Obras Públicas : até o BES torce o nariz

Ontem na apresentação trimestral dos relatórios e contas do Grupo BES, o Dr. Ricardo Espirito Santo, a uma pergunta de um jornalista sobre as obras públicas, respondeu com evasivas, o ambiente internacional apresenta muitas incertezas, a situação do país não é a melhor, esse tipo de obras exige imenso capital que pode esgotar o crédito (pouco) ainda disponível.

Quando um banqueiro se junta a um cada vez maior grupo de técnicos a dizer que é melhor parar para reflectir é porque há mesmo razões profundas para haver dúvidas. E quando há dúvidas, que podem condicionar fortemente a nossa vida futura por muitos anos, o que se exige de quem decide, não são bravatas ou declarações de fé, são estudos serenos, ter uma clara estratégia para o país e depois sim, decidir. Ora estratégia para o país nunca ninguem viu nenhuma, ainda há bem poucos meses se dizia que as contas públicas estavam perto de ser uma lição ao mundo, mas hoje estamos a caminhar para a bancarrota.

Na próxima segunda feira, um grupo de ex-ministros das Finanças vai reunir-se com o Presidente da República com o objectivo de analisar cenários, porque já se viu que o único cenário que o primeiro ministro conhece é levar os projectos até ao ponto de não retorno.

Ou se fazem ou o Estado vai ter que pagar grossas indemnizações aos consórcios interessados nos concursos públicos!

A quem serve esta política de “terra queimada” ?

Postas para recortar e guardar:

O que terá a dizer o Abrantes sobre o “insuspeito homem de esquerda” que caça “perdizes ou coelhos em ambiente bucólico”, enquanto “declama com voz grave Os Lusíadas”? Até agora não vi nada, zero. – FAL no Albergue Espanhol.

Se é verdade que as leis laborais devem proteger os trabalhadores para contrabalançar o poder das empresas, porque é que em Portugal, que tem as leis laborais mais rígidas da Europa, temos salários tão baixos e desemprego tão elevado? – JCD no Blasfémias.

Sokrátes buscava o Conhecimento. O seu método para alcançá-lo era  o diálogo e a humildade de formular todas as perguntas. Sócrates prefere o Desconhecimento. O seu método para alcançá-lo é o monólogo e a arrogância de calar  todas as perguntas. – PQG no Corta-fitas.

Futebol pode ser muita coisa; mas o resumo, delicado e circunstancial é isto: na peida. Isto sim, foi uma pedrada nos lampiões. Eu bem disse que era preciso era mandar-lhes grinaldas. – FJV no A Origem das Espécies.

A Trampa-armadilha-jugular entretém-se com manifestos anti-Ratzinger, mas não é Ratzinger quem nos promete o céu na terra. CV no Cinco Dias.

Vítima "parisiense" na Duque de Loulé: Lisboa Arruinada


Mais uma futura vítima dos criminosos que vão de forma muito profissional, desmantelando a nossa cidade. Este edifício situa-se na Duque de Loulé, diante da Sociedade Portuguesa de Autores. O rés do chão possui um espaço comercial, outrora uma padaria, com paredes forradas a mármore. As águas furtadas têm um característico acabamento “à parisiense”. Não será possível criar-se um “Movimento pela Indignação” que o salve?
* Reparem no prédio recentemente construído e contíguo ao devoluto. Horrível, com uma fachada a lembrar um mictório público. Este sim, devia ser rapidamente demolido.

Ricardo Rodrigues inspira-nos

Nós, aqui no Aventar, gostamos muito dele. Este homem inspira-nos. Vejam aqui, aqui, aqui e, porque já me dói a mão, aqui.

Obrigado, sr. deputado, volte sempre!

Mudar de casa, de casa, de casa

Oh as casas as casas as casas

Ruy Belo

Há pessoas que nunca mudaram de casa. Outras, como eu, quase perderam a conta às casas que habitaram. Mudo agora para uma casa a pouco mais de quinhentos metros da anterior, onde vivi doze anos, um recorde absoluto para mim.

São doze anos de objectos acumulados, de coisas com maior ou menor valor, de lixo, de inutilidades guardadas, de pequenas preciosidades, de memórias, de artefactos que pensamos duas ou três vezes se levamos, ou não, para a casa nova. São dezenas de hesitações, bugigangas que deitamos para o caixote do lixo e, passados minutos, regressamos para recuperar e que, pouco depois, rejeitamos de novo.

Doze anos sem mudar de casa são, no meu caso particular, doze anos de papeis acumulados, fragmentos de poemas, frases com sentidos desconexos, pensamentos incompletos, rabiscos, desenhos em guardanapos, apontamentos, números de telefone sem a indicação do nome a quem pertencem, cartões de visita com apelidos e ruas que não recordo, os primeiros (e os segundos e terceiros) bonecos desenhados pelos filhos, as primeiras palavras caligrafadas, trabalhos do dia do pai, postais do dia da mãe, infantilidades do dia da flor. Novas hesitações porque aquelas representações não nos pertencem, somos apenas depositários delas em nome deles, algumas têm de ficar para trás, não podemos levar tudo, há que fechar os olhos e deitá-las fora, ou rasgá-las imediatamente para que o arrependimento não nos vença.

