Dennis Hopper por Francis Ford Coppola

Apocalypse Now, 1979 [Read more…]

A crise à média luz

(Desculpem mas não resisto à transcrição deste texto de Marcos Cruz)

Não é de hoje que, para mim, a decifração da mensagem mediática devia constar dos programas do ensino básico. Todos os dias vejo pessoas a viver no passado e no futuro, atormentadas que estão pelo agoiro jornalístico, agora tão comprazido nesta possibilidade de chupar a crise até ao tutano, como se esta fosse não a madrasta que tanto lamentam, mas a costeleta mais apetitosa que já alguém lhes pôs na mesa. Desculpem os que acharem este discurso uma irresponsabilidade, mas estou plenamente convicto de que a melhor maneira de responder a todas as crises, e também de as evitar, é estar presente em cada momento, é aquilo a que comummente chamamos ter sangue frio. Só assim um piloto de avião pode pensar em aproveitar a percentagem mínima de hipóteses de salvação que se lhe apresentam se os motores do aparelho deixarem de funcionar. [Read more…]

Sócrates apoia João Proença


João Proença é militante do PS, mas claro que não é por isso que foi contra a manifestação de ontem. Claro que não, nem pensar nisso!

Novas Oportunidades para a publicidade

O José Simões foi à página da transparência na Administração Pública,  escreveu “novas oportunidades” e saíram-lhe 3.956.176,33 €. Ou melhor: saíram do Orçamento do Estado quase 4 milhões de Euros gastos em publicidade. É fantástico não é?

O esforço de oferecer o 12º ano a toda a gente (e não apenas a quem merecia que lhe fossem reconhecidas competências adquiridas ao longo da vida) não alcançou nem de perto os resultados estatísticos pretendidos: segundo um estudo do Banco de Portugal continuamos a estar na cauda dos países com menos escolaridade da OCDE. O estudo diz que a culpa é transgeracional

Os filhos “têm um trajecto escolar fortemente influenciado pela experiência educativa dos pais. Portugal é um dos países da OCDE em que esta transmissão intergeracional é particularmente marcada”,

ou da

“qualidade do ensino e da formação de professores.”

Nesta última causa é evidente que após o 25 de Abril houve uma entrada massiva na profissão de gente sem qualificações para tal, e não podia ser de outra forma, tal como a baixíssima frequência escolar até aquela data tem um preço que ainda hoje estamos a pagar (qualquer professor sabe que o desinteresse de muitos alunos passa por terem ultrapassado a escolaridade dos progenitores, e acharem que já chega).

As Novas Oportunidades não deixam de ter aspectos positivos, mais que não seja porque garantiram emprego a muitos candidatos à docência, e criaram a economia paralela da fraude em trabalhos de RVCC.

Espero que os Ministérios da Educação e do Trabalho poupem aqui, antes que se volte ao tempo em que os professores pagavam fotocópias do seu bolso, mas devo esperar sentado: tal como o e-escolas, estas foram oportunidades de caçar votos a torto e a direito. E comprar votos compensa, acham eles.

Dennis Hopper por Win Wenders


O Amigo Americano, 1977 [Read more…]

