Presidenciais – epílogo

-Terminadas as presidenciais, é hora de fazer um balanço sobre vencedores e vencidos, sim, apesar da manifesta falta de interesse dos portugueses no plebiscito, a abstenção terá sido a grande vencedora no passado Domingo, apesar de tudo havia mais em jogo para lá de decidir o nome do inquilino do palácio cor de rosa situado próximo da Antiga Fábrica dos Pastéis de Belém, durante os próximos 5 anos.

Cavaco Silva – Venceu porque eleito à primeira volta. Mas ficou aquém dos números avançados na generalidade das sondagens, que praticamente o entronizavam. Terá sido essa a razão para tanto azedume no discurso de vitória? Ou ficou sem saber o que fazer daqui em diante? Com uma liderança do PSD a querer distância de Belém e face a uma hostilidade crescente entre governo e presidência, Cavaco tem uma de duas opções, ou procurará intervir e condicionar a agenda política, deixando cair a sua imagem de institucionalista, tornando-se uma força de bloqueio, ou cumprirá um mandato pautado pela irrelevância. A sua última vitória eleitoral, poderá ter sido uma vitória de Pirro.

Manuel Alegre – As notícias da sua relevância política, segundo a qual valeria um milhão de votos, estavam afinal manifestamente exageradas. Poderá passar à reforma sem honra nem glória, vítima das suas próprias contradições. Um pé fora, outro dentro do PS, sucessivas “traições” ao partido durante a anterior legislatura, tiveram agora um preço a pagar, a falta de empenho do aparelho PS durante a campanha. Ironicamente José Sócrates terá sido um dos vencedores da noite, mais até que Pedro Passos Coelho.

Fernando Nobre – Outro dos vencedores, provando com a sua votação a existência de espaço político fora dos partidos. Tivéssemos círculos uninominais e assistiríamos nas legislativas à eleição de figuras independentes. Claro que Nobre beneficiou da insatisfação no PS e BE pela candidatura de Alegre, mas a figura supra-partidária do fundador da AMI, permitiu-lhe recolher votos da esquerda à direita. Não creio contudo que possa reclamar legitimidade política daqui em diante, deverá ter em atenção o (mau) exemplo de Alegre, afinal se é suposto que as maiorias presidenciais se esgotem no acto da eleição, porque haveriam as votações dos derrotados permanecerem?

Francisco Lopes – Apresentou-se para segurar o eleitorado CDU, papel que desempenhou de forma competente. Não terá conquistado eleitorado ou sequer a simpatia dos portugueses, ao contrário de Jerónimo de Sousa em eleições anteriores. Poderá ser uma figura a ter em conta quando o partido entender ser chegada a hora de substituir o actual secretário-geral, mas para já não convenceu.

José Manuel Coelho – O joker da Madeira, com que ninguém contava. Chegou tarde à campanha, foi prejudicado por não ter participado nos debates, era quase um perfeito desconhecido no continente, ouvíramos falar dele durante a polémica da bandeira nazi no parlamento regional e pouco mais. Mas a sua votação levanta também alguns problemas no seio do seu próprio partido, o PND-M. Irá Baltazar Aguiar, ceder o lugar ao mediático companheiro? Uma coisa foi conseguir reunir algum voto de protesto, mas para disputar este ano a Alberto João Jardim as eleições regionais, precisará bem mais que folclore.

Defensor Moura – Preterido pela estrutura regional do seu próprio partido, na candidatura à Câmara Municipal de Viana do Castelo, exilado para a Assembleia da República, o candidato da regionalização obteve uma irrelevante votação. Dele não ouviremos falar tão cedo, a não ser que consiga ser nomeado pelo governo PS para algum job, de contrário poderá fazer carreira como deputado, talvez mais uma legislatura.

Comments

  1. tem acontecido com raridade, mas estamos de acordo.

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