Votei PSD. Já me arrependi?

Fui dos que votou neste governo. E sim, sabia que estas e outras medidas aí viriam. A questão é se outro governo faria diferente. Veja-se o anterior executivo, por exemplo. Ao fazer o cortes que começaram em 5% nos vencimentos da FP e das empresas participadas pelo Estado (para valores salariais ilíquidos superiores a 1500 euros), o que é que isso significou? 5% x 14 meses = 70% de um ordenado. Podemos dizer que estas pessoas já tiveram um corte de 70% num dos subsídio de férias ou de Natal.

Não gosto e, acredito, que ninguém goste destas medidas. Eu nem sequer trabalho na FP mas uma coisa é certa sem estas e outras medidas não haveria salários para  que recebem do Estado. Há outras soluções? Eu diria que  houve outras soluções. Por exemplo, podia não se ter nacionalizado o BPN. Podia não se ter despejado dinheiro a rodos em pseudo-formação nas empresas. Podia ter-se recorrido a esta ajuda externa um ano antes, assim evitando o definhar que os juros altos nos trouxeram. Podia não se ter lançado dinheiro para empresas em pré-falência. O que que se ganhou com a anterior política? Dois bancos falidos e um gigantesco buraco nas contas públicas (um pela nacionalização, outro que é uma bomba armada pelo aval de 450 milhões); pessoas que acabaram na mesma no desemprego depois de passada a pseudo-formação (mas deu para adiar os maus números do desemprego); juros insuportáveis que iremos pagar nos próximos anos; empresas que faliram na mesma (veja-se a Qimonda, só para citar uma).

Os portugueses tiveram em 2009 uma hipótese de mudar o rumo do país. Em vez disse deram uma carta branca para Sócrates dar o passo em frente quando estávamos à beira do precipício. E isso teve um custo, sendo este corte apenas a primeira das facturas a pagar. Já me arrependi ter votado PSD? Na verdade, arrependo-me de ter precisado votar PSD, o que é algo diferente. Foi o que expliquei na altura oportuna.

editado

Comments

  1. BLAGUE DE ESQUERDA says:
  2. Armindo Silveira says:

    Desculpe mas o autor deste artigo ou a quem se refere, é o tipo de português que tem viabilizado sucessivamente a alternância entre PS e PSD e com o CDS à espreita e quem têm hipotecado o futuro deste país. Essa franja eleitoral tem olhado só para o seu umbigo e a sua capacidade de analisar as situações são deturpadas pelo medo de passar fome, esquecendo-se das largas centenas de milhar de portugueses que já estão nesta situação. Ainda não se fartaram de ser enganados? Vocês são os grande culpados desta situação e isto sem desculpar os políticos mentirosos que povoam este canto da Europa:. Pelo que percebo está satisfeito pelo corte no 13 mês. Maldito seja.

  3. Pois, a necessidade é relativa. Quanto ao arrependimento, a mim ensinaram-me que só é verídico se não se repetir o acto.
    😀

  4. sem pretender avaliar a bondade e oportunidade das medidas tomadas pelo anterior governo ou se quer concordar ou discordar do teor do seu post, apenas faço o reparo que o corte nos vencimentos na FP e empresas intervencionadas atingiu os vencimentos acima de 1 500 Euros e que o BPP não foi nacionalizado.
    não que isso sirva de grande consolo aos atingidos, mas não “podemos dizer que quem trabalha na FP e empresas participadas pelo Estado já tem um corte de 70% num dos subsídio de férias ou de Natal.”
    por agora, apenas aqueles cujo vencimento mensal estava acima de 1 500 Euros estavam abrangidos por essa redução.

  5. Rodrigo Costa says:

    … Penso, Jorge, que só se justificaria o arrependimento de ter votado; porque, votar no PSD ou noutro partido qualquer, não modificaria a questão. Mais um toque para a “direita”, mais um toque para a “esquerda”… a história iria dar ao mesmo, porque o estado a que se chegou resulta de práticas e pensamentos vários de uma mesma mentalidade.

    Houve altura em que o País esteve nas mãos da “esquerda”. E eu pergunto: não foi um fartar vilanagem?… Não foi um tomar-de-assalto sem pensamento, sem organização, sem plano? Nâo foi mais um acto de vingança e de pilhagem, do que o aproveitamento da situação para reformular, inteligentemente, o modo de vida?…

    A que se deve, por exemplo, a pressão a que estão sujeitos os funcionários bancários; com horários preenchidos e apertados, com isenção de horário —para sair, entenda-se?… Porque aqueles que os representaram nas negociações se foram vendendo e hipotecando tudo o que, mesmo em excesso, tinham conseguido. Tais delegados eram de “esquerda”, de “direita”? Isso importa; não vai dar ao mesmo? Não faziam parte desse magote imenso que defendia os interese3s do “povo”?

