Amy Winehouse, 1983 – 2011, RIP
Anders Behring Breivik não é um terrorista, é um cristão
Anders Behring Breivik não é muçulmano, não é de esquerda, mas assassinou 91 compatriotas. Temos agora um complexo problema de linguagem atormentando as redacções.
No Público uma alma benzeu-se e conseguiu utilizar a palavra:
Este é o mais grave atentado terrorista na Europa desde que 52 pessoas perderam a vida em Londres em 2005, num ataque levado a cabo por terroristas islâmicos.
Bom esforço: escreve-se terrorista, mas enfia-se islâmico no mesmo parágrafo. No Expresso procuro, e não encontro: atentado, vá lá. Nas primeiras horas ainda se vendeu o peixe do “grupo islâmico”. Ninguém comprou.
Anders Behring Breivik é um filhodaputa de um cristão fundamentalista, com a mania das armas e politicamente de direita. Mas os terroristas só podem existir no outro lado da guerra santa.
Para quem vê o mundo a preto e branco é assim. O perigo vem sempre de Meca, agora que já não vem de Moscovo. São sempre os outros. 91 humanos foram vítimas de “um atentado”. Nos próximo dias vão convencer-nos que foi cometido por um “tresloucado”, o que não deixa de ser verdade mas também se aplica aos outros.
Aquilo que está entre o preto o o branco não existe, existe a comunicação social que o apaga, apagando-nos a massa cinzenta.
Cresci a ouvir todos os dias a palavra terrorista associada sempre aos movimentos de libertação. O nosso exército era santo, Wiriamu nunca existiu. Estou habituado.
O não casamento como estratégia de reprodução numa aldeia portuguesa (1862-1983)
Quando em 1971-1973 levei a cabo a minha pesquisa entre o campesinato do Vale do Chile apercebi-me que, apesar das crenças, valores e regras legais, religiosas e políticas, os casais, na ausência de um padre ou de um registo civil, – o que aconteceu com frequência nos grandes latifúndios chilenos – simplesmente juntavam-se quando surgia a necessidade de dividir a casa. Mais tarde, na Galiza, entre 1975 e 1978, observei que, tanto para esse período como para o passado histórico até ao século XVIII, o casamento verificava-se normalmente entre pessoas da mesma condição, baseando-se em negociações em torno da herança, sendo portanto, e uma vez que o património varia através dos tempos tanto nos conteúdos como nas possibilidades económicas, uma instituição historicamente mutável. Apercebi-me de uma série de possibilidades que se haviam desenvolvido para o casamento na Galiza, tais como o casamento combinado pelos pais do principal herdeiro, ou combinado pelos próprios, enquanto herdeiros residuais (Iturra, 1978 e 1980), os quais, uma vez mais, têm uma importância variável, dependendo dos conteúdos patrimoniais das transações matrimoniais. [Read more…]
Do Pecado
Bosch.
Hieronymus Bosch. H.á um livro de uma jornalista espanhola, a casa dos sete pecados, um romance histórico sobre o pecado, desejo, morte, traição. Bosch aparece por razões evidentes. Segundo o protagonista, Felipe II, “Ninguém melhor que ele sabe plasmar numa imagem a verdadeira essência da redenção dos homens”. Eu diria mais. Ninguém melhor que ele sabe plasmar a verdadeira decadência humana. Não se enganem, os quadros de Bosch têm pouco a ver com o Renascentismo. São quadros da Idade Média combinados com as novas técnicas do Renascimento.
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