Domingo…

O povo saiu à rua…

Ontem, a manifestação da CGTP juntou, em Lisboa, centenas de milhar de pessoas que, vindas de todo o país, partiram de diversas concentrações disseminadas pela cidade para, a partir do Marquês de Pombal, descerem a Avenida da Liberdade até aos Restauradores. Das interpelações feitas aos participantes mostradas pelas televisões é digno de nota o tom pacífico e o sentido cívico revelado. Não se tratou de uma manifestação política marcada por sentimentos agressivos como muitas outras. Não! Tratou-se de uma expressão pública de descontentamento e de urgente chamada de atenção para o impacto social das medidas económicas adoptadas. Por isso, as declarações da UGT, tal como disse à TVI, o seu ex-dirigente Torres Couto, não se identificam com o sentir dos cidadãos, desempregados e trabalhadores. A manifestação de ontem foi um sinal claro de que o activismo cívico e o sentido de participação democrática estão ainda vivos, em Portugal. Estranho seria se assim não fosse e, a assim não ser, só poderia significar que os portugueses vivem suficientemente bem para poder suportar os custos da austeridade, sem sérias e até graves dificuldades. Não é o caso. Os portugueses, além de cerca de 600 mil desempregados, vivem, em significativa percentagem, no limiar da pobreza não denotada apenas ao nível dos seus salários mas, pela correlação com as suas taxas de endividamento e o custo de vida que, de facto!, lhes reduz, o poder de compra. Mais do que uma manifestação contra o Governo, esta manifestação foi contra a política económico-financeira que, a partir da Europa, afecta de forma agravada os países do Sul, cujas economias apresentam debilidades estruturais que, em alturas de crise, denotam com evidência os custos desses problemas. Por isso, seria justo e sinal de boa-fé que, ao invés de ignorar a autenticidade e a dimensão do sentir da população, o Governo revisse algumas das medidas adoptadas recentemente, designadamente, a que se refere a cortes nos apoios sociais aos mais fragilizados pelo desemprego ou pelo auferir de salários muito baixos. Para além do reforço fiscal junto dos grandes agentes financeiros, como a banca!, pensar em questões como as que, hoje, o DN exemplifica, é, de facto, prioritário (ler AQUI).

Social – Democracia. Alternativas?

O liberalismo que se afunda em desigualdades e que defende a “lei da selva” a lei do mais forte? Cada um por si? Ou o socialismo, aprisionado em Estados omnipresentes e omnipotentes, criadores de elites que se perpetuam no aparelho de Estado e que não consegue responder às justificadas ambições de melhor níveis de vida das populações?

A social democracia não representa o futuro ideal se calhar nem o passado ideal mas não conhecemos nada que se lhe aproxime.O consenso social do após guerra representa o maior avanço social a que o mundo já assistiu, pela mão da democracia cristã, pelo conservadorismo britânico e alemão e a social democracia nórdica.Nunca a história assistiu a tamanho progresso, nunca tantos experimentaram tantas oportunidades de vida.

Mas o perigo espreita, com a admiração acrítica do mercado livre, o desdém pelo sector público, a ilusão pelo crescimento eterno. Até aos anos 70 todas as sociedades europeias se tornaram menos desiguais, graças aos impostos progressivos, aos subsídios dos governos aos mais pobres, os extremos de pobreza foram-se apagando. Nos últimos 30 anos deitamos tudo isso fora.

Adam Smith volta a ser citado: ” nenhuma sociedade será verdadeiramente florescente e feliz se uma grande parte dos seus cidadãos for pobre e miserável”. Sem segurança, sem confiança, as sociedades ocidentais ameaçam ruir. A insegurança alimenta o medo. E o medo – da mudança, medo do declínio, medo do desconhecido- corrói a confiança e a independência nas quais assentam as sociedades civis do Ocidente.

Essa rede de segurança social contra a insegurança foi uma das maioras conquistas do sistema, restaurando o orgulho dos perdedores do sistema, trazendo-os para dentro dele e não lhes virando as costas. Então o que falhou? A esquerda moderada continua a criticar, nostálgica das revoltas dos anos 60, sem apresentar qualquer alternativa consistente, abrindo brechas por onde entraram o individualismo feroz, a proletarização e fragmentação do colarinho branco. As maiores críticas à social democracia vêm da esquerda e são comprovadamente falsas, como se verifica pela capacidade do sistema em manter e sustentar as maiores vitórias sociais da humanidade. Uma maior igualdade, a liberdade e uma maior prosperidade.
PS: com Tony Judt – o regresso ao Estado providência.

Dennis Hopper por Denis Hopper

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Easy Rider, 1969 [Read more…]