São os tribunais que governam?

Devo dizer, antes de tudo, que esta intromissão dos tribunais no assunto da avaliação dos professores é a melhor notícia para o Governo. Perante um círculo vicioso, o governo tem agora uma saída que sempre lhe será dada pelos tribunais. O governo, fosse qual fosse a decisão, iria sempre arrostar com a fúria de parte da classe dos professores.

Há um mês, o jornal “SOL” perante uma decisão de um tribunal favorável a uma providência cautelar, decidiu não acatar a decisão e distribuir a edição. Durante várias semanas afrontou a decisão do Tribunal, com evidente júbilo de nós todos! Editoriais a roçar o rídiculo do próprio director do jornal, acompanhavam a festa por termos acesso às escutas.

Agora temos uma ministra que decidiu não acatar uma decisão de um tribunal do mesmo nível e já tem uma acção de desobediência às costas, com evidente júbilo de nós todos. Há por aqui coerência?

Os tribunais não se podem substituir a quem foi eleito para governar o país, isso levaria os governos à inacção, qualquer um de nós, em qualquer actividade poderia amarrar de pés e mãos o governo. Eu, por exemplo, metia uma providência cautelar para as obras públicas, apresentando um rol de testemunhas deveras credível a que nenhum tribunal se atreveria a dizer não. Um Presidente da República,  o próprio ministro das finanças do governo, o governador do Banco de Portugal e ex-ministros de todas as áreas ideológicas. Mas posso apresentar queixa se a teimosia do primeiro ministro levar o país para a bancarrota ! Veja-se como Toni Blair foi acusado por um magistrado por causa, não da guerra do Iraque,(decisão política) mas porque mentiu ao seu povo(crime) para poder assinar as leis que levaram os soldados ingleses à guerra!

No caso dos professores, os que se limitaram a obedecer a uma ordem da sua tutela(decisão política) não discutindo as condições em que foram avaliados, são os únicos que não podem em caso algum serem prejudicados, ninguem pode ver goradas as suas legítimas expectativas por ter cumprido a lei ou porque outros incorreram em desigualdades.(crime)

Bela prenda que ofereceram  à Ministra. Não sei se ela será merecedora de tamanho carinho!

PS: aí está outra providência cautelar, a das SCUT do Vale do Sousa.

Av. Fontes Pereira de Melo


Avenida Fontes Pereira de Melo,no cruzamento com a António Augusto de Aguiar. Dois casarões já emparedados e à espera de demolição. É um autêntico escândalo que nada seja feito para impedir estes atentados com que quotidianamente deparamos. E em pleno centro da capital. Nem que fosse como uma forma de manifestar respeito para com o grande homem que foi Fontes, a avenida que tem o seu nome devia ser preservada do lixo que se vai construindo.

Um homem com ideias e uma menina para atender o telefone

Consiste uma das minhas inúmeras manias  no facto de o duche matinal ter de ser acompanhado pelas notícias da rádio. Se não consigo encontrar o rádio (levo-o para todos os lados da casa), ou se as pilhas estão descarregadas, não posso tomar banho até resolver o problema. Para mim, tomar banho depende tanto da existência de água e sabonete como de um transístor ao pé do chuveiro.

Isto traz os seus amargos de boca, claro está, porque tendo a começar o dia com uma voz a anunciar-me que o PSI20 está em queda e que a bolsa de Lisboa abriu no vermelho, conceitos demasiado abstractos para mim, confesso. Ou que há complicações de trânsito na Avenida AEP, por onde raramente passo, ou no IC24, por onde não passo nunca. [Read more…]

Homenagem a Tchaikovsky

Desfrutar da beleza de obras musicais – sinfonias, óperas e bailado – de compositores intemporais é exercício de salutar refúgio do pastoso quotidiano. Permite repelir os roufenhos sons dos discursos políticos, dos telejornais das notícias e mais notícias da corrupção, das disputas de poder, da crise económica e financeira, e de não sei de quantas mais desgraças. Alienação? Talvez; mas sobrepõe-se com a força dessa espécie volúpia sentimental indescritível.

