Greve às reuniões de avaliação

Diz Paulo Portas que a Greve dos Professores em dia de exame não deve acontecer porque:cartaz1

“prejudicam o esforço dos alunos, inquieta as famílias e também não é bom para os professores, que durante todo o ano escolar deram o melhor, para que aqueles alunos pudessem ultrapassar os exames”

Podemos, como mero exercício de retórica, considerar como válida a opinião do senhor Ministro, lembrando no entanto que a Greve que está marcada para dia 17 não é uma Greve aos exames – é uma paragem a TODAS as actividades docentes, estando convocados TODOS os professores e educadores, quer do privado, quer do Público.

Voltemos então à opinião Portista (esta saiu bem! só não sei se coloque o acento.):

– “Prejudica o esforço dos alunos”.

Pergunto:

– trinta alunos por turma ajuda?

– fim do estudo-acompanhado e da formação cívica ajuda os alunos?

– menos horas para apoio ajudam?

– alterações programáticas a meio do ano ajudam?

-…

E a lista poderia continuar, mas penso que será mais interessante colocar duas ideias em cima da mesa: os motivos e a Greve.

Quanto aos motivos, a leitura dos Pré-Avisos apresentados pela FENPROF, permite identificar duas ideias chave: a recusa total da aplicação da mobilidade especial (=DESPEDIMENTO) aos Professores e o aumento do horário de trabalho para 40 horas semanais.

Passos Coelho afirmou por estes dias que nenhum Professor do quadro será colocado em Mobilidade, terão, isso sim, que aceitar colocação numa outra escola – será que está a pensar pegar num Professor da Invicta e leva-lo para Portimão, por exemplo? Talvez, mas com a aplicação das ajudas que os membros do Governo recebem para esse tipo de deslocação, ok?

Mas, se não vai colocar nenhum Professor em Mobilidade, para quê esta negociação? Se não existe uma intenção real, para que é que o Governo está a impingir tal legislação aos nossos representantes? Querem que a Greve seja desconvocada? Retirem a Mobilidade de cima da mesa e assim, seguindo a sugestão de Portas, não prejudicam os alunos.

A aplicação das 40h tem uma consequência imediata que é o aumento da carga lectiva (aumento do horário efectivo de aulas) e com isso são mais uns milhares de docentes que são despedidos – depois de, nos dois últimos anos, o MEC ter sido a empresa que mais despediu no nosso país, creio que o problema da Escola está longe, muito longe de ser a existência de Professores a mais – há é, isso sim, escola a menos.

Ah, a crise e tal, todos temos que contribuir e ….

Será que ainda acreditam nesse paleio? Os resultados não mostram que essa forma de abordar a crise está completamente errada? Que enquanto a chave for despedir, o buraco será cada vez maior? Ainda não perceberam isso?

Quanto à GREVE, importa informar os leitores do Aventar que a primeira semana de paralisações é apenas às reuniões de avaliações. E digo apenas, porque pais e alunos irão assistir a este Greve sem entenderem (sem sentirem!) o que está a acontecer, porque é algo que se expressa no serviço interno de cada escola.

Mas, a ignorância de quem nos governa é tal que não entendem que esta Greve, provavelmente esmagadora, vai colocar em causa o encerramento do ano lectivo. E, não é preciso explicar que, sem notas não há aprovações nem retenções e, claro não saberemos quem passou ou não de ano, quem está em condições de ir para a Faculdade, etc, etc…

E esta é que é a verdadeira arma que a classe tem na mão – com mobilidade não acaba o ano lectiva. Se o MEC retirar a mobilidade, então aí poderemos conversar.

Simples.

Comments

  1. Sou professora do quadro e subscrevo tudo o que escreveu.

  2. Importante seria começarem a por juízo nos paízinhos. Vocês têm que se mexer imediatamente no sentido de acalmarem essas bestas incultas, ou ainda farão algum disparate. Espero que estejas atento às reacções dos pais, e passes a informação. Pois não se pode, nem se deve desvalorizar as posições deles, pois podem estragar a greve.

Trackbacks

  1. […] não acredito, o Governo continuar a insistir nesta imbecilidade, então vamos: – fazer greve ao serviço de avaliações de 7 a 14 de Junho; – realizar uma manifestação em Lisboa no dia 15 de Junho, Sábado; – realizar […]

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