O SAP de Valença -2

O meu texto de ontem ” O SAP de Valença” despertou muita curiosidade e muitos comentários que agradeço. Respondi a alguns, mas valerá a pena voltar ao problema de fundo. Há a possibilidade de termos cuidados médicos próximos? Qual é a melhor forma de o fazer já que é impossível existirem em todos os lugares onde viva gente?

Hoje as comunicações via telefone, fax, telemedicina permitem que muitas das situações possam ser diagnosticadas e tratadas à distância, ou prestar os primeiros socorros , estabilizar o doente e seguir para o lugar certo. O lugar certo é o lugar indicado para onde o doente deve ser encaminhado segundo a sua doença. O lugar onde estão reunidos os meios humanos e ténicos para prestar a melhor assistência. Ora, não é certo ( e não estou contente por ser assim) que o lugar certo seja o lugar mais perto.

Por exemplo, estudos revelam que num acidente, se os socorros chegarem nos primeiros 15 minutos, é possível salvar 80% dos acidentados. E este socorro, por exemplo nas estradas, deve ser prestado por ambulâncias e hélios devidamente equipados que estabilizam o doente e que o canalizam para o hospital mais capaz de lhe prestar assistência adequada que, na mais das vezes, não é o que está mais perto.

A existência de um SAP pode significar uma grande segurança psicológica mas não garante a assistência necessária. Não, porque não é possível ter em todos os lugares pessoal médico , de enfermagem e equipamento que garantam a assistência adequada. É muito mais realista ter transportes com apoio à vida e com pessoal devidamente formado que rapidamente presta os primeiros socorros e acede ao hospital, do que estar a pensar que tem ali à mão um serviço com todos esses meios. Não tem e não é posssível tê-los!

Compreendo que as pessoas se revoltem por ver uma e outra vez os serviços saírem da sua terra, sublinhando a desertificação que se acentua, mas não se deixem enganar por promessas que não são realizáveis.

Proximidade ou qualidade? Ter as duas seria óptimo mas não é possível!

Comments

  1. Talvez... says:

    Bem, até agora o INEM/CODU tem falhado nas suas funções.

  2. Talvez... says:

    E não se esqueça que nem todas as emergências requerem o equipamento de que fala. Certa vez, vi uma mulher deslocar-se ao Centro de Saúde, àquelas consultas a que querem reduzir o serviço de Valença, com uma crise alérgica de origem desconhecida. O médico viu-a e a enfermeira deu-lhe as drogas necessárias e pô-la a oxigénio. Um médico e dois enfermeiros é, na maior parte dos casos, quanto baste. Nem tudo são paragens cardíacas. Há picos e quebras de tensão, crises alérgicas, asmáticas, etc. que só precisam do diagnóstico certo.
    O equipamento de que precisam está em todos os Centros de Saúde, e Valença já tinha-os. Aqui, a questão não é a qualidade do serviço, mas a economia de não pagar horas extra.

  3. Dario Silva says:

    Talvez… :
    Aqui, a questão não é a qualidade do serviço, mas a economia de não pagar horas extra.

    Será essa a questão de fundo? Afinal, em Monção subsistem (dizem) as urgências 24h.

    Meramente pela tal razão económica, o mais racional seria deixar apenas Valença aberto. Ou, melhor ainda, apenas Viana.

  4. Luis Moreira says:

    Talvez, colocar assim a questão é defender ser possível que quando se tem uma dor de barriga é bom ter um médico ali por perto. Bom é, mas não é possível e na maior parte das vezes nem sequer é necessário Nas urgências dos hospitais vão lá parar uma grande percentagem de pessoas que não precisam de lá ir. E a patir do escurecer é vê-las irem às urgências por causa de uma dor de barriga de que padeceram todo o dia, mas que a luz do “dia” “atenuava”…

  5. Talvez... says:

    Luis Moreira :
    Talvez, colocar assim a questão é defender ser possível que quando se tem uma dor de barriga é bom ter um médico ali por perto. Bom é, mas não é possível e na maior parte das vezes nem sequer é necessário

    Não falei em dores de barriga. Falei em casos mais graves e urgentes, como ataques de asma, choques/ quebras de tensão, ataque cardíaco, etc. Coisas que, se não forem tratadas depressa, podem levar à morte. Coisas que, na maior parte das vezes, basta um diagnóstico e a droga certa para estabilizar.

  6. Luis Moreira says:

    Sim, mas isso só se faz por quem sabe e esse pode estar numa ambulância a 15 minutos do local, ou até pelo telefone…quando são precisos mesmo cuidados médicos a sério, esses não é possivel estarem ao virar da esquina.

  7. Talvez... says:

    Luis Moreira :
    Sim, mas isso só se faz por quem sabe e esse pode estar numa ambulância a 15 minutos do local, ou até pelo telefone…quando são precisos mesmo cuidados médicos a sério, esses não é possivel estarem ao virar da esquina.

    Por quem sabe, certo. Um médico. Mas muitas vezes, esses cuidados primitivos que um Centro de Saúde dispõe salvam vidas. Salvaria mais se estivesse equipado como um Hospital? Salvaria. Mas se um SAP conseguisse salvar uma vida que fosse durante um ano, seria o suficiente.

  8. Talvez... says:

    Entenda-se, no comentário acima não defendo que se equipem melhor os SAPs. Digo apenas que o equipamento que têm é, em determinados casos, suficiente para salvar vidas.

    • Luís Moreira says:

      Mas essas pessoas são precisas para trabalharem onde se salvam muitas vidas. Onde vão parar todas as pessoas doentes da região . Aí é que é preciso ter qualidade de grande nível. Nos outros lugares há os método de que lhe falei. Mas torno a dizer, o factor psicológico de ter uma SAP ali à porta é muito importante, é preciso explicar ás pessoas que não são abandonadas.

      • Luís Moreira says:

        Aí é que é preciso estar alerta, contra os pequenos e mesquinhos poderes à portuguesa…no outro dia uma senhora queria falar com o doente que estava no chão desmaiado, e eu a dizer à dsenhora para mandar a ambulância. Eles dizem que há centenas de telefonemas falsos, de brincadeira…

  9. Talvez... says:

    Luís Moreira :
    Mas essas pessoas são precisas para trabalharem onde se salvam muitas vidas. Onde vão parar todas as pessoas doentes da região . Aí é que é preciso ter qualidade de grande nível. Nos outros lugares há os método de que lhe falei. Mas torno a dizer, o factor psicológico de ter uma SAP ali à porta é muito importante, é preciso explicar ás pessoas que não são abandonadas.

    E acima de tudo, não mentir, como fazem quando o INEM não tem ambulâncias. Engonham porque não querem dizer às pessoas quando não há ambulâncias disponíveis e elas ficam à espera…

  10. Talvez... says:

    Luís Moreira :
    Aí é que é preciso estar alerta, contra os pequenos e mesquinhos poderes à portuguesa…no outro dia uma senhora queria falar com o doente que estava no chão desmaiado, e eu a dizer à dsenhora para mandar a ambulância. Eles dizem que há centenas de telefonemas falsos, de brincadeira…

    Isso é o que agrava ainda mais a reacção das pessoas…

  11. Talvez... says:

    E o primeiro já foi! E a ministra…. nada!

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