Dentro dos meus olhos

Dentro dos meus olhos uma tela azul enorme, como a luz dos teus olhos onde encerrei todo o céu que pude.

Um mar imenso de mil cores, mil jardins de flores, mil flores à minha escolha, ao critério dos meus dedos, ao sabor dos meus segredos e dos medos de não ser capaz.

Azul e mais azul de amarelo fustigado, um rasgo genial de vermelho, um reflexo de sol e de céu.

Nada te dizem as cores da minha mão se tento escrever-te numa tela ou pintar teu rosto na letra de um verso.

Tu não queres puxar os cordéis das minhas pernas em sentido de fuga. Não deixas abrir as janelas do vagaroso comboio translúcido, carregando ruas estreitas e novas lojas de palavras velhas.

Nas estreitas ruas das minhas mãos há longuíssimas raízes que te prendem a um labirinto de espelhos.

Grande como o céu, tão alto e tão à mão, não sei pintar-te assim. Vou recriar-te dentro de mim em projectada incandescência de quadros brancos, sem palavras, sem fundo e sem fim.

Jesus, o Papa Portista e os Pecados Capitais

O problema era de cariz religioso e resumia-se numa pergunta: Pode haver dois papas ao mesmo tempo na mesma cidade?

– Pode – diziam no Porto – nós temos o nosso papa, o Papa Portista.

– É um papa de pacotilha. – diziam outros.

Para resolver o diferendo, e porque os apoiantes de cada lado eram muitos, escolheu-se o estádio do Dragão, que se encheu de mirones.

De Lisboa vieram Jesus e seus pupilos, entre os quais o Anjo de Maria. No Porto encontravam-se já o dito Papa Portista, o seu braço direito Jesu(aldo) e respectivas tropas.

O Papa Portista instalou-se no camarote VIP começando por incorrer no seu primeiro pecado capital: a soberba.

Jesus preferiu misturar-se com os homens e sentou-se mais abaixo, num banco junto ao relvado.

Para manter o simbolismo do acto, o juiz foi escolhido em função de uma virtude espiritual: a Benquerença.

Os apoiantes das duas facções manifestavam-se ruidosamente, nem sempre fazendo jus ao nome do juiz.

Benquerença, chegando a hora marcada, autorizou que se começassem a exibir argumentos canónicos.

Perante a argumentação opositora, e não sendo o momento adequado para negar revelações, o Papa Portista resvalava disfarçadamente para outro pecado capital: a ira. [Read more…]

É só rir:

Ehehehehehehehehehe.

Hihihihihihihihihihihihih.

Ahahahahahahahahahahah.

Evandro… Bruno Gama… golo do Rio Ave!

O Braga começou desde cedo a vencer e a vitória já não lhe escapa no jogo de hoje.
Na Luz, é a festa. O Estádio todo engalanado festeja o regresso do Benfica às vitórias. Os encarnados são de novo campeões. Faltam 5 minutos para terminar o jogo contra o Rio Ave e o público já fez 5 ondas consecutivas. No banco, os jogadores abraçam-se, Jorge Jesus, comovido, está sentado. O empate chega perfeitamente.
Só falta um golo para a festa atingir o clímax. O público grita «Benfica, Benfica» e «Ó Pinto da Costa, vai pró caralho!». Os jogadores entram na festa e a cada «olé» vindo das bancadas, fazem uma nova carícia à bola.
Já passa da hora. O «placard» electrónico da Luz assinala 2 minutos de compensação de neutralizações. A festa é gloriosa. Luis Filipe Vieira chora copiosamente. De forma desplicente, Aimar atira para os braços de Mora. Deve ser a última jogada do desafio. Rapidamente, Mora coloca a bola em Gaspar. Com um pontapé largo, o defesa-central despeja para o meio-campo do Benfica. De repente, André Vilas-Boas só tem dois jogadores do Benfica à sua frente e três colegas ao lado. Finta Luisão e adianta a bola para Evandro. Bruno Gama vai atrás.
Correm 25 metros e só têm Quim pela frente. Evandro está sozinho, entra na área, passa a Bruno Gama… golo! golo! golo! É golo do Rio Ave!
E o árbitro termina o jogo. Acabou. Acabou. Os jogadores do Benfica levam as mãos à cabeça. Jorge Jesus, comovido, não sai do banco. Luis Filipe Vieira chora copiosamente. O Braga é campeão.

