Até pode ser que esteja enganado, mas pareceu-me ouvir, há pouco, na SIC Notícias, Carlos Zorrinho, num debate com Ângelo Correia, a defender que a dívida deveria ser renegociada, porque a obsessão com o défice pode pôr em causa o tecido produtivo e o tecido social. Se não estou enganado, este é o mesmo Carlos Zorrinho que foi Secretário do Estado do segundo governo – por assim dizer – de Sócrates. A não ser que esteja a incorrer em erro, Sócrates foi o mesmo que acusou Louçã de demagogia, quando este defendeu, no debate para as últimas legislativas, que a dívida deveria ser renegociada. Se for tudo assim como eu estou a dizer, teremos de chegar à conclusão de que Louçã teve razão antes do tempo (ou a tempo) e o PS só consegue ter razão depois do tempo ou quando está na oposição. Corrijam-me, caso esteja enganado, mas este Zorrinho, em se apanhando novamente Secretário de Estado ou Ministro, terá um ataque da maleita conhecida actualmente como vieguismo e passará a defender, convictamente, o contrário do que defendia antes de ter – adoro esta, juro! – “responsabilidades governativas”. Votai neles outra vez, meus filhos, votai.
Lei da Cópia Privada #pl118 – todos criminosos até prova contrária (1/2)
Houve consenso nos partidos com assento parlamentar quanto ao projecto de lei 118/XII, da autoria de Gabriela Canavilhas, sobre o regime jurídico da cópia privada. O Público explica o que é que esta lei significa. E outros desmontam muito bem o erro crasso que ela é:
- Sobre a lei da cópia privada. Carta aberta ao Grupo Parlamentar do PS.
- Para onde vai o dinheiro da Lei da Cópia Privada
- Corrigir o incorrigível – #pl118
- Lei da Cópia Privada
- #PL118 Os pareces “técnicos”
Depois há o grupinho que dará pareceres e, como bem refere a Maria João Nogueira, «não há UMA associação de defesa do consumidor, não há uma associação que represente o Creative Commons, não está ali representado o cidadão eleitor».
Esta é uma lei miserável feita por gente que não sabe o que está a fazer. Assume que todos os que tenham dispositivos de armazenamento digital os usarão para violar a lei e, por isso, devem contribuir para os autores. Ora, de cada vez que guardo uma foto de 5MB na minha Canon devo por isso contribuir para alguém? Mas serei algum ladrão por querer guardar as minhas fotos? Devo eu pagar pelo que outros façam? Já actualmente existe uma chulice de 3% sobre equipamentos, entregue sabe-se lá a quem. Mas não chega, há que cravar mais as unhas afiadas dos impostos nas costas dos contribuintes.
São estes os eleitos? Poupem-me a tanta mediocridade. Incentivo à economia, ó sr.ª Canavilhas? Ganhe juízo.
Heresia
A heresia paga-se cara.
Agora está na berlinda apontar baterias à migração de capitais, e seus benefícios fiscais. É capital de empresas, de famílias. Tudo vai.
Acontece que antes disso, assistimos à campanha de migração dos portugueses, com as sugestões do Secretário de Estado da Juventude e do próprio Primeiro-Ministro.
Talvez fosse tempo de se perceber que quanto mais se fala de emigração aos portugueses, mais dinheiro português se verá também a emigrar e menos capital estrangeiro se terá a imigrar na nossa economia.
Porque num país onde o Governo passa a mensagem do “se queres ganhar a vida, emigra”, é um país que não oferece segurança para manter ou atrair capital.
Isso mesmo: o sagrado capital, que é deus convosco, na unidade do lucro santo!
A ancestral e monumental mentira
O ateísmo é uma mundividência filosófica, ética e livre, perfeitamente legítima. Não é uma crença nem coisa que para lá caminhe. O ateísmo é uma forma de vida e de pensamento que decorre do desenvolvimento da razão, da inteligência, do conhecimento e da ciência cada vez mais difícil de contestar. Estas as maiores riquezas do ser humano. O ateísmo não é uma verdade absoluta, não é um radicalismo preso às malhas da incoerência, é uma postura mental desenvolvida na verdade científica, uma verdade como qualquer outra, e, como tal, legítima e respeitável. [Read more…]
KIT ESPIÃO, um utensílio completo
Estou a pensar lançar no(s) mercado(s) uma promoção que, entre outras coisas, lhe assegurará, caro leitor, várias promoções e uma verdadeira carreira.
Esqueça os filmes do 007 e os romances policiais de Graham Greene, esqueça as pistolas, os tiros, as perseguições nocturnas, a vida sempre em risco. O Kit Espião Séc. XXI é, na verdade, muito simples, mas completo. Um telemóvel, vários cartões com números diversos para despistar escutas, uma boa agenda de contactos bem colocados, uma lista de devedores de favores, material de chantagem em suportes variados, um avental para certos rituais, um martelinho, um triângulo e uma cadeira de executivo pronta para instalar em gabinetes que passará a chefiar. O preço? É secreto, mas muito compensador.
