José Xavier Ezequiel
Os dirigentes do PAF ‘indignaram-se’ no último fim-de-semana com o facto de António Costa ter anunciado que, caso perca as eleições, não viabilizará o próximo orçamento de estado.
Segundo Passos Coelho, é inaceitável que um partido que pede estabilidade não aceite viabilizar o ‘seu’ orçamento, caso ganhe. Acrescenta Paulo Portas que, ainda por cima, se recusa a viabilizar um orçamento que não conhece.
Vamos lá por partes, como dizia o meu falecido primo Delfim, quando começava a ficar com um copito a mais. O PAF apresentou-se a este acto eleitoral sem programa. Ao contrário do que aconteceu há quatro anos, o PAF já nem sequer faz promessas. Limita-se a dar ‘garantias’. A mais importante de todas é a de que prosseguirá, caso ganhe as eleições, a mesma linha de governação.
Se assim é, e não há razões para acreditar que estejam outra vez a mentir, já todos conhecemos as linhas gerais do próximo orçamento, caso o PAF ganhe as eleições. Ora, se o PS votou contra os últimos orçamentos, porque diabo iria agora viabilizar o próximo que, mais vírgula menos vírgula, será mais do mesmo?
Façamos a pergunta ao contrário: se Pedro & Passos perderem as eleições podem desde já assegurar, em nome da estabilidade, evidentemente, que viabilizarão o orçamento de um governo PS?
Bom, a pergunta é perfeitamente ociosa. Mas apenas porque o assunto é, absolutamente, de lana caprina. Se António Costa perder as eleições, manda a tradição que se demita no dia seguinte. Alguém imagina um PS sem liderança a forçar a queda do governo e, consequentemente, novas eleições legislativas? No meio das eleições presidenciais, ainda por cima? Aliás, falta-me saber se, constitucionalmente, um PR em fim de mandato pode convocar eleições. Caso não seja possível teríamos um governo de gestão até que o novo PR as possa convocar. Em todo o caso, seria um verdadeiro suicídio político. E um partido do ‘arco da governação’, como o PS, sabe-o melhor que ninguém. Nas eleições que se seguiriam, o voto ‘flutuante’ do centro fugiria todo, irremediavelmente, para o centro-direita. Em nome da estabilidade, claro, coisa que a maioria do centro preza mais que quase tudo.
O mesmo raciocínio vale para Passos Coelho e para o PSD. Que, além do mais, não poderá hipotecar a forte possibilidade de ver um militante seu ganhar as presidenciais. Como se constatou nestes últimos dez anos, ter um amigo na presidência dá muito jeito, mesmo quando na oposição.
Resumindo e concluindo, ganhe quem ganhar, perca quem perder, o próximo orçamento será viabilizado. Os outros logo se vê, mas o primeiro está garantido. Ainda que seja apenas o CDS a ter que fazer o frete.
Por isso, proclamar num comício que não se viabilizará o próximo orçamento, em nome da luta partidária, tem o mesmo valor que pedir, em nome da estabilidade governativa, uma maioria absoluta. Ou seja, é apenas retórica eleitoral. Vale o que vale. E essa validade expira no dia 4 de Outubro. O que não vale a pena, a Passos & Portas, é fazerem-se de sonsos.
O PAF sem programa.- Está um programa em Bruxelas que o PAF diz ser o seu. Os sonsos ignoram-no sistemáticamente.
Depois a retórica eleitoral não conta, indicia-se que só o programa é um compromisso, e tanto mais importante, escrito.
Pergunte-se ao PS o que quer dizer cortar mil milhões em subsídios.
Não diz, porque é sonso e só está obrigado a escrever um programa e a produzir retórica
Nada como haver confiança….
Há trinta anos que os advérbios terminados em “ente” – como somente, sistematicamente, estupidamente, sonsamente, cretinamente, etc – deixaram de ser acentuados.
Democratas de pacotilha, que antes de saberem o que se vai escrever já votam contra!!
Os eleitores vão-lhe dar a paga, se as tendências se mantiverem!! e porque será que as tendências se mantẽm?
será arte da PaF ou banha da cobra a mais do Costa e apoiantes?