guitarrists) – técnica e criativamente – foi eleito pelo «ex-floydiano» e actualmente um dos maiores guitarristas e produtores do mundo, steven wilson (porcupine tree), que estará em novembro em portugal para concertos em lisboa e porto.

25 guitarras de aço: aleatoriamente, comecemos por George Clinton, guitarrista e fundador dos The Parliaments e dos Funkadelic. Hendrix e Clapton (o dos Cream, claro está) foram as suas maiores influências técnicas. psicadelismo, rock, soul, blues negro e british blues em misturas experimentalistas suportadas por mais de uma dezena de músicos. o funk  dos 70’s começou aqui. valerá apenas referir «maggot brain» 1971 e «free your mind and you ass will follow» 1970 dos Funkadelic para o provar. black soul.  let’s funk, man!