A propósito da base IX, 9.º, do AO90, lembrei-me das eleições presidenciais de 1986.
Durante a campanha, alguém terá dispensado a leitura do imprescindível Tratado de Rebelo Gonçalves:
A exemplo de ‘à’ e ‘às’ ou de ‘ò’ e ‘òs’, recebem o acento grave certas formas que representam contracções de palavras inflexivas terminadas em ‘a’ com as formas articuladas ou pronominais ‘o’, ‘a’, ‘os’, ‘as’ (Bases Analíticas, XXIV). Estão neste número (…) ‘prò’, ‘prà‘, ‘pròs’ e ‘pràs’, contracções cujo primeiro elemento é ‘pra’, redução da preposição ‘para’
(1947: 185)
e
— Prà rua, que é sala de cães! — gritava ele…
(Aquilino Ribeiro, “Terras do Demo”, 1.ª parte, cap. VIII)
(apud 1947: 282).
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Isto é, em vez de “Prà Frente, Portugal”, adoptou-se
Fonte: EPHEMERA – Biblioteca e arquivo de José Pacheco Pereira
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Por exemplo, neste caso, respeitou-se o preceituado acerca da forma reduzida da preposição ‘para’ (‘pra’).
Fonte: Centro de Documentação 25 de Abril
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Contudo, quanto à contracção da forma reduzida ‘pra’ com ‘a’, repetiu-se aqui o erro da campanha de Freitas do Amaral.
Fonte: Centro de Documentação 25 de Abril
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Neste cartaz, há uma correcta utilização do acento grave na contracção da forma reduzida ‘pra’ e de ‘a’ — já agora, saliente-se a vírgula, ausente do(s) cartaz(es) de Freitas do Amaral.
[…] Segundo o Sol, “João Villalobos ironiza com a infelicidade da associação ao passado”. Ora, já sabemos que “Prá frente Portugal” foi de facto uma infelicidade. […]