Ligação Famalicão – Cabul

Penso que a capa do jornal que entrevistou o cruzado Artur Mesquita Guimarães, bem como o meme que com ela fizeram, ilustra bem a novela que estamos a assistir, e que se resume a isto: um pai profundamente formatado pelo radicalismo da sua ideologia político-religiosa, que impõe autoritariamente aos filhos, pretende combater aquilo que considera ser uma imposição ideológica do sistema de ensino, instrumentalizando para tal os seus filhos e o seu bem-estar.

Seria cómico se não fosse tão triste. E não, não é muito diferente do pai muçulmano que retira a filha de uma escola ocidental, que alegadamente profanará a sua existência. Mas o que verdadeiramente assusta, no meio de tudo isto, é que a ascensão da extrema-direita abriu a porta do armário dos Talibans cristãos e isso terá profundas consequências para todos. Basta olhar para o que se passa do outro lado do Atlântico.

Um elefante na sala

Temos um elefante na sala e não é possível continuar a assobiar para o lado. Aliás, assobiar para o lado é engrossar as hostes daqueles senhores sentados na extrema direita do hemiciclo.

Agora foi em Famalicão. É fundamental analisar o que se passa e tomar medidas dentro do quadro legal. É preciso reflectir e actuar. Vamos continuar a assobiar para o lado? O caso de Famalicão foi o último mas não foi o único. Existe um padrão. Seja na forma como ocupam propriedades privadas, seja como tratam as suas mulheres seja como não cumprem as regras mínimas de um Estado de Direito. Todos? Claro que não.

Vamos deixar campo livre à extrema direita para capitalizar e aceitar o medo como algo natural?

Peseiro amigo,

o Famalicão, hoje, acabou de te tirar uma preocupação. Agora podes pensar só  na champions.

Peculiares regularizações de quotas

Voting Dead

De todas as anedotas que vêm marcando a vida do Partido Socialista nos últimos meses, entre as quais se destaca o processo eleitoral interno, existe uma que me deixa particularmente perplexo e que tem a ver com o intenso movimento de regularização de quotas no âmbito das eleições para a distrital de Braga. A malta até anda de cinto apertado por causa da austeridade e tal mas eleições são eleições e se o orçamento não chega para o essencial há que abdicar de uns bifes e pagar as quotas o quanto antes. Na concelhia de Famalicão, em apenas 4 dias, 828 militantes regularizaram a sua situação, 719 dos quais com anos de quotas em atraso o que lhes valeu a suspensão da militância no partido.

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Uma maçã podre do desporto português: Laurentino Dias

Estávamos nos inícios de Setembro de 1988. Já se tinham realizado duas jornadas do Campeonato Nacional de Futebol quando a «bomba atómica» foi lançada: o Famalicão, acusado de corrupção na época anterior (compra do jogo contra o Macedo de Cavaleiros), era despromovido à III Divisão. Alguns dias antes, o Conselho de Disciplina da FPF dera como não-provada a tentativa de corrupção, mas o Conselho de Justiça foi de opinião contrária. O beneficiário directo foi o Fafe, que assim ascendeu à I Divisão em substituição do Famalicão.

O advogado do Fafe e grande responsável pela reviravolta federativa era então Laurentino Dias, que à época ocupava também o lugar de Presidente da Assembleia Municipal de Fafe e de Deputado à Assembleia da República pelo PS. Dizia-se à boca cheia, na altura, que foram as suas movimentações de bastidores que permitiram a despromoção do Famalicão.

22 anos depois, agora Secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias intervém de forma descarada na vida interna de uma Federação à qual tirou recentemente o Estatuto de Utilidade Pública. Ao enviar recados sobre Carlos Queirós e ao avocar a si o processo, via Autoridade Anti-Dopagem, mostra mais uma vez o quão negativo tem sido a sua passagem pelo desporto português ao longo das últimas décadas. E com isto, sofre o futebol luso e a Selecção Nacional. A debandada dos jogadores já começou.

Laurentino Dias é uma maçã podre do desporto português, que deve ser removida o quanto antes para bem de todos nós.