Hoje, comemora-se o 170º aniversário do nascimento em São Petersburgo de Piotr Ilitch Tchaikovsky, em 7 de Maio de 1840. Integrado no movimento do romantismo, tornou-se, na época, o compositor russo mais ouvido e admirado na Europa, excedendo o sucesso do elitista grupo dos cinco, igualmente russos – Balakirev, Borodin, César Cui, Musorgsky e Rimsky-Korsakov.

Com a ajuda do ‘Google’, homenageio Tchaikovsky, recorrendo a um trecho do ‘Lago dos Cisnes’. Obrigado Tchaikovsky!

A Brincar Connosco!

Que o país está economicamente perto da bancarrota já nós sabemos. Para quem lê o blogue nada disto é novo. Nem isso nem a loucura do TGV, Novo Aeroporto de Lisboa ou a terceira ponte sobre o Tejo. Nada.

A novidade é a alienação que atingiu este governo. A completa loucura. Por motivos óbvios que vão desde a solidariedade nacional passando pela crise actual e terminando na lógica do “utilizador – pagador”, não nos é difícil perceber a necessidade de introdução de portagens nas SCUTS. O problema é outro.

O governo decidiu colocar portagens na A41/42 e na A28 mas com nuances irresponsáveis: a A41/42 vai ter mais de 70% do seu percurso com portagens mas a A28 apenas pouco mais de 30%. Se olharmos com atenção o mapa das mesmas o que vemos? Que as autarquias PSD apanham todas com portagens mas as do PS escapam fortemente. Nem quero admitir que o critério foi político. É preferível acreditar em coincidências.

Mais, enquanto a A28 é uma auto-estrada litoral (ligando Matosinhos a Viana do Castelo), a A41/42 liga o litoral ao interior e passa pela Zona Industrial da Maia (a maior do noroeste peninsular), Zona Industrial de Paços de Ferreira e única ligação em auto-estrada a Felgueiras.

Por último (por agora), qual a lógica da isenção de portagens na Via do Infante (Algarve) ou na A25? Deve ser a mesma que leva um Secretário de Estado a afirmar que a estrada nacional nº 107 é alternativa à A41 desconhecendo que a EN107 não existe há mais de 15 anos. Ou seja, temos decisores que nem tão pouco conhecem as matérias sob sua alçada.

Resposta a um consulente: o artº 40º do CIVA

De um consulente:

“Há dias fui almoçar a um restaurante, mas no final não me quiseram passar a factura da refeição, dizendo-me que o talão da caixa era o suficiente.
E já agora desejava saber também a partir de que valor é obrigado a passarem a factura, é que nesse restaurante como só paguei 8 euros disseram-me que não eram até obrigados a passar a dita factura.”
 
A resposta:

Nada melhor do que facultar a própria lei para que dúvidas não subsistam.
 
Rege a este propósito o artigo 40.º do Código do IVA, sob a epígrafe: “dispensa da obrigação de facturação e obrigatoriedade de emissão de talões de vendas”, do teor seguinte:
 
[Read more…]

SCUT, a grande oportunidade do transporte público

A propósito da notícia do Público sobre como as SCUT poderiam ser “uma grande oportunidade para o transporte público“. Eu também acho que o transporte público colectivo é uma peça fundamental na mobilidade urbana. Aliás, (quase) todos os dias faço questão de os usar nas minhas deslocações casa-trabalho. Mas essa afirmação esbarra na realidade:

De facto esta poderia ser uma grande oportunidade para o transporte público… mas não me parece que o vá ser…

Pântano? Não, charco!

Um pântano é coisa demasiado grande e luxuosa para esta gentinha. Charco, chafurdem no charco, divirtam-se, libertem a vossa natureza mais íntima, mas párem lá de sujar tudo o que está à vossa volta.