Mudar de casa é fazer contas à vida, sopesar o tempo, despertar memórias, confrontar-se com o apego e o desapego, triar o útil e o inútil, maldizer o consumo excessivo, sujar as mãos no passado, respirar o pó do que já fomos. [Read more…]

Azar é Furar o Pneu do Carro e Não Ter Sobressalente

“De repente, levantou-se da cadeira e saiu apressado. Antes, pegou discretamente os gravadores dos jornalistas da SÁBADO e meteu-os nos bolsos das calças.”

ps: agora chama-se “tomar posse“.

(agradeço ao Abnóxio a divina e católica inspiração que ilumina os meus dias)

Anti Imperialismo em Bilhetes Postais Ilustrados de 1900s de Leal da Câmara

Em 1889 Leal da Câmara, pintor e desenhador caricaturista, foi obrigado a emigrar para Espanha e depois em 1900 para França por sucessivas publicações suas terem sido proibidas pela censura real portuguesa e por as ameaças de prisão terem tornado a privação de liberdade uma possibilidade também ela bem real.

Aí, dedica-se a publicar caricaturas nas principais revistas de intervenção política. A imagem impressa tinha-se recentemente vulgarizado a baixo custo. A percentagem de analfabetismo era enorme. Terreno fértil para L.C. fazer da sua arte uma arma de intervenção política. A imagem impressa era atractiva e não necessitava de leitura para ser compreendida.

No principal jornal ilustrado francês de caricatura política da altura, L’Assiette au Beurre, fica com o maior número de capas de revista, competindo com nomes como Steinlen, Caran d’Ache, Capiello, Poulbot, Leandre, Benjamin Rabier.

Parente pobre da arte maior da pintura e desenho, o bilhete postal ilustrado funcionava como um meio de divulgação dessas mesmas artes.

No princípio do século, L.C. aproveitou-o também para expor e divulgar o seu pensamento político, nomeadamente o anti imperialismo, que como movimento de consciência tinha acabado de eclodidir na Europa, por oposição aos crescentes impérios coloniais europeus. Os movimentos de libertação dos anos 50 e 60 surgiram desta consciência, mas isso já é outra história.

Aqui reproduzo uma série de 12 postais editados em França entre 1900 e 1904.

Sem mais palavras, que as imagens falam por si.

Alemanha

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Ricardo Rodrigues, o deputado irreflectido

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“Quando um estúpido faz algo de que se envergonha, diz sempre que esse é o seu dever”

Bernard Shaw, em “César e Cleopátra”

Alguma coisa está mal quando um deputado, seja ele qual for, por não gostar das perguntas de um jornalista, “exerce a acção directa e irreflectidamente retira” os gravadores de jornalistas. Neste caso da revista Sábado. O deputado Ricardo Rodrigues explicou assim, com a citação indicada, o seu gesto de retirar da mesa os aparelhos de gravação que estavam a ser utilizados na entrevista que concedia à revista.

O caso aconteceu há dias. A Sábado divulgou-o hoje. Ricardo Rodrigues já comentou. Disse que se sentiu violentado pelas perguntas. Podia permanecer calado. Podia ter virado costas. Podia ter simplesmente abandonado a entrevista. Sentindo-se “violentado”, como referiu, só teria de sair da sala. Mas não. Resolveu de forma “irreflectida” retirar os gravadores, disse. Ora, como foi sem autorização, acaba por ser um furto ou uma apropriação ilícita, não?

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karl heinrich presborck marx e joseph ratzinger

Karl Heinrich Presborck, estudante em Iena

no aniversário do nascimento de Karl Marx…e da visita a Portugal de Ratzinger…

O Cardeal Joseph Ratzinger, Papa Bento XVI, nasceu em Marktl am Inn, diocese de Passau (Alemanha), no dia 16 de Abril de 1927 (Sábado Santo), e foi baptizado no mesmo dia. O seu pai, comissário da polícia, provinha duma antiga família de agricultores da Baixa Baviera, de modestas condições económicas. A sua mãe era filha de artesãos de Rimsting, no lago de Chiem, e antes de casar trabalhara como cozinheira em vários hotéis.

Passou a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da fronteira com a Áustria, a trinta quilómetros de Salisburgo. Foi neste ambiente, por ele próprio definido «mozarteano», que recebeu a sua formação cristã, humana e cultural.

