Ontem, escrevi que, provavelmente, o prefácio de hoje nos traria *marços , *atuas e outras disortografias.
De facto, trouxe-nos. Ei-las.
Não se trata evidentemente de bipolaridade (orto)gráfica, uma vez que o autor, como muito bem sabemos, apenas adopta uma grafia. Daqui a mil anos, os paleógrafos no activo durante o ano de 3013 deliciar-se-ão com esta fase do segundo decénio do século XXI, em que a grafia utilizada por determinados escreventes de português europeu assumia formas diferentes, consoante o carácter privado/social ou público/oficial do texto. Descobrirão esses paleógrafos que, na fronteira entre aquela sincera, estável e correcta grafia privada e aqueloutra hipócrita, aventureira e incerta grafia pública, havia máquinas com nome de felino e vopes, volpes, voalpes e até uma confusão entre vóclepes e voulpes. Nessa altura, no século XXXI, farão exactamente a mesma pergunta que tantos fariam mil anos antes: porquê?
P.S. – Aproveitando a corrente do público/privado, deixo-vos na companhia de um excelente vídeo, com Jorge Buescu a explicar a criptografia de chave pública. “A chave que encripta a mensagem é pública, mas a chave que decifra a mensagem é privada”. Exactamente.
[…] Já sabíamos que qualquer semelhança detectada entre as grafias do -ente e da -ência seria mera coincidência. […]