A Acta dos Professores (iii): os contratados

Quando escrevo contratados no título do post estou a pensar na questão do emprego e não na condição A ou B porque, em abono da verdade, o que fez mexer a classe foi o receio pelo emprego, foi o medo de ter ou não ter trabalho. E, por isso, qualquer análise, mais ou menos apaixonada deve ter como base esta questão – o emprego.

Pergunto: a acta assinada garante ou não o mesmo nível de emprego hoje existente na profissão?

Sim e talvez até aumente o número de contratados. Como?

Simples:

– a Direcção de Turma que o MEC tinha tirado da Componente Lectiva regressa à casa de partida (3 mil horários que continuam);

– há actividades até agora por regulamentar que passam directamente para a componente lectiva, o que significa mais horários;

– 6 mil docentes com a aposentação pedida não irão ter serviço a 1 de Setembro. São mais 3 mil horários;

– a componente lectiva fica como está, ou seja, não aumenta o nosso tempo de aulas. Falava-se em 3 horas a mais na componente lectiva. Se fossem 3h por cada um dos 100 mil professores no sistema…

– a redução por idade na componente lectiva não sofre qualquer alteração.

– a componente individual fica claramente definida, algo até agora mutável ao sabor de cada Director.

– um professor só será enviado para horário zero se não tiver mesmo qualquer hora na sua escola.

Podia ser mais e melhor?

Claro. Poderia até haver um ponto sobre o aquecimento global e a caça às baleias, mas num país ditatorialmente gerido pela TROIKA, num país onde mais ninguém se levanta para dizer não, o que se conseguiu é, pelo menos, positivo. E, em termos de emprego docente, é brutal!

E, mais uma vez, os Professores foram exemplares na forma como lutaram!

Comments

  1. Ricardo Ferreira Pinto says:

    Por que é que os professores do quadro só podem ficar a um máximo de 60 km e os professores dos quadros de zona pedagógica não? Há filhos e enteados?

    • ferpin says:

      Não tome isto como sinal de que concorde com essas diferença tal e qual fica, mas… já não havia filhos e enteados? Os do quadro só podiam dançar dentro do concelho ( e só se perdessem o lugar) e os QZP não.
      E o facto de eu ser do quadro a 5km de casa e outros quadros estarem a dezenas ou centenas de km de casa, já não era filhos e enteados?

      E o facto de malta de Lisboa estar no quadro no algarve e os QZP, provavelmente atrás destes na lista estarem em lisboa,já não era filhos e enteados?

  2. Artur says:

    Eu sou contratado e fiquei feliz com o resultado das negociações. Parece-me evidente que só conseguirei um lugar se não houver professores do quadro com horário zero.
    Parece-me também que a nossa luta é outra: porque é que ao fim de três anos não passamos para o quadro? Porque é que não temos subidas de escalão? Porque somos contratados até Julho quando o ano escolar encerra a 31 de Agosto? Etc

  3. Eu sou contratada (contratada mesmo) há 18 anos! Por isso há 18 anos que tenho o mesmo receio de ter ou não ter emprego no próximo ano! É por opção?! NÃO, NÃO É! E agora?! Fiquei contente? Não ficou muito pior… Mas também não ficou melhor (pelo menos para os contratados!)

  4. Obviamente, do ponto de vista dos Docentes que vão conseguindo um contrato de trabalho nas Escolas Públicas, só com mais horários (e menos horários zero) terão trabalho. Isto é, a DT na componente não lectiva e as 5h na componente individual são duas medidas concretas que ajudam, em primeira instância os contratados. Sem elas, não há contratos. Depois, há questões por resolver? Claro. MUITAS. Quase todas.
    JP

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