    Lembra-se da canção do Rui Veloso, quando diz “eu nunca vi pátria assim, pequena e com tantos peitos… “? Lembra-se. Passado poucoi tempo, foi chamado, pelo 10 de Junho e penduram-lhe uma… Acabaram as cantigas de intervenção. Conhece algum dos “interventores” que esteja mal? Não. Mal, possivelmente, estaria o Zeca Afonso, por ser o único, de entre todos, que era idealista; o resto são tudo comerciantes que lhe aproveiram a luz. A estes, prefiro o Quim Barreiros —o País é o que resulta de tudo isto.

    Ora, se é impensável que, no dia 26 de Abril, já toda a gente fosse democrata, mais difícil, ainda, é esperar que tantas pessoas, em curto espaço de tempo, eliminem os vícios e usem a moderação, porque o cavalo tomou o freio. A não ser que alguém o páre, parará quando lhe rebentar o peito…

  6. Rodrigo Costa says:

    … Quanto aos cortes no subsídio de Natal, não vejo qual seja o problema, na medida em que há muito quem nem subsídio tenha.

    Peço desculpa, esqueci-me desta observação

    • Como também há muito, e cada vez mais, que nem ordenado tem, que tal cortar também no dito?
      Poupem-me, argumentos lógicos, aceito!
      Não aceito que vão dizer aos assistentes operacionais da minha esc que vão perder 18 € que é metade do que recebem acima do ordenado mínimo. É vergonhoso. E, acreditem, faz-lhes falta, mesmo se parece uma ninharia a muito boa gente!

      • Rodrigo Costa says:

        Isabel, expressei-me tendo em conta que os de menos possibilidades estão protegidos. 18 Euros, como metade de um subsídio de Natal não é, propriamente, um subsídio que se veja.

        Agora, também devo dizer, por exemplo, que, por alturas da Supertaça, entre o F C do Porto e o Barcelona, há-de haver muita gente de poucos recursos que se deslocará para ver o jogo; o que quer dizer que 36 Euros, por exemplo, não serão suficientes, sequer, para o bilhete. São estas incoerências que legitimam, muitas vezes, as tomadas de posição dos políticos —não estou a dizer que concordo; estou a penas a fazer uma observação.

  7. Não se arrependa ainda. É cedo.
    Continua a ser possível um estado pequeno e forte.

    http://supraciliar.blogspot.com/2011/07/estado-pequeno-e-forte-ii.html

  8. Este artigo podia estar bem escrito mas, em vez de (podia-se) devia ter escrito, podia ter-se feito
    etc..e ..tal.
    Porque quando se escreve para o geral deve aplicar-se aquilo que se aprendeu na escola, ou não aprendeu, ou ainda mais, já está viciado em falar e escrever da mesma forma?

  9. Meu caro já fiz a minha 4ª.classe Há 68 anos, como percebe aprendi Português e tudo aquilo que era necessário para saber falar e escrever o Português correcto, e fazer contas e cálculo mental e se não aprendesse não fazia exame.
    Era enfim um aprender total para vida. Mas hoje sei usar calculadoras de todo o tipo e como lhe
    estou a mostrar o Computador. Até sempre e bom Português!.Saúde.

    • Rodrigo Costa says:

      Caro Vicente,

      A degradação a que assistimos tem responsáveis, seguramente. Seria necessário saber-se quem foram e quem são os mentores e promotores do facilitismo, de cujo “movimento” começaram, de há tempos, a surgir as vítimas; pessoas indefesas, porque, enquanto alunos, foram sujeitas a programas inadquados; para além de que o estudo da língua requer interesse particular, por não estar apenas em causa a necessidade de comunicar, mas, também, o prazer de comunicar.

      Neste aspecto, parece-me, tal só pode ser desenvolvido por conta-própria, porque só os automatismos, a interiorização dos aspectos morfológico e sintáctico, permitem escrever bem, mesmo sobre pressão, por haver uma exigência que, naturalmente, se cultiva —A Escola é, hoje, integrada por muitos professores que foram vítimas de um ensino empobrecido.

      Para lhe ser sincero, não faço esses reparos, a não ser que estivéssemos a conversar sobre a matéria; o que aqui se discute, digamos assim, são ideias. De qualquer modo, faz sentido; a pancada tem de vir de algum lado 🙂

  10. Pedro says:

    Por acaso não deixo de achar piada a um texto completamente laranja e depois ainda vir falar em BPN… Aliás, todos nós sabemos quem teve negócios estranhos e obscuros com o BPN, uns até Conselheiros de Estado eram, outros Presidentes da República, e curiosamente ambos laranjinhas…

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading