Pelo traço de Fernando Saraiva.
O BE devia estar mais atento ao mundo cor-de-rosa
No BE fala-se em renovação. Não sei se falam de idades ou de imagem. Seja como for a pessoa que recomendo não tem idade e tem a imagem sempre renovada. E é trotskista, já o era nos tempos do salazarismo:
Foi então que percebi que o mundo não era um conto de fadas, e que não havia liberdade. Lia Marx e Trotsky, os meus amigos eram maoistas. Eu sempre fui mais trotskista…
Além disso tem a experiência da luta de classes vivida na pele…
Nunca sentiu que podia estar a ser usada?
Senti. Na maior parte das vezes, usada, abusada e deitada fora.
… a ponto de ter de usar roupas emprestadas…
Fica com as roupas ou tem de devolver?
Claro que tenho de devolver. Agora vou lá devolver o vestido que usei esta manhã. Por isso é que estava cheia de medo de o estragar nas fotografias.
… foi vítima de machismo…
O meu ex-marido não me deixava trabalhar [Read more…]
Não é só o quartel de Abrantes
Para além do quartel de Abrantes, muitas outras coisas parecem não mudar. Ainda que a mudança faça sempre parte do discurso. Fica bem e é vanguardista. Pena é que se viva na coutada das petas.
As petas fazem do nosso país um recreio infantil do faz-de-conta, onde os donos da bola mandam a desmandam e deixam a demais canalha brincar até onde lhes convém.
Uma das petas do costume, é a treta da herança situacional: quem chega diz que tudo está muito pior do que se pensava e que são necessárias medidas mais austeras do que se previa. Mesmo quando se assume que não se usará a desculpa da situação herdada. Mas, o “nosso” Primeiro já terá percebido que a credibilidade dos políticos é tão baixa que mentir mais ou menos, nesta altura do campeonato, pouca diferença faz. E a malta até adere a peditórios, sejam voluntários ou à força.
O pior mesmo, é o que fazer a quem perde o emprego e o pão?Façamos mais um peditório.
Um gamanço colossal
O assalto ao 13º mês parecia um assalto ao bolso de todos nós. Afinal não é: os rendimentos de capital, incluindo os provenientes da especulação bolsista não serão tributados.
Compreende-se: se uma crise nasce da especulação financeira penalizar os prevaricadores teria uma espécie de moral, o que de modo algum faz sentido no mundo em que vivemos.
Roubem-se pois os rendimentos do trabalho, até porque dada a completa ausência de responsabilidade do trabalho nesta crise do capital financeiro sempre ficamos todos unidos. É a solidariedade social no seu melhor.
Mais logo o ministro do assalto às nossas Finanças vai explicar tudo, tostão por tostão. Promete, se há coisa que a este ministro não tem faltado é sentido de ironia e humor, qualidade que temos sempre de apreciar, antes de nos dar um tiro toda a gente gosta que o assaltante conte uma boa piada. LOL.
Mandaram-no vir, agora aturem-no
O anterior mentia, o actual também mente. No final, Sócrates ou Passos Coelho usam, apenas, estilos diferentes; todavia, as pesadas consequências do logro, de um ou de outro, são idênticas para os portugueses
A ler no novo blogue do meu amigo Carlos Fonseca, agora em Solos sem Ensaio
A sombra do colosso
Estratégias de reprodução: direito canónico e casamento numa aldeia portuguesa (1862-1983)
1. Introdução
Nas pesquisas que tenho realizado até ao presente com o objectivo de reconstruir as relações sociais nas sociedades europeias, cometi o erro, em primeiro lugar, de me apoiar demasiadamente na observação de terreno, e em segundo, de apenas correlacionar essas relações com a história económica e com os costumes locais de casamento e herança. Quando estudei a organização do casamento entre os camponeses chilenos, entre os quais se aplicam as ideias acerca do direito e da ordem, não entendi que o casamento sem a presença do padre, entre eles praticado, era tolerado pela Igreja e pelo Direito Canónico. Alguns anos mais tarde, pesquisando em Vilatuxe , na Galiza, pude isolar diferentes práticas de casamento, em função de diferentes tipos de herança, e notei que, em certas condições históricas, um sistema que supostamente favorece o filho mais velho, de facto autoriza a transmissão de terras e bens ao mais capaz dos descendentes. Não me havia apercebido de que a contradição entre o que se diz e o que se faz se inscreve numa continuidade histórica lógica, que a totalidade coexiste no saber das pessoas e que os camponeses retiram desse saber o que lhes é necessário em função das circunstâncias.
Ambulância Postal
Eu ainda sou do tempo… em que o correio era distribuido por caminho-de-ferro; não terão ainda passado trinta anos – antes das auto-estradas grátis, do petróleo a jorrar no Beato, das Novas Oportunidades e do Simplex – a grande distribuição postal fazia-se ao ritmo do comboio.
Era um ritmo assim-assim, no máximo, em dois dias, uma carta chegava da serra algarvia a Bragança. Agora são precisos três, a menos que queiras pagar correio azul. Aos comboios portugueses, e da Europa também, acoplava-se uma ou duas ou mais carruagens com gente lá dentro, a trabalhar. Os funcionários dos Correios trabalhavam uns de noite (nos comboios mais extensos ao longo das linhas principais) e os outros pela manhã dentro (nos comboios mais curtos).
Nos anos 80, se não depois, o “correio” vindo de Lisboa passava três “Ambulâncias Postais” (assim se chamava este posto dos correios sobre carris) para as costas de uma locomotiva a diesel, uma 1400, e partia, veloz em direcção à Linha do Douro. Era o comboio mais importante do dia e subordinava a si a marcha de todos os restantes… (continua)
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