De uma conta a outra

(Como me escasseia o tempo para posts, peço a gentileza de eceitarem, uma vez ou outra, um post de um dos meus filhos, Marcos Cruz)

DE UMA CONTA A OUTRA

As suas contas cada um que as carregue, mas há contas sem ponta por onde se lhes pegue. Se eu pudesse pagá-la em simpatia, pois nada me importaria, só que além de eu saber que ninguém a aceitaria, sei também que não ma devolveria. Faria dela refém, e com ela ficaria, quem de mim não recebesse, a mal ou a bem, tudo quanto lhe cabia. Eu, por mais voltas que desse, só novamente a veria quando me resolvesse a pôr as contas em dia. Mas se, de repente, me saísse a lotaria, toda aquela gente me perdoaria a dívida pendente, esperando que tal simpatia, por ser de categoria, me enchesse de gratidão, a ponto de abrir a mão e, literalmente, tornar a conta corrente. Então, se eu aumentasse a quantia e, por juros de não-cobrança, lhes desse mais do que devia, até mostrar cagança poderia, que à santidade o meu bom nome subiria. Na verdade, assim é a nossa Bolsa de Valores: uma valsa de cobrados e cobradores. Quem melhor a dança é quem não tem amores para além da finança. É uma fidelidade cómica, mas dela vive o fiel da balança económica. A nós, pecadores, não nos resta outra saída senão amar a balança da vida, esperando que seja devida a frase que desde criança por todos nós é ouvida: ‘Enquanto há vida, há esperança!’.

O Comboio em Fátima

Enquanto não se constrói ligação directa Fátima/Chão de Maças (Linha do Norte) – Fátima – Ourém – Leiria (Linha do Oeste), recordo que já o “comboio” andou por Fátima (agora cidade). A foto, de fonte desconhecida e provavelmente obtida já no Pós-Guerra, mostra uma linha em sistema Decauville utilizada para trazer pedra para o Santuário de Fátima. Nesta outra foto mostra-se o actual “comboio” em Fátima.

5 de Outubro: Lisboa Arruinada


Espectacular prédio no 273 da 5 de Outubro, mais um exemplar de influência parisiense. Possui uma impressionante cúpula que parece estar num processo de rápida e “conveniente” degradação. Já emparedado, aguarda a infalível máquina demolidora. Ao que chegámos!

Campeões do Mundo!

Guarda redes: Eduardo, Beto, Daniel Fernandes

Defesas: Miguel, Duda, Castro, R. Costa, R. Carvalho, Rolando, Bruno Alves, P.Ferreira, Pepe, Coentrão

Médios. Pedro Mendes, Raul, Deco, Nani, Simão, Veloso, Tiago

Avançados: Ronaldo, Liedson, Hugo Almeida

Assim, ou com metade de cada vez, em 3x3x3 ou em 4x4x2 ou em 3x5x2, o resultado será o mesmo! A glória!

Lena Horne (1917-2010)

Morreu Lena Horne, a grande cantora americana. Foi a primeira mulher negra a assinar um contrato com uma grande produtora cinematográfica e foi também uma activista dos direitos civis. Na década de 1970 afastou-se dos palcos, após uma série de tragédias pessoais, e só retornaria em 1981, com um espectáculo na Broadway, que esteve em cena durante mais de um ano e se tornaria a sua consagração.

Chamavam-lhe a “Cinderela Negra”, por ter vencido os estereótipos que condenavam as actrizes negras a papéis de criada. “Stormy weather”, clássico do cancioneiro americano, gravado por tantas e tantas vozes, não deixou de ser seu, apesar das outras ilustres versões.

AAP

Exmo. Senhor

Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros

Dr. Luís Filipe Marques Amado

gii@mne.pt

Palácio das Necessidades

L i s b o a

Senhor Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros,

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) sente-se indignada com a violação do princípio constitucional de separação do Estado e das Igrejas (Artigo 41.º (CRP), pelo que vem junto de V. Ex.ª expor e solicitar o seguinte:

O site do MNE, na sua coluna à esquerda, anuncia a “marca” da campanha de promoção em curso sobre a visita apostólica de Bento XVI, com profundo desprezo pelo princípio da separação a que o Estado é constitucionalmente obrigado perante as igrejas e outras comunidades religiosas.

O perplexidade aumenta quando, clicando sobre a marca, somos conduzidos a uma página intitulada “Visita Oficial e Apostólica de S.S. [sic] o Papa Bento XVI”, onde se indicam, em português e inglês, uma série de links úteis para a comunicação social – acreditações, “badges”, contactos, programa, etc.