Arco Iris – Fotografia

.

Mondim de Basto

.

O Mar – prioridades

A curto prazo, as 35 empresas reunidas no Forum Empresarial para a Economia do Mar, esbeleceram como objectivos:

Marítimo – portuário – envolve portos,transportes,logística e serviços. Tem um peso no PIB de aproximadamente 3.2 mil milhões de euros, empregando cerca de 76 000 pessoas.É preciso tornar os portos portugueses mais competitivos, especializá-los (são sete) com taxas mais baixas e mudar a fiscalidade, criando o imposto de tonelagem. Hoje a Europa, que tomou estas medidas a tempo e horas domina 40% da frota mercantil do mundo!

Pescas, aquacultura e indústria do Pescado – Pesa no PIB à volta de 2.6 mil milhões de euros, e emprega cerca de 90 000 pessoas. Portugal tem uma enorme comunidade de pesca mas o futuro está na aqualcultura do mar.

Construção e reparação naval – Portugal foi muito forte neste sector, pelo menos na reparação naval. vale 400 milhões de euros e quase 13 000 pessoas. A crise é que deu cabo da parte da construção.

Turiamo náutico – Gera actividades conexas , embora valha só 212 milhões de euros e empregue 5 000 pessoas. Exclui o turismo costeiro, mas inclui actividades tão diversas como náutica de recreio, desportos náuticos e submarinos. O turismo de cruzeiro é o único que se mantem, mas são necessários mais terminais, marinas e postos de marração e colocar o país nos pontos de entrada ou de saída.

Energia,investigação e cultura – é o que vem depois, precisa de investigação, ainda está mal estudado. A energia eólica offshore é o futuro, bem como as esperanças que se abrem no campo da biologia.

É uma boa notícia, dois anos após o estudo do Prof Hernâni Lopes ” O Hipercluster do Mar”, as empresas privadas terem as actividades marítimas na sua agenda. A má notícia é que tambem já apareceu a Comissão Interministerial para os assuntos do Mar, a funcionar na dependencia do primeiro ministro.

Com Sócrates vamos ter boys e com boys não vamos ter trabalho e sem trabalho não vamos ter economia do mar…

Profissão: Polícia-Comissionista*

é uma tarde de verão de um dia de Maio; a Guarda Nacional Republicana, quase centenária como a república nacional, tem um brigada junto a uma rotunda, junto à linha do comboio. Passam carros, os agentes bem fardados levantam a mão, param os carros. Boa tarde, senhor condutor, os seus documentos e os documentos da viatura, se faz favor, com certeza, senhor guarda. Os meus documentos, os documentos deste veículo. O senhor onde mora? Moro ali. A sua carta de condução não condiz com o seu bilhete de identidade. Senhor guarda, eu sou um cidadão do mundo, tanto moro aqui como moro na casa do meu pai ou noutro sítio qualquer, sou um cidadão do mundo. Não é nada, só há um domicílio. Tem três dias para apresentar a carta rectificada. Remeto-me ao meu novo estatuto de não-cidadão do mundo e preparo-me mentalmente para o processo de ter um domicílio, só um. Ao lado, a um condutor faltava comprovativo do seguro automóvel, vou ter que o autuar, mas oh senhor guarda, eu tenho os papéis em casa, vou ter que o autuar, estou aqui para trabalhar. Nós agora somos avaliados pelo número de multa que passamos. Fez-se luz na minha cabeça: a polícia da república agora trabalha à comissão, quais vendedores de sapatos (com o devido respeito). Faço um esforço e tento imaginar quantos países da África Negra pagam os seus agentes da lei com base na quantidade e qualidade das multas. É isto a República?

* qualquer coincidência com a realidade é verdade. Sim, eu sei, o MAI apressar-se-á, novamente, a desmentir categoricamente a mercantilização das polícias.

E a cor das ceroulas?

Sou todo a favor da transparência fiscal. Juro! Até porque como trabalhador por conta de outrem não tenho possibilidades de fugir ao fisco, nem que quisesse.

