Paulo Guilherme d’Eça Leal morreu ontem aos setenta e oito anos. A atual imprensa portuguesa dedica-lhe uma nota de rodapé, copiada palavra por palavra e replicada por quase todos os jornais. Faz mal, Paulo Guilherme foi muito mais, fez muito mais, merecia muito mais.
Na biografia de seu pai – Olavo d’Eça Leal, também artista multifacetado e um dos colaboradores da revista Presença – encontramos esta referência a Paulo Guilherme:
“Paulo-Guilherme d’Eça Leal (b.21.07.1932, Lisbon), Olavo’s eldest son, is an incredibly proliphic graphic designer (more than 3000 illustrations printed in books, magazines, book covers, posters, billboards, etc…), stage designer (in Paris, Rome, Madrid, Lisbon), painter, draughtsman, architect (Lisbon Airport, 1985-2000), chef, restaurateur and night club owner and designer. Caixote, 3 Porquinhos, Snob, Snobissimo, Cabaretissimo, etc., in Lisbon and Cascais, Coutada in Oporto…
…But his eclectic list of talents goes on. Interior designer (headquarters of Banco Totta & Azores in Avenida dos Aliados, Oporto was, probably, his most outstanding achievement, commissioned directly by Antonio Champalimaud when he first bought the bank, a tour de force in massive blocks of glass and stone and cement within a 19th century palace…), photographer and photo journalist, poet, short stories writer, journalist, historian and researcher on exoteric subjects such as the Templar (The Treasure of the Templar) and the pyramids (The Secret of Keops). Film director. More than a dozen books published.”
É um pouco mais, mas não é tudo. Faltaria falar do dandy, do boémio, do provocador, do editor, do inventor do logotipo da Contraponto de Luiz Pacheco, do autor de algumas das mais belas capas de livros editados em Portugal, do escultor, do gravador e criador de medalhalhística, do colecionador, do conferencista, etc., etc.
Debilitado há longo tempo, finou-se ontem em Lisboa.
À J., ao Francisco e aos mais próximos, um abraço amigo nesta hora difícil.
Ao Paulo Guilherme até sempre.
Palavras justas as suas. Agradeço-lhe em nome do meu amigo e gostaria de lhe pedir autorização para divulgar o seu comentário no meu facebook.
Cecília Neto
“…foi muito mais, fez muito mais, merecia muito mais.”
Tem toda a razão, para mim Paulo Guilherme foi uma surpesa quando vi a sua grande exposição na Palácio Galveias há cerca de (talvez) 10 anos. Como é possível termos um talento artistico tão polivalente que os portugueses não conhecem e é agora apresentado no fim como escritor? Para mim é um mistério, estes esquecimentos assim como outras promoções. Portugal foi injusto com esta espécie de da Vinciportuguês.
Concerteza, Cecília, publique e divulgue, o Paulo merece, naturalmente.
Graza,
“O Dilúvio de Quéops” e “O segredo, o poder e a chave”, por exemplo, só confirmam a enorme inteligência, cultura e polivalência de Paulo Guilherme. Mas diz bem, ele foi um “espírito renascentista” no sentido lato do termo. Não vou entrar em comparações mas, no séc. XX português só me ocorre um nome capaz de rivalizar nesse aspecto. Foi alguém anterior a Paulo Guilherme, pintor, escritor e tudo o mais, e por aqui me fico.
Também visitei a exposição do Palácio Galveias. Que é ignaro país é este que se cala perante a partida de um grande talento? Soube por ti, Pedro.
Conheci o Paulo hà 40 anos; com ele percorri os sitios mais extraordinarios de Paris. Um homem raro, infatigavel criador, sedutor, descobridor…
Deixou marca na minha vida. E na de muitos outros.
A nossa terra parece não o conhecer, é pena.
Cecília não tem que me agradeçer, foi uma honra ter conhecido e trabalhado com o Paulo Guilherme um rarro Artista multifacetado de excepção.
Conheci Paulo Guilherme há 8 anos quando passei a ser gestora dele. Um homen brilhante, uma pessoa maravilhosa, um grande amigo. Vou sentir muito a sua falta, de ouvir as suas piadas e as suas criticas construtivas sobre o actual estado deste país. Até sempre grande amigo.
Um beijo do tamanha do mundo desta tua amiga que nunca te esqueçe e agradeçe ter te conhecido.
Sou admirador dele desde que li ou ouvi uma entrevista dele. Falava do contacto com o seu pai e que ainda o tinha em conta quando tinha de tomar algumas decisões. Depois temos os mistérios dos egipto, dos paineis de s. vicente. torre de belém, Arsene Lupin, etc. A maior parte da actual imprensa limita-se a fazer copy and paste e depois colocam 78 ou 82 anos como sendo a sua idade.