A AAP está estupefacta com o site do ministério dos Negócios Estrangeiros, que mais parece o da Nunciatura Apostólica, a menos que o MNE esteja temporariamente ao serviço do Vaticano e o País se tenha tornado num protectorado da única teocracia europeia.

Sabemos que não faz parte das obrigações do Estado procurar que muitos portugueses creiam, mas sim que vivam melhor e cada vez mais livres e iguais.

Assim, em nome da Constituição da República Portuguesa, da laicidade do Estado e da liberdade religiosa, a Associação Ateísta Portuguesa (AAP) solicita que seja removida do site do MNE a propaganda pia, por respeito à neutralidade do Estado e ao decoro cívico.

Apresento-lhe os meus cumprimentos,

Associação Ateísta Portuguesa, 10 de Maio de 2010

Carlos Esperança TM – 917322645

(Presidente da Direcção)

O encontro do PR com ex-ministros das finanças

Dez personalidades – rectifico, altas personalidades – genialmente esclarecidas e preclaras foram hoje manifestar ao Prof. Cavaco Silva, PR, “profunda preocupação” sobre a situação do País, mas também deixar uma mensagem de apoio às medidas de austeridade para recuperar a economia, segundo notícia do Público.   

O porta-voz do grupo foi o Prof. Jacinto Nunes, cujos saberes técnico-científicos me merecem apreço. Estou a vê-lo na figura do ancião utilizado. Mas, como neste tipo de jogo de grupos, a heterogeneidade é fenómeno fatal, lá estavam mais nove ex-ministros de tonalidades fixas ou transmutáveis. Pina Moura era um destes últimos. Um comunista ex-delfim de Cunhal, que se tem transfigurado à medida das ambições pessoais, não podia desperdiçar a oportunidade de, uma vez mais, se colar aos centros de poder.

O Prof. Jacinto Nunes foi parco nas palavras, embora se adivinhe que “as medidas para recuperar a economia” correspondam a uma terapêutica, cuja divulgação se impunha perante todos os portugueses. Mas as ilustres figuras entenderam não informar minimamente o povo, imaginando, talvez, ser possível esconder o foco principal a alvejar: trabalhadores, desempregados e pequenos e médios empresários. Nas zonas da escapatória, refugiar-se-ão os deputados, de todas as bancadas, os políticos, os sacadores de avultados bónus de gestores em empresas participadas ou geridas pelo Estado e os bancos com um IRC reduzido.

Com efeito, com este género de gente, comungando de elevados rendimentos e de vestes políticas apropriadas à moda do momento; com este género de gente, dizia, tenho dificuldade em deixar o partido onde há alguns anos me filiei, o dos votos nulos.

Santana Castilho – O estado do país e do ensino

1. Ouvi recentemente Jorge Sampaio apelar e defender uma tese recorrente no discurso de políticos informados e sensatos. Segundo eles e a respectiva tese, em momentos críticos temos que nos concentrar no “essencial”. Este é o vocábulo assassino: “essencial”. No caso em apreço, tratar-se-ia de responder com vigor “à especulação financeira”, que assestou baterias contra a frágil economia portuguesa. No mesmo sentido, sucederam-se comentários e declarações, de plurais procedências, invocativas da “compreensão” e do “bom senso”dos partidos políticos, dos cidadãos e das organizações sindicais. O poder branqueador do que se sugere ser “essencial” (num ambiente carregado de dramatismo como é um cenário de bancarrota) propõe às vítimas de anos longos de erros e tropelias que se aliem incondicionalmente aos respectivos responsáveis porque, “agora”, é “essencial” salvar o povo da bancarrota. É pobre como desígnio nacional. É triste que em 36 anos ainda não tenhamos saído daqui.

2. Li no site oficial da FENPROF:

“… Só por ignorância ou má fé alguém pode afirmar que os sindicatos e, em particular, a FENPROF, não têm feito tudo o que está ao seu alcance para impedir que a avaliação de desempenho seja considerada para efeitos de concurso.

… Na história da democracia portuguesa … têm sido muitos os momentos em que as organizações que lutam pelo futuro e pelos direitos dos cidadãos sofrem os mais variados ataques movidos por pessoas e entidades instrumentalizadas pelo poder político e pelos interesses estabelecidos”. [Read more…]

o itinerário da criança

lembrança do debate entre pais e educadores em Castelo de Paiva

Aos pais sem crianças e às crianças sem pais.

