Foi linda, a festa. Ao lado da minha mulher e pela primeira vez com as minhas filhas, fui para a Baixa festejar mais um título e acabei no Estádio do Dragão. A mais velha já tinha adormecido ao meu colo quando, um a um, os jogadores e a equipa técnica foram sendo chamados ao «cogumelo», ontem engalanado para a ocasião. Arredado que ando destas lides por causa dos afazeres familiares, revivi velhos tempos, agora com outros protagonistas.
Tinha 3 anos quando comecei a ir às Antas com o meu velho pai. O Oliveira, o Seninho, o Duda ou o Gomes eram os heróis de então. Na fase em que já ia sozinho e pertencia à claque dos «Dragões Azuis», festejei muitas, muitas vezes com os meus ídolos – o Gomes, o Madjer, o Futre. Agora que sou eu o pai, já não tenho tempo nem paciência para criar ídolos (cada um dos jogadores que passa naquela casa é apenas o instrumento de uma vontade colectiva), mas pude perceber que o João Moutinho é um dos jogadores mais queridos da massa associativa, talvez porque personifique aquilo que é o espírito do «dragão». Um espírito que culmina com um título justíssimo, tão justo como seria se fosse o Benfica a vencê-lo.
A análise da época fica para depois. Por agora, fica a celebração. A festa. Uma festa que, pela primeira vez, teve duas novas protagonistas. E assim se fazem novos portistas. Só quem não sente o ardor da juventude / poderá vê-la, de olhos descuidados /Porto – palavra exacta. Nunca ilude / Renasce, nela, a ala dos namorados!
– «Quando é que vimos outra vez à festa do Pôto, pai?»
– «Sei lá, filha, espero que seja já pró ano!»
– «Pró ano? Isso é muito!»
há sempre a opção de ir à apresentação da nova época. a festa é bonita, tem fogo de artificio e tudo, e o jogo acaba por ser quase sempre de ritmo baixo que dá para eles adormecerem caso não tenham paciência. O que interessa é tentá-los vacinar da melhor forma para que eles nunca caiam na tentação de fugir para o mal. 😉
… E tens a final da Supertaça… assim, elas ficam a saber que o Porto sabe ganhar fora…
Ai tantos portistas – sempre é melhor do que levar os meninos, como agora se usa, para as manifs do PSD e com bandeirinha – coitadinho que ficam logo com o vírus e impedidos de pensar quando mais crescidinhos – como acontecia com a Mocidade Portuguesa de que escapei porque tinha uma mamã inteligente – mas nunca me cheirou – sou mais como o eu gatinho com bom faro – Estou a reconhecer as suas duas meninas que só vi uma vez – e, como você, meu irmão ía no colo do pai ao “jogo” nas Caldas da Rainha (mesmo local dos concursos hípicos) e “ficou para sempre” e guardo com carinho a sua carteira de sócio e cartão do camarote e de sócio efectivo – meu querido irmão e minha querida mamã a quem faria agora também, se estivesse cá, aquela festa leve e ternurenta de ter a sua cara na palma da minha mão – tudo se vai e, da ternura, ficou apenas a memória, que me consola pouco, mas consola, pois que só a ternura me consola e alimenta – ainda ontem revi inesperadamente, velhas fotografias e, interessantemente, a memória estava intacta como se estivessem aqui ao pé de mim como sempre foram já mais para o fim – estão sempre