Dispensário de Alcântara: Lisboa Arruinada


O Dispensário de Alcântara é uma das muitas obras de assistência promovida pela rainha D. Amélia. Prosseguindo actividades de cariz social que ao longo dos séculos foram apanágio das rainhas de Portugal, D. Amélia introduziu o moderno conceito de assistência social, tal como hoje o entendemos. Assim, aquilo que se entendia então por caridade, adquiriu fundações mais sólidas, ligando-se à formação de mentalidades – higiene, cuidados preventivos, assistência continuada – e a rainha, desde sempre insistiu junto dos governos, pela implementação das novas áreas da ciência que ainda não tinham chegado ao país. O Instituto Pasteur (Câmara Pestana), os Lactários Públicos, as Cozinhas Económicas, os Socorros a Náufragos, ou as numerosas creches e a modernização dos hospitais, contam-se entre as suas obras mais relevantes. No entanto, para a memória de todos, ficou a inestimável Assistência aos Tuberculosos. O Dispensário de Alcântara foi durante anos, uma visita quase diária e mesmo no exílio, jamais descurou das suas necessidades, mantendo-se em permanente contacto com o corpo médico em exercício. D. Amélia preocupou-se sempre em garantir o permanente funcionamento daqueles serviços à população. Em 1945, quando da sua visita a Portugal, não deixou de visitar esta sua obra, assim como a sede da S.L.A.T. (ao Cais de Sodré). A população correspondeu com um inaudito banho de multidão, numa época em que as manifestações que não tivessem convocatória oficial, eram rigorosamente controladas ou proibidas. Foi talvez, uma das poucas vezes em que os lisboetas estiveram em contacto com uma personalidade que para muitos, simbolizava uma liberdade e um verdadeiro constitucionalismo há mais de três décadas perdido.

O Dispensário de Alcântara está hoje vazio, fechado. Há uns meses, ostentava na fachada, o cartaz com o esperado e temível “Vende-se”. Sabemos o que nesta época, isto significa: destruição. O apagar da memória da nossa História. Este edifício é simbólico da vontade e do sonho de progresso de uma mulher , que quis que Portugal entrasse plenamente no século XX, a par das outras nações civilizadas da Europa. Por si só, a rainha D. Amélia foi um autêntico ministério dos Assuntos Sociais sete décadas antes de o termos criado. Desta forma, o Estado Português, a CML e entidades privadas ou beneméritas, tudo deverão fazer para o preservar. A destruição do Dispensário de Alcântara será mais um crime, uma infâmia. Mais uma vergonha. Até quando?

Durante a sua visita a Portugal (1945), Dª Amélia foi ver a sua “obra de Alcântara”. Hoje para sempre fechada?

Estranha aliança foice-cifrão


Para quem estiver interessado nos acontecimentos de Bangkok, recomenda-se a leitura do excelente artigo de opinião assinado por Kraisak Choonavan. Peça a peça, desmonta a engrenagem propagandística criteriosamente montada pela plutocracia thaksinista e pelos seus enigmáticos aliados operacionais de timbre retintamente maoísta. Choonavan torna assim perfeitamente irracional – ou pior ainda, suspeita -, uma certa cobertura dispensada pelos media e bureaus ocidentais ligados aos grandes interesses económicos.

“Thaksin’s government deployed populist policies to gain popularity among the people by giving them money to spend freely. In some cases, SDAO (Sub District Administration Organization) officers or heads of villages were aware of the need for accountability and opened special accounts for the villagers to invest in projects for the whole community. However, in most of the cases, the money was spent on non-sustainable issues, making people feel richer for a short while, but usually ending up further in debt.

Neither was Thaksin really interested in redistributing the wealth more fairly in Thailand. What Thaksin called “Asset Capitalization” is only a dead slogan. Genuine “Asset Capitalization” needs a systematic and concrete land tenure distribution policy because land is a basic component of production in the economic system. Thaksin’s government never launched such a policy. Instead, his family established SC Asset Corp. Of which the main policy was to consolidate and acquire large land plots. The company used Thaksin’s family preferences and the dominating power of policy-making to gain possession of large tracts of state land.”

Leia o artigo completo aqui, no The Nation.

O Campeão

Muito se tem dito e escrito sobre o mérito, ou a falta dele, de um Campeão.
Há sempre argumentos, de um lado e do outro para justificar tudo e, ao mesmo tempo, nada!
Dois quadros para ajudar a perceber uma coisa muito simples, ganha quem fica à frente.

Os números dos campeões dos últimos anos

Os números dos campeões dos últimos anos

Este ano só pode acontecer uma destas 6 possibilidades:

O Dia da mãe – uma estória de amor

Tive um professor absolutamente excepcional, de história e português, Dr. Carlos Bento, nos intervalos não se deslocava à sala de convívio dos professores, era da oposição, adorado pelos alunos escorraçado pelos colegas de profissão.

