No Blasfémias, Helena Matos chama-nos a atenção para um texto de JMF, apontando as razões pelas quais existem tantos incêndios no nosso país. Como se fosse preciso recorrermos aos bons ofícios de JMF, para destrinçarmos as causas das calamidades de verão. Já há mais de quarenta anos, anda Ribeiro Telles a apresentar as falhas, as negociatas, os crimes, o desleixo e principalmente, as urgentes soluções para o reordenamento do território. É este o problema fundamental que arrasta atrás de si todos os outros, desde a desertificação, liquidação dos recursos agrícolas, deterioração das águas e até, a própria estrutura política de um Estado, sem rei nem roque. Neste país onde existem “comissões ad-hoc” para tudo e mais alguma – invariavelmente “encartes” para amigos, amigas e primos e primas, camas e mesas várias -, Telles sabe o que diz. Tem um projecto e faltam apenas, os poderes para o executar.
Tenho JMF em boa consideração, mas, francamente, virem agora “descobrir a pólvora” num artigo do Público? Isso é uma blasfémia, Helena.
e onde estão esses escritos do Ribeiro Telles?
O João Miranda no Blasfémias e o Henrique Pereira dos Santos no Ambio, são as vozes mais lúcidas quando se discutem fogos florestais. E faltam vozes lúcidas a explicar esse problema na comunicação social.
Salvador, vou procurá-los e logo informarei através de post. Durante anos a fio, ouvi-o em conferências, na televisão e até, da última vez, numa conferência do IDP – Instituto da Democracia Portuguesa. O homem sabe do que fala e os interesses que se foram instalando quando da época dos Planos do Estado Novo, criaram um determinado tipo de condicionalismos que se agravaram ainda mais nas últimas décadas. É preciso dizer as coisas como elas são. Campanhas dos cereais, Alquevas – como se vê e Telles bem dizia, até agora é para turismo – megalopolização de Lisboa e área metropolitana, etc. Telles tem mesmo razão.
Eu sei. Sempre respeitei a opinião dele. Quando perguntava onde estavam os seus escritos não estava a ser irónico. Era mesmo para saber.