1. Ser feito.

A frase, ser feito, parece ser a reiteração de uma ideia sistemática ao longo dos meus textos. Não é por acaso que a reitero, quer em ensaios, quer em artigos quer, ainda, e com maior latitude, nos meus livros. É reiterada até estarmos certos de como é que um ser humano se faz, na curta e duradoura infância, na dinâmica e repentina puberdade que abre a flor da vida de adulto. Ou, simplesmente, em adulto. Mas, será que os adultos, já grandalhões, também são feitos? Ou será que o adulto, como diz Alice Miller, que sempre lembro, leva em si uma criança. Ser feito é heterogéneo, é, diria, um processo que ocorre ao longo da vida. Um adulto é uma criança sempre a crescer até regredir. É como uma metamorfose. Uma criança é a semente processual do adulto, a base do que será como pessoa no futuro. Porém, Alice Miller e Melanie Klein, entendem que o adulto é resultado da criança, hipótese que não seria novidade se não acrescentassem a ideia da influência silenciosa que a infância tem no adulto. Todavia, ser feito é um processo sempre em desenvolvimento, que nunca pára, e que, por conveniência para as nossas contas e para deslindar responsabilidades, o mundo erudito e do poder tem classificado em ciclos com uma certa responsabilidade para a lei ver. E os pais também. Difícil questão esta de se ser feito. Já foi problema em 1633 com o jesuíta Athanasius Kirchen ao dizer que o mundo era uma sucessiva evolução, que a terra girava em torno do sol e que a Arca de Noé era a evolução das espécies, corroborando assim o sistema heliocêntrico do frade Nicholaus Copérnico que em 1530 já tinha falado de forma atrevida de que a terra não era o centro do universo contudo, para não ser queimado, negou a sua convicção, acrescentando, ao assinar a acta de retractação: ” e no entanto, move-se”. O contexto faz da frase uma infantilidade ou uma verdade. A época ajuda, ou não, a entender o que se pensa e se descobre. Porém, ser feito é difícil de explanar. Ser feito já era complexo quando a união era sacramental e para toda a vida e entre homens e mulheres não parentes. Nos nossos dias assistimos a uniões de facto entre pessoas do mesmo ou diferente sexo, que procriam ou adoptam. Haja felicidade na nossa cultura por sermos capazes de optar tal e qual sentimos. Haja paciência para dizer que ser feito é um processo delicado no ritual sacramental ou no factual. Ser feito é a criação de um indivíduo. Capaz de optar, de (se) amar e de respeitar, em consequência, aos outros. Tão simples quanto isso, mas tão complexo por se esquecerem os feitores de pessoas da existência de um contexto que acaba por nunca ser verdade no tempo do feito, mas uma tese anos depois. Respeitada e cuidada. Ser feito tem sido um andar para trás e para a frente no processo educativo dos seres humanos. Processo simples, caso se saiba como começa o processo de confecção do ser humano.

[Read more…]

Foi Sacanice?

OU COINCIDÊNCIA?
.
Ontem ao fim da tarde, o SLB ganhou um campeonato de futebol.
Ontem ao fim da tarde, os seis milhões (?) de adeptos e simpatizantes do SLB, saíram para as ruas, do mundo civilizado, e não só, gritando a plenos pulmões a sua categoria, e a sua alegria.
Depois, cansados, foram descansar com um sorriso nos lábios.
Nesse entretanto, o sr. Fernando, o melhor Ministro das Finanças da Europa, [Read more…]

A Tertúlia do Cafeína:

No Cafeína – Fooding House (Porto) reuniu, na passada quinta-feira, uma tertúlia dinamizada por um conjunto de 40 “tertulianos” do Porto. Sob o olhar atento de umas “Lulas Recheadas com Gambas, Puré de Açafrão e Chutney de Pimentos”, deliciosas, segundo palavras dos comensais presentes, o tema foi “Portugal em 2015”.

A convite de Rosa Carvalho (Jornalista), António Lopes (Médico), Pedro Froufe (Advogado) e Pedro Nunes (Médico), juntei-me a este grupo heterogéneo de homens e mulheres do Porto e com eles partilhei ideias e assimilei conhecimentos. Desta vez fui apenas tomar café mas prometi que a partir de agora serei assíduo e atento participante nesta tertúlia portuense.

Os monárquicos presentes foram duros nas palavras: “Em 100 anos a República escavacou a Mãe Pátria”, recordando que “hoje o aparelho sucede ao aparelho num verdadeiro sistema monárquico republicano”. Entretanto alguém lembrou: “Fomos à Índia e 500 anos depois continuamos cansados por tamanho esforço”. Pode ser impressão minha mas noto um crescimento do sentimento monárquico em importantes franjas da sociedade portuguesa. Estranho. Pode ser mera impressão.

