SENTE-SE AQUI NO MEU COLO, MAMÃ
“sente-se aqui no meu colo, mamã, hoje faço anos”
Suavemente assim o fez. Quase não a senti. A minha mamã está tão levezinha, tão sem ser, tão quase nada. Encosto a minha mão, espalmada, na sua cara, sobre a face e a orelha esquerda
“que bom! – disse”
Que bom, pensei enquanto a cabeça da minha mamã se inclinava para o lado da minha mão e ma prendia de encontro ao seu ombro. Já há muito tempo que me não fazia isso
“que bom” – disse eu”
E beijei-a na testa, e encostei a minha testa à dela, e fiz movimentos de carinho com os dedos da minha mão direita. A minha mamã fez mais força com a cabeça, prendendo ainda mais a minha mão de encontro a ela, e sorriu.
Há muito tempo que a não via sorrir, ou falar, ou sequer reagir a um qualquer estímulo que eu lhe desse. A doença tinha-a comido e da minha mamã pouco restava. Qualquer dia nada sobraria mesmo, só a lembrança e a saudade.
“sente-se aqui no meu colo, mamã”
E a minha mamã sentou-se, quase sem que eu a sentisse de tão levezinha que estava. E ali ficamos os dois, um bom bocado, a apreciar o calor que transmitíamos um ao outro.
E eu sorrindo
“até amanhã, mamã”
e ela também com um leve sorriso nos lábios
“até amanhã, meu filho”
(Como Se Fora Um Conto)
Tão lindo! Tão comovente ! As lágrimas saltam-me dos
olhos, o teclado está sem defenição.Foi bom ter passa
do por aqui.
Simplesmente belo e enternecedor!
É mesmo assim…
Já nos chateámos por aqui, mas isto é lindíssimo. E fico satisfeito por saber que é capaz de escrever estas palavras tão bonitas e que tem um amor à sua mãe incondicional. Olhe parabéns. (Nunca pensei ser capaz de lhe dizer isso, mas enfim, nunca se sabe o dia de amanhã)