Lá veio o dia da mãe, a ideia era os alunos escreverem sobre a mãe, de preferência em verso, a maioria de nós nem em prosa quanto mais em verso, mas não havia obstáculos, vá de versejar. O meu irmão, era um podengo, hábil com as mãos (foi mecânico de aviões na TAP) não tinha qualquer talento para as letras, alcunhado como “Jaburu” pela tez vincadamente morena e por ostentar um grande emblema do F. C do Porto na lapela do casaco.

E não teve com meias, criança, vergado ao peso de não conhecer a mãe, apresenta como sua a quadra universal: [Read more…]

Fotografia – Mondim de Basto

Os profissionais da caridade

Há duas espécies, os que andam a mendigar na rua e os que andam a “sugar” no Estado Social. Os primeiros, embora menos apresentáveis e mais chatos (não nos deixam ler o jornal sossegados) são bem mais respeitáveis que os segundos.

Quando se vai a uma qualquer repartição da Segurança Social, o que se lá vê é gentinha com o ar de quem foi à esmola. Jovens, na casa dos vinte anos, com um filho de meses ao colo e com outro na barriga, lá estão a fazer contas aos subsídios. Para ele subsídio de desemprego, para ela e filhos, subsídio de aleitamento, subsídio de família . A seguir vão tomar banho numa das casas do “Exército de Salvação”, comem numa das lojas da Santa casa da Misericórdia e vão dormir a uma casa da Câmara de que não pagam renda.

Pagam o plasma a prestações e o carro está sempre atestado, tomam o pequeno almoço num dos cafés da esquina, galão, sandes de queijo ou uma “bola de berlinde”, incluindo as crianças, antes de rumarem à AMI para receberem roupas lavadinhas e passadas a ferro.

Às três da manhã fazem um algazarra na rua, cerveja a rodos, tabaco e namorada. Se têm uma dor de barriga vão ao hospital, tudo de borla. Dizia-me a funcionária da Segurança Social no cabeleireiro, enquanto me arranjavam as unhas a mim e o cabelo a ela, que há famílias que levam 1 500,00 euros para casa por mês e oferecem porrada a toda a gente se a Segurança Social não lhes conceder mais um qualquer subsídio a que se acham com direito.

Há gente feliz!

A Europa fracassou !

Debate sobre a Grécia no Forum SPIEGEL-ONLINE:

“A Europa fracassou”

“… Muitos participantes do forum pensam que com esta crise se tornaram evidentes erros fundamentais de construção na UE. Assim ‘Ylex’ escreve que a União Europeia se encontra numa grave crise de existência que também a Alemanha não é capaz de sanear com uma ‘maquilhagem financeira’ para os gregos. “Só se os responsáveis assumirem a sua responsabilidade,  tirando as conclusões certas que tenham por consequência mudanças drásticas, a UE poderá sobreviver”. ‘Atzigen’ considera a ideia europeia desde já fracassada. “A UE baseia obviamente num senso de solidariedade subdesenvolvido. Obviamente a UE encontra-se muito longe do seu autoproclamado objectivo de criar proposperidade para toda a gente na Europa.”A sua conclusão: “A Europa fracassou”. [Read more…]

Alívio – O PSD na frente com 5 pontos de vantagem

Não causou nenhuma surpresa, nenhum artigo inflamado, nenhum programa pró ou contra, nada, todos esperavam, é um alívio ter aparecido alguem que possa tirar o país deste pântano. A ideia com que se fica é que é um pesadelo que está a terminar, ter um primeiro ministro todas as semanas acusado de malfeitorias, boys metidos no lodo até ao pescoço, magistrados feridos na sua independência, grupos económicos com a “boina” na mão à porta da residência do primeiro ministro.

Ufa! Como pode ver no texto do Aventar “PSD na Frente“, antecipando as notícias na comunicação social, já não chega a propaganda para tapar “o sol com a peneira” o país, ao contrário do que dizia a propaganda está, miseravelmente, no fim da linha.  O ministro das Finanças vem dizer que é preciso reequacionar o PEC e os megainvestimentos, de tarde aparece o ministro das Obras Públicas a dizer o contrário, logo apoiado pelo primeiro ministro. Temos duas linhas políticas no governo ou já são dois governos num só? Teixeira dos Santos engole “sapos” com a mesma facilidade com que Sócrates inventa mentiras. Qual dos dois acabará primeiro?

É que se Teixeira dos Santos abandona o barco, neste momento, entramos numa deriva muito perigosa. Sócrates já não entra nas contas!

O Porto à Conversa…

…é o tema da crónica desta semana no Semanário Grande Porto dedicada ao aventador Vítor Silva e o seu podcast “O Porto à Conversa”.