Mas como o futuro era o tema, as ideias surgiram em catadupa: “Em 2015 a Europa estará em decadência” e rumo “à desagregação” ao que alguém contrapôs que por essa altura “viveremos em comunidades mais ecológicas, privilegiando a qualidade de vida e o respeito pelo meio ambiente”. Do fundo da mesa alguém atirou, “a Europa Central não olha para nós (Europa do Sul) como parceiros mas como um corpo estranho”. A ideia maioritária, pareceu-me, foi a de uma Europa e de um Portugal bem pior em 2015 do que aquele que temos hoje.

As opiniões são como as cerejas mas é com satisfação que vejo renascer, aos poucos, o tradicional espírito portuense de tertúlia e com prazer passo a integrar esta “Tertúlia do Cafeína” que uma vez por mês, entre deliciosos pitéus, discute a Pátria e outras desditas.

Contentores de Alcântara : Um caso de polícia!

Interposta acção pelo Ministério Público no Tribunal Admnistrativo de Lisboa, sobre o contrato  celebrado pela Admnistração do porto de Lisboa e a Liscount, empresa do Grupo Motta-Engil. É uma cedência aos interesses da Liscount, é um contrato inédito de parceria público/privado, viola o Código de Contratação Pública e o Código de Procedimento Admnistrativo e fere a própria Constituição.

O suposto adiamento mais não é que um novo contrato de concessão de serviço público, celebrado com a única intenção de contornar a necessária abertura de um novo concurso público. Citando várias vezes um relatório do Tribunal de Contas sobre a matéria, muito crítico também ele, relata que é um contrato acentuadamente desequilibrado sob o ponto de vista financeiro e do sistema de partilha de risco.

Está longe de se considerar que o tráfego do terminal se esgote em 2009/2010, existindo por isso, um manifesto erro nos pressupostos, que conduziram a este contrato. A APL, cedeu aos interesses da concessionária e às exigências dos bancos em detrimento dos interesses públicos, assumindo garantias e obrigações manifestamente desproporcionadas.

Um caso de polícia!

Ainda bem que o Governo governa a uma só voz

Que não. Sócrates garantiu que não tem intenções de parar as principais obras públicas que o Governo tinha estabelecido como prioritárias. Talvez, se tiver de ser, respondeu o ministro das Finanças à mesma questão.

Que não. Sócrates garante que não tem pretende aumentar impostos, nem o IVA. Talvez, se tiver de ser, respondeu o ministro das Finanças à mesma questão.

Fora os detalhes de semântica e as particularidades do português dos “sound bytes”, é assim que o português médio, alheado das tricas políticas e preocupado com a carteira, entende aquilo que o primeiro-ministro e o seu ministro das Finanças vão dizendo. E o que vão dizendo é que parecem não se entender.

De Miguel Sousa Tavares no ‘Expresso’

Do artigo ‘Céu Nublado’, na edição do jornal ‘Expresso’ de Sábado, de Miguel Sousa Tavares, transcrevo o seguinte trecho:

Na década do agora inimigo das grandes obras públicas, Cavaco Silva, construímos sem parar: auto-estradas, hospitais, escolas e tudo o mais.’O país está dotado de infra-estruturas!’, proclamou-se triunfantemente. E, de facto, o país precisava. O problema é que, enquanto se dotava de infra-estruturas para servir a economia, o país vendia a economia, a troco de subsídios para abate e set-aside; vendemos assim a agricultura, as pescas, as minas, a marinha mercante, os portos, as indústrias que podiam vir a ser competitivas. Ficámos com os têxteis e o fado.    

De facto, assim se iniciou a caminhada na direcção do abismo, continuada por Guterres, Barroso – dois fugitivos – Santana Lopes e José Sócrates.

Todos eles, mesmo Sócrates, se regressassem ao passado, provavelmente diriam “se pudesse voltar atrás, sabendo o que sei hoje…”. Sucede, contudo, não se tratar de problemas de ordem pessoal. Foram lesados interesses nacionais soberanos e, mediante a perda de capacidade produtiva, o País está em sérias dificuldades para gerar riqueza, postos de trabalho e meios financeiros capazes de honrar os compromissos de endividamento externo.

Mas nada disto é relevante. Viva o Benfica campeão (se fosse o Braga ou o Porto, saudaria de idêntico modo), vem aí o Papa e siga a Marinha que, com os dois submarinos alemães, nos ajudará a submergir, mais fundo, em lodosos mares.

Contra Natura?

ESQUISITO!
.

Saí à rua perfeitamente absorto.
Nem me lembrei que hoje, os adeptos de um clube da capital estariam todos muito contentes pois tinham, ao fim de alguns anos de jejum, ganho o campeonato de futebol da primeira liga.
Como se esse facto fosse de algum modo importante para a felicidade do nosso povo.
Mas, afinal era com eles, com eles e com os da terra deles, e estariam todos cheios do direito de festejar. [Read more…]