Todos contra a Barragem 0,1% – Depoimentos sobre o Douro e o Tua. 8 – Sant’Anna Dionísio (IV)

(continuação)

« – 54 km Mirandela, est. (D.); (208 m. de altitude).
A vila é airosa. Rodeiam-na, à distância, os perfis macios de alguns ondulantes outeiros.
À saída da estação, a via férrea trespassa um breve túnel e, ladeando discretamente a vila, afasta-se do rio Tua para tomar a direcção do nordeste. A estrada de Bragança segue, por momentos, ao lado da via férrea, num arborizado segmento horizontal e rectilíneo, de uns novecentos metros de extensão. De um lado e outro, hortejos, olivais e alguma vinha. Horizontes alongadfos. Aprazível alameda.

– 58 km Avantos, ap.
Um pouco antes da povoação de Jerusalém de Romeu, a via faz uma pronunciada inflexão, transpondo um fundo valeiro sobre um viaduto metálico, de quatro tramos, de tabuleiro ascendente e encurvado. À saída do viaduto, a linha cruza a estrada de Bragança.

– 67 km Romeu
Estamos em pleno domínio da enorme Sociedade Agrícola dos Meneres, a célebre Quinta de Romeu, cuja área se pode comparar, sem desdouo, a algumas propriedades latifundiárias do Alentejo. Bastará acentuar que ela abrange, segundo recentes registos estatísticos, cerca de um milhão de pés de sobreiros e muitos hectares de rendosos olivais. Aí se encontra também a típica Estalagem da Maria Rita, de castiço ambiente provinciano e genuína culinária portuguesa.
À saída da estação vê-se, à esquerda, a interessante aldeia de Vale do Couço. A via férrea afasta-se da modesta ribeira de Romeu para acompanhar de novo a ribeira de Carvalhais. Sucedem-se as turbamultas das azinheiras e dos sobreiros, em terrenos xistosos e pardacentos. Aqui e além, um punhado de castanheiros. Mas a árvore dominante é o sobro.
Não esqueçamos que nos encontramos dentro do maior sobreiral do norte do país.
A linha aproxima-se da cota dos 500 metros.

– 74 km Cortiços, est (E.)
Vinhedos associados a olivais. Ao fundo, montados e retalhos de centeio, verdejantes ou alourados, conforme a quadra em que se viaja. Ao longo da modesta linha de água, tufos frondosos de arvoredo. Transpõe-se duas vezes a ribeira (Ponte das Carrasqueiras e Ponte de Grijó).

– 78,5 km Grijó, est (D.)
Horizontes alongados, mas não muito longínquos.
Surge, à direita, a montanha de Bornes, harmoniosa e maciça. Os montados, relativamente monótonos, cedem lugar a uma nova paisagem, plana e simples, desafogada e aprazível. É a extensa e fecunda concha verde de

– 83,7 km Macedo de Cavaleiros, est (E); (537 m. de altura)

(continua)

Outros textos:
1 – Francisco José Viegas
2 – Guilherme Felgueiras
3 – Eça de Queirós
4 – Miguel Torga
5 – Pedro Homem de Mello
6 – Daniel Deusado
7 – Manuel Monteiro
8 – Sant’Anna Dionísio – I, II, III

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