O período da sua juventude não foi fácil. A fé e a educação da sua família prepararam-no para enfrentar a dura experiência daqueles tempos, em que o regime nazista mantinha um clima de grande hostilidade contra a Igreja Católica. O jovem Joseph viu os nazis açoitarem o pároco antes da celebração da Santa Missa.

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A Posta do mês!!!

As perguntas do 31 da Sarrafada a Sócrates!

Esta é genial:

94. Quem matou Laura Palmer?

maçãs, bravas, esmolfe

Portugal Badalhoco i-mediático

Com razão e propriedade, queixam-se de que o autocarro de um clube desportivo (?) foi apedrejado. Triste! Lamentável!

Só é pena que nas televisões não haja nem tempo nem espaço para mostrar como ficou o comboio que transportou os “aficionados” lisboetas que foram ao Porto assistir a esse evento desportivo (?)

Há dúvidas?

O fenómeno da estupidez não é de agora nem é exclusivo de nenhum tropa fandanga; já ninguém se lembra de um tempo em que os adeptos portistas atiraram ferroviários fora do comboio, logo à saída de Campanhã. Tudo crimes sem castigo, para não destoar do Portugal modernaço e de fracos costumes.

A destruição das cidades

Dizia Paulo Morais há cerca de um ano que “é evidente que as pessoas vão para os shoppings porque eles têm hoje as condições de urbanidade que as cidades já não lhes dão, onde há manutenção, onde há limpeza, onde há segurança, onde há parqueamente, etc., onde há vivencialidade urbana“.

Os excelentes trabalhos de Nuno Castelo-Branco aqui no Aventar e de Rui Valente no As Casas do Porto (de onde “roubei” a imagem que ilustra este post) são dois exemplos concretos do que se passa em Lisboa e no Porto, e de certeza que podiamos acrescentar exemplos de (quase) todas as outras cidades do país.

Os motivos que levaram a esta degradação que são habitualmente referidos são, por um lado a legislação que não apoia a renovação e incentiva a compra de casas novas e por outro a lei das rendas que continua a permitir que haja quem pague uns 5 euros por mês por uma casa.

Convém no entanto referir em relação ao segundo ponto que nem essa lei foi caso único no mundo já que outros países europeus a praticaram, nem ela se aplicou no país todo (só no Porto e em Lisboa) e não é por isso que os centros historicos de Gaia, Matosinhos, para dar dois exemplos que conheço, estão muito melhor que o do Porto.

Também o argumento da legislação, esse entrave que emperra toda a nossa sociedade e que aparentemente só se resolve com mais legislação, fica um pouco fragilizado quando olhamos por exemplo para Guimarães. Que lei especial conseguiram eles para a sua cidade que lhes permitiu uma renovação urbana elogiada por todos?

Acho que nenhuma, o segredo, segundo Souto Moura é que a reabilitação só se consegue com bons técnicos e com uma fortíssima vontade política, como houve por exemplo com a reconstrução do Chiado.

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A não perder ESTE vídeo publicitário encontrado no PiaR do Rodrigo – um excelente blog para quem gosta de Comunicação e PR.

A verdade

Qualquer um de nós que mantenha respeito por si próprio manifesta uma saudável vontade e necessidade de tentar aproximar-se o mais possível da verdade, esteja ela onde estiver.

Só a verdade vos tornará livres, disse Cristo.

A mentira é a ofensa mais directa contra a verdade, diz a Igreja Católica, a despeito das fundamentais e colossais mentiras em que assenta.

É frequente ouvirmos comentários neste e noutros blogs, a dizer para deixarmos a Igreja em paz, e, se não lhe pertencemos, em nada temos que a criticar. Quem assim fala, obviamente que não reflecte, nem evidencia honestidade de pensamento. [Read more…]

A Pax Americana

Em primeiro lugar, com o declínio acelerado da União Europeia, a Pax Americana, cujo líder (ainda) são os EUA, encontra-se em vias de perder a sua “classe média e média alta”, ou seja, uma parte substancial do seu suporte no subsistema de liderança. Isto é muito grave e tanto americanos como europeios deviam reflectir sobre as causas dessa perda de poder no mundo (também já escrevi sobre esse tema).

Em segundo lugar, como já escrevi em 1998, a introdução prematura do euro foi mesmo um erro. Todavia, este erro podia ter sido facilmente corrigido – postulei isso – se na altura tivesse havido em simultâneo  uma mudança radical de estratégia/comportamento da UE, no sentido do meu esboço New Deal. Não foi corrigido, porque tanto o pessoal de Bruxelas como os seus chefes nas capitais europeias são gente de segunda e de terceira que marcam passo e apenas perseguem objectivos introvertidos. Isto ao longo dos anos acabou por transformar a UE de um sistema outrora aberto em um sistema fechado incapaz de aceitar novos conhecimentos. E agora a “Euro Trap” (cf. artigo abaixo de Paul Krugmann) ameaça a fechar. [Read more…]