Também defendo uma fiscalização efectiva de quem usufruiu de subsídios e apoios do Estado. Mas, como em tudo, o que é demais, é moléstia.

Hoje, o Jornal de Negócios diz-me que os reformados que recebem pensões sociais ou pensões mínimas (cerca de um milhão de pessoas) “vão ser obrigados a provar que não têm outras fontes de rendimento para continuarem a ter direito ao apoio do Estado”.

De que forma? Serão obrigados a “mostrar documentos comprovativos dos seus rendimentos, como é o caso de extractos das contras bancárias, cadernetas prediais, declarações de IRS, contratos de compra e venda de património, entre outros”.

Logo, mais uma vez, a obrigação de provar que não recebe outros rendimentos que a miserável reforma cai sobre o pensionista. Não tarda nada, os reformados serão obrigados a provar que não têm malas Gucci no armário, que não andam com Rolex no pulso ou até mesmo a cor das ceroulas.

cleptodeputado suite I

Bom fim-de-semana:

Quem destapa este véu?

Pergunta a “Visão”, contando a história. Uma mulher argelina, a conduzir um carro numa cidade francesa , é autuada porque o cívico de serviço acha que o “véu islâmico” que ela usa lhe perturba a visão o que pode contribuir para o desastre automóvel.

A mulher não está com meias e, em conferência de imprensa (coisa que na Argélia nunca poderia fazer) acusa a polícia de a estar a perseguir por ela ser imigrante , estaria em causa a sua liberdade! Estas coisas trazem sempre a “roupa suja” e sabe-se que o marido, tambem ele imigrante e argelino, tem quatro mulheres e oito filhos e vivem todos da Segurança Social.(profissionais da caridade)

O marido diz que ninguem tem nada com isso, ele cumpre a lei, exerce os seus direitos recebendo os subsídios e em França não é proíbido ter amantes. Segue-se a questão menos interessante e que abrevio por ser a habitual, proibir ou não proibir o véu, o Presidente Sakorzy a dizer “que o véu” é um sinal de subserviência…

Mas a verdadeira questão, julgo eu, é saber se a mulher é imigrante e muçulmana para usar o “véu” e Francesa para receber os subsídios. Se o marido é Francês para viver, juntamente com os filhos e as amantes à conta da Segurança Social ( os mesmos que aqui dizem que não querem pagar a conta da visita do Papa, não se importam de pagar o Estado Social a quem nunca trabalhou nem trabalhará) e é muçulmano para viver com quatro mulheres, e não mexer uma palha.

Podemos reinvindicar os direitos concedidos pelo Estado Social Francês e não ser cidadão Francês? Não respeitar os seus usos e costumes e viver à conta dos cidadãos franceses que trabalham?
Proibir não é boa política, costuma dar mau resultado, e “avacalhar” os principios em que a nossa sociedade se ergue, dá bons resultados?

Pub.:

Hoje, no semanário Grande Porto, o blogue 31 da Armada (ler AQUI).

Domingo, 19h, no Porto Canal: Norte vs Sul com os blogues Aventar, Albergue Espanhol, Blasfémias e Corta-fitas.

Portugal Arruinado


Portugal está em ruínas. De norte a sul, no litoral e no interior. Sobretudo nas cidades. Sobretudo nas grandes cidades. Desde o dia 14 de Abril, o Nuno Castelo-Branco tem vindo a denunciar diariamente casos flagrantes da sua Lisboa arruinada. Mas porque o Aventar é de todo o país, vamos passar a mostrar também o Porto Arruinado, Coimbra Arruinada, Braga Arruinada, o Algarve Arruinado e por aí fora.
O mercado da reconstrução, na Europa, tem um impacto muito forte no sector da construção civil. Em Portugal, esse mercado é quase insignificante. O que interessa é construir, mais e mais, e deixar cair o que já existe. E assim Portugal vai caindo aos pedaços.