Obras públicas a alta velocidade

Vinte e tal anos volvidos e esta capa do milénio passado continua actual. Estou cada vez mais convencido de que os meus netos me levarão um dia a Lisboa no TGV. E aposto que não demorará mais do que 1h15. E que estará pronto antes dos estudos de impacto ambiental para a construção do novo aeroporto de Lisboa.

Crónica de uma decisão anunciada

PÚBLICO, 16 de Julho de 2022

Lendo este artigo percebe-se que há um forte lobbying para se fazer o aeroporto no Montijo, apesar de ser uma escolha pior – a pior – e que não resolve os problemas, segundo o que afirma Carlos Matias Ramos.

A quem interessa esta má solução? Para além da Vinci, claro. Ao País não será. E porque é que o ministro sem coluna vertebral se lançou nesta cruzada?

Estaremos daqui a dez anos no habitual rol de processos judiciais com o Ministério Público a investigar porque é que alguém – pessoas com nome, como o ministro gelatina – escolheu determinada opção? Obviamente que sim, porque é que haveria de ser diferente desta vez?

Outra coisa fantástica neste país é andar-se 50 anos em estudos para a frente e para trás (belo negócio para os estudiosos) para depois a decisão ser tomada por uma pessoa – uma!, passando por cima da extensa documentação produzida ao longo de décadas.

A solução do ministro tem, porém, um grande mérito. Para quê construir um aeroporto quando se podem construir dois? Só me espanta que, no país da Santíssima Trindade, ainda não tenha aparecido uma alma a defender a solução Ota + Alcochete + Montijo.

Excelência da gestão privada (2)

Depois dos CTT, o aeroporto de Lisboa. Em 132, conseguiu ser o pior.

Novamente, em causa está o argumento que se usou para justificar a privatização (o privado faz melhor) e não se a gestão é pública ou privada. Os maus exemplos não escolhem lados.

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O sector, o setor, o projecto e o projeto: bem-vindos a Portugal

Obviamente, o vencedor do concurso é o Jornal de Negócios.

O aeroporto de Lisboa está às portas da cidade e isso é uma mais valia.

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Quem chega à Portela é confrontado recorrentemente com tempos inaceitáveis para recolher a bagagem. Foi o que hoje me aconteceu, onde passou uma hora desde que o avião aterrou até que a mala tenha chegado.

É um problema velho, umas vezes mau, outras muito mau. A introdução de duas empresas de handling não melhorou a situação. É endémico. Por oposição, e só para se perceber que é possível fazer diferente, no voo de ida, quando cheguei à recolha de bagagens em Gatwick já a minha mala lá estava.

Outro velho imbróglio é apanhar um táxi. Uma fila enorme, onde se antecipava perto de meia hora de espera. Mas ainda bem que o aeroporto está às portas da cidade, porque isso basta para ser competitivo. Aliás, uma rede de transportes públicos devidamente organizada, à semelhança da existente na generalidade das grandes cidades europeias, seria, como se constata, perfeitamente supérflua.

Ainda bem que este tempo perdido não conta para a produtividade do país. Porque, como se sabe, o problema da produtividade reside em os portugueses trabalharem pouco. Organizar e planear, responsabilidade partilhada pelos políticos que aumentam a carga de trabalho, nada tem a ver. Livrem-nos de termos um horário de 36 horas semanais como têm os moinantes dos ingleses. Ou de gozarmos 30 dias úteis de férias como os preguiçosos dos alemães. Basta ter um aeroporto à mão de semear.

Desvios, divergências e diversões

When you see a bird that you’ve never seen before, or that very few people have seen, there’s a special thrill.

Richard Rorty

Similar remarks carry over to the system of pragmatic competence, hence the capacity to use a language appropriately.

Noam Chomsky

Esperava desejar um óptimo fim-de-semana com este vídeo (obrigado, Sir David Attenborough), divulgado hoje pelo Cornell Lab of Ornithology.

Contudo, estas imagens divertiram-me imenso e desviaram-me do meu objectivo inicial:

divergido

Factos:

1 – Na RTP, escreve-se e diz-se ‘desviado’;

2 – Um passageiro refere “um avião que foi desviado para o Porto”;

3 – No painel das chegadas do aeroporto, encontra-se ‘divergido‘.

Agora, sim.

Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.

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