Obrigada Pedro por tão doces e merecidas palavras acerca deste nosso amigo que, infelizmente, parece ter passado despercebido…
Tive o prazer de conviver com ele nos últimos anos da sua vida. Era uma pessoa apaixonante, cheia de garra até ao fim.
O Homem parte mas a sua obra fica.
Nunca te esquecerei!
Até sempre Paulo!
Conheci o Paulo há mais de trinta anos. Tive o prazer de conviver com ele. Grande amigo, uma pessoa excepcional e que me deixa grande saudade. Multifacetado, um homem de grande inteligência , sabedoria e valor. Á família as minhas sentidas condolências. Para si Paulo, um até sempre e obrigado por ter sido meu amigo.
Li o seus livros, ouvi os seus poemas, almoçei um delicioso manjar por si cozinhado, bebi consigo alguns wiskys, troquei ideias, ouvi os seus segredos de grandes pesquisas, contemplei os seus quadros, li as suas cartas, ouvi as suas anedotas interessantes, apreciei o seu sentido de humor talentoso, escutei as suas lamentações que partilhei sobre o estado actual do nosso país. Visitei-o diversas vezes na sua casa espantosa. Olhei com tristesa a sua casa da Barca. Era um homem extraordinário. Transbordava de talentos, era inteligentíssimo e perspicaz. Merecia grande destaque e não apenas pequenas notas de imprensa. O meu querido amigo merecia uma Fundação no bairro dos artistas de Lisboa- Campo de Ourique. Saibamos honrar o seu nome com lealdade. Obrigado Caro A. Pedro Correia por este espaço.
Finalmente alguem que partilha da minha opiniao.. Acho realmente inacreditavel as notas da imprensa… Tive a sorte de o ter conhecido, e de facto jamais o esquecerei.. Marcou-me de mais.. Ainda oiço os seus conselhos a ecoar na minha cabeça… Sinto-me impotente.. sei o grande Artista, ou Homem das 7 artes, como ja ouvi chamarem-lhe, que foi.. as obras geniais que ficaram por publicar, que ficaram guardadas em armarios.. Quem me dera que se pudesse fazer qualquer coisa, ele merece… ele merece a sua fundaçao.. era o ultimo sonho dele, e a unica maneira de o honrarmos inteiramente! Portugal inteiro devia acordar para tamanho Artista que teve e que nao soube cuidar!
Obrigado amiga Sofia. Tem diálogos no Facebook? Fico à espera da sua resposta. De algum modo gostava de a conhecer. Ficou um terceiro volume do Paulo Guilherme praticamente pronto e não publicado.
Quando o conheci fui logo confundido com um dos homens do som… e a aventura prendeu-me e arrastou-me.
De gatas na Batalha, a espreitar um buraco sob as lajes, ou a verificar os ângulos caprichosos de uma qualquer pintura renascentista.
Anos, meses, dias… encontros e conversas com aquilo que ela tem de melhor: percorrer todos os caminhos sem ter destino algum.
Foi pouco, muito pouco. E julgo falar por todos ao dizer que queríamos mais, muito mais.
Até sempre Paulo.
quando li «as pirâmides» fiquei vidrado e vibrado pois sou um apaixonado pelo numero d’ ouro, divina proporção, Luca Paccioli, Mathila Ghyka…e o Paulo veio confirmar e acrescentar o pouco que sei e que, me fascina de tal modo, que ainda hoje vos encontrei depois de ter estado a rever a sua «quadratura do círculo» (que chegou a enlouquecer alguns matemáticos…).
quero partilhar com vocês a admiração por «ele», porque não Mestre Paulo-Guilherme? Nuno Cláudio
Acabei de ler o “Segredo, o poder e a chave”, tenho tantas perguntas que gostava de fazer….Não soube da morte de Paulo Guilherme e até tive receio de pesquisar para não ser apanhada de surpresa…mas fui. Há cerca de duas semana fui pesquisar dei-me com a notícia da sua morte. Fiquei muito triste. Aprofundei as minhas pesquisas e fiquei abismada com tamanha obra…como é possível esta triste notícia não ter sido difundida pela televisão acompanhada de uma retrospectiva da obra de Paulo Guilherme??
Será que alguém acompanhou Paulo Guilherme neste seu estudo sobre o Mosteiro da Batalha, este monumento que considero também meu, tenho tantas questões??
Um bem haja a todos que lerem esta mensagem.
“…e no ano após a minha morte:
– que falta que ele faz, ai que saudade…
(…)
Vinte anos depois da minha morte
alguém, num recital, diz um poema
encontrado nos restos de um leilão
e escrito por autor desconhecido:
«Uma hora depois da minha morte,
todos vão lamentar: foi-se um talento» ”
Para sempre presente.
Continuo a ler e a consultar os textos as gravuras os «mistérios» de «o dilúvio de queops» como uma bíblia ou um dicionário, quero deixar esta minha dependencia como testemunho de uma Grande Obra ou Opera, sempre convosco Amigos do Paulo-guilherme, Nuno Cláudio