A Ditadura de Pinochet
Leio no Público de hoje que o Presidente Piñera quer fazer aprovar um novo regulamento para eliminar a palavra «ditadura» das referências ao período entre 1973 e 1990 ( governo de Pinochet) e substituí-la por «regime militar» nos manuais escolares.
O general com “mão de ferro” , que depôs Salvador Allende (tio da escritora Isabel Allende e pai da senadora com o mesmo nome!), instaurou “um regime de brutal repressão política”. Veio a descobrir-se o desaparecimento de mais de 3 mil pessoas e a prisão ilegal e tortura de 37 mil.
Lembrei-me imediatamente de Luis Sepúlveda, que conta em A Lâmpada de Aladino (2008), as atrocidades levadas a cabo por militares chilenos “a homens de talento” amigos do escritor, durante a ditadura de Pinochet. Vale a pena reler: ” O Siete era um jornalista chileno, desenhador talentoso além de fotógrafo, a quem um militar chileno tentou decepar a mão direita (…). O militar, uma besta (…) odiava, como todos os militares, as mãos dos homens de talento. Por essa mesma razão, antes de assassinar Víctor Jara [16/9/1973], outro (…) lhe cortou as mãos, atirando-lhe depois uma guitarra para que tocasse. Também ao maravilhoso pianista argentino Miguel Ángel Estrella tentaram cortar as mãos numa prisão uruguaia, mas o querido Chango continua a tocar. (…) [O Siete ] Com sete dedos apenas, a sua paixão pelo desenho transformou-se em mais do que uma necessidade, transformou-se num desafio. Aprendeu a segurar o lápis entre o polegar e o mindinho direitos e, entre outras obras de arte, falsificou durante anos os melhores passaportes e vistos de que precisávamos para sobreviver no exílio”.
Histórias que não se podem esquecer, antes contá-las aos mais novos e reavivá-las aos mais velhos.
Existe sempre uma primeira vez…
Um blog colectivo é mesmo assim. Um considera que é preto, outro considera que é branco e alguns pensam que é cinzento. Como sempre defendi e continuo a defender a liberdade de opinião, fico feliz ao ver esta diversidade no Aventar.
Essa mesma liberdade que me faz discordar, profundamente, do Ricardo. Não conheço Elídio Summavielle de lado nenhum. Li o seu esclarecimento, li o que o Carlos Osório publicou e li o que o Ricardo escreveu. Fiz perguntas e tentei informar-me.
Por isso mesmo, em meu nome pessoal, as minhas desculpas ao visado. Aliás, aos dois visados. Um pedido meu. Por entender que o devo fazer. Não escrevi o texto em causa. Não acusei nem deixei de acusar nenhum dos visados. Só que, também pertenço ao blogue e, enquanto tal, tenho a minha quota de responsabilidade, a saber, 1/30. É por isso que o faço.
Nunca antes, que me lembre, tive de “contrariar” um colega de blogue. Nunca antes, tive de publicamente discordar em algo tão sério como ofensa à honra e o bom nome de alguém, fruto de um post de um colega de blog. É a primeira vez. Fico triste.
Pedro Osório 1939/2012
O maestro Pedro Osório morreu ontem em Lisboa. Há anos que não ouvia falar de Pedro Osório até que, muito recentemente, fui surpreendido com o seu novo disco “Cantos da Babilónia“, do meu ponto de vista um trabalho absolutamente extraordinário e a merecer a atenção que já não se dá às coisas verdadeiramente bem feitas. Divulgá-lo, é a minha humilde homenagem.
Francisco José Viegas
Hoje dá na net: Memorias do Saque
“Premiado com o Urso de Ouro em Berlim e Melhor documentário em Havana, o filme mostra de que forma a Argentina foi saqueada pela grandes corporações, de como o governo neoliberal de Menem conseguiu levar o país a bancarrota, privatizando tudo e servindo aos interesses do FMI, Banco Mundial e OMC. Genocídio Social, a Argentina passa da condição de país “quase de 1º Mundo” para um país em que a maioria da população se torna miserável. Mortalidade infantil, desnutrição, abandono social total, endividamento externo fizeram a marca do que seria o “exemplo de neoliberalismo para o mundo”. Toda essa situação se tornou insuportável até finalmente explodir na revolta popular de 19 e 20 de dezembro de 2001.” Com legendas em Português. Upload patrocinado por O Modelo Cooperativo Familiar e pelo Movimento de Democracia Directa.
Comentários Recentes