Ao longo dos tempos o capital tem encontrado formas de aumentar as suas mais valias. Quer recorrendo à organização do trabalho ou à inovação tecnológica. No entanto é no recurso à mão-de-obra barata e nas formas de a perpetuar que o sistema mais esforços tem feito ou onde pelo menos mais expedientes tem sido utilizados.
A imigração é talvez o mecanismo mais utilizado pelo capital, no intuito de aumentar a oferta de mão e consequentemente fazer baixar os salários. Ao longo dos tempos a “importação” massiva de mão-de-obra tem sido a melhor arma contra as justas reivindicações dos trabalhadores. Foi assim durante a construção dos caminhos-de-ferro americanos quando o capital combateu as lutas operárias, com vagas e vagas de trabalhadores chineses e mexicanos. Da mesma forma só assim se compreende que nos nossos tempos conquistas como a idade de reforma, ou os horários de trabalho, estejam a ser postas em causa. A burguesia reinante possui nos bancos de suplentes mais uma grande quantidade de jogadores que não hesitará em por a jogar caso a oposição às reformas assim o justifique.
Em quase toda estas manobras sujas do capital, foi muitas vezes confundido o inimigo, é certo que a politica de portas escancaradas traz aos países muita gente que longe de procurar uma vida melhor, apenas imigra porque os “os programas de novas oportunidades” dos países de acolhimento lhes vão facilitar a continuação da actividade criminosa. No entanto a esmagadora maioria dos imigrantes saem dos seus países de origem no intuito de procurar uma vida melhor e aqui começa mais uma ajuda ao grande capital apátrida. Assim é certo que para sair de um país é necessário algum poder económico e também uma certa dose de informação, sendo por isto que a vaga de imigrantes é normalmente constituía por classes um pouco mais favorecidas, sendo que estes estratos sociais são peças importantes no desenvolvimento dos seus países. Ficam portanto para traz aqueles mais desfavorecidos e meia dúzia de déspotas que o neocolonialismo faz questão em sustentar. Sem o sangue necessário para fazer progredir o aparelho produtivo pode o grande capital continuar a sugar as matérias-primas em troca de bens essenciais que estes países nunca produzirão. Fora do baralho ficam aquelas regiões que não possuem moeda de troca, para essas está reservada a caridadezinha as guerras a miséria e a fome.
Confundir a luta contra a imigração descontrolada, com racismo e xenofobia tem sido a nova arma do sistema para calar aqueles que se atrevem a falar, Infelizmente alguns mentecaptos tem dado uma boa ajuda ao sistema quando, através de actos impensados lhes fornecem munições para confundir a opinião publica, sabemos bem como os media utilizam na suas campanhas de desinformação todos os actos de descriminação, não tendo em relação ao infractor a mesma compreensão e condescendência que tem em relação a outro tipo de crimes. Subitamente como por magia a teoria de que a sociedade está na origem do criminoso e outros justificativos já não são contabilizados, sendo o alegado racista queimado imediatamente na fogueira dos hereges.
Um dia a historia classificará a imigração como a escravatura dos tempos modernos, entretanto temos de continuar a denunciar sem discriminar, temos de esclarecer sem comprometer.
Imigração, arma do Capitalismo
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A imigração se devidamente regulada, sem deixar que sejam vendidos sonhos inalcancáveis, que levam à miséria como se vê nas nossas ruas, pode ser benéfico para a economia doméstica e para quem vem de fora. A teoria das “portas abertas” é muito generosa mas traz as pessoas ao engano, andam aí a serem pagas por tuta e meia.
O que me parece preocupante é se tome como questão central o combate à imigração e não a esse sistema injusto que visa o lucro fácil à custa da exploração dos trabalhadores. O poder económico tenderá sempre a procurar pagar o menos possível, seja a imigrantes ou a cidadãos nacionais. Quando se coloca a ênfase no combate aos imigrantes está-se a abrir caminho para que seja sobre eles, justamente o elo mais fraco, que recai o ressentimento dos que perdem o seu emprego. Está-se a abrir caminho para o ódio, para a vingança, para a intolerância.
E que dizer dos emigrantes, que, no caso português, nem são assim tão poucos?
Não falei de imigrantes falei de imigração. Todos sabemos que os imigrantes ainda são mais explorados que nós.
A imigração controlado permite proteger os imigrantes e ao mesmo tempo não deixar que grandes legiões de desempregados, facilitem ao sistema controlar o mercado de trabalho.
A imigração “generosa” de gente muito preocupada com o seu semelhante, adapta-se bem ao ditado: “de boas intenções está o inferno cheio”
vai dar ao mesmo. Há que lutar contra o capitalismo selvagem não contra a imigração